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O Feminismo Evangélico
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E-book380 páginas10 horas

O Feminismo Evangélico

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Sobre este e-book

Este livro expressa profunda inquietude sobre a grande negação da autoridade das Escrituras nos argumentos que são com frequência utilizados para sustentar o feminismo evangélico. Não pode estar correto um movimento que desposa essas tantas maneiras de enfraquecer a autoridade bíblica.

"Wayne Grudem continua a exibir fidelidade à revelação bíblica e coragem à luz de uma oposição quase universal, conforme demonstrado mais recentemente neste volume realmente muito bom. Navegando sob a bandeira de uma obra evangélica, este novo tipo de feminismo conduzirá a igreja diretamente ao liberalismo. Na há livro mais importante do que este sobre o assunto." (Paige Patterson)

"O Corpo de Cristo tem um enorme débito de gratidão a Wayne Grudem por sua coragem de enfrentar aquilo que se tornou um Golias do meio evangélico nos dias atuais, e fazendo isso com seu espírito não combativo, polido e agradável. Aqueles que amam a verdade encontrarão aqui um recurso valioso em formato tanto didático quanto acessível." (Nancy Leigh Demoss)

"A questão fundamental da autoridade bíblica está correndo riscos no debate entre a complementaridade e o igualitarismo – porque se você puder encontrar o igualitarismo da Bíblia, você pode encontrar qualquer coisa. O peso do argumento cumulativo de Grudem é considerável e não pode ser dispensado facilmente. O Igualitarismo está se tornando realmente um novo caminho para a deserção da ortodoxia bíblica." (J. Ligon Duncan III)
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de abr. de 2023
ISBN9786559892280
O Feminismo Evangélico

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    O Feminismo Evangélico - Wayne Grudem

    O Feminismo Evangélico – um novo caminho para o liberalismo © 2009 Editora Cultura Cristã. Traduzido de Evangelical Feminism – a new way to liberalism? © 2006 by Wayne Grudem, publicado por Crossway Books, uma divisão de Good News Publishers. Wheaton, Illinois 60187, USA. Edição em português autorizada por Good News Publishers. Todos os direitos são reservados.

    1ª edição – 2009


    G8859f   Grudem, Wayne

    O feminismo evangélico / Wayne Grudem; traduzido por Maria Judith Prado Menga. _ São Paulo: Cultura Cristã, 2009

    Tradução de Evangelical Feminism

    Recurso eletrônico (ePub)

    ISBN 978-65-5989-228-0

    1. Feminismo I. Título


    EDITORA CULTURA CRISTÃ

    R. Miguel Teles Jr., 394 – Cambuci – SP

    15040-040

    Fone (011) 3207-7099 – Whatsapp (11) 97133-5653

    www.editoraculturacrista.com.br – cep@cep.org.br

    Superintendente: Clodoaldo Waldemar Furlan

    Editor: Cláudio Antônio Batista Marra

    Dedicado aos meus

    Parceiros de Oração,

    com muito apreço.

    SUMÁRIO

    Prefácio

    Parte I:

    Alguns Caminhos Para o Liberalismo na História Recente

    Parte II

    Pontos de Vista dos Feministas Evangélicos, que Enfraquecem

    ou Negam a Autoridade da Escritura

    Alguns feministas evangélicos negam a autoridade ou a veracidade de Gênesis 1-3

    Alguns feministas evangélicos dizem que Paulo estava errado.

    Alguns feministas evangélicos dizem que há versículos que estão em todos os manuscritos antigos de 1 Coríntios e não fazem realmente parte da Bíblia.

    Alguns feministas evangélicos dizem que nossa autoridade máxima é encontrada não no que está escrito na Escritura, mas nos desenvolvimentos posteriores que vieram após a Bíblia.

    Alguns feministas evangélicos adotam a interpretação dada pelo Movimento Redentor, de William Webb, e colocam em dúvida todas as ordenanças éticas do Novo Testamento.

    Alguns feministas evangélicos afirmam que nossa posição quanto aos papéis dos gêneros depende justamente das passagens bíblicas que escolhemos priorizar.

    Alguns feministas evangélicos silenciam as mais importantes passagens da Bíblia sobre os papéis dos homens e das mulheres dizendo que elas são polêmicas.

