Vazios poéticos

De Pedro Duque

Nunca tive a melhor relação do mundo com a leitura, não era o melhor na grafia ou gramática, mas a poesia sempre teve um lugar especial dentro de mim. Ainda não entendia como, mas foi em 2020 que, durante uma noite de sono, um texto veio à minha mente. Palavras que jamais havia visto antes reunidas de tal maneira. Rapidamente acordo, anoto e volto a dormir. Nascia assim o inacabado, meu primeiro poema: curto, mas com tanta profundidade que despertou algo em mim. Meses se passaram e, em conversa com um peguete, contei do poema e, juntos, escrevemos mais um.
Desde aquele dia, a poesia tomou conta de mim. Pensamentos, ideias e frases surgem em diferentes contextos e praticamente se escrevem sozinhas no bloco de notas do meu celular. Muitos guardei comigo, mas alguns são compartilhados por meio das redes, afinal são pequenas partes de mim que, feito folhas, se desprendem do tronco ao serem tocadas pelo vento.
Este compilado reúne poemas que escrevi ao longo dos anos de 2020, 2021 e 2022. Com este livro, decidi compartilhar com todos vocês. Nesta edição, o projeto dos vazios poéticos, que surgiu como uma necessidade de respiro em meio ao imagético, ganha um toque de arte e carinho com o convite a alguns amigos artistas para ilustrarem meus poemas. Não é porque são vazios que não merecem ser preenchidos com quem a gente ama, né?

• Idioma: Português
• Editora: Viseu
• Data de lançamento: 1 de mai. de 2023
• ISBN: 9786525451077

Pré-visualização do livro

Vinte

Arte por Marina Almeida

O inacabado

mas penso um dia poder plantar

as sementes que hão de acabar

com a fome

que há em nós.

(DUKE, 2020)

Arte por Isabel Fernandes

Até logo

longe de tudo

longe de todos

o vazio se depara

com as incertezas

do momento

em que não sabemos mais quem somos

o que se é

duvidar de si mesmo

a todo o momento

pra um dia lembrar

por meio de sonho ou devaneio

o que esquecemos

mas não ficou pra trás

porque trazer contigo e comigo

é a certeza de que há.

(DUKE, 2020)

Arte por Eduarda Marques

Teia de ter

te ver

e não poder te ter

te ver

e querer te ter

mas não poder te ter

te ver

e não poder tecer

as tramas que podíamos ter

num universo de infinitas linhas

a que mais anseio poder cruzar

é a única que não posso.

(DUKE, 2020)

Arte por João Incerti

Exaustão

exausto

exalo

busco o que há de fora

pra preencher

o que, de dentro, já se foi

perdeu-se no vazio do ser

que deixou de ser

e somente segue