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Ela
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E-book347 páginas5 horas

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Sobre este e-book

E se a sua vida mudasse da noite para o dia? E se finalmente você encontrasse a garota perfeita, mas não conseguisse se lembrar dela? Daniel Clarke foi o sortudo da vez! Após um incidente no parque, sua vida mudou completamente, um ano da sua vida parecia surreal e contado por outra pessoa. Agora resta ele descobrir como aquela tal Amelia foi parar na sua casa e se ela é a mulher da sua vida.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de mar. de 2021
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    Pré-visualização do livro

    Ela - Luana Magalhães

    UM

        Mais um belo fim de tarde para correr pelo Hyde Park, principalmente quando se levou um fora da sua namorada. Ou melhor, ex-namorada. Balancei a cabeça, espantando os pensamentos e voltando a correr. Eu tinha que tirar Claire da cabeça, já havia se passado duas semanas. Ela, provavelmente, já deve estar se divertido com outros caras por aí, enquanto eu ainda não consigo esquecê-la. Ah, por que é tão difícil encontrar essa tal garota certa, uh? Todas parecem ser complicadas demais! Por que não podem ser simplesmente bonitas, sexies, legais, inteligentes, doces, boas de cama, não sentirem tanto ciúmes, entender o que a gente fala, fazer os nossos gostos de vez em quando... Ok, é impossível achar alguém assim.

    Continuei correndo, tentando tirar qualquer pensamento da cabeça. Avistei mais à frente um garoto em uma bicicleta, ele estava com a expressão de assustado. Visualizei o outro lado, e observei uma senhora andar devagar, sem prestar a atenção por onde andava. Eu sabia no que aquilo ia dar. Sem pensar duas vezes, corri até a senhora e a puxei depressa, fazendo-nos cair no chão. O garoto com a bicicleta passou por nós em uma velocidade incrível, mas parou quando bateu em um banco. É, ele não deve estar muito bem. Lembrei-me da senhora que estava ainda ao chão, e a ajudei a se levantar.

    - A senhora está bem? – perguntei, preocupado. Ele me olhou ainda um pouco assustada.

    - Bem? Eu estou mais do que bem! – sorriu, mostrando todas as rugas que a idade lhe trouxe. – Você me salvou, garoto. Obrigada!

    - Não por isso. – sorri, aliviado. Ela se aproximou de mim e segurou minhas mãos, olhei-a sem entender. Ela usava um lenço na cabeça, muitas bijuterias e também usava um lápis de olho preto, um pouco forte para a sua idade.

    - O que eu posso fazer por você, criança? Há algo que você deseje muito? – perguntou ainda segurando minhas mãos. Continuei sem entender.

    - Ahn, não, obrigado. Eu tô bem – sorri amarelo.

    - Espera! – ela fechou os olhos e depois os abriu, sorrindo. – Uma garota.

    - Como é? – franzi o cenho.

    - Eu já sei, criança. – falou, voltando a fechar os olhos. Eu a senti apertar minhas mãos e um leve tremor passar por elas. Puxei minhas mãos na hora.

    - Ahn, eu já vou indo. – avisei, afastando-me.

    - Acontecerá, filho. Acontecerá! – ela disse alto, enquanto me afastava. Fiz uma cara estranha e sai de perto.

    - Louca! – sussurrei e voltei a correr, mas dessa vez fui para a casa.

    Ouvi o despertador tocar ao meu lado, no criado-mudo. Mexi-me na cama, preguiçosamente, sem querer levantar. Encarei o maldito que ainda tocava incessantemente. Bufei, desligando-o. Quando estava pronto para me levantar da cama, ouvi um suspiro baixo. Paralisei. Era um fantasma? Qual é, Clarke, cresça! Deve ter sido coisa da minha cabeça. Mas notei no segundo seguinte que não era, pois ouvi de novo. Girei meu rosto para o outro lado, encontrando um corpo enrolado no meu lençol. Gesticulei um o que diabos? sem entender o que era aquilo. Eu dormi com alguém noite passada e não me lembro? Me movi um pouco mais para perto da pessoa, e pude ver os seus cabelos castanhos caindo sobre o meu travesseiro. Mas ainda assim não conseguia visualizar seu rosto. Me aproximei mais um pouco para poder vê-lo, mas ela se movimentou mais rápido, virando o rosto na minha direção. E, puta merda! Que garota linda! Ela ainda dormia, tinha os lábios vermelhos entreabertos, um rosto de boneca, um narizinho perfeito. Linda, cara, linda.

