Emoções e sentimentos: Sabemos o que sentimos, mas não sabemos o que nos emociona.
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Sobre este e-book
Talvez seja justamente essa inconsciência que não permita nossa própria percepção.
Sentir e se emocionar não são a mesma coisa, porém tanto emoção quanto sentimento são igualmente inspiradores para nosso entendimento moral. Mergulhar em cada emoção com o propósito de autoconhecimento é indispensável. Na verdade, o importante não é saber o que se sente, mas como reagimos ao que sentimos e como nossas reações estão presas à satisfação do ego.
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Emoções e sentimentos - Juliana Stuff
Dedicatória
Dedico esta obra sobre emoções e sentimentos ao meu amor, Glayson Santos, que sempre esteve ao meu lado, especialmente quando eu estava lá no fundo do poço. O único que realmente percebeu que a lama estava me engolindo e me ajudou com seu amor, um amor de muitas vidas.
Resumo
Sabemos o que sentimos, mas não temos a menor ideia de como nos emocionamos. Talvez seja justamente por essa inconsciência toda que nem percebemos como reagimos a cada uma das nossas emoções.
Sentir é reflexo das emoções. Sentimos o aperto no peito pela paixão, o sangue esquentar pela raiva, o nó na garganta pela tristeza, o embargo na voz pela frustração, mas não temos o hábito de olhar para a emoção disparadora com o objetivo de compreendê-la.
Sentir e se emocionar não é a mesma coisa, porém tanto emoção quanto sentimento são igualmente inspiradores para o entendimento da nossa jornada evolutiva, e mergulhar em cada emoção com o propósito de se descobrir é fundamental.
Na verdade, o importante não é saber o que se sente, mas como reagimos ao que sentimos e como nossas reações ainda estão presas a conceitos egóicos. Nossas reações ao que sentimos dizem muito mais sobre nós mesmos do que aquilo que acreditamos ser.
Este livro é bem mais do que uma leitura corriqueira sobre um tema tão abordado nos últimos tempos. É um convite, mas não é um convite qualquer, pois somente aqueles que têm coragem para desvendar esse mistério do mundo individual que se divide entre se emocionar, sentir e reagir às emoções que habitualmente fazem parte do nosso cotidiano se atreverão a seguir em frente, sem mais mistérios ou fantasias, criadas por nós mesmos para nos acorrentarmos a temores passados.
É um convite para quem está disponível a olhar pra dentro de si mesmo e assumir as responsabilidades pelas próprias reações.
Quem sou eu?
Eu estava experimentando lama do fundo do poço quando comecei a maior aventura da minha vida, a de olhar para dentro.
É desnecessário eu descrever qual era a lama em que estava no fundo do meu poço, pois isso não a deixaria mais ou menos suja que a dos outros. O que importa, na verdade, é o que aconteceu depois, e esse depois parece não ter fim.
Para começar, foi e ainda é preciso muita coragem para querer ver aquilo que meu Ego imaturo insiste em distorcer, superar o medo e a inferioridade que me fizeram andar pelo mundo tateando no escuro dos meus próprios sentimentos.
Em seguida, a paciência, que muitas vezes parece inatingível, mas com certeza é parte importante, especialmente comigo mesma, pois em muitos momentos me vejo presa nas armadilhas da lamentação inconsciente, sem querer entender que a dor é uma frustração importante.
Finalmente, começo a perceber que sou algo que desconheço, e isso já não é mais um problema para mim, pois a cada dia que passa me conscientizo de que não preciso de respostas, porque elas estão todas aqui dentro.
Quem sou eu?
Sou a filha, a irmã, a esposa e a mãe. Qualquer uma dessas caricaturas do dia a dia que divide seu tempo entre os afazeres domésticos e os estudos da alma, essa sou eu.
Alguém que, assim como você, já viveu alegrias e tristezas, mas preferiu transformar seus dissabores em doces lições. O objetivo agora é tomar posse de mim mesma.
Dessa forma, aprendi a perceber também que é assim que funciona o autoamor, e ele acontece na aceitação das minhas fraquezas e virtudes, e não na cobrança ou punição.
Sofrer para crescer faz parte do processo, porém a dor em excesso é desnecessária, ela vem da minha própria incapacidade de administrar meu mundo emotivo, e eu já perdi tempo demais tendo medo de crescer.
Nesse mergulho no atoleiro, encontrei medo, mágoa, culpa, arrependimento, raiva e, principalmente, o abandono, e a esta altura já não importa mais saber o quanto fui abandonada, mas, sim, o quanto abandonei. Quantas vezes abri mão de mim mesma em nome de uma lealdade que era leal a tudo, menos ao que realmente importa, a lealdade a meus princípios?
Mas é também na lama que encontramos preciosidades, e foi lá que eu encontrei as minhas. Qualidades que, por medo de assumi-las, fingia não ver e, assim, o mesmo sentimento de abandono que se vinculava a valores deturpados me ensinaram a não abandonar ninguém, fortalecendo, então, a vocação para servir, amar e nutrir.
Não me tornei outra pessoa nesse percurso, mas certamente aprendi a amar partes desconhecidas de mim sem que elas confundam mais meus sentidos.
Aprendi a identificar minhas emoções e, principalmente, a não me deixar cair no prazer tentador de sentir pena de mim mesma. Por fim, aceitei que essa é uma jornada sem volta, e o destino é sempre o mesmo. A individuação.
Essa sou eu, aquela que ama e teme perder o amor, aquela que luta e teme perder a batalha, mas nem uma coisa nem outra poderá impedir minha busca pessoal, intransferível e incessante de encontrar a mim mesma.
Só aquilo que somos realmente tem o poder de nos curar
Carl Gustav Jung.
Emoções e sentimentos
Segundo a definição do dicionário da língua portuguesa, sentimento
é tudo aquilo que os seres biológicos são capazes de sentir nas situações que vivenciam, como o medo que anuncia uma situação de perigo ou a raiva que impulsiona para uma atitude. Mas é importante saber que sentimento e emoção não são a mesma coisa.
De uma forma bem resumida, podemos dizer que a emoção é um conjunto de respostas neurais e químicas que o corpo produz quando o cérebro sofre algum estímulo do ambiente. E o sentimento é uma resposta a essa emoção, é como nos sentimos diante de tal emoção vivida.
A partir desse ponto, podemos traçar uma diferença entre emoção e sentimento utilizando a linha de pensamento de Freud em relação à teoria das pulsões. No início, Freud descrevia uma certa classe de emoções como instintos de vida
e acreditava que elas eram as grandes responsáveis pela maior parte do comportamento humano.
Com o tempo, ele percebeu que só esses instintos