Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Depois do destino
Depois do destino
Depois do destino
E-book136 páginas1 hora

Depois do destino

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Kara, uma adolescente de 17 anos, acorda num lugar misterioso. Envolta pela escuridão, percebe que perdeu a memória. Das sombras emerge um ser aterrador, que parece ser o mestre daquele lugar, e lhe revela que ela está morta, dando-lhe, no entanto, uma oportunidade para regressar à vida. Mas, para tal, terá de jogar um jogo perverso, uma missão de 31 dias que consiste em roubar esperanças de outras pessoas que ali se encontram, de forma a revelar os locais secretos do mapa que o Whoren, a tal criatura misteriosa, lhe dá. Para regressar à vida terá de desbloquear todos os destinos escondidos no mapa, caso contrário, será consumida pela escuridão e tornar-se-á uma desgraçada sem-alma, condenada a vaguear por aquele mundo escuro e triste por toda a eternidade. Na sua jornada, conhece Victor, um rapaz hábil, mas misterioso, que se torna seu parceiro de viagem. Será que juntos têm o que é preciso para voltar?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de mar. de 2023
ISBN9791222084817
Depois do destino

Relacionado a Depois do destino

Ebooks relacionados

Fantasia para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Depois do destino

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Depois do destino - Duarte Bernardo

    Capítulo I – Chance Final

    Nome: Kara Bloom

    Idade: 17

    Hora da morte: 15:20

    Está tão escuro, onde é que eu estou?

    Os meus olhos ainda se estavam a habituar à escuridão enquanto eu procurava uma saída. Passei as mãos por toda a sala, não encontrei quaisquer indícios de uma saída, depois de uns minutos desesperantes, cheguei à conclusão de que não havia nenhuma. Estava presa numa espécie de sala escura, sem portas nem janelas. O que fazer? Como sair? O meu cérebro estava a mil, com perguntas às quais não tinha resposta. Enquanto pensava nem me apercebi da presença de alguém, ou melhor, algo que tinha aparecido do vácuo, era gigante. Só conseguia ver os olhos vermelhos que se destacavam na escuridão. Ao aproximar-se, a sua silhueta diminuiu, como se estivesse a adaptar-se ao meu tamanho. A luz que emanava dos olhos permitiu-me ter um vislumbre da sua cara, era aterradora, não era uma cara humana, a pele estava rasgada o que permitia ver-lhe o crânio. Tinha hastes desgastadas e um manto que parecia levitar tal como ele que não fazia qualquer barulho a andar. Os seus olhos fixaram os meus, eu cambaleei para trás, parecia que o seu olhar me consumia a alma. Fiquei perplexa, ganhei coragem e perguntei:

    – Onde estou? Quem és tu? O que faço aqui? – Ao que aquilo respondeu, com uma voz rouca e imponente:

    – Tu estás morta.

    – Ok, achas que me vais conseguir assustar assim? Se estou morta, como posso falar contigo e respirar? – Esqueci o medo por momentos.

    – Tu passaste… – interrompi-o.

    – Nem vale a pena tentares convencer-me, amigo, isso não vai resultar comigo. Deixa-me sair daqui!

    Ele aproximou-se, calado, determinado. Voltei a olhar para a cara dele e talvez não tenha sido a melhor ideia falar-lhe assim.

    – Se não estás morta, responde-me a uma simples pergunta. Qual é o teu nome? – perguntou com a maior das calmas. O mundo caiu-me aos pés, não consegui responder, não me lembrava do meu nome, não conseguia lembrar-me de nada relacionado comigo, com os meus amigos e família, se é que os tinha. Fiquei em pânico e comecei a acreditar mesmo que estava morta.

    – Que raio se passa… –suspirei entre o desespero.

    – Acreditas agora? – disse, ao ver o estado de pânico em que me encontrava.

    – S-sim – balbuciei. De repente, teletransportou-se para trás de mim. O meu cérebro já não conseguia processar, estava congelada.

    – Vejo que estás um pouco perdida, por isso, passo a explicar. O teu nome é Kara Bloom e morreste antes do previsto. O meu nome é Whoren, encarregado de dar a pessoas como tu a chance de voltar às suas vidas. Estou aqui para te guiar numa oportunidade de ressurreição.

    Tinha tantas perguntas, não o conseguia acompanhar.

    – Espera, como é que eu morri? Como assim ressuscitar?

    – Só tenho acesso ao teu nome, desconheço o que fizeste em vida. A minha missão é muito simples, na verdade: estou aqui para te dar uma chance de ressuscitar, voltar à tua vida antiga, como se nunca tivesses morrido – respondeu. Voltei a ficar de pé atrás.

    – Ok, eu posso não ter memória, mas sei que nunca ninguém ressuscitou, porque hei de ser a primeira?

    – O tempo aqui é diferente. Está suspenso. Vais ter trinta e um dias para cumprir a missão que te vou dar, para mereceres a tua segunda chance, mas, enquanto passam os trinta e um dias aqui, continuas morta no plano físico. Caso não completes a missão, ficarás a vaguear neste mundo sem memória e sem alma para a eternidade; se morreres neste plano, morres de vez, não há esperança para ti; mas se conseguires, eu reverterei a tua morte e acordas sã e salva onde ficaste.

    Merda, é mesmo verdade.

    – Ok, então qual é a minha missão? – Ele deu uma gargalhada distorcida, a missão não podia ser coisa boa.

    – A tua missão é seguir este mapa até ao seu último destino – disse, ao passar-me um mapa. Até aí tudo muito fácil, mas, depois de ver o mapa, deixou de parecer tão fácil.

    – Como é suposto seguir o mapa, se ele está em branco?