    - Ah, meu Deus! – sussurrei. Eu tinha dormido mesmo com uma garota tão linda assim? Espero que ela seja maior de idade. Aproximei meu rosto do dela, só para ter certeza que ela era real, quando ouvi um sorrisinho vindo dela.

    - Para de me olhar dormir, você sabe que eu odeio. – falou de olhos fechados.

    - Ahm... – disse, sem saber muito o que falar. Apenas me afastei dela. – Erm...

    - Que foi? – sussurrou, abrindo os olhos. Wow! Lindos olhos também.

    - Eu não... Eu só... Eu não sei. – disse apenas, fazendo uma careta. Ela me olhou sem entender. Sentou-se na cama, e o lençol que cobria seu corpo escapou um pouco, mostrando a bela curva dos seus generosos seios cobertos apenas por um sutiã. Caralho! Eu, claro, não pude deixar de fitá-los. Ela riu.

    - Tô vendo que já melhorou! – balançou a cabeça, aproximando-se de mim. Me afastei. – Joguinhos? Mesmo? Essa hora da manhã, Danny?

    - Desculpa, mas eu não me lembro de você. – confessei, enfim. Ela revirou os olhos, mexendo no cabelo e fazendo um nó com ele.

    - Larga de criancice, Clarke! – retirou o restante do lençol que a cobria, levantando-se da cama. Caralho, puta merda! Que mulher é essa? Que corpo é esse? Fiquei ali babando, enquanto ela andava até o meu banheiro como se fossem íntimos. Olhei ao meu redor, só para ter certeza que eu estava mesmo no lugar certo. Eu não consigo entender porque eu não me lembrava de nada da noite passada. Eu bebi? Sai? Resolvi me levantar e ir até aquela garota, pelo menos saber o seu nome. O banheiro estava com a porta aberta, e ela estava lá, terminando de escovar os dentes. Espera, aí! Por que tem uma escova a mais no meio das minhas coisas? Ela me olhou através do espelho, esperando alguma reação. Nada. Cuspiu o restante da pasta de dente e enxaguou a boca, secando-a rapidamente com o dorso da mão. – Tá de mau-humor hoje?

    - O quê? Não! – neguei. – Eu só, desculpe, não me lembro de você. – ela suspirou, descrente.

    - Acho que você bateu a cabeça muito forte no chão ontem, quando caiu na casa do Nicholas. – fez uma careta.

    - Você conhece o Nicholas? – perguntei surpreso.

    - Arght! – bufou, rolando os olhos. – Já vi que tá tentando testar minha paciência. – disse, saindo do banheiro, apenas a segui.

    - Mas é sério, porra! – comecei a ficar irritado. Ela parou de andar e olhou pra mim. – Eu não me lembro de nada. – ela franziu o cenho, cruzando os braços.

    - Hmm... – fez, aproximando-se de mim. – Vamos fazer o seu joguinho então, Danny. – riu. – Então, você não se lembra de mim? Não sabe como nos conhecemos?

    - Moça, eu não sei nem o seu nome. – confessei, suspirando alto em seguida.

    - Ah, não? – ela riu, achando graça. – Ok, meu nome é Amelia. Amelia Jones.

    - Amelia? Bonito nome. – comentei.

    - É, mas você adora me chamar de Amy. – explicou, aproximando-se ainda mais. Fiquei parado no mesmo lugar. – Ou de amor, linda, anjo... Ás vezes de gostosa e delícia. – ela riu. E eu continuava confuso.

    - E eu te conheço de onde? Como você veio parar na minha casa? – perguntei, enfim.

    - Hm, a gente se conheceu na festa de aniversário do Nicholas. – colocou seus braços em volta do meu pescoço. Mas eu tirei e me afastei. – Ah, pelo amor de Deus, Danny!

    - Como você veio parar na minha casa? – voltei a perguntar. Ela revirou os olhos e foi se sentar na cama. – Responde!

    - Cara, como você tá chato hoje, hein? Não entendi esse joguinho seu. – fitou as unhas.

    - Amelia, me responde, por favor! – pedi, quase suplicando.

