Formação de Professores e o Método Ontopsicológico – Uma Abordagem Integrada

De Carmen Spanhol

O professor, enquanto mente que discrimina o saber, especifica e qualifica o conhecimento das diferentes áreas do desenvolvimento humano. Por natureza, é um mediador de aprendizagens que o torna mão de auxílio à humanidade. Portanto, para auxiliar na formação do outro, antes deve formar a si mesmo. Como protagonista, responsável pela própria vida, faz da profissão um contínuo despertar do novo em cada ser humano, estimulando-o a buscar, com responsabilidade e autonomia, o seu projeto original de vida, necessário à prosperidade e realização pessoal e profissional. Com base nessas premissas, nesta obra, o leitor encontra uma novidade para a formação continuada: o método ontopsicológico. O estudo relatado mostra que os professores pesquisados reafirmam a importância da tomada de consciência do seu inconsciente para dirigir a sua existência pessoal e profissional. Destacam o simples da vida: o projeto original do qual se constitui, o Em Si ôntico. Essa novidade, aliada às informações colhidas por campo semântico, permite ao docente encontrar subsídios para ser um professor preciso na ação pedagógica.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Appris
• Data de lançamento: 23 de fev. de 2023
• ISBN: 9786525024165

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Formação de professores

e o método ontopsicológico

uma abordagem integrada

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Elaborado por: Josefina A. S. Guedes

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Impresso no Brasil

Carmen Ivanete D’Agostini Spanhol

Carmen Spañh’ol

Formação de professores

e o método ontopsicológico

uma abordagem integrada

Ao mestre acadêmico professor Antonio Meneghetti (in memoriam),

pelo amor ao ser humano e pelo modo como fez, ensinou

e formalizou Pedagogia, em diversos povos, dedico estes escritos.

AGRADECIMENTOS

Muitas pessoas e histórias contribuíram nesta construção. É o momento de agradecer às pessoas e às instituições que me acolheram e que contribuíram para que esta obra fosse possível.

Ao acadêmico professor Antonio Meneghetti (in memoriam), sou imensamente grata por tê-lo conhecido e convivido com uma mente de sabedoria como a dele. Da mesma maneira, sou eternamente grata ao professor Dr. Alécio Vidor, que, desde a minha graduação em Psicologia, foi e é minha referência como intelectual e profissional.

Aos professores da Universidad del Mar, Dr.ª Marisol Alvarez, Dr. Mário Morales, Dr. Arturo Pinto Guevara, Dr. Roberto Jerry Richardson, Dr. Claudio Almonacid, Dr.ª Katherine López, Carlos Verdugo e Dr. Leopoldo Briones, agradeço pelos ensinamentos, orientações e abertura para as novidades.

Às professoras Noemi Boer e Noemia Panke, amigas, mestres na arte da escrita e na revisão de linguagem, a sua colaboração foi imprescindível para a realização deste trabalho.

De modo especial, aos parceiros-participantes da pesquisa, professores do Ensino Superior que dedicam seus conhecimentos em prol de um novo humanismo, sem as suas contribuições, reflexões e disponibilidade em expor sua experiência, esta pesquisa não teria acontecido.

Meu amigo, amado Cláudio, não tenho palavras para agradecer a sua compreensão. Essa experiência nos torna mais plenos de vida, enriquece o nosso convívio e parceria. Daniela e Guilherme, filhos amados, a sua autonomia promove o meu viver. À queridíssima neta Beatriz, obrigada por alegrar meus dias.

À Unespar, Campus Curitiba II, pelo apoio e incentivo. Sou grata à Direção, aos colegas do Colegiado de Artes Visuais e ao grupo de pesquisa Arte, Educação e Formação Continuada, pelo respeito ao meu trabalho.

À Faculdade e à Fundação Antonio Meneghetti, que têm em sua diretiva a mente de um grande conhecedor do humano, meu muito obrigada, pela abertura e disponibilidade para a realização desta pesquisa.

PREFÁCIO

É com entusiasmo e grata satisfação que tenho a oportunidade de prefaciar esta obra. Recebi com enorme alegria o convite para fazê-lo, porque, além da cultivada parceria docente e admiração pela professora, psicóloga e consultora ontopsicóloga Carmen Spanhol – autora desta obra –, temos presente aqui um legado acadêmico-intelectual que expõe de maneira habilidosa uma pesquisa de método fenomenológico na área da educação, cujo objeto de estudo é a Ontopsicologia, uma das mais importantes abordagens humanísticas da contemporaneidade.

