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Noites de Lua
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Noites de Lua
E-book615 páginas8 horas

Noites de Lua

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Sobre este e-book

Uma onda de crimes de proporções aterrorizantes acaba de começar na área metropolitana de Washington ao surgirem cadáveres, horrivelmente mutilados e retalhados. Aidan Preston se envolve no caso, se encontrando imerso em um mundo escuro e perigoso, tal qual nunca visto antes em todos seus anos de trabalho com crimes violentos. Para encontrar a verdade, Aidan precisará trabalhar fora da lei, para descobrir a verdade por trás desses assassinatos. Quanto mais ele investiga, fica mais evidente que nem tudo é o que parece nessa investigação. Enquanto o número de corpos continua a escalar, e com uma lua cheia na espreita, Aidan precisa fazer o impensável para enfrentar essa força assassina do mal, arriscando tudo para colocar um fim nessa contagem de mortes. Seria ele capaz de parar os assassinos a tempo, ou será que as pessoas mais próximas dele se tornarão parte da lista crescente de vítimas?

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento16 de nov. de 2022
ISBN9781667445472
Noites de Lua
Autor

Jacob Parr

Jacob Parr is a lifelong storyteller and author of the thriller Moonlit Nights. In high school, he was awarded and recognized upon graduation from the State of Maryland for his literary efforts. When he isn't writing, Jacob can be found enjoying the outdoors with his wife and kids. He currently lives in California, hard at work on his next novel.Extended Bio:As a writer, I have written many different genres and lengths of stories over the course of my life. In high school, I submitted stories for our Nationally-acclaimed literary magazine Echoes, and was awarded and recognized upon graduation from the State of Maryland for my literary efforts. In college, I continued my passion for short stories and novels.There are many ideas and stories to bring out of my mind and put to paper, however, my first step into the world of a full-length novel was Moonlit Nights, a project I had been most passionate about finishing and getting out to the public.Moonlit Nights is a suspenseful and thrilling fiction, and its main antagonist, the werewolf, is a creature that has lived for centuries throughout all forms of media, including a rise in popularity over the last few years in books and film. This novel breathes life into the varying myths and legends of these ancient tales while bringing new ideas and surprises into a genre-crossing thriller.If you have any questions or comments for me about my writing, Moonlit Nights or any other upcoming project that I am working on, please feel free to contact me. I love hearing from my readers.

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    Noites de Lua - Jacob Parr

    Noites de Lua

    por

    Jacob Parr

    Copyright © 2012 Jacob Nathanael Parr

    Este livro é um trabalho de ficção. Nomes, pessoas, locais, departamentos policiais, agências governamentais, sites e grupos são frutos da imaginação deste autor. Enquanto a maior parte das cidades e lugares são imaginários, outros locais existentes foram alterados e utilizados para se adaptar à história. Geografia, topografia, história e outros detalhes destes lugares mencionados neste livro são ficção ou utilizados de forma fictícia.

    ––––––––

    Esse livro é dedicado à minha esposa e filhos. Sem vocês na minha vida, eu jamais terei o apoio e o amor necessários para tornar este livro uma realidade.

    E à minha mãe, Gina - uma mulher que nunca desistiu de encorajar meus sonhos literários...

    ––––––––

    ISBN: 978-1484195932

    Segunda Edição: Março 2021

    Aquele que torna um monstro de si mesmo, e livra da dor de ser um homem

    ~ Samuel Johnson

    ––––––––

    O monstro em mim está preso por frágeis e fracas barras.

    ~ Johnny Cash

    ––––––––

    Ninguém que, como eu, conjura os mais malignos de todos os demônios semi-domesticados que habitam o monstro humano, e busca combatê-los, pode esperar sair ileso.

    ~ Sigmund Freud

    PRÓLOGO

    26 de Outubro

    Rockville, Maryland

    O dia tinha sido longo e cansativo para Sara Moulton, uma longa semana para ser exato. Estresse pesava em seus ombros por conta de um prazo apertado no trabalho, e os dias pareciam terminar mais rápido do que o esperado. O projeto de um mês do qual sua firma estava cuidando estava finalmente acalmando e a última reunião com seu chefe, Melvin Brooks, estava forçando-a a acelerar o projeto.

    Parecia que a Metropolitan Crossroads, uma organização de caridade local, tinha adiantado a grande inauguração de seu posto mais novo no centro e eles precisavam dos materiais de marketing mais cedo do que havia sido originalmente combinado. Seu time de design estava trabalhando horas extras nas últimas duas semanas da forma como estava antes, e agora com o prazo atualizado, eles simplesmente não estavam prontos.

    Claro, isso não era o que Sara tinha imaginado que estaria fazendo nesta fase da vida, mas até que ela pudesse se estabilizar financeiramente o suficiente para abrir sua própria agência de propaganda, trabalhar sob o Mestre de Delegar Atividades, Melvin Brooks, era o que ela precisava fazer. Aos vinte e sete anos, ela inicialmente pensou que conseguir a vaga de supervisora de marketing na Thompson Graphics and Design seria um ótimo degrau para a escada de lançar sua própria empresa, mas ultimamente parecia que o tempo dela neste lugar estava longe de ser temporário.

    Exausta e drenada, ela podia sentir a pressão e a falta de sono finalmente a alcançando. Ela fitou seu relógio e apertou os olhos para conseguir ler os ponteiros menores, dando um suspiro de desgosto quando percebeu que já era quase meia noite.

    Era ótimo que ela tivesse saído do escritório quando conseguiu naquela tarde, ou ela provavelmente teria perdido o último trem para casa. O metrô não percorria o trecho dela na Linha Vermelha na direção da estação de Rockville depois da meia noite, e precisar pegar um táxi nesse horário no centro custaria uma fortuna. Ela já havia feito isso duas vezes essa semana e sabia sem precisar olhar na conta que seu bolso não aguentaria. Ela tinha sorte se já não estivesse no vermelho.

    Mesmo assim, aqui é onde eu queria estar, construindo meu nome com os grandões, ela pensou silenciosamente.