    - Ok, ok! – se deu por vencida. – Há quase um ano você pediu que eu viesse morar com você, Danny.

    - UM ANO? – gritei, não acreditando. – Tá louca?

    - Eu desisto! – falou alto, andando até o meu closet e pegando uma camisa minha e uma short jeans. Ei! Não tinha esse short antes ali. Os vestiu rapidamente. – Quando você parar de infantilidade, desce e fala comigo. – avisou, saindo logo em seguida. Me vi sozinho naquele quarto, tentando entender o que tinha acabado de acontecer ali. Eu só podia estar dentro de um sonho. Nada daquilo fazia sentido. E quem ela acha que é para falar comigo daquele jeito? Sai atrás dela, disposto a tirar algumas satisfações. Passei pela sala e ela não estava lá, então fui até a cozinha, encontrando-a. Amelia, se é esse o nome dela mesmo, estava de costas, pegando algumas coisas na geladeira. Na minha geladeira.

    - Ei, você tá comendo o meu peito de peru! – falei alto. Ela se virou, não acreditando no que eu havia falado.

    - Eu não vou comer tudo, Danny. Eu sei que você adora isso aqui com pasta de amendoim. – fez uma careta de nojo.

    - Como você sabe disso? – perguntei assustado. Poucas pessoas sabiam daquela minha esquisitice.

    - Eu sei muita coisa sobre você, amor. – sorriu, tentando ser paciente. Levou as coisas que havia pegado para o balcão. Sentou-se em um banco e puxou outro, batendo a mão sobre o mesmo. – Vem cá, vem! – me chamou. Suspirei algumas vezes antes de me render. Ok, eu precisava entender o que estava acontecendo. Andei até ela e me sentei ao seu lado. Ela segurou minha mão com uma mão e com a outra, segurou meu rosto. Seu toque era incrível. – O que tá acontecendo, uh? Eu tô ficando assustada.

    - Acredite, eu estou muito mais assustado. – confessei.

    - Ok, talvez a pancada tenha sido realmente forte. – tentou se convencer. – Vamos tentar entender essa sua perda de memória. Mas se for brincadeira, eu juro que...

    - Não é, eu juro! – falei rápido. – Me ajuda! – ela suspirou, assentindo. – Agora me diz o que está acontecendo? Como tudo isso aconteceu? Como eu conheci você?

    - Bom, a gente se conheceu há mais de um ano, na festa do Nicholas, você me convidou pra sair, e saímos sempre depois disso. – ela tentava se lembrar. – Ahm, você me pediu em namoro e...

    - A gente namora? – perguntei, não acreditando que eu namorava uma garota daquelas. Ela balançou a cabeça, concordando. – Nossa.

    - É. Ahm, depois de um tempo, você me pediu pra morar com você e, bom, aqui estamos nós. – sorriu, sem jeito. – Se lembrou de algo?

    - Não. – falei baixo, abaixando a cabeça. Ela se aproximou de mim, abraçando-me com força. Eu nada fiz.

    - Tudo bem, amor. Nós vamos dar um jeito de consertar isso. – sussurrou próximo a minha orelha, depositando um beijo na mesma. Fitou meus olhos e sorriu. – Eu te amo. – e eu não soube o que dizer.

    - Eu... Eu sinto muito. – foi o que saiu. Ela fez uma cara triste, soltando-se de mim.

    - Tudo bem. – afastou-se. – Sabe, eu acho que vou visitar a Zoe, ok? Você tá precisando ficar sozinho. – não disse nada. Apenas fiquei a observando se afastar e sumir das minhas vistas. Ouvi o barulho da porta da frente se fechar minutos mais tarde. Olhei ao meu redor, procurando algo que me ajudasse a lembrar de algo. Fitei a geladeira, nela havia algumas fotos pregadas que antes não estavam lá. Caminhei até elas, pegando uma que estava pregada a um imã. Na foto estava eu e Amelia. Parecíamos estar em um restaurante. Eu estava sentado e ela estava atrás de mim, me abraçando. Os dois sorriam. É, confesso que eu parecia estar bastante feliz naquela foto. Por que diabos eu não me lembro de nada? Olhei para as fotos de novo e observei uma em que estávamos todos nós, incluindo o Nicholas e sua namorada, Giulia. Era isso, eu sabia quem ia me ajudar a me lembrar.