    Alguns feministas evangélicos dizem que a mulher pode ensinar se estiver debaixo da autoridade dos pastores ou presbíteros.

    Alguns feministas evangélicos fogem dos mandamentos do Novo Testamento, dizendo: Nós não somos uma igreja.

    Alguns feministas evangélicos colocam a tradição da igreja acima da Bíblia.

    Alguns feministas evangélicos colocam a experiência acima da Bíblia.

    Alguns feministas evangélicos colocam um sentido subjetivo de chamado acima da Bíblia.

    Alguns feministas evangélicos colocam as profecias contemporâneas acima da Bíblia.

    Alguns feministas evangélicos colocam circunstâncias específicas acima da Bíblia.

    Alguns feministas evangélicos anulam a passagem bíblica segundo a qual Sara obedece a Abraão, e eles dizem que a intenção foi de produzir humor.

    Parte III

    Pontos de Vista dos Feministas Evangélicos, Baseados em Alegações Falsas ou sem Fundamentos

    Alguns feministas evangélicos alegam que Paulo mandou as mulheres permanecerem caladas, porque elas estavam atrapalhando os cultos na igreja.

    Feministas evangélicos afirmam que as mulheres proprietárias de casas eram supervisoras (ou presbíteras) nas igrejas primitivas.

    Feministas evangélicos alegam que as mulheres diaconisas tinham autoridade de governar na história da igreja primitiva.

    Feministas evangélicos alegam que Paulo ordenou às mulheres de Éfeso que não ensinassem ou exercessem autoridade sobre os homens, porque elas não haviam recebido instrução e, portanto, não eram qualificadas para isso.

    Feministas evangélicos alegam que Paulo ordenou às mulheres em Éfeso que não ensinassem ou exercessem autoridade sobre os homens, porque elas estavam ensinando falsa doutrina.

    Feministas evangélicos alegam que Paulo ordenou às mulheres em Éfeso que não ensinassem ou exercessem autoridade de homem especificamente porque elas estavam ensinando uma heresia gnóstica que dizia que Eva foi criada antes de Adão.

    Feministas evangélicos alegam que a palavra grega kephal} (cabeça) geralmente significa fonte, não autoridade.

    Feministas evangélicos alegam que a palavra grega authente) (exercer autoridade) pode significar assassinato ou cometer violência ou proclamar-se autor de um homem ou poderia até mesmo ter um significado sexual vulgar.

    Feministas evangélicos alegam que a doutrina da subordinação eterna do Filho ao Pai na Trindade é contrária à doutrina ortodoxa histórica.

    Um feminista evangélico alega que a pintura em uma catacumba mostra uma mulher bispa do começo da igreja em Roma.

    Parte IV

    Para Onde o Feminismo Evangélico Está nos Levando?

    PREFÁCIO

    Este não é um livro que trata de todas as questões sobre o papel dos homens e das mulheres em casa e na igreja atualmente. Já publiquei um livro a respeito desse assunto (de 566 páginas), e mais recentemente escrevi outro (de 856 páginas). ¹

    Este livro tampouco dá respostas detalhadas e práticas sobre como a igreja deve ensinar o papel dos homens e das mulheres, no casamento e na igreja. Eu também escrevi extensivamente sobre esse tópico no Evangelical Feminism and Biblical Truth, em 2004.

    Eu também não tentei explicar minha posição sobre detalhes dos papéis dos homens e das mulheres, porque já o fiz em meu livro Evangelical Feminism and Biblical Truth.²

    Neste livro não explico as áreas que acho que o movimento feminista evangélico trouxe correções às igrejas e famílias, de modo que o cristão hoje tem um reconhecimento maior da necessidade de respeitar a esposa, e a necessidade da igreja de encorajar oportunidades para espalhar ministérios femininos, mais do que já foi feito. Essas áreas foram cobertas nos livros anteriores.

    Este livro é, antes, uma expressão da profunda preocupação sobre a grande negação da autoridade das Escrituras nos argumentos que são com freqüência utilizados para sustentar o feminismo evangélico. E é também um modo de colocar uma questão: é possível um movimento que desposa essas tantas maneiras de enfraquecer a autoridade da Escritura estar correto? Se Deus quisesse nos ensinar uma posição igualitária a teria tornado tão difícil de encontrar na Escritura que se fizessem necessários esses métodos tão incorretos para que fosse descoberta e defendida?