    Descansando sua cabeça na janela embaçada, ela observava através do vidro coberto com gotas de chuva as silhuetas dos prédios que passavam em alta velocidade até que entrasse em um túnel, deixando a fria, húmida noite para trás. As luzes do túnel passaram tão rapidamente que pareciam ser uma única lâmpada flutuando na escuridão e piscando em sua direção a cada segundo.

    É bom que Brooks não esteja me esperando logo cedo amanhã, Sara resmungou enquanto assoprava uns fios de cabelo loiro para longe de seu rosto e fechava seus olhos. Ela queria que tivesse algum Tylenol sobrando em sua bolsa, mas havia tomado as últimas cápsulas no escritório mais cedo. A dor por trás de suas pálpebras não queria dar trégua. Um suspiro quente passou por seus lábios  e vagamente embaçou o vidro, lembrando-na de quão frio havia ficado essa semana. Esperando pelo trem na Central tinha sido frio o bastante, mas a caminhada até em casa não seria divertida.

    O trem começou a desacelerar ao sair do túnel e continuou seu trajeto para a próxima estação e Sara se preparou para sair. Ela notou que o clima havia piorado.

    Claro que eu tinha que esquecer meu guarda chuva no trabalho.

    Finalmente, o trem chegou à plataforma, parando com um guincho típico; e as portas se abriram com o chiado de sempre. A voz pré-gravada soou nos alto falantes enquanto Sara ajustava a alça de sua bolsa no ombro..

    CHEGANDO NA ESTAÇÃO DE ROCKVILLE. PRÓXIMA PARADA, SHADY GROVE. FIM DA LINHA.

    Andando até as portas abertas, um cheiro úmido e terroso veio de encontro à ela enquanto desembarcava na plataforma de espera. Poças de água se formavam enquanto a chuva escorria pelo teto, e Sara tentou abrigar sua bolsa por baixo de seu casaco enquanto observava a escada rolante que levava da plataforma de espera até a estação propriamente dita. Dando uma rápida olhada, ela percebeu que tinha sido a única passageira a desembarcar. Na verdade, além dela, a plataforma estava deserta.

    Uma sensação preocupante começou a tomar posse de seu estômago, e seus pensamentos continuaram mantendo ela alerta enquanto as portas do trem se fechavam logo atrás, lhe dando um susto.

    Credo, garota, se orienta.

    O trem partiu da estação e foi engolido pela escuridão da noite. Não havia qualquer outro ruído que não a contínua garoa e uma brisa mais forte que emaranhava seu cabelo e o jogava na frente de seus olhos. Arrumando o cabelo atrás das orelhas, Sara foi em direção à estação.

    Quando deu o primeiro passo, ela deu uma última olhada na direção da plataforma deserta, observando ela desaparecer vagarosamente enquanto sua descida continuava. Sara viu aquela grande caixa de concreto que se estendia em direção ao alto teto curvado, fazendo com que uma pessoa se sentisse minúscula em uma estação cavernosa.

    Aquele lugar parecia ainda maior quando não havia multidões de passageiros ocupando o espaço nesse horário.

    Chegando ao fim da escada rolante, Sara andou, o som de seus saltos ecoando escandalosamente pelo ambiente. Ela deu uma última conferida por cima do ombro para ter certeza. A área principal e o topo da escada rolante estavam vazios, mas os cantos obscuros e corredores sombrios além da saída poderiam estar escondendo absolutamente qualquer coisa.

    Não tem nada aí, está tarde e você precisa dormir!

    Sara respirou profundamente e deixou que suas pernas a carregassem em frente. A sensação preocupante continuava a apertar em seu estômago. Seus olhos corriam de um lado para o outro, tentando prestar atenção aos sons e movimentos fora do normal, mas o som da chuva ressoando pela estação e sua própria respiração pesada mascarava qualquer coisa que pudesse estar escondida nas sombras. Apertando o passo, Sara segurou sua bolsa com mais força e começou a dar uma leve corrida.

    Ao chegar nas catracas, pegou seu cartão de transporte em mãos, e então o colocou no topo da leitora digital. Um breve beep soou em resposta e as portas da saída deslizaram ao abrir para que ela saísse.

    Movendo-se rapidamente pelo túnel, o estacionamento finalmente apareceu à frente. Mais dez metros e ela pelo menos estaria fora dos limites de concreto da estação e ao ar livre da noite. Finalmente, tendo diminuído a distância, Sara parou para recuperar o fôlego e tentou se acalmar.

    O cenário sombrio e solitário era como algo saído de um dos romances de mistério aninhados na cabeceira perto de sua cama, em casa. Uma mulher saindo tarde da noite sem mais ninguém por perto e algo impróprio acontecendo com ela.

    Ela já podia imaginar as manchetes e os noticiários; não haveria testemunhas, ninguém para ouvi-la gritar e correr para resgatá-la àquela hora da noite. Ela se encaixaria perfeitamente no papel; jovem, loira e delicada. Seu rosto era exatamente do tipo que uma pessoa veria impresso e exibido nas bancas de jornal ainda a serem preenchidos com a edição da manhã seguinte.

    O que estou fazendo? Ela se perguntou.

    Inalando profundamente, ela soltou o ar e sentiu uma sensação momentânea de calma tomar conta dela. Ela estava se esforçando por nada, sendo paranóica com até mesmo o menor detalhe. Olhando ao redor do corredor sombrio de metrô atrás dela, ela rapidamente tentou recuperar a compostura.

    Respirando fundo outra vez, Sara saiu para a escuridão. A chuva a atacou rapidamente, atingindo seu capuz e ombros como uma batida constante. À medida que o inverno se aproximava e as temperaturas caíam, a chuva apenas adicionava um aborrecimento extra para lidar. Eles estavam até prevendo a possibilidade de neve no final da próxima semana!

    Atravessar o estacionamento mal iluminado não levou muito tempo, mas uma vez que ela chegasse ao final da área cercada haveria ainda menos luz para que pudesse enxergar. Sara seguiu a calçada paralela à Avenida Stonestreet, o brilho das luzes na rua do estacionamento começou a desaparecer, apenas para ser substituído por um ocasional poste de luz fraco ao longo das várias estradas e ruas. A lua desta noite também não parecia ajudar muito, com nuvens de chuva mascarando o céu e as estrelas acima dela. Assim que chegou à calçada, nem precisou olhar o relógio para saber a hora. Os semáforos do cruzamento estavam piscando. Isso significava que já passava da meia-noite.