    - Caralho, já vai! – ouvi a voz de Nicholas do outro lado da porta. Bati mais uma vez. – Porra! – e ele finalmente abriu. – Cara, eu vou te matar!

    - Nicholas, eu preciso da sua ajuda. – avisei, entrando como um furacão na sua casa. Ele fez uma careta, a cara toda amassada. É, acho que eu tinha o acordado.

    - Não dava pra esperar eu acordar, hein? – coçou o cabelo, andando até mim. Neguei. – Que foi, cara?

    - Eu acho que estou num universo paralelo! – falei, jogando meu corpo no sofá atrás de mim. Nicholas franziu o cenho, confuso.

    - Você tá bêbado? – perguntou.

    - Não, cara. É sério! – respirei fundo. – Acordei hoje e tinha uma garota dormindo na minha cama, linda, mas eu não a conheço.

    - Como assim? Você tá traindo a Amelia? – perguntou surpreso.

    - É isso! Esse é o nome dela, mas eu não a conheço... E, pelo jeito, todo mundo conhece, menos eu. – suspirei, cansado. – Eu não sei mais o que fazer, Nicholas.

    - Danny, eu não estou te entendendo. – se aproximou, sentando-se ao meu lado. – O que você tá falando?

    - Eu também não entendo, cara. – gesticulei rápido. – Eu só me lembro de acordar com essa garota ao meu lado, sem nem saber seu nome. Eu juro, eu não a conheço.

    - Cara, isso é estranho! – fez uma careta. – O que a Amelia acha disso?

    - Acha que eu estou brincando. – dei de ombros.

    - É, eu também. – concordou, olhando-me desconfiado.

    - Mas eu não estou, ok? – falei mais alto. Levantou as mãos em forma de rendição.

    - Tudo bem, tudo bem. Mas como eu posso te ajudar? – perguntou.

    - Eu não sei. – fui sincero.

    - Quer a minha opinião? Volta pra casa. – eu ia protestar, mas ele continuou. – É sério. Se alguém pode explicar tudo o que está acontecendo, o que uma garota estranha tá fazendo na sua casa é ela mesma. Conversa com a Amelia, Danny.

    - É, tudo bem. – concordei, sem vontade. – Mas espero que ela me entenda e não ache que eu estou brincando.

    - Ela vai, ok? Eu vou pedir pra Giu falar com ela depois. – disse, dando-me tapinhas nas costas.

    - Tá bom. – me levantei, seguindo para a porta. Nicholas veio atrás.

    - Danny, quando você acordou e viu a Amelia, não se perguntou como conseguiu aquela garota?

    - Exatamente! – concordei rápido. – Eu não entendo como uma garota daquelas pode me dar moral.

    - É, buddy, nem eu! – riu, me empurrando para fora da casa dele. Desgraçado! Então, era isso. Voltar para a minha atual vida. Ou o que for.

    Assim que cheguei em casa, Amelia também já havia voltado. Ela estava sentada no sofá, comendo um pote de sorvete. Seu olhar se direcionou para mim, esperando alguma reação.

    - Oi. – falei, fechando a porta e jogando a chave do carro em cima da mesinha de centro. Me sentei ao seu lado.

    - Oi. – respondeu de volta. – Tá se sentindo melhor?

    - Um pouco. – confessei.

    - O Nicholas me ligou, falou que você foi lá. – concordei com a cabeça. – Eu tava com saudades. – fitei seus olhos, e eles pareciam ser bem sinceros quando disse aquilo.

    - Desculpe não me lembrar de tudo o que aconteceu entre a gente, ok? – pedi, sentindo-me culpado.

    - O que eu posso fazer, né? – deu de ombros, sorrindo triste. – Ei, tá com fome? Eu fiz alguns sanduíches.

    - Bom, eu acho que quero sim. – sorri, agradecido.

    - Vou buscar, então. – sorriu, finalmente. Levantando-se e indo até a cozinha, voltando rapidamente com um prato em mãos. Depositou o prato sobre a mesinha e voltou a se sentar ao meu lado, ligando a TV. Peguei um dos sanduíches e comecei a comer. Hm, e estava realmente muito bom. Do jeito que eu gostava.

    - Tá muito bom, Amelia. – falei. Ela sorriu. Deus, como ela era linda.