    O argumento deste livro encontra expressão primeiramente em um breve capítulo do Evangelical Feminism and Biblical Truth (500-517). Neste livro atual, adicionei muito material, inclusive uma interação importante com muitos dos ensaios contidos no recente livro feminista evangélico Discovering Biblical Equality.³Documentei também muitos progressos nas denominações e outras organizações nos quais meu argumento de uma transição do feminismo evangélico para o liberalismo recebeu total confirmação. Uma vez que a posição feminista evangélica é adotada, esta só pode se desenvolver para uma direção, de novo e de novo.

    Agradeço aos estudantes do Phoenix Seminary, Ben Burdick e Chris Davis, pela pesquisa e auxílio editorial em vários lugares deste livro, e também a Chris Cowan e Rob Lister, estudantes do The Southern Baptist Theological Seminary, em Louisville, Kentucky, pelo trabalho prévio de adaptação de porções importantes do material do Evangelical Feminism and Biblical Truth para a estrutura que utilizei para o argumento deste livro. Sou grato também aos meus amigos Ron Dickison e Trent Poling, que continuam a resolver alegremente meus problemas com o computador, e ao Ministério Sovereign Grace, por disponibilizar os equipamentos do escritório e o suporte para as pesquisas.

    Agradeço também à minha esposa Margaret, por sua constante ajuda e encorajamento, enquanto eu trabalhava na conclusão deste manuscrito.

    Dediquei este livro aos meus parceiros de oração, um grupo de amigos anônimos que, sem alarde e regularmente, oraram por mim por cerca de dez anos, cujas orações específicas Deus tem respondido muitas, muitas vezes. Sou grato a Deus por todos vocês.

    – Wayne Grudem

    Scottsdale, Arizona

    23 de junho de 2006.

    Parte I

    ALGUNS CAMINHOS PARA O LIBERALISMO

    NA HISTÓRIA RECENTE

    INTRODUÇÃO

    Estou preocupado com o fato de o feminismo evangélico (também chamado de igualitarismo) ter se tornado um novo caminho pelo qual os evangélicos estão sendo arrastados para o liberalismo teológico. ¹

    Quando uso a expressão liberalismo teológico, quero dizer um sistema de pensamento que nega a completa veracidade da Bíblia como a Palavra de Deus e nega a única e absoluta autoridade da Bíblia em nossa vida. Quando falo de feminismo evangélico, quero dizer o movimento que afirma que o homem não deve ser o único a exercer posição de liderança no casamento ou na igreja. De acordo com o feminismo evangélico, não há um papel de liderança no casamento que pertença ao marido simplesmente porque ele é o marido, mas a liderança deve ser compartilhada entre o marido e a esposa de acordo com seus dons e desejos. E não existem posições de liderança na igreja reservadas exclusivamente aos homens, mas as mulheres, tanto quanto os homens, também podem ser pastoras e anciãs e ter um ofício na igreja. Nas páginas seguintes, procuro mostrar várias coisas:

    1. Que as denominações protestantes liberais foram as pioneiras do feminismo evangélico, e que o feminismo evangélico hoje adotou muitos dos argumentos utilizados anteriormente pela teologia liberal para defender a ordenação de mulheres e rejeitar a posição do homem como cabeça do casamento.

    2. Que muitos escritores feministas evangélicos famosos, atualmente, defendem posições que negam ou diminuem a autoridade da Escritura, e muitos outros líderes igualitaristas endossam seus livros e não assumem publicamente uma posição contra aqueles que negam a autoridade da Escritura.

    3. Que as tendências recentes agora mostram que o feminismo evangélico está se voltando na direção da negação de qualquer fato que seja exclusivamente masculino, e alguns até concordam em chamar Deus como nossa Mãe no céu

    4. Que a história de outros que adotaram essas posições mostra que o próximo passo é o endosso da legitimidade moral da homossexualidade.

    5. Que a ameaça comum rondando todas essas tendências é a rejeição da efetiva autoridade das Escrituras nas vidas das pessoas, e que esse é o fundamento principal do liberalismo teológico.

