O Espaço Estação nas refuncionalizações locais da área central da cidade de Curitiba: entrelaçamento de simulacros da vida diária reunindo no mesmo espaço e no mesmo tempo diferentes mundos
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O Espaço Estação nas refuncionalizações locais da área central da cidade de Curitiba - Sonia Dinkhuysen
CAPÍTULO I ESPAÇO GEOGRÁFICO & TURISMO SOB RELAÇÕES SOCIAIS DE REFUNCIONALIZAÇÕES LOCAIS
Para que se atenda à ideia norteadora desta pesquisa, que é a análise de como vêm se efetivando a inserção e a dinâmica do Espaço Estação e, consequentemente, suas possíveis conexões com refuncionalizações locais, no que se refere à organização socioespacial da área central da cidade de Curitiba, tendo em vista o consumo turístico, faz-se necessário buscar na literatura os fundamentos das reflexões conceituais.
Com base em Santos (1985, 1996, 1997, 2002), são analisados os modos de produção no âmbito do espaço capitalista da geografia, onde são produzidas as relações dialéticas entre os agentes diretos e indiretos do processo, identificados os elementos do espaço e explicitados os significados de forma, função, tempo, lugar e paisagem. Tais argumentos dialogam com os de outros autores, ao tratarem o espaço como produto do processo histórico-social e condição para o devir (SAQUET, 2005), produto político e ideológico (LEFEBVRE, 1976), acumulação dos tempos (SOUZA, 1983) e como expressão do movimento dialético de tempo e lugar (SILVA, 2001).
O lugar é onde as relações econômicas se objetivam (SAQUET, 2003), pois é a porção de espaço que tem sentido para a vida (CASTROGIOVANNI, 2003), portanto envolve ética na construção do saber-fazer (MOESCH, 2000), uma vez que trabalhar o turismo é reforçar ou renovar imaginários (GASTAL, 2002) para responder a novas e velhas necessidades e dar lugar a uma nova geografia construída com velhos e novos objetos (CRUZ, 2000) nos centros urbanos onde são gerados os fluxos que sustentam as atividades comerciais (SPOSITO, 2005). A análise urbana, portanto, requer articulação dialética entre sociedade e espaço (CARLOS, 1994).
1.1 ESPAÇO GEOGRÁFICO
O conceito de espaço geográfico é discutido por muitos autores, por ser categoria central da Geografia. A partir de uma perspectiva crítica de leitura de sua constituição, principalmente na de base marxista, é representado como produto do processo histórico, social, e, ao mesmo tempo, condição para o devir, tanto social como do próprio espaço geográfico
(SAQUET, 2005, p. 35).
É mister lembrar que, de acordo com Santos (1997), o espaço geográfico é a coexistência do passado com o presente ou é a existência de um passado que foi reconstituído no presente. É uma concepção de espaço como herança e como coexistência de tempos. Assim, um espaço possibilita a coabitação de diferentes tempos. E ele é composto, conforme Santos (1979), pela divisão do trabalho social e pelos modos de produção social.
Os modos de produção, categoria utilizada por Marx para periodizar a história da humanidade, constituem as leis do desenvolvimento da sociedade, segundo as quais se entende que o espaço da geografia não surge do vazio, mas é um espaço que, de acordo com a história que o homem produz, é também produzido
(SILVA, 2001, p. 17).
Além disso, os modos de produção social e das relações sociais têm linguagens específicas. De acordo com Santos (1997), são constituídas por formações espaciais. Os modos de produção são seletivos em sua determinação geográfica, valorizando o que é próprio dos lugares, importância específica da formação socioespacial, que é a mediação entre Mundo e Lugar, Mundo e Território.
Dessa perspectiva, a história dos homens vincula-se à história das relações que se estabelecem socialmente e das relações de produção contraditórias, uma vez que são executadas pelo homem genérico e pelas sociedades de classes, que, ao mesmo tempo que se negam, confrontam-se, no intuito de superar suas contradições, quando então novas contradições serão reproduzidas em sociedade.
Assim, o espaço capitalista da geografia é produzido pelas relações dialéticas entre os agentes diretos e indiretos do processo produtivo e da natureza. O homem enquanto essência humana está na natureza, mas na produção capitalista ele existe somente como mercadoria e força de trabalho.
As relações sociais, subordinadas ao modo de produção que sustenta a sociedade, produzem o espaço geográfico, sociedade com infraestrutura econômica que sustenta as superestruturas ideológicas, políticas, culturais, jurídicas, entre outras. E então, em cada momento ou lugar, uma ou mais dessas dimensões pode(m) ter maior influência sobre as demais na constituição espaço.