    – Tudo tem um senão – respondeu, depois de outra gargalhada.

    – E qual é o senão? – perguntei, hesitante.

    – O destino seguinte do mapa só se revela quando a esperança de alguém perto de ti é destruída. – Voltei a ficar confusa. – Esperança de alguém? Mas eu estou sozinha. – Ele abanou a cabeça e afirmou:

    – O caminho para a ressurreição não é fácil, muitos morreram antes do tempo, como tu, e todos têm uma missão diferente. Sendo que há missões incompatíveis, nem todos poderão voltar. – Ele voltou a afastar-se. – Chegou a tua hora.

    – Espera, tenho mais perguntas! – Ele acenou em concordância.

    – Será que vou recuperar as minhas memórias?

    – Alguns recuperam as memórias, outros não, não te sei dizer ao certo – respondeu.

    Estava na hora da minha última pergunta.

    – Como posso eu destruir as esperanças de alguém? Eu não sei fazer isso. Eu não quero fazer isso!

    – Veremos. – E foi-se embora da mesma forma que chegou. Nesse momento, a escuridão consumiu-me, como se aquela criatura tivesse sugado qualquer réstia de luz.

    Capítulo II – Parceria

    Dia 1

    Ugh?!... Finalmente vi-me livre da escuridão, mas já não estava no mesmo sítio, de repente, o cenário tinha mudado, como se naquele mundo houvesse a possibilidade de mudar de sítio, de um momento para o outro, ou talvez aquilo fosse apenas uma partida do Whoren. Encontrava-me agora no que parecia ser uma cidade apocalíptica, muitos edifícios decrépitos, nenhuma vegetação ou sinal de animais. Era de dia, mas parecia um filme a preto e branco, e não se ouvia nada, o silêncio era assustador. Tinha um mapa vazio na mão e um monte de dúvidas, mas não havia sinais do Whoren, não sabia o que fazer, por onde começar, mas senti que ficar ali especada no meio da rua talvez não fosse a melhor opção. Entrei num prédio que estava grafitado e a cair aos bocados. Não foi muito difícil entrar, a porta estava fechada, mas o enorme buraco na parede não era propriamente segurança de alto nível. Ao andar pelos corredores desgastados e sem cor, não encontrei nada que me pudesse ajudar, decidi abrir uma das portas e espreitar o que havia lá dentro. Arrependi-me rapidamente, naquela sala, estava uma parede pintada com sangue e, no chão, o autor dessa pintura jazia, pálido, com um buraco na cabeça. Fiquei enjoada, não só pelo cheiro, foi a primeira vez que vi um cadáver. Vomitei, estava tudo a tornar-se demasiado real, intenso. Senti uma espécie de pânico e desatei a correr, só queria sair dali, mas senti um empurrão. Caí no chão desamparada e, quando consegui recompor-me e olhar para cima, vejo que tenho uma arma apontada à cabeça. Levantei as mãos e desatei a chorar numa esperança de não ter o mesmo destino que aquele pobre coitado na sala anterior. Ouvi um tiro, fechei os olhos; voltei a abri-los, ainda estava viva? Quem tinha levado um tiro era o indivíduo que me apontava a arma à cabeça. Oiço passos na minha direção, queria levantar-me, correr e sair dali, mas não conseguia, o meu corpo estava petrificado. Fechei os olhos de novo para me consciencializar que era assim que eu morria, mas, de repente, os passos pararam, voltei a abrir os olhos e vi um rapaz a sorrir e a estender-me a mão.

    – Eu sou o Victor e tu como te chamas? – disse, enquanto me ajudava a levantar. Ele era alto, devia ter um metro e oitenta e tal, cabelo preto encaracolado, olhos castanhos, um maxilar definido. Tinha um casaco largo, verde escuro, com capuz, calças de fato de treino cheias de bolsos e a parte que me deixava desconfortável, a SR – Dois Veresk que acabou de dizimar uma pessoa. Wow, como é que sei o nome daquilo?

    – K-k-Kara – balbuciei. – E o que raio se passa aqui? Porque é que as pessoas se andam a matar? – continuei.

    – O Whoren não te explicou? Certas missões são sentenças de morte, por isso, tens de ter cuidado, mas basicamente é só isso que eu sei, é o meu primeiro dia aqui. – Ele tinha razão, eu tinha de ter cuidado, decidi não lhe dar muita confiança.

    – Se é assim, porque não me matas então?

    – Bem, todas as missões têm um senão e o meu senão é que a minha pistola só dispara se eu tiver um parceiro.

    Olhei em volta.

    – Que parceiro? – Ele sorriu.

    – Quando te vi, algo me disse que pudesses ser tu, então tentei disparar e funcionou, por isso, diz olá ao teu novo parceiro!

    – Parceiros? – Disse, um pouco desconfiada, tudo isto me parecia bom demais.

    – Sim, tu ajudas-me com a minha missão e eu ajudo-te com a tua, seja ela qual for.

    Apesar de ele me ter salvo, não sabia se estava a dizer a verdade, se podia confiar nele. Tinha visto dois cadáveres e não me apetecia nada ser o terceiro. Lembrei-me que tinha deixado cair o mapa, fui buscá-lo, não o podia perder. Quando o apanhei, fiquei surpresa, já não estava em branco, a morte daquele rapaz, mesmo à minha frente, deve ter significado a destruição das suas esperanças. Tentei disfarçar o meu espanto e voltei à conversa.

    – Eu até aceitava, Victor, mas como sei que estás a dizer a verdade e que não me vais matar quando virar costas?

    O tom dele mudou completamente, ficou mais sério, mais agressivo.

    – Olha, eu

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1