    Visto que ensino há quase trinta anos nas faculdades cristãs e seminários, as pessoas com freqüência me perguntam: "Como as faculdades cristãs que acreditavam na Bíblia, escolas conservadoras, tornaram-se tão liberais, negando até mesmo a Bíblia que é ensinada no campus? Outros me perguntam: Como muitas denominações que acreditavam na Bíblia podem abandonar essa crença agora? Como os pastores liberais podem pregar o que é popular de acordo com a cultura atual em vez de proclamar a verdade da Bíblia como a Palavra de Deus?"

    Existem muitas razões diferentes, é claro. Mas render-se à pressão cultural é geralmente um fator importante. Há, em cada geração, aspectos culturais que contradizem o que a Bíblia diz, e é fácil se comprometer com um aspecto ou outro.

    No começo do século 20, era muito fácil render-se à ênfase liberal da paternidade de Deus e da irmandade do homem e dizer que as pessoas são essencialmente boas, e não precisam de um Salvador que morreu pelos seus pecados, e que não existe essa coisa de inferno. Ao seguir esse raciocínio, muitas igrejas acompanharam a cultura e entraram pelo liberalismo.

    Ao longo de todo o século 20 foi fácil se render à visão científica dominante e dizer que milagres genuínos não podem acontecer porque violam as leis da natureza. Então o nascimento virginal de Cristo e outros milagres relatados na Bíblia realmente não aconteceram; mas isso não tem importância, porque a Bíblia ainda nos ensina como viver uma vida moral. Ao seguir esse raciocínio, muitas igrejas acompanharam a cultura e aderiram ao liberalismo.

    Atualmente, para os estudiosos que trabalham na comunidade científica, seria muito fácil aderir à visão dominante na cultura e dizer que todos os seres vivos evoluíram de matéria morta por meio da mutação randômica e não que surgiram mediante o projeto e criação direta de Deus. Mas aqueles que adotaram a evolução como explicação para a origem da vida simplesmente seguem a cultura e caem no liberalismo.

    Isso pode acontecer em qualquer área. Isso acontece quando as pessoas se cansam de defender as palavras de Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6). Então pode ser muito fácil ceder às pressões da nossa cultura tolerante e dizer que todas as religiões são caminhos diferentes para o mesmo Deus. Desse modo, a mensagem singular do evangelho que sozinha nos diz que nossos pecados podem ser perdoados é perdida, e as igrejas simplesmente seguem a cultura para dentro do liberalismo.

    Creio que está acontecendo o mesmo com o feminismo evangélico. Há uma tremenda pressão cultural para negar a liderança masculina no lar e na igreja. Para provar isso, pergunte a qualquer pastor se ele gosta de pregar e ensinar sobre a liderança do homem no casamento e na igreja. Quase ninguém quer abordar esse assunto! Ele é muito controverso, o que significa que despertará objeções e muitas pessoas ficarão aborrecidas. Não é fácil se posicionar contra a cultura. É muito mais fácil ceder e dizer que as mulheres podem fazer qualquer coisa que o homem faça na igreja e em casa.

    Mas o que dizer de todos aqueles versículos bíblicos que falam a respeito da liderança masculina no lar e na igreja? Alguma coisa deve ser feita com eles, de modo que nos últimos trinta anos os estudiosos feministas evangélicos têm desenvolvido milhares de páginas de argumentos procurando evidenciar que aquelas partes da Bíblia não se aplicam a nós, ou não significam o que as pessoas sempre pensaram significar, ou não são parte da Bíblia, ou que contradizem a experiência, ou que estão simplesmente erradas. E, assim, como explico nas páginas seguintes, a autoridade da Bíblia é enfraquecida.

    Quando isso acontece, pouco a pouco, passo a passo, faculdades, igrejas e denominações começam a escorregar em direção ao liberalismo. Isso acontece porque as afirmações e argumentos que os feministas evangélicos adotaram a respeito dessas passagens específicas na Bíblia colocam em movimento um processo de interpretação da Escritura que será usado cada vez mais para anular a autoridade da Escritura em outras áreas também. Um por um, os ensinamentos da Escritura que não são populares na cultura são rejeitados, e, um aspecto de cada vez, a igreja começa a falar mais e mais como o mundo secular. Esse é o trajeto clássico para o liberalismo. E eu creio que o feminismo evangélico está conduzindo os cristãos para esse caminho, um passo de cada vez.