    Sara rapidamente olhou para os dois lados da Avenida Stonestreet, e então deu uma última olhada por cima do ombro para o estacionamento vazio do metrô que ela acabara de passar. Estava vazio. Os únicos carros no local provavelmente pertenciam a passageiros que os deixaram lá durante a noite. Não havia mais nada ali, mas a inquietação ainda estava presente.

    Acelera e chega logo em casa. Você já tá quase lá! É só atravessar o parque e vai ter uma cama gostosa te esperando!

    Atravessando o cruzamento, Sara rapidamente virou na primeira rua da estrada principal.

    Esta era a rota que geralmente fazia para casa em seu trajeto diário, mas esta noite tudo parecia mais escuro e mais isolado. Chegando ao pé da colina íngreme, seu caminho cruzou com outra pequena estrada do bairro, e Sara atravessou. As casas ficaram mais próximas umas das outras, as pequenas casas de dois andares amontoadas em fileiras que levavam ao fundo. No final havia uma pequena entrada para Croydon Park.

    Ok, pelo menos já estou no parque. Vamos logo!

    Sara atravessou o pequeno arco. Ela estava completamente tensa agora, e sua respiração estava ficando mais curta. Ela não conseguia tirar a sensação de estar sendo seguida de sua cabeça. A chuva caía sobre ela, o vento assobiava entre as árvores e ela se sentia ainda mais isolada do que antes.

    O parque não era grande, mas a calçada em que ela caminhava passava pelo meio do terreno aberto, e cercas e árvores bloqueavam a vista das casas mais próximas. O último poste por baixo do qual ela passou havia sido no final da Avenida Howard e, uma vez que entrou no parque, ela tinha pouca luz para guiá-la. Isso, junto com o clima, tornava difícil ver qualquer coisa claramente na escuridão da noite mal iluminada pela lua. Ela sabia que estava na metade do parque e podia distinguir os playgrounds em lados opostos do caminho, vindo à sua frente.

    Agarrando a bolsa com mais força, ela enfiou a mão na bolsa e tateou pela bagunça em busca de suas chaves. Histórias fantásticas e fictícias passaram por sua cabeça enquanto ela repetia os vários cenários em seus romances policiais repetidamente. Sara virou-se mais uma vez, olhando para a entrada do parque e para o conforto dos últimos postes de luz que ela tinha que passar.

    Enquanto ela continuava, sua mão se fechou firmemente em torno da lata de spray de pimenta que sua mãe lhe dera há algum tempo. Sara puxou as chaves e segurou o dedo perto da aba no topo do frasco. Ela havia pensado que era um presente bobo na época, mas agora encontrou conforto na pequena lata na palma da mão.

    Ela podia ver luzes individuais à frente, brilhando em várias janelas das casas enquanto serpenteava pela calçada. Sara estava agora no meio do parque e quase em sua rua, e foi nesse momento que ela ouviu um estalo ressoando suavemente atrás dela na direção do parquinho.

    O que foi isso?

    Virando rapidamente com o braço levantado e o spray pronto, ela se viu olhando para a escuridão chuvosa com nada além das silhuetas fracas de árvores e colinas atrás dela. Não havia ninguém lá. Nenhum assassino enlouquecido empunhando uma faca, nenhum bicho-papão, nada.

    Ou será que tem? E se eu simplesmente não consigo vê-los e eles têm me perseguido esse tempo todo?

    Agora ela sabia que estava sendo paranóica, e sua imaginação estava começando a ganhar de seu bom senso. Não havia nada lá. Continuando, a forma do segundo playground apareceu à sua esquerda. Agora ela estava quase em casa, o último parquinho a apenas cinquenta metros de sua rua. De repente, houve outro ruído de estalo e um ruído rápido e farfalhante, como se algo tivesse passado por ela.

    Wooshh...

    Assustada, Sara virou-se para a sombra do escorregador das crianças e as outras formas de brinquedos que repousavam no topo de uma pequena colina a poucos metros dela. Ela olhou fixamente para as linhas das várias plataformas de vários níveis e slides de conexão, tentando distinguir detalhes na chuva, mas ainda assim nada apareceu.

    Sara começou a questionar seu estado de espírito novamente, ela ouviu alguma coisa, sentiu alguma coisa, ou não? Ela relaxou o aperto na lata de spray de pimenta enquanto se voltava para a calçada. Foi quando ela viu o movimento com o canto do olho.

    Foi rápido. Alguma coisa havia se movido, deslizando pela parte de trás das plataformas. Com muito pouca visibilidade, ela não conseguia distinguir nada além de outro movimento, pois o que quer que estivesse lá estava se mantendo baixo e na escuridão. Rapidamente, a forma se moveu novamente, e tudo que Sara pôde distinguir foram dois olhos vermelhos ferozes e ardentes.

    Ela abriu a boca, mas nunca teve a chance de gritar...

    Capítulo 1

    Croydon Park

    Rockville, MD

    O sol da manhã era invisível, lutando para romper o céu nublado, incapaz de trazer calor às ruas cinzentas e cobertas de neblina abaixo. Esse dia de outubro estava começando a ser como a maioria dos outros nesta triste semana, pois uma frente fria trouxe um clima miserável e úmido que cobriu a cidade de Rockville, Maryland. As ruas brilhavam com um brilho opaco de asfalto molhado, somando-se ao frio úmido que sugava todos os vestígios do pouco calor de sol que chegava.

    Ainda cedo, os altos postes de luz que revestiam percorriam a rua ainda estavam acesos, uma névoa espessa enrolando-se em torno de suas bases como uma nuvem de fumaça subindo. A visibilidade era mínima, a chuva caindo em uma névoa leve antes das tempestades que se aproximavam e que iriam piorar ainda mais com o chegar da noite.