O método fenomenológico surgiu na Fenomenologia, uma filosofia que é tanto um método quanto uma atitude filosófica, inaugurada pelo matemático e filósofo Edmund Husserl (1859-1938). A Fenomenologia é uma investigação rigorosa, trata-se de uma análise radical, uma reflexão da aparição de todas as coisas, ou seja, dos chamados fenômenos. Constitui-se assim como uma autêntica ciência dos fenômenos. Com essa filosofia rigorosa, Husserl buscou construir uma ciência universal para a subjetividade humana e erguer um saber fundamental, universalmente válido acerca das coisas, especialmente em uma época em que o positivismo das ciências naturais, devido ao seu método objetivo-naturalístico, excluíam, por princípio, o sentido das coisas.

A nossa autora, Carmen, que vem de uma rica e significativa experiência docente, de maneira intuitiva e, sobretudo, sensível ao nosso tempo, recorreu às propostas da fenomenologia ao se dar conta de que a educação superior atual tem sido comumente afetada por um objetivismo sem precedentes, produzindo assim uma formação esvaziada de significados humanísticos. Ainda, não somente como pesquisadora, ou mesmo psicóloga, mas como uma buscadora do humanitas, se propôs a uma jornada cuja meta está em recuperar as questões relativas ao sentido da formação humana, estabelecidas radicalmente na subjetividade humana e vividas pré-cientificamente no mundo-da-vida. E, para esse percurso, pôde contar com a Ontopsicologia, ou seja, com uma ciência do ser humano, que visa retomar a humanidade primeira, a causa primeira do humano, aquilo que é mais próprio, o essere do humano.

Adentrando nas diversas dificuldades e conflitos vivenciados por aqueles que buscam ensinar e aprender, sobretudo em nossos dias de crise pandêmica mundial, que tem afetado diretamente não só a saúde física

e mental, como também a cultural, educacional e suas finalidades, as análises e reflexões subsequentes ultrapassam o estilo de uma pesquisa acadêmico-científico. Em verdade, tocam acertadamente em temas peremptórios e inspiradores para a formação daqueles que se ocupam da filosofia, da arte, da religião e, principalmente, da ciência. Ainda, explicita com rigorosidade, sem perder a sensibilidade, como é decisiva uma formação propriamente humana para aqueles que se dedicam diariamente aos humanos e aos temas humanísticos.

Entendo, sem dúvidas, que este livro aparece como uma significativa contribuição, principalmente em um momento de crise educacional e humanitária, ao revelar como a ciência ontopsicológica nos oferece autênticas possibilidades de mudança de nossas mentalidades; ao ampliar o nosso conhecimento, não apenas informativo, mas o conhecimento de si mesmos como humanos, reconhecendo os nossos limites e possibilidades e, ainda, ao sublinhar que não basta termos apenas uma formação profissional docente, mas que é mister o exemplo próprio de nossa vida.

Cito aqui algumas das condições, não todas, que a professora Carmen nos descreve para alcançar a excelência humana como docentes, ou seja, a humanidade do humano. Quiçá, mantendo o espírito aberto, quem quiser, de fato, almejar adentrar nessa jornada humanística, recomendo impreterivelmente a leitura desta obra. Assim poderá, como eu mesmo, caminhar junto às descobertas e riquezas encontradas pela autora, pois como nos lembra o poeta Antonio Machado: Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar. Boa leitura!

Prof. Tommy Akira Goto

Universidade Federal de Uberlândia

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Sumário

ORIGEM DA OBRA

INTRODUÇÃO

1

ENSINO SUPERIOR: HISTÓRICO, PARADIGMAS E FORMAÇÃO DE PROFESSORES

1.1 RETROSPECTIVA INTERNACIONAL E NACIONAL

1.2 NOVO PARADIGMA

1.3 FORMAÇÃO DE PROFESSORES

2

PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DO MÉTODO ONTOPSICOLÓGICO

2.1 O FORMALIZADOR DA ONTOPSICOLOGIA

2.2 A CÁTEDRA DE ONTOPSICOLOGIA NA FACULDADE DE PSICOLOGIA DA SAINT-PETERSBURG STATE UNIVERSITY

2.3 PRINCÍPIOS OU FUNDAMENTOS BÁSICOS DA ONTOPSICOLOGIA

2.4 AS TRÊS DESCOBERTAS DA ONTOPSICOLOGIA

2.4.1 Campo semântico

2.4.2 Monitor de deflexão

2.4.3 Em Si ôntico

2.5 O MÉTODO ONTOPSICOLÓGICO

2.6 PREMISSAS DE UM PESQUISADOR EXATO

3

ELUCIDAÇÕES ACERCA DA PESQUISA REALIZADA

3.1 PARTICIPANTES DA PESQUISA

3.2 BREVE EXPLICAÇÃO SOBRE MAPAS CONCEITUAIS

4

SENTIDOS E MOTIVOS ATRIBUÍDOS PELOS ENTREVISTADOS

4.1 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS

4.1.1 Modos de apropriação do método ontopsicológico

4.1.2 Motivos que levaram à formação no método ontopsicológico

4.1.3 Formação pessoal do professor de ensino superior segundo o método ontopsicológico

4.1.4 Resultados pessoais e profissionais da utilização do método ontopsicológico

4.1.5 Aplicação do método ontopsicológico nas atividades docentes e reflexões

4.1.6 Princípio formativo dos professores que utilizam o método ontopsicológico

4.2 MÉTODO ONTOPSICOLÓGICO: NOVIDADE PARA ACADEMIA

5

SÍNTESE INTEGRADORA DOS SIGNIFICADOS E SENTIDOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA NO MÉTODO ONTOPSICOLÓGICO