    O falecido Francis Schaeffer, um dos mais sábios e influentes pensadores cristãos do século 20, alertou exatamente sobre essa tendência apenas alguns meses antes de sua morte, em 1984. Em seu livro The Great Evangelical Disaster, ele incluiu uma seção denominada A subversão feminina, na qual escreve:

    Há uma área final que eu gostaria de mencionar em que os evangélicos têm, com resultados trágicos, se acomodado ao espírito mundano desta era. Isto tem a ver com a área do casamento, família, moralidade sexual, feminismo, homossexualidade, e divórcio...

    A chave para entendermos o feminismo extremo está centrada ao redor da idéia da igualdade total ou, mais propriamente, à idéia da igualdade sem distinção... O espírito do mundo em nossos dias nos levaria a desejar uma liberdade autônoma absoluta na área dos relacionamentos homem/mulher – a desprezar todas as formas de limitações nesses relacionamentos, especialmente aquelas restrições ensinadas nas Escrituras...

    Alguns líderes evangélicos, de fato, têm mudado suas formas de ver a inerrância como uma conseqüência direta de aprender a aceitar o feminismo. Não há outra palavra para isso a não ser acomodação. É uma inversão direta e deliberada da Bíblia para se conformar com o espírito mundano da nossa era até o ponto em que o espírito moderno entra em conflito com o que a Bíblia ensina.²

    Meu argumento nas páginas seguintes demonstra que o que Schaeffer predisse tão claramente há 22 anos está cada vez mais se tornando verdade no meio evangélico. É uma tendência profundamente preocupante.

    Não sou o único que chegou a essa conclusão. Em um dos blogs mais influentes – Together for the Gospel – Mark Dever, pastor sênior da Capitol Hill Baptist Church, em Washington, D.C., escreveu recentemente:

    O meu melhor e mais sensato julgamento é de que essa posição (igualitarismo) seja verdadeiramente um corruptor – uma brecha – na autoridade da Escritura... Isto parece, para mim e para outros (muitos até mesmo mais jovens do que eu), que a questão do igualitarismo está agindo cada vez mais como um traço distintivo entre os que irão acomodar a Escritura à cultura e aqueles que irão tentar moldar a cultura pela Escritura. Você pode discordar, mas essa é a nossa sincera preocupação diante de Deus. Não há falta de amor nem de honestidade. Não há desejo pelo poder ou por manter a tradição só pela tradição. É a nossa conclusão após observar pelos últimos cinqüenta anos...

    É claro que existem questões mais centrais ao evangelho do que a questão de gêneros. No entanto, não há maneira de as Escrituras serem enfraquecidas mais rápida ou profundamente em nossos dias do que por intermédio da hermenêutica das leituras igualitárias da Bíblia. E quando a autoridade da Escritura é enfraquecida, o evangelho não será mais aceito como verdade.³

    Em um nível mais pessoal, quero dizer que considero meus amigos um grande número de autores os quais nomeio neste livro. Os considero executivos das faculdades, seminários e editoras que nomeio neste livro como meus amigos também. Quero lhes dizer algo desde o princípio.

    Entendo que muitos de vocês não seguiram pessoalmente os caminhos do liberalismo que descrevo aqui. Vocês simplesmente decidiram (por várias razões) pensar que a Bíblia não proíbe as mulheres de serem pastoras ou anciãs, e nada mais mudou em seu sistema teológico. Vocês não aderiram ao liberalismo e estão pensando por que eu escrevi este livro argumentando que o feminismo evangélico conduz ao liberalismo.

    De fato, concordo com o seu intenso desejo de ver os dons e ministérios femininos sendo desenvolvidos e encorajados em nossas igrejas, e escrevi em outras obras sobre importantes ministérios que devem ser abertos tanto a homens quanto a mulheres.

    Além do mais, entendo que a maioria de vocês não considera que estejam conduzindo suas igrejas e escolas em direção ao liberalismo. Ademais, você, pessoalmente, ama Jesus Cristo e a Bíblia e, realmente, ensina isso. Como pensar que essa postura possa contribuir com o liberalismo? E, além disso, você conhece outros que tomaram as mesmas posições que você e não se tornaram liberais, tornaram-se?

