A Coruja Vermelha
De Eduardo Bote
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A Coruja Vermelha - Eduardo Bote
A CORUJA VERMELHA
* 2 *
A CORUJA VERMELHA
SAGA DE OLDORA — LIVRO DOIS
EDUARDO BOTE
* 3 *
A Coruja Vermelha,
Saga de Oldora, Vol. II
Eduardo Bote (1995—)
CAPA: Maria Eduarda Bote
IMAGEM DA CAPA: Pixabay/zhuwei06191973
© Todos os diretos reservados. Respeite a obra do autor. Cópia é crime. Este livro, em sua totalidade ou partes, só poderá ser reproduzida com autorização do autor.
* 4 *
Para as mulheres que foram e são fundamentais em minha vida — minhas avós, tias e, claro, minha mãe.
* 5 *
* 6 *
SUMÁRIO
***
CAPÍTULO UM
O lobisomem de pijama * 11
CAPÍTULO DOIS
O castelo dos espinhos * 18
CAPÍTULO TRÊS
Velhos amigos * 26
CAPÍTULO QUATRO
Seres da floresta * 37
CAPÍTULO CINCO
Palácio de folhas * 47
CAPÍTULO SEIS
A torre quebrada * 57
CAPÍTULO SETE
Acampamento no pântano * 67
CAPÍTULO OITO
Majah * 80
* 7 *
CAPÍTULO NOVE
Esconderijo dos ladrões * 89
CAPÍTULO DEZ
Sombras * 106
CAPÍTULO ONZE
O castelo dos anões * 120
CAPÍTULO DOZE
O poço das fadas * 142
CAPÍTULO TREZE
A vidente * 153
CAPÍTULO CATORZE
Unicórnios e cavalos * 164
CAPÍTULO QUINZE
Magos * 178
CAPÍTULO DEZESSEIS
Notícia ruim * 198
CAPÍTULO DEZESSETE
Aliados * 208
CAPÍTULO DEZOITO
Batalha no bosque * 223
* 8 *
CAPÍTULO DEZENOVE
Traidores * 242
CAPÍTULO VINTE
Consequências * 251
AGRADECIMENTOS * 259
SOBRE O AUTOR * 261
* 9 *
* 10 *
CAPÍTULO UM
O lobisomem de pijama
A chuva tamborilava na janela enquanto Camila tentava dormir outra vez. Tivera um pesadelo e sua respiração ainda estava ofegante por causa das imagens assustadoras que giraram feito redemoinhos em sua mente adormecida. Um trovão retumbou do lado de fora e ela levou um susto ao sentir a casa tremer. Por mais que tentasse, não conseguia fechar os olhos sem sentir que estava sendo observada.
Os móveis escuros em seu quarto pareciam transformar-se em criaturas malignas sedentas para devorar quem ousasse adormecer. A jaqueta pendurada em um cabide era semelhante a uma pessoa parada, observando.
Camila sacudiu a cabeça afastando esses pensamentos.
Num canto estava o cetro, objeto mágico que ela tinha herdado do grande mago Bör. Alguns meses antes estivera em Oldora para encontrar o artefato que estava escondido numa caverna atrás das Cascatas da Dor. Depois disso teve de enfrentar Kardof, um homem cruel capaz de qualquer coisa para conseguir poder. Na batalha contra o inimigo teve de enfrentar os próprios medos e superar o pouco conhecimento de magia que tinha. Ademais, soube que o tio, Abelardo, morreu durante a luta.
* 11 *
Camila decidiu levantar-se da cama e ir até a janela para observar a tempestade. Afastou as cortinas para o lado e viu o gramado ensopado brilhando com a luz dos postes na rua. Vários sapos saltavam de um lado a outro procurando poças de água para molhar-se. Os galhos das sequoias balançavam violentamente e as sebes eram sopradas para trás enquanto lutavam para permanecer no lugar sem terem as raízes arrancadas.