    - Fiz do jeito que você sempre gostou – comentou, aproximando-se de mim. - Danny... – me chamou, mordendo os lábios.

    - Hm? – respondi, terminando de engolir o pedaço do sanduíche.

    - Quero te beijar! – soltou. Quase engasguei. Amelia riu, batendo nas minhas costas. – Calma, calma!

    - Você quer? – perguntei, fitando os olhos dela. Ela mordeu o lábio inferior, assentindo.

    - Você não me beijou hoje, sinto falta. – confessou baixinho.

    - Mesmo eu estando assim? Sei lá, não me lembrando da gente? – perguntei, curioso. Ela riu.

    - Mas eu me lembro, amor. E eu tô pedindo um beijo, não sexo. – engasguei de novo e ela riu. - Danny, você não tem mais dez anos.

    - É porque eu não consigo me imaginar com você... – devolvi o sanduíche para o prato. – Sabe? – fiz as curvas de uma mulher com as mãos. – Você é linda demais, cara.

    - E daí? Você é lindo também! – sorriu, aproximando-se de mim. Não me afastei. – Vai? Só um beijinho? – pediu, fazendo biquinho. Eu sorri, achando aquilo bonitinho. – Fecha os olhos, anda.

    - Amelia... – comecei, mas ela me interrompeu.

    - Shh, fica quieto! – mandou, praticamente se sentando no meu colo. – Talvez assim você se lembre. – mordeu o lábio inferior, aproximando a boca da minha. Eu podia sentir sua respiração bater na minha boca. Amelia puxou meu lábio inferior com os dentes, estava pronta para me beijar... Quando o telefone tocou. Ela bufou, voltando a se sentar direito.

    - Ahm, eu atendo! – falei rápido, estendendo a mão até a base e atendendo ao telefone. – Alô?

    - Olá, querido! – reconheci a voz, franzindo o cenho.

    - Mãe? – perguntei surpreso. Minha mãe quase nunca me ligava, e quando eu digo quase, eu quero dizer nunca. – Por que você tá ligando?

    - Danny! - Amelia repreendeu, rindo.

    - Olha os modos, garoto! – repreendeu-me também. Revirei os olhos. – Onde está a Amy?

    - Você conhece a Amelia? – perguntei, fitando a própria. Ela sorriu de lado, dando de ombros.

    - Ora, claro que conheço! Querido, você está bem? – perguntou preocupada.

    - Não sei, mãe. – cocei a nuca. Amelia suspirou, estendendo a mão, pedindo o telefone. Entreguei, observando-a conversar naturalmente com a minha mãe. Cara, a minha mãe. Já posso acordar?

    - Oi, Sue. Pois é, ele não está muito disposto hoje. – uma pausa. – Ah, sim, claro. Não nos esquecemos! – sorriu, depois me fitou. – Hm, eu vou conversar com ele, ok? Se ele estiver se sentindo melhor nós iremos. Sim, tudo bem. Você também, sogrinha. – uma risadinha. – Ok, tchau, até mais. – e desligou, jogando o telefone no colo. - Danny, você sabe que dia é hoje?

    - Sexta? – perguntei em duvida.

    - Hoje é a comemoração das bodas dos seus pais. – ela explicou, pacientemente.

    - É? – ela concordou. – E?

    - E nós temos que ir. – falou, esperando alguma reação. Fiz uma careta. - Ah, Danny, não faz essa cara. São os seus pais, poxa. Eles marcaram isso há tempos, eles esperam que você vá. Assim como todo mundo.

    - Todo mundo quem? – levantei uma sobrancelha.

    - O resto dos convidados? – falou óbvia. – Meus pais vão estar lá também.

    - Seus pais? – falei surpreso. – Eu conheço os seus pais? – ela assentiu. – Puxa!

    - Você não se lembra deles também, né? – neguei. Ela suspirou. – Não se preocupe, eu te ajudo com isso, ok?

    - Não sei se é uma boa eu ir, Amelia. – confessei, levantando-me. – Isso tudo tá muito confuso.

    - Eu sei, amor. – falou, levantando-se também. – Mas eu vou estar ao seu lado o tempo todo, vai dar tudo certo.

    - Ah, cara... – enfiei os dedos no cabelo. – Eu tô pressentindo que eu vou me ferrar.