    O silêncio tranquilo da manhã foi lentamente quebrado quando o rugido de um motor reverberou pelo ar. Os faróis tornaram-se visíveis no topo da estrada quando um Dodge Challenger 1970 subiu a colina e desceu a estrada escorregadia. A rua terminava na base do morro, com casas alinhadas em ambos os lados, e um pequeno parque comunitário ao lado do beco sem saída circular no final.

    O Challenger azul-escuro desceu até o final de South Sybil e parou atrás da linha de viaturas da Polícia da Cidade de Rockville estacionadas ao lado. A neblina se iluminou com um brilho espectral enquanto as silenciosas luzes giratórias azuis e vermelhas no topo dos carros-patrulha piscavam em uma cadência cronometrada umas com as outras. As luzes estroboscópicas se espalhavam pelas fachadas das casas e janelas, onde vizinhos curiosos podiam ser vistos olhando a cena diante deles. Outros espectadores mais ousados estavam começando a se aglomerar na rua do lado oposto dos veículos da polícia, alguns policiais mantendo os curiosos à distância. Pescoços esticados e as pessoas espiavam debaixo de guarda-chuvas, vozes questionadoras gritando enquanto a multidão crescia em frente à cena do crime marcada para ver o que estava acontecendo dentro de Croydon Park.

    Saindo do Challenger, o detetive Aidan Preston levou um momento para examinar a cena, antes de fechar a porta e puxar o capuz de sua jaqueta sobre a cabeça. O tamborilar baixo e estático da chuva ecoou mais alto enquanto a garoa ficava mais forte, uma rajada de vento frio chicoteando em sua pele, fazendo-o estremecer levemente. Até agora tudo parecia calmo e sob controle. Dois jovens oficiais estavam lidando com a multidão de espectadores e mantendo-os em um grupo pequeno e administrável. A cena ainda estava sendo isolada, o que significava que os abutres não haviam chegado.

    Aidan Preston, detetive de homicídios do Departamento de Polícia do Condado de Montgomery, tecnicamente ainda estava de licença da força; mas quando ele ouviu a chamada pelo scanner da polícia em sua cozinha naquela manhã, ele decidiu dar uma olhada, imaginando que não faria mal olhar. Ficava a uma curta distância de sua pequena casa térrea na Rua Lincoln. No entanto, foi a gravidade sugerida do incidente que realmente despertou sua curiosidade.

    Do outro lado do beco sem saída, postes de madeira se projetavam do chão, impedindo os veículos de atravessar para a rua oposta, que corria para o oeste ao longo do lado da antiga Casa de Bombas de Croydon Park. Outra viatura estava estacionada ali, junto com uma grande Unidade Móvel de Cena de Crime da Polícia de Rockville. Técnicos do CSI estavam indo e voltando da entrada do parque atrás da casa de bombas, onde a polícia também havia barricado a área com cavaletes de madeira e mais fita policial.

    Quando Aiden se aproximou, um dos policiais se virou para ele para impedi-lo de atravessar. Antes que o novato pudesse falar, Aidan parou na linha de fita e puxou o capuz de sua cabeça.

    Detetive Preston, Homicídios do Condado de Montgomery, afirmou Aidan, tirando seu distintivo de seu lugar abaixo da camisa; o movimento fazendo com que gotas geladas de água da chuva corressem ao longo da corrente e escorressem por sua espinha, provocando outro arrepio em seu corpo.

    O oficial olhou primeiro para o distintivo, depois para o homem à sua frente. Aidan Preston era magro, mas de aparência atlética. Ele tinha um maxilar quadrado com uma barba por fazer de um dia sombreando suas feições fortes, olhos cinzentos penetrantes e cabelos escuros na altura dos ombros. Ele estava vestindo uma camiseta preta e jeans por baixo de sua jaqueta de couro, traje não incomum para ele, mesmo que estivesse de serviço.

    Minhas desculpas, detetive. O oficial no comando voltou para lá — respondeu ele, gesticulando em direção a um grupo de silhuetas fracas a trinta metros de distância. Você vai querer falar com o tenente Garza.

    Valeu.

    Aidan se abaixou sob a fita policial, sua jaqueta roçando a linha e deixando cair mais algumas gotas geladas de chuva na nuca. Se ele não estava totalmente acordado depois da rápida xícara de café, com certeza estava agora. Ao se endireitar, notou quatro homens amontoados à distância discutindo alguma coisa; enquanto outras formas se moviam pelo chão coberto de neblina perto do que parecia um parquinho, coletando itens em sacos de provas.

    Quando ele se aproximou do grupo, a conversa parou por um momento quando eles voltaram a atenção para ele.

    Importa-se de se identificar, por gentileza? um dos homens gritou.

    Detetive Preston, DPCM, Aidan gritou, enquanto continuava sua abordagem.

    Aidan, é você? uma voz rouca familiar perguntou.

    Eu mesmo, Jones.

    Que diabos você está fazendo aqui? respondeu a voz novamente.

    Aidan pôde ver a forma grande e atarracada do detetive Mack Jones separar-se do grupo e se aproximar dele. Jones era baixo, com uma barriga grande e ombros que tornavam seu pescoço quase inexistente, enquanto seu sorriso pateta em meio a bochechas rechonchudas e olhos semicerrados o fazia parecer asiático, em um jeito de Buda, em vez da herança italiana que ele sempre reivindicou. Ele estava vestindo um casaco que parecia um tamanho muito pequeno e um terno azul apertado que era quase preto devido ao material encharcado; mas até onde Aidan conseguia se lembrar, Jones nunca parecia ter um conjunto de roupas que servisse.

    Aidan deu um passo em direção à figura com a mão estendida e sentiu a palma grande de Jones agarrar a sua em saudação.

    Droga, como você tem passado, Aidan?

    Eu tenho passado bem, Mack. Como está Ângela?

    Bem, bem. Você sabe, ela acabou de se formar em maio passado no Colégio Montgomery! Jones disse com um sorriso que se estendia orgulhosamente de orelha a orelha. Sempre que alguém falava de sua filha mais velha, Aidan sabia que Mack tinha algum anúncio importante a fazer.