Um relâmpago iluminou o jardim por um breve momento e Camila conseguiu enxergar o poço de pedra que servia de portal para Oldora. Duas vezes por semana entrava nele para sair na cabana de Joe, o anão, e ter aulas de magia. Seu amigo Argo, o centauro, ensinava-lhe sobre poções e plantas mágicas. Ela sentia que aos poucos estava ficando forte e já sabia executar várias fórmulas mágicas que antes pareciam difíceis ou consumiam uma quantidade grande de energia.
O som cortante do vento arranhou a noite e em algum lugar uma coruja piou. Provavelmente a ave estava empoleirada num galho úmido esperando que a chuva desse uma trégua para ir a um local mais seco. A garota continuou observando a rua vazia enquanto tentava livrar a mente da terrível sensação de medo. Não conseguia lembrar-se do pesadelo, mas tinha certeza de que tinha sido algo ruim, pois acordara de um salto.
Outro trovão quebrou o ritmo da chuva que se derramava feito uma cortina e em alguma casa um cachorro uivou, lamentando. O
jardim foi iluminado mais uma vez e os sapos saltaram todos ao mesmo tempo, assustados.
* 12 *
Ela pensou em voltar para a cama, mas antes que tirasse os olhos da janela, ouviu o som de alguma coisa caindo atrás de si. Virou-se rapidamente com o coração disparado. Reprimiu um grito ao ver a criatura ali agachada: era um lobo, do tamanho de um homem. Os pelos eram grossos e escuros, negros como a noite. As patas eram grandes, com unhas afiadas e sujas. Seus olhos eram dourados e o focinho úmido farejava o ar. Ele estava usando um pijama verde com bolinhas brancas.
Nenhum dos dois se moveu. Ambos ficaram esperando o ataque um do outro e — antes que a garota fizesse alguma coisa — o lobisomem abriu a boca, mas não para uivar. Ao invés disso, foi possível ouvir quatro palavras.
— Acho que assustei você.
A garota não soube como reagir. Ainda estava encarando o fato de que havia um lobisomem falante de pijama em seu quarto. Como a criatura não se mexeu e não falou mais nada, Camila murmurou:
— Quem é você?
O lobisomem continuou petrificado.
— Por que você está em meu quarto?
Após perceber que não sofreria ataque, o ser se mexeu e ficou em pé. — Eu vim trazer uma mensagem de meu rei.
— Rei?
— Sim. O rei dos lobos pediu que eu viesse lhe trazer uma mensagem. — Ele tirou (com certa dificuldade) um envelope amarrotado de dentro do bolso do pijama e se aproximou cautelosamente da garota como se temesse um ataque. — É urgente.
* 13 *
Camila pegou a carta e leu o pedaço de pergaminho rapidamente.
Prezada Camila, herdeira de Bör
Eu, Augusto, Rei dos Lobos e Primeiro de Meu Nome, Senhor da Floresta Espinhosa, gostaria de alertá-la sobre um perigo eminente que se aproxima. Tenho a informação de que um exército está se formando nas Montanhas Nubro para atacá-la. Eles querem o cetro de Bör, certamente. Gostaria de propor uma aliança. Preciso que venha até o Castelo de Três Torres o mais rápido possível para que seja possível começarmos a defesa de Oldora.
Se possível, confirme sua presença com meu mensageiro.
Atenciosamente,
Augusto, Rei dos Lobos e Primeiro de Seu Nome, Senhor da Floresta Espinhosa
A garota encarou o lobisomem.
— Um exército? O que está acontecendo em Oldora?
— Não posso dizer. É uma informação sigilosa.
Ela releu a carta rapidamente. Não estava conseguindo assimilar as coisas, talvez por causa do sono.
Acabara de receber a visita de um lobisomem com uma carta de seu rei anunciando que um exército inimigo estava se formando. Foi impactante perceber que a paz de Oldora estava sendo ameaçada outra vez. Além disso, não sabia se podia confiar no mensageiro ou no conteúdo da mensagem, pois poderia ser uma armadilha.
* 14 *
— Estive em Oldora esse tempo todo e nunca ouvi falar no rei dos lobos.
O lobisomem coçou a cabeça peluda.
— Há várias criaturas que ainda não tiveram tempo de saudar-lhe. — E se for uma armadilha?