Lefebvre (1976, p. 31), por exemplo, enfatiza que o espaço geográfico se apresenta carregado de ideologias:
(...) o espaço não é um objeto científico afastado da ideologia e da política; sempre foi político e estratégico. Se o espaço tem uma aparência de neutralidade e indiferença em relação a seus conteúdos e, desse modo, parece ser ‘puramente’ formal, a pítome da abstração racional, é precisamente por ter sido usado, e por já ter sido o foco de processos passados cujos vestígios nem sempre são evidentes na paisagem. O espaço é político e ideológico. É um produto literalmente repleto de ideologias.
Santos (1985) identifica os elementos do espaço: os homens, as firmas, as instituições, o chamado meio ecológico e as infraestruturas. Os homens são elementos do espaço. A demanda de cada indivíduo como parte da sociedade total é respondida em parte pelas firmas, que produzem bens, serviços e ideias, em parte pelas instituições, que produzem normas, ordens e legitimações. O meio ecológico é o conjunto de complexos territoriais que organizam o trabalho humano físico. As infraestruturas constituem o trabalho humano materializado e geografizado na forma de casas, plantações, caminhos, entre outros.
Contudo, o espaço não se constituiria também em suporte material de práticas sociais que dividem o tempo? Sim, afirma Moesch (2000, p. 38),
(...) o espaço é expressão da sociedade: não é uma fotocópia, é a sociedade em si. As formas e os processos espaciais estão determinados pela dinâmica da estrutura social [...]. Os processos sociais conformam o espaço a atuar sobre o entorno construído, herdado de estruturas socioespaciais prévias.
Além de tempo, espaço é História, pois é uma acumulação de tempos expressa por meio da forma (SOUZA, 1983). A todo o momento criam-se novas formas ou novos objetos geográficos para solucionar novos problemas, mas as velhas formas também mudam de função, dando lugar a uma nova geografia, construída com velhos objetos.
A análise da organização socioespacial se torna, portanto, uma investigação a partir do Espaço Estação, mas este precisa ser compreendido de acordo com uma concepção de totalidade. Ele é constituído de momentos, de totalidades mais abrangentes, que se articula com a totalidade global, infinita (...), e expressam o movimento dialético de tempo e lugar
(SILVA, 2001, p. 20).
No seguimento desses autores, entende-se que cada um dos momentos que constituem a inserção e a dinâmica do Espaço Estação na organização socioespacial da área central da cidade de Curitiba guarda particularidades de acordo com os fatores tempo (histórico) e lugar e se faz ver na paisagem de forma diferenciada, submetendo-se às determinações gerais e particulares da sociedade.
Por exemplo, a área central da cidade de Curitiba atual não é a mesma da década de 1970, nem o que constitui hoje o Museu Ferroviário é o mesmo da antiga estação de trem. Porém, tais espaços, de ontem e de hoje, têm em comum a exploração econômica, um componente de terra, a base física, que tem um preço, um valor de troca. Em todos eles as relações sociais de produção se caracterizam pela divisão social do trabalho (...). É preciso se considerar também os traços culturais da produção de cada lugar
(SILVA, 2001, p. 21).
No Espaço Estação, ocorre algo que Harvey (1999, p. 271) considera:
(...) o entrelaçamento de simulacros da vida diária [que] reúne no mesmo espaço e no mesmo tempo diferentes mundos (de mercadorias). Mas ele o faz de tal modo que oculta de maneira quase perfeita quaisquer vestígios de origem, de processos de trabalhos que os produziram ou das relações sociais implicadas em sua produção.
Considera-se também que os bens culturais se tornam mercadoria, ocorrendo sua refuncionalização para, como lembra Luchiari (2005, p. 96), servir à prática do consumo e não mais às práticas culturais representativas do sentimento de pertencimento das culturas e populações locais
.
E se realiza também o que anuncia Santos (1985): que a sociedade estabelece os valores de diferentes objetos geográficos, e os valores variam segundo a estrutura sócio-econômica específica dessa sociedade
.
Resta saber, então, quais são os significados de forma, função, estrutura e processo para entender melhor o espaço geográfico como totalidade. Santos (1985, p. 50) explica que forma é o aspecto visível de uma coisa
, mas não pode ser analisada sem sua função, estrutura e processo, pois tal análise seria falsa, uma vez que formas semelhantes trazem em seu bojo situações passadas e presentes diversas. A forma só se torna importante se receber um valor