Jornada Ágil de Qualidade: Aplique técnicas de qualidade no início do ciclo para implantação contínua de software

De Antonio Muniz, Carol Vilas Boas, Bárbara Cabral e Rodolfo Colares

Aplique técnicas de qualidade no início do ciclo para implantação contínua de software

> Conteúdo criado por 24 pessoas com experiências diversificadas e forte atuação no mercado

> Apresentação de framework ágil que integra práticas consolidadas de qualidade e que pode ser implantado em diversas organizações



O livro Jornada Ágil de Qualidade rompe os paradigmas no que diz respeito a esse tema. Por mais que aparente ser um livro técnico, ele proporciona uma imersão na evolução das competências de Quality Assurance-QA.

Para um iniciante ele será a base, para um profissional atuante na área ele mostrará o caminho para o futuro e para um especialista ele trará técnicas e conceitos que revolucionarão a forma de atuação.

Convidamos você a entrar nessa Jornada e percorrer esse caminho rumo à qualidade.



O terceiro livro da comunidade Jornada Colaborativa é a prova viva de que pessoas com propósito são capazes de mudar o mundo!

Este conteúdo incrível foi construído em 3 meses por pessoas auto-organizadas, parabenizamos a todos que mergulharam neste sonho.

Agradecimento especial para o InMetrics e todas as organizações que apoiam nossa comunidade nos eventos beneficentes e workshops em todo o Brasil.

Idealizadores da Jornada Ágil de Qualidade

Antonio Muniz

Carol Vilas Boas



Colaboradores:

Alexandre Costa Santos

Analia Irigoyen

Camila Carta

Fernanda Belmont Reis

Fernanda Maria Duarte Vieira

Filipe Salvador Silveira

Gabriela Eufrasia

Guteemberg Carvalho

Henrique Moraes Ramos

Katiana Maia

Leonardo Gallardo

Luan Miguel Carvalho Linares

Lucas Tagliani Aguiar

Maiana Alebrant Momm

Mariana Elisa Moisés

Mayara Ribeiro Fernandes

Mônica Cachoni

Omayr Brun Cardoso Zanata

Rodrigo Fittipaldi

Rodrigo Vieira

• Idioma: Português
• Editora: BRASPORT
• Data de lançamento: 15 de jan. de 2020
• ISBN: 9788574529547

Antonio Muniz

https://www.linkedin.com/in/muniz-antonio1/

Pré-visualização do livro

PARTE I. NECESSIDADES DAS MUDANÇAS

1. Transformação ágil e digital

Antonio Muniz

Bárbara Cabral

Rodolfo Colares

A transformação digital é totalmente dependente da jornada ágil de qualidade, visto que se torna mandatório garantir implantações contínuas e adaptação ao mundo cada vez mais acelerado onde vivemos. No livro A quarta revolução industrial (2016), Klaus Schwab, fundador e presidente do Fórum Econômico Mundial, estabelece três razões que explicam por que a transformação digital é totalmente diferente de tudo que já vivemos até o momento:

1. Velocidade: em vez do ritmo linear das revoluções anteriores, a transformação digital é exponencial. Um aplicativo de sucesso pode ser usado por bilhões de pessoas em pouquíssimo tempo.

2. Amplitude e profundidade: a revolução digital leva às mudanças sem paradigmas na economia, nos negócios, na sociedade e nas pessoas.

3. Impacto sistêmico: transforma sistemas entre países, empresas e sociedades.

Esse cenário veloz exige profissionais com ownership da qualidade e clareza imediata do impacto das suas ações. A velha frase fiz a minha parte e agora está na área de testes é cada vez mais inapropriada, pois não há mais tempo para essas idas e vindas entre departamentos e equipes.

Observe na Figura 1.1 que o tempo é cada vez menor para uma tecnologia ou produto alcançar 50 milhões de usuários. A dependência de software com qualidade torna-se um requisito fundamental.

Além disso, o sucesso inicial de um produto ou serviço, hoje, não garante que ficará muito tempo na preferência dos clientes. O Pokémon GO teve um alcance impressionante nas primeiras semanas, mas quantos ainda o usam atualmente?

Figura 1.1. Tempo para alcançar 50 milhões de usuários.

Fonte: MUNIZ; IRIGOYEN, 2019.

Existem várias iniciativas que colaboram para a transformação digital e a Figura 1.2 destaca alguns exemplos que são totalmente dependentes de software com qualidade.

Figura 1.2. Iniciativas que apoiam a transformação digital.