— Meu rei nunca faria isso, é um homem justo.
Camila avaliou a situação. Não tinha escolha — precisava aceitar o convite. Se a história do exército fosse verdade, tinha novos inimigos para enfrentar e proteger o reino. Lembrou-se da rainha Masque dizendo que Kardof não era a única pessoa que tentaria roubar o cetro para instalar o caos no reino.
A garota estava prestes a confirmar sua presença quando um trovão ensurdecedor fez os dois saltarem. O vento começou a açoitar a janela violentamente e por um instante Camila achou que o vidro seria arrancado. O lobisomem começou a farejar o ar e suas orelhas moveram-se impacientemente. Seus olhos arregalaram-se e uma das patas ergueu-se em direção à janela barulhenta.
Camila virou-se e sentiu um peso no estômago ao ver três sombras movendo-se do lado de fora. Pareciam três pessoas tentando arrebentar a janela para entrar no quarto. Ela correu até as cortinas e puxou-as com força. Seu coração disparou ao ver um trio de pessoas altas e encapuzadas trajando longas capas escuras e máscaras polidas de metal que expressavam rostos em eterno sofrimento.
Um relâmpago as iluminou enquanto o lobisomem uivou e seu pelo eriçou-se.
— Que diabos…
* 15 *
Ela não teve tempo de terminar a frase. O vento soprou ainda mais forte fazendo as sequoias curvarem-se até tocar o chão e um dos punhos brancos conseguiu quebrar um pedaço do vidro. Gotas de chuva começaram a invadir o quarto e as rajadas gélidas de ar rodopiaram pelo recinto.
Camila gritou.
— Vamos sair daqui! — berrou o lobisomem. Ele fez sinal para que Camila o seguisse.
A garota agarrou o cetro e saiu correndo. Os dois percorreram o corredor e chegaram à sala no exato instante em que a janela do quarto terminou de ser destruída. Trovões retumbavam na noite e a tempestade tornou-se ainda mais violenta. O vento estava tão forte que a porta de entrada se escancarou e tudo começou a ser varrido pela força da natureza. Folhas de papel rodopiaram no ar e o sofá foi arrastado para a frente como se fosse tão leve como uma caixa de papelão vazia. O lustre balançou perigosamente acima da cabeça da herdeira.
O lobisomem correu porta afora e foi seguido pela garota.
Quando estavam diante do portão, ela lembrou-se da mãe que ainda dormia.
— Não temos tempo!
— Preciso voltar. — Ela girou nos calcanhares e seguiu até a porta, mas o lobo foi mais rápido e deu um salto muito ágil. Sua boca se abriu e foi possível ver os longos dentes afiados como adagas.
Camila achou que seria morta, porém o lobo mordeu sua camiseta de pijama e a impediu de continuar. Ela tentou dar mais alguns passos, entretanto ele a puxou com ainda mais força.
Os dois se aproximaram da rua e as figuras apareceram na porta.
* 16 *
Vários raios luminosos voaram na direção deles e Camila quase foi atingida no rosto. O lobo rosnou e a arrastou para longe dali, até um arbusto cheio de flores. Ela resistiu e tentou voltar, as lágrimas que escorriam por seu rosto se mesclavam com as gotas de chuva. Havia um grande buraco no gramado que o lobo havia feito minutos antes e a herdeira foi puxada para dentro. Antes que conseguisse desaparecer no subterrâneo, porém, foi atingida por um raio de luz amarelo e imediatamente foi engolida pela inconsciência.
* 17 *
CAPÍTULO DOIS
O Castelo dos Espinhos
Quando abriu os olhos, Camila estava deitada numa cama alta com um colchão de palha. O cheiro de mofo penetrou por suas narinas e ela jurou ter sentido pulgas mordendo seus braços e pernas.
Sua cabeça girava lentamente e era difícil focar a visão ou organizar os pensamentos. Sentiu a respiração normalizar enquanto tentava lembrar-se como tinha feito para chegar ali, já que não estava em casa.