    De fato, tenho um grande número de amigos igualitaristas que não se moveram um centímetro em direção ao liberalismo com relação ao restante de suas convicções doutrinárias, os quais ainda crêem e defendem firmemente a inerrância da Bíblia. Incluo entre esses obstinados defensores da inerrância da Bíblia Stan Gundry (vice-presidente sênior e editor chefe da Book Group at Zondervan Publishing Company); Jack Hayford (pastor fundador da Church on the Way, em Van Nuys, Califórnia); Walter Kaiser (ex-presidente do Gordon-Conwell Theological Seminary); Roger Nicole (ex-professor do Gordon-Conwell Theological Seminary e do Reformed Theological Seminary de Orlando); e Grant Osborne (professor na Trinity Evangelical Divinity School, em Deerfield, Illinois). Esses homens são estudiosos veteranos e respeitados e líderes no mundo evangélico. Se eles podem aderir ao feminismo evangélico ou a uma posição igualitária sem entrar, eles mesmos, no liberalismo, então como argumentar que o feminismo evangélico é um novo trajeto em direção ao liberalismo?

    Eu assim o faço por causa da natureza dos argumentos usados pelos feministas evangélicos, argumentos que explicarei em detalhes nas páginas seguintes. Compreendo que uma pessoa pode adotar um desses argumentos e não avançar um único passo no caminho do liberalismo pelo restante de sua vida. Muitos líderes fizeram exatamente assim. Mas penso que a razão de não irem mais além com o liberalismo é por não entenderem o que está subjacente ao tipo de argumento que estão usando e não o aplicarem às outras áreas de suas convicções. No entanto, há outros que o fizeram. Francis Schaeffer alertou anos atrás que a primeira geração de cristãos que leva a igreja a um desvio de doutrina mudando apenas um único ponto-chave em sua posição doutriná-ria, e nada mais, pode observar por um tempo que a mudança não foi tão danosa. Mas seus seguidores e discípulos, na geração seguinte, adotarão a lógica de seus argumentos com muito mais ênfase e defenderão tipos de erro maiores. Penso que isso está ocorrendo de modo regular e previsível no feminismo evangélico, e tenho procurado documentar isto neste livro.

    Portanto, peço a todos os meus amigos igualitaristas que considerem cuidadosamente os argumentos e o padrão de argumentos que discuto aqui. Você pode pensar que não está cometendo nenhum erro, ou pode pensar que, se adotar uma interpretação questionável ou duvidosa aqui ou ali, isso não terá tanta importância. Mas lhe peço para parar e considerar o que está acontecendo com o movimento feminista evangélico como um todo, cuja tendência é minar a autoridade da Escritura gradativamente, em um versículo ou naquela frase ou neste capítulo ou naquele contexto.

    Você pode pensar que seu papel nisso tudo não tenha grande influência no debate geral, mas imagine-se como um soldado na linha de batalha que pensa que seu lugar não é tão importante; se abandonar uma posição, dará ao inimigo uma grande abertura para ele invadir e ocupar grandes áreas da igreja.

    É fácil pegar um novo artigo ou livro, ler rapidamente os argumentos e pensar: Bem, não posso concordar com a abordagem dele (ou dela) sobre esse versículo, ou aquele argumento, mas pelo menos o livro está apoiando o que eu sei que está certo: a inclusão das mulheres em todos os aspectos do ministério. Talvez esse ou aquele argumento não seja aceitável, mas posso aprovar o resultado do mesmo modo. E, assim, um após o outro, os argumentos igualitários que relaciono neste livro se acumulam e os cristãos os aceitam publicamente.

    Mas e se as suposições feitas e os princípios interpretativos usados realmente corrompem a autoridade da Escritura novamente? Isso faz alguma diferença para você? Se você aceita argumentos que corrompem a Escritura gradativamente, somente porque pensa que o autor tem as respostas certas pelo motivo errado, isso não estaria desgastando os alicerces da igreja para o futuro? Se esses argumentos erosivos são mantidos em seu círculo de relacionamentos, como você poderá proteger sua igreja ou sua organização no futuro? Enquanto pessoalmente você não pode mudar muita coisa daquilo que crê, seus alunos e outros que seguem sua liderança levarão os princípios que você utiliza muito além e irão se desviar muito mais além do que você imagina.

    Por favor, considere o que estou dizendo nestas páginas. Espero persuadi-lo e talvez até mudar sua mente ou alguns dos argumentos que você tem usado ou, até mesmo, as conclusões que você tem tirado. Porém, mesmo se no final você ainda estiver convencido de que a posição igualitária está correta, pelo menos

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