Fonte: MUNIZ; IRIGOYEN, 2019.

Sem automação, tudo é feito de forma manual, as tarefas são repetitivas e com o tempo o homem descobriu que podia usar a tecnologia para fazer essas tarefas enquanto poderia empregar o seu intelecto e seu tempo em outras atividades que envolvam mais criatividade e inspiração. Isso faz com que as diversas atividades do passado se tornem cada vez mais automatizadas e exigem dos novos profissionais que trabalhem de forma diferente, mais alinhados com a realidade da transformação digital.

Para as gerações que não nasceram no mundo digital, a velocidade das mudanças pode assustar. Alguns profissionais ainda tendem a se agarrar nos velhos hábitos e, com isso, não conseguem entender o que fazer para se adaptar mais facilmente às mudanças. Essa velocidade que a tecnologia traz para dentro das empresas permite mudar de forma mais dinâmica e pensar em diferentes formas de negócio através de pesquisas e experimentação. Dessa forma, a empresa consegue dar abertura à inovação.

Em 2016, a revista Época publicou um artigo informando que dentre o número de startups que foram criadas nos últimos cinco anos 74% já não existem mais. Contudo, em 2018 o cenário começou a mudar. Uma pesquisa da ABStartup foi realizada com cerca de mil startups e mostra que 88% dos empreendedores acreditam que o acesso ao capital deve melhorar e que ainda 41% dessas empresas estão no momento de tração, ou seja, na última fase da startup, na qual ela é praticamente obrigada a crescer ou morrer. Em outras palavras, há um celeiro de oportunidades nesse mercado à espera de melhora de capital e de um ambiente de negócios mais promissor.

Atualmente, grandes empresas têm procurado as startups que deram certo para entender que ambiente é esse de inovação e crescimento acelerados que conquista uma grande fatia de mercado em tão pouco tempo. Essas empresas de crescimento rápido e em escala são chamadas de organizações exponenciais e são acessadas, visitadas e estudadas por grandes empresas que querem trazer essa velocidade de aprendizado e constante mudança para dentro do ambiente corporativo.

Mas, afinal, o que é uma transformação digital? Como perceber que uma transformação está acontecendo? Aonde as empresas querem chegar?

Podemos apontar três grandes marcos em uma jornada que definem as etapas de uma transformação digital:

✓Analógico para digital. Para poder se mostrar competitiva no mercado é preciso ter acesso à informação, de maneira rápida e fácil. Atualmente, estamos vivendo uma era digital em que as empresas que não têm suas informações digitalizadas precisam estar lado a lado com essa era digital, afinal ninguém tem tempo a perder gerindo uma empresa com cartões, relatórios e documentos em papel.

✓Automatização de processos repetitivos. Dizem que o computador foi a invenção do milênio e que a partir dele ganhamos o poder de criar: criamos processos automatizados, criamos aplicações, basicamente resolvemos diversos problemas do dia a dia das empresas com programas de computadores utilizando aquelas informações do backoffice que digitalizamos na etapa anterior.

✓Escala e adaptabilidade. Aqui entramos em um mar profundo, porque mudanças acontecem o tempo todo no mercado e muitas vezes elas são cabais para os modelos de negócios de diversas empresas, obrigando-as a se adaptar ou pivotar. Antônio Costa ( trainer oficial da Scrum.Org), um amigo e um líder, define transformação digital em três elementos:

•Maestria em agilidade , para ter feedback constante e conseguir se adaptar a um universo complexo.

•Design , com pensamento constante em experiência do usuário sempre deixando a oferta atrativa.

•Engenharia estruturada, para ter um ambiente de fácil escalabilidade, fazendo mais com menos.

Quando falamos de escalabilidade, tudo o que as empresas querem com a transformação digital é ter um crescimento exponencial, termo este que surgiu no livro Organizações Exponenciais, em 2014. Ele se refere ao impacto do crescimento desproporcionalmente maior que outras empresas causam quando comparadas a empresas de modelo tradicional. Essas organizações chegam a crescer dez vezes mais rápido por conta da inovação e a favor do negócio, trazendo conceitos disruptivos ao mercado.

Para uma empresa no modelo tradicional crescer, ela também tem um aumento de custos, novos galpões, novos escritórios, novos funcionários, mais maquinários, etc. Tudo isso exige um custo proporcional ao crescimento da empresa. Já uma organização que tem um crescimento exponencial consegue escalar a entrega do serviço; por exemplo, o WhatsApp, que tinha apenas 55 funcionários que suportavam toda a operação do aplicativo, foi vendido por mais de 19 bilhões de dólares. Esse é o espírito da exponencialidade.