Imediatamente sua mente foi tomada por imagens da chuva, de um trio encapuzado, de um lobisomem e da fuga. O rosto de sua mãe pairou acima do turbilhão de pensamentos e parecia que a herdeira tinha levado um soco no estômago.
Levantou-se tão abruptamente que os músculos protestaram.
Camila percebeu que estava com os pijamas sujos de lama e havia vários torrões de terra presos em seu cabelo. Olhou ao redor e se deparou com um quarto pouco iluminado, circular, pequeno e abafado. As janelas estavam fechadas e havia tapeçarias velhas e devoradas pelas traças nas paredes de pedra cinzenta. Um baú velho estava jogado aos pés da cama.
Dirigiu-se à porta e girou a maçaneta. Respirou o ar fresco da noite enquanto encarava a escada à sua frente, embebida pela escuridão. Ouviu o crepitar do fogo nas tochas presas às paredes e
* 18 *
notou uma sombra que dançava com a luz bruxuleante logo abaixo.
Pelo tamanho das orelhas, tinha certeza de que era outro lobisomem.
Desceu os degraus lentamente. Não sabia se devia ficar no quarto até ser visitada por alguém ou se podia sair. Fingiu tossir ao se aproximar do lobisomem nos últimos degraus para não o assustar e correr o risco de ser atacada.
Ele usava armadura completa, incluindo um elmo espalhafatoso cheio de penas vermelhas. Ademais, segurava uma lança. — Herdeira — cumprimentou com respeito. — Achei que você não acordaria antes do início de um novo dia. Deseja alguma coisa? Camila não soube o que responder. Precisou de alguns segundos embaraçosos antes de responder ao guarda.
— Onde estou?
— No Castelo dos Espinhos, propriedade do rei Augusto. Sabe como chegou aqui? — O lobo parecia bastante preocupado.
— Acho que sim.
— Precisa comer algo? Apesar do horário, posso providenciar algo nas cozinhas e em seguida levo ao quarto.
A garota franziu o cenho.
— Isso significa que não posso sair de lá?
— Não — ao ver a expressão assustada da garota, emendou —
Por motivos de segurança.
Camila precisou repetir algumas vezes que não estava com fome até conseguir voltar para o quarto. Lá dentro, aproximou-se da janela e observou a paisagem. Uma floresta escura se alongava até o horizonte em tons de púrpura. Ao invés de árvores recheadas de folhas
* 19 *
só era possível ver gigantes galhos secos retorcidos e enrolados uns aos outros. Cada um deles tinha espinhos dourados dos mais variados tamanhos. A terra parecia seca e arbustos cheios de flores vermelhas estavam espalhados pelo cenário. A herdeira estava no topo de uma torre e conseguiu enxergar finos ramos também cheios de espinhos que escalavam a parede e contornavam a janela.
O sol foi surgindo aos poucos e o céu começou a ser tomado por tons de azul.
Camila levou um susto quando alguém bateu na porta com mais força do que era necessário. Com o coração aos saltos, encarou o lobisomem que esperava do outro lado. Era o mesmo que antes estava ao pé da escada.
— Trouxe algumas coisas para seu desjejum. — Ele carregava uma bandeja prateada.
A garota deu uma olhada na comida. Havia uma tigela com leite e uma mistura de sementes, torradas com manteiga e algumas uvas. A xícara de chá estava arrumada em cima de uma poça do líquido fumegante que derramara.
O lobisomem entregou a bandeja e saiu, sua armadura retinindo enquanto descia a escada.
Apesar da preocupação, Camila sentiu que comeria o triplo daquilo que tinha sido oferecido. Um fiapo de ânimo percorreu por seu corpo ao comer as sementes. Voltou à janela ao terminar e viu a movimentação de lobos e homens no exterior do castelo, além de um pequeno grupo de mulheres.
O guarda voltou meia hora depois, com o semblante mais sério.
— O rei está na Sala dos Mapas. Ele quer conversar.
* 20 *
Camila sentiu o nervosismo aflorar. Conversaria com Augusto, rei dos lobos. Queria saber se ele tinha alguma informação sobre Anabela e pediria para voltar à casa onde ocorrera o ataque. A garota pegou o centro que estava encostado ao lado da cama e desceu os degraus de pedra na companhia do lobisomem.