    - Não vai, eu não vou deixar isso acontecer. – sorriu, aproximando-se. – Além do mais, você estará entre a sua família e amigos, nada de ruim pode acontecer.

    - Ok, você ganhou! – sorriu largamente. – Mas não vai se acostumando.

    - Ah, é melhor você ir se acostumando, Danny. – sorriu maliciosa. – Eu sempre ganho. – avisou, andando e subindo as escadas, sumindo das minhas vistas. Bufei, jogando-me no sofá. O que ia acontecer com a minha vida agora?

    Me olhei no espelho de cima a baixo. É, não estava nada mal. Estava vestido uma camisa social vinho e uma calça preta também social. Não era muito o meu estilo, mas Amelia me obrigou a colocar isso. E por falar nela, ela já está trancada no banheiro há quase uma hora. Passei a mão no cabelo, tentando dar uma arrumada ou desarrumada, não sei, e fui bater na porta do banheiro.

    - Ei, tá tudo bem, aí? – perguntei, aproximando o ouvido da porta.

    - Tá, sim. Já estou saindo! – avisou. Ouvi a porta se abrir e me afastei, dando espaço para ela passar. Mas antes que conseguisse me movimentar direito, eu a fitei. Uau. Ela sorriu, vendo a minha cara de idiota, encarando-a. – Ficou bom? – perguntou, dando uma voltinha. Amelia estava usando um vestido longo, que deixava seus ombros e costas de fora, lindas costas e com uma bela tatuagem, diga-se de passagem; seu cabelo estava em um coque meio baixo e sua boca estava com um batom vermelho. Linda, cara.

    - Uau. – foi o que eu consegui dizer.

    - Não está exagerado? – perguntou, insegura, andando até o espelho do quarto, se analisando.

    - Você tá linda! – falei, sincero. Ela sorriu, se virando pra mim.

    - Você também tá. – se aproximou, arrumando a gola da minha camisa. Me fitou nos olhos durante um tempo, abriu a boca pra falar algo, mas desistiu, e optou por somente sorrir. – Então, vamos? Já estamos atrasados.

    - Sim, claro! – concordei, pigarreando e enfiando uma mão dentro do bolso da calça.

    - Ok, vou pegar a minha bolsa e te encontro no carro. – avisou, e saiu andando até o closet. Balancei a cabeça positivamente e sai, rumando para a sala, pegando a chave do carro sobre a mesinha, e me dirigindo para fora da casa, onde o carro estava estacionado. Assim que entrei no carro, fitei o volante. Isso tudo era tão maluco e irreal. Às vezes tenho a impressão de que eu vou acordar a qualquer minuto, e que estarei deitado na minha cama, sozinho e louco. Fui acordado do meu transe pela porta sendo fechada por Amelia. Apenas a fitei e sorri. Se for um sonho mesmo, é melhor eu aproveitá-lo.

    No momento em que coloquei os pés no local da festa, me arrependi de ter ido. Muita gente. Muita gente conhecida, mas muita gente desconhecida também. Senti a mão de Amelia procurar a minha e entrelaçá-las, apertando-as.

    - Vai ficar tudo bem, eu tô aqui. – sussurrou pra mim. Assenti, e deixei que ela nos guiasse. Um casal já mais velho se aproximou de nós.

    - Querida, você está deslumbrante! – uma jovem senhora de cabelos castanhos e olhos verdes, falou, fitando Amelia.

    - Obrigada, mãe. – ela respondeu, sorrindo. Mãe? Opa!

    - Danny, vai aparecer para o jogo na próxima quarta? – o senhor, ao que tudo indicava era pai de Amelia, perguntou.

    - Ahm, jogo? – falei, confuso.

    - É, a gente tinha combinado de ir assistir ao jogo do Chelsea. – explicou como se fosse óbvio. Olhei para Amelia, pedindo alguma ajuda. Ela entendeu, e suspirou.

    - Pai, Danny e eu já temos compromisso quarta. – falou, fazendo uma careta. – Desculpe, mas é inadiável.

    - Ah, ok. Deixa para uma próxima, então. – concordou, dando de ombros. – Querida, são os Lavigne. Vamos lá dizer um oi.

    - Claro! – a senhora concordou, sorrindo. – Até mais tarde, queridos. – e saíram para longe de nós. Respirei aliviado. Amelia olhou para baixo, suspirando. Meu coração se apertou de culpa.