Organizações exponenciais têm muito claro o propósito para o qual estão trabalhando alinhados com o crescimento que precisam ter. Dessa forma, as pessoas são atraídas para esse propósito, bem como se unem buscando um mesmo objetivo: ter liberdade, foco, energia e motivação para lançar novas ideias no mercado para fazer o sonho se tornar realidade. As estratégias estão sempre alinhadas dentro de um propósito maior, que é realmente tornar o mundo melhor e impactar a sociedade de forma positiva.

Em 2015, Laszlo Bock lançou um livro chamado Um novo jeito de trabalhar, que mostra detalhes sobre a cultura da Google. O livro foi eleito um dos melhores livros de negócios pela The Economist, pela Forbes e pelo Business Insider.

Alguns dos princípios abordados no livro são:

✓Contrate apenas pessoas melhores do que você em alguma coisa, mesmo que isso demore mais tempo.

✓Use dados para prever o futuro em vez de confiar em seus próprios pensamentos.

✓Transparência é essencial, sendo que todas as informações podem ser compartilhadas com toda a equipe em vez de manter informações ou dados não revelados.

✓Feedback leve e objetivo no repasse e mente aberta para receber o feedback .

✓Aprendizado constante com os melhores e os piores funcionários.

✓Tirar a unicidade de poder dos gerentes e empoderar o time.

✓Priorizar questões relacionadas aos interesses coletivos.

✓Não desconsiderar interesses individuais.

✓Valorizar protagonismo individual de todos os membros do time e não apenas do líder técnico.

Pode parecer muito assustador saber que tudo o que conhecemos no determinado momento em que você está lendo este livro pode acabar dentro de pouco tempo. A verdade é que as mudanças vão continuar acontecendo com velocidade e fica muito difícil saber o que vai acontecer no futuro. É um mundo de muitas incertezas para todas as organizações, tanto que muitas empresas têm abandonado todo planejamento estratégico a longo prazo em prol de modelos mais ágeis de tomadas de decisão. E isso impacta a vida das pessoas de forma direta e indireta.

No cenário que estamos enxergando, nós temos duas atitudes: ou somos agentes desse processo, tomando a iniciativa, ou alguém vai fazer isso por nós. Ou seja, a mudança virá e que papel nós devemos assumir nesse processo?

Daí surgem muitas dúvidas para nós:

✓Como ficam nossos empregos?

✓Será que a nossa profissão existirá no futuro?

✓Tudo o que nós aprendemos até o momento não será mais utilizado?

✓O que precisamos saber para nos manter no mercado?

✓Além das habilidades técnicas, quais habilidades adicionais precisamos aprender?

Em um primeiro momento, tudo o que a gente faz é linear, ou seja, definimos metas e etapas para cumprir tudo o que fazemos. É preciso haver uma ruptura no modelo tradicional mental para uma flexibilidade de pensamento e adequação rápida às mudanças (Figura 1.3).

Figura 1.3. Crescimento exponencial x linear.

Fonte: ISMAIL; MALONE; VAN GEEST, 2014.

1.1. Referências

BOCK, Laszlo. Um novo jeito de trabalhar. Rio de Janeiro: Sextante, 2015.

FONSECA, Mariana. Afinal, o que significa transformação digital? Exame, 06 dez. 2018. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/videos/dicas-para-empreendedores/afinal-o-que-significa-transformacao-digital/>. Acesso em 19 set. 2019.

FORTUNE 500: quais as três empresas que sobrevivem no top 10 desde 1955. ÉPOCA NEGÓCIOS ONLINE, 21 maio 2018. Disponível em: <https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2018/05/fortune-500-quais-tres-empresas-que-sobrevivem-no-top-10-desde-1955.html>. Acesso em: 19 set. 2019.

GPTW. Pessoas + Tecnologia = Alinhamento Digital. Disponível em: <https://gptw.com.br/consultoria/alinhamento-digital/>. Acesso em 19 set. 2019.

GREAT PLACE TO WORK BRASIL. WEBINAR: Transformação digital no mundo do trabalho. YouTube, 10 maio 2018. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?time_continue=280&v=ULZuz2kIWEw>. Acesso em 19 set. 2019.

ISMAIL, Salim; MALONE, Michael S.; VAN GEEST, Yuri. Organizações exponenciais: por que elas são 10 vezes melhores, mais rápidas e mais baratas que a sua (e o que fazer um respeito). Rio de Janeiro: Alta Books,