    É ótimo ouvir isso, disse Aidan, devolvendo o sorriso do homem.

    Então, quando você voltou ao serviço?

    Não reconhecendo os outros três do antigo grupo de Jones, Aidan deu um passo para o lado para fornecer um pouco mais de privacidade antes de responder: Na verdade, ainda não voltei oficialmente.

    Ele parou por mais um momento enquanto um técnico passava por eles carregando uma bolsa transparente com uma mancha carmesim escura cobrindo o interior, indo na direção do laboratório móvel; enquanto isso, os outros retomaram sua conversa original, não prestando mais atenção em Aidan e Jones.

    Bem, você está muito melhor do que da última vez que te vi. Então, não oficialmente, o que o traz aqui?

    Obrigado. Ainda moro a alguns quarteirões daqui e ouvi a chamada. Achei que eu simplesmente passaria e verificaria por mim mesmo.

    Ei, bem, você sabe, eu não me importaria que você desse alguma contribuição em um dos meus casos, mas infelizmente Garza está formalmente responsável por este. Mack disse, com um olhar azedo franzindo os lábios.

    Aidan sabia que Jones odiava ser chamado para trabalhar ao lado do infame Sergio 'Pit bull' Garza. Ele ganhou reputação trabalhando com narcóticos em Queens, Nova York, e conseguiu algumas apreensões de sorte que fizeram algumas pessoas falarem sobre como uma vez que Garza colocou os dentes na liderança, ele não largou.

    Era um apelido estúpido, um que Aidan sabia que o homem não merecia, especialmente olhando para seu registro depois que ele se transferiu para Maryland e conseguiu um emprego na polícia inferior de Rockville. Desde que esteve na divisão de narcóticos por um curto período e não fez um nome para si mesmo lá, ele se transferiu para homicídios, na esperança de adicionar ao seu currículo. Agora, metade dos detetives ao redor não suportavam o cara, e Mack Jones certamente não era fã.

    Você ouviu sobre seu último pequeno show para a imprensa sobre o calvário do assessor do prefeito?

    Não, eu estava fora da cidade um pouco até recentemente, disse Aidan, não querendo entrar em mais detalhes sobre o tempo recente que ele passou nas Montanhas Apalaches como parte da sugestão de seu psiquiatra para sair da cidade por um longo período.

    Jones podia ver isso no rosto de Aidan, a maneira como seus olhos pareciam sugerir que sua mente vagava um pouco, e decidiu deixar para lá. Ele já conhecia Aidan nos últimos dez anos e sabia que tudo o que ele passou no último ano não era algo que o cara iria discutir ainda.

    Bem, não importa, vamos apenas dizer que Garza perdeu tanta merda ao encadear suas pequenas teorias para a imprensa, Mack Jones riu com uma rajada calorosa enquanto lembrava o evento em sua mente. Você sabe como eles apenas alimentam o ego dele!

    Aidan riu e fez uma nota mental para estudar o caso quando tivesse uma chance.

    Bem, falando do diabo, murmurou Jones, enquanto seu olhar se voltava para a esquerda.

    Seguindo a linha de visão de Jones, Aidan pôde ver dois homens caminhando em direção a eles. Aproximando-se da neblina, Garza, vestido com o que parecia ser uma roupa saída de um filme de gângster de Nova York, fedora e sobretudo incluído, caminhou até eles com um olhar de aborrecimento no rosto.

    Ora, se não é o detetive Preston, Garza murmurou enquanto se colocava na frente deles. O homem que o seguia parou ao seu lado, cruzando os braços e olhando Aidan brevemente.

    Ou ainda é detetive? A última vez que soube, você foi suspenso enquanto aguarda uma investigação. Garza deu um pequeno sorriso escorregadio quando olhou para o homem ao seu lado, que respondeu com uma risadinha, depois voltou para Preston.

    Na verdade, Sergio, chama-se licença médica, Aidan mencionou, pontuando cada sílaba do nome do homem. Ele tinha ouvido pela rádio peão que Garza odiava as pessoas usando seu primeiro nome, algo que tinha a ver com um capitão em Nova York troteando-o como um novato anos atrás. Ele olhou para Aidan por um momento, respirando fundo antes de responder.

    "De qualquer forma, eu não acredito que você tenha qualquer razão para estar aqui na minha cena do crime. Jones, por favor, certifique-se de acompanhar o detetive Preston aqui até o carro dele.

    Imediatamente senhor, Jones respondeu, conseguindo esconder um breve sorriso.

    Bom. Esta área permanece protegida até que o CSI termine. Eu cuido da imprensa.

    Aidan balançou a cabeça ligeiramente enquanto se virava. Jones seguiu o exemplo e começou a afastar Aidan antes que Garza realmente o pegasse.

    Agora que as equipes de notícias estão começando a aparecer, Garza vai ter as mãos cheias fazendo teatro para as câmeras. Eu nunca vi alguém tão faminto por mídia assim que as lentes surgem, Jones murmurou enquanto caminhavam. É claro que, se Garza tirar os olhos das câmeras, ele pode até realmente resolver um assassinato aqui ou ali.

    Os dois caminharam por um minuto até que Aidan parou e se virou, observando a cena do crime mais por hábito do que por qualquer outra coisa. As luzes piscando, neblina espessa, multidões crescentes e técnicos correndo para coletar evidências.

    Então, o que aconteceu? ele finalmente perguntou, observando os movimentos de tudo.

    Ele tinha um talento especial para isso e prestar atenção aos detalhes era algo que ele sempre fizera. Essa intuição, essa atenção aos detalhes era algo que ele achava mais difícil de se concentrar ultimamente, mas mesmo este sendo o caso de outra força policial, ele era um detetive de homicídios em primeiro lugar.

    Você realmente quer saber? Parado ali com sua jaqueta encharcada, Jones olhou para o chão e enfiou a ponta do sapato na grama lamacenta. Achei que você ainda está de licença e que não gostaria de encher sua cabeça com essas coisas agora.