Os corredores continuavam escuros, mas agora estavam cheios de homens andando de um lado a outro carregando espadas, caixas ou rolos de pergaminho. Todos pareciam muito ocupados e poucos notaram Camila e o cetro. Esses ficaram boquiabertos e cutucaram os colegas próximos para olhar.
Camila foi levada por uma galeria cheia de arcos até uma grande porta dupla de carvalho. O lobo bateu a lança com força no chão cinco vezes e a porta foi aberta pelo lado de dentro. Ele não entrou no recinto e fez sinal para que a herdeira seguisse adiante.
A Sala dos Mapas era um aposento grande, circular, com paredes cobertas por prateleiras de madeira recheadas de livros. Havia uma grande mesa no formato de uma lua posicionada no centro da sala e vários pergaminhos estavam espalhados por sua superfície polida. No chão havia um belo tapete em tons de roxo e vermelho.
Espremida entre as prateleiras, ao fundo do recinto, havia uma única janela de vidro empoeirado e um homem estava parado ali, em pé, de costas para Camila.
Quando a porta dupla se fechou, o homem suspirou pesadamente. Levou ainda alguns segundos até que se virasse para encarar sua hóspede.
Era um homem muito alto, musculoso, de costas curvadas.
Manchas escuras emolduravam os olhos dourados e a pele macilenta parecia um pouco mais cheia de vida com a luz solar que entrava pela
* 21 *
janela. Os longos cabelos escuros do homem desciam até a cintura e a barba rala era nada mais que uma mancha cinzenta no rosto cansado.
Suas longas vestimentas roxas estavam cobertas por um manto vermelho que se derramava pelo piso de pedra.
— Herdeira… — murmurou o homem com uma animação forçada na voz. — Fico feliz em conhecê-la, apesar das circunstâncias.
Um peso desabou no estômago da garota. Tinha a leve impressão de que estava prestes a ouvir notícias ruins.
— Meu nome é Augusto, Rei dos Lobos, Filho do Canino e Senhor dos Espinhos. — Camila não sabia como reagir e fez uma reverência desajeitada. — Títulos. Servem apenas para pesar muito mais que a coroa em minha cabeça.
A herdeira reparou na bela coroa dourada. Várias pontas retorcidas representavam as plantas cobertas de espinhos que vira de seu quarto na torre.
— Peço desculpas pelo modo como meu mensageiro agiu, mas creio que ele não teve outra alternativa senão arrastá-la até o castelo.
Foi a melhor forma de fugir. — Ele se aproximou da mesa e sentou-se numa grande cadeira no meio. Indicou uma cadeira à sua frente para que Camila se sentasse. — Imagino que você queira saber nossas descobertas sobre o ataque.
— Onde está minha mãe? — Foi impossível segurar a pergunta.
O rei torceu o rosto numa expressão preocupada.
— Logo que meu mensageiro chegou com você, mandei minha melhor alcateia até sua casa para investigar o ataque e tentar encontrar sua mãe. Infelizmente, ao chegarmos…
Camila sentiu um nó na garganta.
— Bem, eles fugiram e levaram sua mãe.
* 22 *
A garota sentiu como se o chão tivesse desaparecido e sua cadeira estivesse sendo sugada pelo buraco no solo. Sua respiração ficou pesada e entrecortada.
— Para onde foram? — questionou com a voz embargada.
— Não sabemos. Segundo meu mensageiro, os atacantes estavam mascarados e não foi possível ver que tipo de criatura invadiu sua casa. Eles tentaram farejar o lugar, mas os rastros desapareciam abruptamente. Isso significa que os invasores usaram magia para desaparecer.
— E agora?
— Talvez o ataque tenha alguma relação com o exército que está se formando nas Montanhas Nubro… não ficaria surpreso se a mesma pessoa estiver por trás disso tudo. — Augusto torceu as mãos.
— Precisamos conversar sobre o futuro de Oldora, pois você é a peça fundamental para