Contos e poemas
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Sobre este e-book
Em cada texto desta obra tem um personagem principal e também temáticas que estão presentes em todo o livro que fazem o leitor refletir sobre a vida e sobre os problemas sociais que acontecem diariamente. Como no conto "A mãe" que traz à tona a violência sofrida pela mulher e os reflexos dessa violência em seus filhos e o papel da sociedade nessas agressões seculares. Por que não falar do conto "A menor abandonada" que faz o leitor refletir em um único texto em tantos problemas, como o abandono de animais e de pessoas. Além disso, a história trata da espiritualidade, da vida após a morte. Sendo assim, considerado um conto fantástico, com um final surpreendente.
É um livro para se deleitar, pois é escrito de forma leve e envolvente. Como também para debater temas importantes que estão presentes na vida de cada cidadão que, ao ler esse livro, vai encontrar dentro dele e vai ter histórias para contar a partir das histórias lidas. Esse é o papel desse livro, levar você a refletir e a contar histórias.
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Contos e poemas - Josivania Maria de Almeida
Introdução:
um ser insignificante
Este ser insignificante que vos fala está aqui, imóvel, só o observando. E você fica com uma ânsia de mais e mais histórias e, ao mesmo tempo em que anseia, fica apreensivo. É tanta desgraça! Não tem nada bom? Não quer mais ler isto? Sim, quer. Eu sei. Mas agora irá adentrar em um mundo mágico, o sonho de uma criança. Acredite! Não tem desgraça, por enquanto.
Uma pequena criança dormia e, ao mesmo tempo, sorria, mexia-se e falava. Quem não estivesse em seu sonho, acharia que esse pequenino ser tinha um pesadelo, um engano. Era o mais belo dos sonhos que um inocente poderia ter. Anjos são assim, acreditam, viajam e nunca desistem.
Contos
A mãe
Há muito tempo, observava uma senhora. Negra, cabelos crespos, olhos negros, magra, casada, com três filhos e um metro e setenta. Morava numa casa de taipa, cheia de buracos. Seu esposo sempre estava bêbado, seus filhos sempre estavam chorando, e ela também sempre estava chorando e pensativa. E a vizinhança sempre estava falando, falando, falando...
— Mãe! Estou com fome! ‒ gritavam os filhos.
— Mãe! Estou com uma dor na barriga!
— Mãe! Eu quero morrer, para não sentir mais isso!
— Oh! Meu Deus! O que é que eu faço? Não consigo ver meus filhos sofrendo desse jeito! ‒ exclamava a mãe em desespero.
— Ana, Bianca, Gustavo é só vocês sonharem com um monte de comida que tudo isso vai passar. Vamos brincar de dormir? Quando vocês acordarem vão ver que tudo passou! Vocês vão acordar de barriga cheia! ‒ disse a mãe, virando-se para os filhos, em uma tentativa desesperadora de tranquilizá-los.
— Mulher! Cadê meu chinelo? Onde já se viu! Acordar com o bucho cheio? Cheia vai ser a surra que eu vou dar em vocês! ‒ gritou o pai, furioso com a ladainha.
Depois de bater em todos com chinelo, pau e cinto, esmurrou a esposa e a colocou para fora de casa, à noite e debaixo de chuva. A rua era de barro e tinha umas duas valetas, por onde passava uma água suja, mas como chovia muito, a rua mais parecia um rio. Não tinha onde a mulher se abrigar, ela ficava ali, em frente à sua casa, esperando o dia clarear e o marido sair para o roçado. Só depois, ela poderia entrar e ter aquele sono que não tivera à noite.
Os pingos da chuva batiam em sua pele com muita força, porém ela não sentia, tinha uma dor maior a consumindo: a dor da impotência. Como conseguir mudar aquele cenário? Não fora a primeira vez que dormira fora de casa. E, a cada noite mal dormida, mais pensamentos povoavam sua mente.
Vou matá-lo! Mas se matá-lo, vou presa? E quem ficaria com os meus filhos? Não tenho ninguém! Minha mãe passou pelo mesmo tormento com o meu pai, morreu nova, a coitada, ainda lembro! Depois daquela surra... eu a vi e a ouvi dar o último suspiro. A cena se repete... Não quero que meus filhos tenham a mesma imagem de mim. O que posso fazer para que isso não aconteça? Não sei ler! Não sei escrever! Moro nesse lugar, não conheço nada, além desse brejo. O que faço?! O que faço?! Meus filhos são pequenos, precisam de mim. O que faço?! Eu vou fugir. Mas se eu fugir... Não! Não posso pensar nisso, não é a solução. O que eu faço?! Meus filhos...
Vejo uma sombra, vejo que no maior buraco da casa não dá para ver a luz do lampião. Quem está me observando? Quem? Será ele? Será?! Será algum filho meu?! Não! Não quero que eles me vejam assim! Mas eles já não viram tantas vezes?! Meu Deus, que sina! Espero a chuva passar. Espero amanhecer. Quando o dia raiar, vou me esconder e ficar na espreita, esperando ele sair e, quando ele sair, vou lá ver meus filhos. Amanhã nós vamos procurar algum mato pra comer. Os bois, as cabras não comem mato? E eles morrem? Não! Eles vivem! Não é de fome que vamos morrer!
Quem a observava pelo buraco era seu filho mais velho de cinco anos. vi-o, e penetrei no olhar daquela pequena criança, tão nova, mas com uma história de vida tão triste. História esta que, ao crescer, se recusava a contar. Apenas