    Aidan olhou para seu velho amigo, percebendo que Mack não queria trazer à tona nada que fosse muito recente para falar, e Aidan apreciou isso. Não, eu tive tempo suficiente para me concentrar em outras coisas, e ficar sentado sem trabalhar não é tão glamoroso quanto você imagina, disse Aidan enquanto observava um grupo de homens trabalhando perto de um balanço, pegando algo no chão e ensacando. Pelo menos não para mim.

    Jones levou um momento para olhar ao redor e se certificar de que estavam sozinhos.

    O homem que ligou estava histérico. O Socorro passou parte do tempo tentando acalmá-lo o suficiente para fazê-lo parar de vomitar. Saiu de casa para uma corrida matinal e entrou no parque pela entrada de Sybil Lane. O nevoeiro era tão denso que cedo, ele aparentemente não viu nada até cair e aterrissar em uma mancha de sangue. O pobre rapaz tropeçou na vítima... ou pelo menos em parte dela.

    Capítulo 2

    Espere, o que você disse?

    A atenção de Aidan não estava mais no desfile de comoção à distância, mas inteiramente focado na expressão fúnebre de Mack. Jones aquiesceu levemente em resposta ao olhar questionador de Aidan.

    Pois é, você ouviu direito. A vítima foi descoberta completamente aos pedaços. Mutilada e desmembrada.

    Tomando um momento para compreender isso, Aidan olhou ao redor e notou os cones numerados mais próximos, espalhados pelo chão, marcando vários itens a serem fotografados e coletados. Eles foram espalhados em um amplo arco que abrangia toda a área. Olhando para os técnicos mais próximos, ele podia sentir o tom sombrio irradiando deles enquanto faziam seu trabalho. Mack aproveitou a pausa momentânea para tirar um pequeno bloco de notas do bolso da calça. O papel já estava úmido, e Jones tentou protegê-lo um pouco mais com a mão enquanto examinava as páginas.

    O nome da vítima era Sara Moulton. Idade, vinte e sete. Ela trabalhou no centro da cidade para uma agência de marketing, a Thompson Graphics and Design. Parece que ela estava voltando do trabalho ontem à noite quando foi atacada. Garza fez com que os caras do CSI fossem ensacando e marcando tudo, mas ele tem certeza de que era relacionado a gangues. Acha que ela encontrou um grupo de MS-13 esperando por ela. Eles a mataram e a esquartejaram. Então os animais chegaram aos pedaços.

    Aidan ficou ali, a chuva caindo de sua cabeça e ombros, como uma pequena pedra na base de uma cachoeira. Ele tentou absorver toda a cena, o layout do parque, a localização do equipamento do playground e da quadra de basquete ao lado, perto de um campo amplo. Sua visão era bem reduzida devido ao clima, mas sabia que a chance de não ter nenhuma evidência comprometida durante a noite era pequena. Estava chovendo há horas, então qualquer resíduo ou sangue parecia impossível de ser recuperado sem contaminação.

    Animais?

    Sim, como uma matilha de cães vira latas que encontraram o corpo depois que ela foi morta. Parece que eles abocanharam o que puderam e arrastaram por aí. De qualquer forma, eles estão tentando puxar o que podem sobre a vítima. Procurando por qualquer coisa que possa estar ligada a qualquer envolvimento de gangue, ou talvez tenha sido apenas um caso de lugar errado, hora errada.

    Você sabe como tem sido ultimamente. O condado de Prince George começou a ter um grande influxo de salvadorenhos, guatemaltecos e hondurenhos há alguns anos, e há relatos de que seus números continuaram a crescer em todo o condado de Montgomery e Anne Arundel também, disse ele.

    Houve um incidente envolvendo alguns membros de gangue alguns meses atrás, e Garza parece estar usando isso como base para as conclusões que está alcançando até aqui. Há um pequeno restaurante italiano perto do cinema, do outro lado da estação de metrô, e à noite vira uma boate latina. Aparentemente, esses caras ficaram bêbados, brigaram e se atacaram com facões. Um cara perdeu uma orelha. Outro quase teve a mão amputada.

    Aidan continuou parado, observando a grama molhada e lamacenta ao redor de seus pés. A chuva não parecia prestes a diminuir e, devido ao nevoeiro, ele sabia que a cena do crime seria uma bagunça.

    Seria possível que isso tivesse sido obra de membros de gangue, ou seria isso algo completamente diferente?

    Mara Salvatrucha, ele contemplou, pensando em alguns dos negócios que ele teve com o número crescente de MS-13 ao longo dos anos. Costumava ser simples, armas e facas; mas agora havia certas culturas que estavam imigrando para as áreas metropolitanas, trazendo táticas brutais de guerrilha para os Estados Unidos. Machetes, tacos de beisebol e outros instrumentos começaram a crescer em popularidade, como se ainda estivessem lutando nas selvas. Preston estava pensando nos bons velhos tempos de lidar com o crime na crescente área de Rockville, quando Jones chamou sua atenção.

    Parece que Garza está prestes a voltar aqui e nos mostrar o que ele pensa de você ainda estar em seu território, disse Jones com um sorriso rápido enquanto apontava para a forma carrancuda começando a se aproximar deles.

    Sim, é melhor eu sair daqui antes que você tenha que ouvir mais resmungos dele. De qualquer forma, foi bom te ver. Que tal depois disso tomarmos um café ou algo assim, sairmos desse clima? Preston perguntou enquanto eles continuavam a se distanciar da presença perseguidora de Garza.

    Sim, eu ligo para você assim que terminar aqui.

    Aidan viu alguém puxar Garza momentaneamente para o lado e aproveitou a folga que lhe foi dada. Deslizando de volta sob a fita policial, ele fez seu caminho pela rua em direção ao seu veículo. Olhando para trás mais uma vez sobre a multidão que se reuniu, ele viu a mistura comum de confusão, choque e horror que um corpo sendo descoberto trazia para um bairro.

    Havia uma presença misteriosa ofuscando o parque, e Preston sabia que não tinha a ver com o nevoeiro rastejante e o céu nublado.