    - Eu sinto muito por isso, mas eu realmente não me lembro deles. – falei, tentando me explicar. Ela me fitou, sorrindo triste.

    - Tudo bem, vamos dar um jeito nisso depois. – pegou a minha mão novamente. – Ah, outra coisa, os nomes dos meus pais são Dominick e Richard. – assenti, repetindo mentalmente, tentando decorar. Amelia me olhava ainda direito sem saber se acreditava em mim ou não, acho que assim como é pra mim, também era surreal pra ela.

    - Eu juro que não é uma brincadeira de mal gosto. – falei, apertando a sua mão entre a minha. Ela mordeu o lábio inferior, assentindo.

    - Eu acredito em você. – falou, enfim. – Porque você sabe bem que eu mandaria te castrar se fosse uma brincadeira. – ameaçou, me fuzilando com os olhos.

    - Não será necessário! – falei, rindo.

    - Casaaal! - Giulia se aproximou de nós, gritando. Típico. Rimos. Ao seu lado, Nicholas, que revirava os olhos, acostumado com a namorada. – Oi, fofinho! – me cumprimentou, apertando meu nariz. Giu era estranha, às vezes se comportava como a minha mãe. Mas era minha amiga e também, namorada do meu melhor amigo.

    - Oi, Giu. Tô bem também, e você? – ironzei, recebendo um dedo do meio de volta. – Oh!

    - Oi, amiga. – ela me ignorou, voltando a atenção para Amelia.

    - Oi, Giu. - Amelia riu do jeito dela. – Você está linda.

    - Olha quem fala, né? Tá maravilhosa! – piscou para ela.

    - Papo de mulher é caído, né? - Nicholas falou baixo. Ri, concordando. Rasgação de seda, credo. – Oi, Amy. - Nicholas a cumprimentou, sorrindo. Amelia sorriu de volta, voltando a conversar com Giu. – E aí, como você tá, cara? – perguntou, direcionando o olhar pra mim. Olhei para as meninas, que conversam animadas sobre algo que havia passado na TV. O puxei para se afastar um pouco delas e desabafei.

    - Cara, tá tudo muito estranho. – falei, fitando-o. – Não parece a minha vida, não tem nada na minha cabeça pra me fazer lembrar dessa garota, entende? Nada. – eu falava gesticulando muito. Minha cabeça parecia que ia explodir. – Eu não tenho ideia de quem são algumas pessoas aqui, eu não tenho ideia de quem é ela. – apontei para Amelia. Ela olhou na mesma hora e sorriu, e depois respondeu algo para Giulia. – Ela. – abaixei o tom. – Eu não sei quem é essa garota incrível. – voltei a fita-lo. – E eu queria muito saber.

    - Eu também não entendo como tudo isso na sua cabeça aconteceu, porque num dia você está feliz com a Amy e no outro não se lembra mais de nada. – me olhou, confuso. – Seja lá o que for, cara, a gente vai te ajudar. Eu prometo! – colocou a mão no meu ombro. – Até lá, já que essa garota é tão incrível... – sorriu, me virando para fitá-las. – Porque não vai até lá e tenta conhecê-la um pouco melhor, uh?

    - É... – falei, sorrindo de lado. – Me parece uma boa ideia.

    DOIS

      O plano de conhecer Amy melhor era ótimo, estava disposto a tentar entender o que estava acontecendo ali, com o meu cérebro, minha vida. Então perguntei a Nicholas tudo o que ele sabia sobre ela, sobre a nossa vida juntos. Bom, basicamente ele me explicou o que ela já havia me dito. Nos conhecemos na festa de aniversário do Nicholas, por meio de Giulia, que já era amiga de Amy na época. Ele disse que assim que eu a vi, fiquei bobo e quis conhecê-la. É, parece ser coisa minha mesmo. Ele me disse que éramos o tipo de casal que todo mundo queria ser. Éramos divertidos e era bem óbvio que nos amávamos. E claro, minha família inteira era louca por ela. Minha irmã mais nova, Blue, teve a audácia de me dizer que ela era a irmã que ela nunca teve. Acredite, Blue não era amigável com muitas pessoas. Ela odiava Claire. Poxa, Claire. Melhor eu nem pensar nela.

    - Quem quer álcool? - Giu perguntou alto, levantando uma garrafa

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