6

PARA FINALIZAR OU PARA CONTINUAR... FORMAÇÃO CONTINUADA

REFERÊNCIAS

APÊNDICE

ORIGEM DA OBRA

Caminhos da Manhã¹

Eu procurei, por tantos caminhos

Ouvindo tua voz de paz.

Eu olhei o horizonte

E senti que nessas fontes

Estava o teu amor,

O teu carinho, a tua cor

Eu entendi, sentei por aqui

Ouvindo tua ternura de luz

E o sol que brotou

Me fez aquecer o teu calor

E na tua força, o esplendor

Senti no coração o teu sorriso

Olhei na tua voz o meu amor

Andei pelos caminhos da manhã

Sentindo o sabor da maçã e da flor

Eu aprendi que é preciso ouvir

A voz que vem de dentro do ser

Como um rastro que crescer

Num sonho que acontece

No amor que é pra valer

No encanto dos encantos, só prazer.

(Carmen Spañh’ol e Claudio Spanhol, 2000-2001)

Escolhi essa poesia para a abertura desta obra porque diz muito de mim e sobre mim, no modo de ser e de entender a vida. Escrita em 1999, junto a Cláudio, pai de meus filhos, com o qual compartilho tantos projetos, essa poesia é uma verdadeira metáfora de minha trajetória enquanto pessoa, mulher e profissional. Com isso, quero dizer que essa poesia, também transformada em música, vem carregada da força feminina traduzida em semântica.

Eu procurei o real sentido da educação por tantos caminhos e horizontes ao longo de minha trajetória profissional, como psicóloga e professora universitária, conforme descrevo nos parágrafos subsequentes. No entanto, o real sentido da vida e da educação encontrei com os ensinamentos da Ontopsicologia, que, por meio do método infalível, dá a possibilidade de abrir o livro da minha vida, ser pessoa na ação técnica do fazer diário.

A pesquisa que deu origem a esta obra é decorrente de um desejo de aprimoramento do conhecimento acadêmico, mas também de crescimento pessoal. Inicialmente, pensava que seria mais adequado continuar na mesma área de formação, que é a Psicologia. Gradativamente, evidenciei que a carreira profissional no ensino superior requer abertura para as inquietações oriundas da alma, isto é, compreender o ser humano.

Concluído o mestrado em Psicologia, percebi que ainda existia um vazio a ser preenchido. Frequentei vários cursos de formação profissional e pessoal, como formação em Psicodrama, coaching executivo e pós-graduação em Ontopsicologia, pela Universidade Estatal de São Petersburgo (SPbU-RU).

Ao ingressar naquela universidade, na qual mentes brilhantes como de Pavlov e Ananiev deixaram sua marca, deparei-me com excelentes professores, que, mesmo não compreendendo a sua língua russa, compreendia por campo semântico². Com esses estudos, entendi que fazer a diferença para os jovens estudantes dependia também do meu percurso, enquanto formadora. Foi quando iniciei a revolução da minha vida, morrendo a cada dia para algumas coisas e nascendo para outras. Tinha certeza de que aquilo que aprendi com as grandes mentes são sementes que podem ou não se desenvolver. Germinar as sementes e fazê-las crescer depende de escolhas que fizemos e que se refletem nas ações enquanto profissionais da educação — professores formadores.

Na sequência, realizei o MBA, denominado O Empreendedor e a Cultura Humanista, que reforçou minhas crenças a respeito da educação como vocação natural. Somente após esse percurso, decidi pelo doutoramento em Educação, realizado na Universidad de Viña del Mar, Chile. Contudo, essa escolha não surgiu naquele momento, somente se tornou clara, pois trabalhar com Educação foi o enfoque central desde o início da vida profissional até a atualidade com o desempenho de atividades na educação, em diversos ambientes, dedicando o tempo e o conhecimento à universidade e em consultorias, quer individuais, quer empresariais.

Na época, professora da Universidade Estadual do Paraná, Campus Curitiba II/FAP (Unespar), participava do grupo de pesquisa Arte, Educação e Formação Continuada, o que possibilitava o convívio com professores das diferentes linguagens das Artes. Durante as discussões que se estabeleciam no grupo e as reflexões geradas na relação teoria/prática, observei a possibilidade de desenvolver uma pesquisa direcionada à formação de professores. Em um primeiro momento, pensava ser prudente estudar