    Assim que Preston estava prestes a dar a volta, ele teve um vislumbre da van de notícias que havia se instalado no meio do caos. Duas pessoas pareciam estar correndo de um lado para o outro tentando montar suas tomadas e equipamentos, enquanto o âncora provavelmente estava em segurança escondido da chuva e se preparando. Olhando para a van, Aidan percebeu que era uma das estações locais, o News Channel 5; e assim que ele percebeu isso, ele sabia exatamente quem estaria aqui cedo perseguindo a história.

    Como se só de pensar nele pudesse fazê-lo aparecer, Aidan ouviu seu nome ser chamado através da multidão. Olhando para a voz, ele viu Ted Hanson correndo pela multidão de espectadores, fazendo um esforço dedicado para passar e chegar até Aidan. Essa era a última coisa que ele precisava enquanto se virava e seguia para seu carro, fingindo não ter ouvido o repórter chamá-lo. Infelizmente, Hanson se concentrou em Aidan; e mesmo que ele não fizesse parte desta investigação, ele não iria ser deixado tão fácil.

    Eu sinceramente não precisava ter que lidar com isso bem agora!

    Detetive Preston! Detetive!

    Ted Hanson era o epítome do jornalista de notícias sensacionalistas. Apague isso – ele não era um jornalista. Ele não merecia aquele título estimado pela sujeira que ele era responsável por relatar. Hanson era o tipo de cara que daria uma surra em sua própria mãe se isso significasse ter o furo de reportagem primeiro, e isso era algo que Aidan tinha conhecimento em primeira mão. Hanson era uma lesma, não deixando nada além de um rastro viscoso por onde passava.

    A voz áspera de Hanson ressoou sobre a chuva constante no momento em que Aidan estava quase alcançando seu Challenger. Ele ouviu o respingo de água atrás dele e sabia que não tinha tempo suficiente para fugir antes que o sanguessuga, Ted Hanson, viesse correndo, a água da chuva escorrendo por seu cabelo liso e escorrendo por seus ombros. Antes que ele pudesse pegar suas chaves, Hanson estava em cima dele.

    Detetive Preston! Sou Ted Hanson, com as notícias do Canal 5! Você poderia nos ceder um momento e falar com a gente?

    Aidan ergueu os olhos bem a tempo de ver Hanson parar na traseira de seu Dodge. Um momento depois, um homem carregando uma câmera apareceu ao lado dele e a pendurou em seu ombro, pronto para começar a filmar.

    Olha Hanson, não tenho nada para te dizer. Esta cena é de Rockville City, disse Preston, esperando entrar em seu carro antes que a câmera começasse a rodar. A última coisa que ele precisava era ter que ver seu rosto no noticiário em uma cena de crime em que ele nem deveria estar. Essa última parte fez com que ele se encolhesse um pouco quando as memórias vieram à tona sobre a última vez que ele esteve sob os holofotes da mídia. Fazia quase nove meses, mas a dor que essas memórias traziam estava logo abaixo da pele.

    Aidan sabia que tinha que tomar cuidado com o que dizia a este homem, ele parado ali em seu terno de aparência cara, mal protegido dos elementos por sua jaqueta. Seu braço estendeu um pequeno microfone para Aidan, e ele observou Hanson mudar para o modo no ar.

    Detetive, eu queria saber se você poderia lançar alguma luz sobre esse incidente para nossos espectadores? Hanson perguntou se aproximando mais alguns passos

    Desculpe, não posso te ajudar.

    Com isso, Aidan abriu a porta e entrou rapidamente na segurança de seu veículo. Ele podia ver o olhar irritado que cruzou o rosto de Hanson quando ele acenou para o cinegrafista de volta para a ação. Pelo menos ele não o empurrou. Não dessa vez.

    Sabe, eu não tinha ouvido nada sobre você estar de volta ao serviço desde aquele evento em maio do ano passado? Hanson gritou alto o suficiente para ser ouvido pela janela fechada.

    Qual o problema desse cara?

    Aidan ficou tenso, suas mãos apertando com mais força o volante diante dele. Ele soltou um suspiro, decidindo não elevar a situação, e rapidamente virou a chave na ignição. Com um rugido, o motor ganhou vida.

    Então, você está de volta, ou isso é apenas um hobby para o tempo livre? Hanson gritou quando Aidan colocou o carro em marcha e disparou pela rua, deixando o repórter para trás.

    Ted Hanson era a última pessoa que Preston esperava ver hoje. Aquele homem sabia cavar até os limites de uma pessoa e depois continuar cavando! Enquanto ele dirigia até o topo da Sybil Lane, Preston parou em um sinal de pare e pensou em seu próximo passo. Ele soltou um suspiro, observando seu pára-brisa embaçar.

    Mack provavelmente estaria ocupado pelas próximas horas, pelo menos, e pensando na estranha cena de eventos que acabara de testemunhar, decidiu que precisava investigar as coisas um pouco mais por conta própria. Afinal, este também era o seu bairro.

    ——————————————————————————————————

    Nick Haley acabara de entrar no escritório do Informante, o maior jornal local da cidade, quando espiou Danielle Woods deixando uma pilha de papéis em sua mesa. Danielle era nova no jornal, tendo recentemente conseguido um estágio lá para completar um requisito para sua graduação na faculdade. Quando ele tirou a jaqueta e passou as mãos pelos cabelos, ela o viu se aproximando e sorriu.

    Meu Deus, ela é bonita, pensou Nick, devolvendo o sorriso e passando pelos poucos cubículos vazios espalhados pela área principal do escritório da redação e até sua mesa. Olhando para as fileiras de relógios na parede, cada um ajustado para um fuso horário diferente, como se eles realmente precisassem ser lembrados da hora em cada canto do mundo para seu pequeno jornal, e viram que era pouco antes das 8 da manhã. Ele estava surpreso que ninguém estava ainda. Bem, ninguém além de Danielle.

    Danielle começou a trabalhar para o Informante apenas algumas semanas atrás, mas já havia feito uma grande diferença na atmosfera ao redor do escritório. Ela virou algumas cabeças quando entrou em uma sala, e o Informante certamente poderia usar o sangue mais jovem em seu meio. Parecia a Nick que, desde que estivera no jornal nos últimos anos, a equipe continuava envelhecendo e diminuindo junto com seus assinantes.

