Na Dor, Do Amor
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Na Dor, Do Amor - Malena Oliveira
Na dor, do amor
Muitas vezes nos vemos apaixonadas por pessoas que não mereciam receber nem o
nosso bom dia, mas infelizmente ninguém vem com um manual de instruções, de como vai reagir, de como as coisas podem chegar ao limite em segundos. Entregamos nosso coração nas mãos, de quem não conseguiria cuidar ou entender o quanto tem de
sentimento ali dentro. Você já teve esse amor? Que te devastou, que quebrou seu coração em mil pedaços, e mesmo assim você ainda consegue ama-lo com todos esses pedaços quebrados? É isso o que acontece com a nossa querida Gabriela, por mais que ela sofra e se sinta mal, ela ainda consegue acreditar na mudança, pois os momentos felizes que ela viveu, são mais importantes, que os momentos de destruição.
1. AQUELE CARA
Todos nós temos um tipo de pessoa que nos chama a atenção, diante de mil
pessoas, uma, vai nos chamar a atenção, pois faz exatamente o nosso tipo. E sabe qual é o meu tipo de cara? É aquele que parece que está na condicional, pagando horas pra justiça, com tatuagens que parecem terem sido feitas na cadeia, são esses que me chamam a atenção quando eu estou em algum lugar, e para a minha alegria, ou total tristeza, eu encontrei um cara com todos esses requisitos, ele só não pagava horas para a justiça, pelo menos era isso o que eu pensava.
Estava em casa dormindo, quando meu celular começou a tocar, olhei no
visor e ainda era 5 horas da manhã, bocejei, passei as mãos em meus olhos e atendi.
– Oi! Falei com voz sonolenta e esfreguei os meus olhos.
– Quando eu te ligar, você tem que atender na hora! - gritou.
– Você está me ligando a essa hora, só pra encher a minha paciência?
Porque se for, eu estou desligando! - falei nervosa.
– Não, me desculpa - eu podia ouvir a respiração funda dele. - Posso ir
agora à sua casa pra te ver?
– Vai ficar de boa ou vai causar? - eu sabia qual era a resposta, os momentos
de calmaria eram poucos.
– Vou ficar de boa! - disse em tom mais calmo.
– Ok, então pode! - desliguei o celular e fui para a sala esperar ele chegar, comecei a ouvir o som da moto dele parando em frente minha casa, abri a porta da sala e peguei o controle do portão e apertei, esperei ele entrar e apertei de novo. Dei passagem para ele entrar em casa, e ele nem olhou em meu rosto, passou direto e foi para a cozinha. - Eu estou bem, muito obrigada! - respirei fundo e guardei o controle, fui para o meu quarto e me deitei bem no canto da cama, para deixar espaço pra ele se deitar, não demorou muito para que eu o sentisse ele se deitando ao meu lado e me abraçando.
– Me desculpa eu tava nervoso! - deu um beijo em minha nuca e meu corpo
todo se arrepiou me virou para ele fazendo com que eu ficasse de frente pra ele.
– Mas eu não tenho culpa poxa! - fiz bico, e ele deu um selinho em meus
lábios.
– Eu sei que não, me desculpa, tá? - concordei com a cabeça, e ele acariciou
o meu rosto.
– Eu estava com saudades de você! - sorri, dei outro selinho nele e passei a
mão por seu abdômen, até chegar sobre seu pênis. Ele me olhou e respirou fundo.
– Ele também estava com saudades de você! - deu uma risada maliciosa e
ficou me encarando.
– Uma pena você ter me procurado só agora - pisquei pra ele. - Já falei pra
você que não sou qualquer uma.
– Não começa Gabriela, as coisas não são simples como você pensa. -
revirou os olhos e já me afastou dele. - Tem muita coisa que está rolando, e você não tem a menor noção.
– E por que você estava tão nervoso? Aconteceu alguma coisa? - me sentei
na cama e fiquei olhando pra ele, não esboçou reação alguma, apenas deu uma revirada de olhos como se minha pergunta tivesse sido extremamente idiota.
– Não é da sua conta, você não precisa saber - disse em um tom super seco,
que me chateou profundamente, me deitei novamente sem dizer nenhuma palavra,
fiquei de costas para ele e me cobri. - Volta aqui! - passou a mão por minha cintura, tentando me puxar para ele, mas me mantive firme e não voltei.
– Eu estou cansada e preciso dormir! - falei baixinho, estava com um nó
imenso na garganta e uma lágrima acabou rolando em meu rosto, por mais que eu o amasse com todas as minhas forças, a forma como ele me tratava, estava me matando aos poucos.
– Por favor, vem aqui ficar comigo! - fez carinho em meu ombro. - Me
desculpa, eu não falei por mal.