    Claro, o que alguém esperava no mundo de hoje? Todos tinham acesso à Internet através de seus computadores e telefones celulares, e o meio de papel parecia ser uma forma de arte moribunda. Assim como caligrafia e livros. Em breve, uma prensa de impressão seria algo que as crianças veriam atrás do vidro de um museu ou das telas de seus dispositivos móveis. Ele podia imaginar agora - Mamãe, o que é essa coisa grande? Oh querida, as pessoas costumavam usar papel para dar informações às pessoas, em vez de assistir ou ler online! Você consegue imaginar isso?

    Nick se desvencilhou da perspectiva que passava em sua cabeça para olhar de volta para Danielle. Ela era magra e tonificada, obviamente passando algum tempo na academia. Sim, ela era bonita. Havia algo que Nick achava bastante atraente nos olhos brilhantes, lábios carnudos e nariz pequeno de duende que era emoldurado por franjas castanhas que pareciam estar sempre perfeitamente afastadas de sua testa. Suas pequenas qualidades de elfo a deixavam ainda mais encantada, além de usar roupas que pareciam destacar o atletismo de seu corpo e principalmente de suas pernas. Percebendo que ele a estava cobiçando, ele rapidamente desviou os olhos para encontrar os dela.

    Bom dia, chegou alguma coisa boa? ele perguntou enquanto colocava sua jaqueta molhada nas costas de sua cadeira e se sentava.

    Sua mesa estava uma bagunça. Havia papéis em nenhuma ordem discernível espalhados por todo o espaço de trabalho, e os arquivos que ele organizou foram enfiados em pastas inchadas pela quantidade de desordem que se acumulou no último mês. Apesar de ter sido um mês lento até agora, ainda havia muito que ele poderia escrever às pressas e entregar ao seu editor para evitar que ele reclamasse sobre a falta de notícias relacionadas a crimes recentes acontecendo em sua movimentada cidade suburbana.

    Dando-lhe um momento para se acomodar, Danielle deixou alguns papéis em uma mesa em frente à dele e então voltou. Sentando-se na beirada da mesa dele, ela deu uma olhada rápida nele, como se seu olhar desconcertado fosse algo novo.

    Aquele sorriso adorável iluminou seu rosto novamente e Nick perguntou o que ela achava tão divertido.

    Nada realmente. Ah, Marty chegou e disse que queria vê-lo quando você chegasse, Danielle mencionou, pegando uma das folhas que ela havia colocado em sua mesa momentos antes, e examinando-a.

    Parece que os registros que você queria sobre as questões contábeis do prefeito chegaram.

    Nick suspirou. Isso era pelo menos alguma coisa. Ele estava esperando que os registros financeiros do prefeito chegassem há alguns dias e teve que continuar impedindo Marty de continuar com a história até que ele tivesse as provas de que precisava. Parecia que, nos últimos meses, o prefeito havia separado fundos de uma conta autorizada da cidade e estava recebendo um aumento notável em um fundo completamente diferente. Aconteceu que a conta separada foi facilmente acessada pela esposa do prefeito. Ela também parecia estar esbanjando em algumas coisas ultimamente.

    Espero finalmente conseguir finalizar essa história.

    Sim, isso é o que eu estava esperando. Obrigado, ele disse enquanto escaneava as páginas que Danielle tinha acabado de entregar. Havia uma fatura de cartão de crédito destacando algumas compras recentes em algumas lojas sofisticadas no novo distrito comercial do Town Center, e parecia que a Sra. Primeira Dama tinha uma queda por sapatos de grife.

    Esses documentos eram exatamente o que ele estava esperando. Agora ele poderia tirar Marty do seu traseiro.

    Nick largou o papel e olhou para Danielle, que ainda estava empoleirada na ponta de sua mesa, um pequeno sorriso puxando o canto de sua boca para cima. Sentindo que ela sabia que ele estava olhando para ela, Nick limpou a garganta e vasculhou os outros papéis que Danielle trouxe para ele. A maioria eram provas de histórias que haviam sido enviadas e aceitas, mas no final, Nick encontrou um fax endereçado a ele que havia chegado naquela manhã. Olhando para o carimbo de data/hora no topo da página, ele percebeu que o fax havia chegado pouco antes de ele entrar no prédio.

    Lendo a mensagem duas vezes, Nick rapidamente se levantou, surpreendendo Danielle, que parecia perdida em seus próprios pensamentos. Ele deslizou o fax no bolso e partiu para as escadas.

    O que é isso? ela perguntou, quando ele começou a atravessar o chão da redação e em direção aos degraus que levam ao editor-chefe, o escritório de Marty O'Finn.

    Parece que a seção de crimes pode ter acabado de se animar! ele gritou de volta para ela enquanto subia as escadas em direção à porta fechada acima, com vista para a redação que em breve estaria ativa.

    Nick alcançou o topo da escada no momento em que a forma baixa e esquelética de Marty se tornou visível por trás da porta fechada do escritório. Antes que ele pudesse bater, a porta se abriu para revelar a forma em forma de bastão de seu chefe.

    Marty era o editor de jornal perfeitamente estereotipado. Ele estava magro e sobrecarregado, parecendo não saber qual era a definição de férias. Seus olhos redondos fitavam um rosto enrugado, com um bigode grisalho que havia sido penteado e depilado com grande atenção. Na verdade, essa era a única parte arrumada de Marty que Nick havia notado trabalhando para o homem nos últimos anos. Fora isso, o homem parecia constantemente agitado, como se o fumo constante e as xícaras de café preto não fossem suficientes para mantê-lo em pé; ele tinha que estar constantemente mexendo com um palito de dente ou alguma outra coisa para sossegar sua fixação.

    Pensei ter ouvido sua voz. Você sabe que essa história que você está me segurando é devida, disse o homem, tirando o palito de sua boca e apertando-o entre os dedos manchados de nicotina, enquanto olhava para Nick Haley. Você teve uma boa noite de sono? ele perguntou, olhando para a camisa amarrotada e gravata que Nick tinha tirado debaixo do futon esta

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