– Não, eu não te desculpo. Eu estou cansada de ser tratada tão mal por você,
eu não preciso ficar suportando isso. - falei em um tom mais alto, sem olhar para ele. -
Agora por favor, me deixar dormir em paz! - o silêncio reinou no quarto, e foi melhor assim, não demorou muito para que eu estivesse sonolenta, quase dormindo, até que ouvi o celular dele tocando e fiquei em silêncio, fingindo que estava dormindo, mas na verdade estava ouvindo tudo.
– Eu já te falei pra não me ligar quando eu estiver com a Gabriela! - estava
falando alto e parecia que estava ficando nervoso. - Ela não pode saber de nada do que está rolando, eu não quero envolver ela nisso! - deu um grito muito alto, e acabei me assustando, olhei pra ele e ele se assustou. - Ela acordou, tenho que desligar! - desligou o mesmo, e ficou me olhando assustado. - Você ouviu alguma coisa? - concordei com a cabeça e não disse nada. - Tudo? - concordei novamente.
– Você está me traindo? É isso mesmo? Eu não acredito que me entreguei
pra você, que confiei em você! - me sentei na cama e passei as mãos em meu rosto. -
Pega tudo o que for seu e vai embora da minha casa! - apontei para a porta. - Agora! -
gritei e ele se levantou.
– Não é isso meu amor, eu jamais faria isso com você! - se sentou do meu
lado, e tentou me abraçar.
– Vai embora daqui, agora! - gritei novamente. - Eu não quero mais saber de
você.
– É isso mesmo que você quer? - segurou meu rosto com muita força, e
concordei com a cabeça. - Beleza então Gabriela! - falou alto e deu um murro com
muita força na porta do meu quarto, eu podia ver a raiva em seus olhos, era como se ele fosse um bicho, como se ele fosse me atacar.
– Some daqui! - gritei, ele se aproximou novamente, me segurou com força
pelos dois braços e foi me levantando da cama, o medo percorria por todo o meu corpo.
– Nenhuma mulher grita comigo, tá ouvindo Gabriela? - gritou me olhando
nos olhos. - Ninguém grita comigo! - começou a apertar os meus braços com mais
força, e eu comecei a chorar de desespero, estava realmente com medo do que ele poderia fazer comigo. - Eu sou o chefe, sou eu quem mando em tudo, sou eu quem
grito, sou eu quem dou as ordens, você entendeu? - estava paralisada olhando pra ele. -
Você entendeu Gabriela? - gritou, e eu concordei com a cabeça.
– Vai embora daqui - já estava até soluçando de tanto chorar, ele me jogou
com força sobre a cama.
– Eu só vou ir embora quando eu quiser, eu! - me deixou jogada na cama e
saiu do meu quarto, procurei pelo meu celular e já estava quase amanhecendo, me levantei da cama, passei as mãos em meus braços e eles estavam doloridos, fui para o banheiro do me quarto e tomei um banho rápido, me enxuguei e voltei para o quarto, vesti uma calça jeans e uma camiseta, estava terminando de calçar o tênis quando ele entrou novamente no quarto. - Onde você pensa que vai? - me olhou furioso.
– Não é da sua conta - pisquei pra ele, e terminei de calçar, coloquei meu
celular no bolso e sai do quarto, fui para a cozinha e comecei a fazer um misto quente, meu estômago estava doendo, não sabia se era de fome, ou de tanto nervoso. Terminei de fazer e comecei a comer, estava olhando pro celular e resolvi ligar para minha melhor amiga.
+ início da ligação +
Gabriela: Amiga, estou indo pra sua casa - minha voz estava saindo fraca,
enquanto ele se sentava na minha frente e ficava me encarando.
Mariana: Aconteceu alguma coisa Gabi? - perguntou preocupada.
Gabriela: Quando chegar a sua casa eu te conto, é o mesmo motivo de
sempre! - olhei pra ele, e dei uma mordida no meu misto.
Mariana: Tá bom amiga, vem com cuidado!
Gabriela: Ok, até daqui a pouco, te amo!
Mariana: Até, te amo!
+ fim da ligação +
Terminei de comer o meu misto e me levantei, fui até a sala e peguei as
chaves do meu carro, dentro dele havia um controle da garagem também, para facilitar minha vida. Destravei-o e entrei no mesmo, apertei o botão do controle e abri o portão da garagem a moto do Daniel estava atrás do meu carro, abri o vidro e olhei pra ele.
– Se você não tirar, eu vou passar por cima!
– Pra onde você tá indo? - se aproximou do vidro do carro, e me segurou
pelo rosto.
– Pra qualquer lugar que você não esteja presente! - pisquei pra ele, liguei o
carro e comecei a acelerar. - Se eu fosse você, eu tirava sua moto. - deixei o carro andar