Jornada da Facilitação: um guia prático para agilistas, gestores e educadores para promover o engajamento e a colaboração das pessoas e criar resultados extraordinários.
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Sobre este e-book
Conteúdo criado por 72 pessoas com grande atuação no mercado e no meio acadêmico, com experiências complementares e cases reais.
Apresentação de 10 técnicas, ferramentas e práticas de facilitação, além do kit de ferramentas da Jornada.
"Tenho certeza de que será uma grande ajuda para muitas pessoas que desejam facilitar discussões em grupo, exercícios, workshops ou aulas." – Jurgen Appelo, prefaciador.
A Jornada Colaborativa
Era uma vez um professor universitário que sonhava em lançar um livro quando finalizou o mestrado em 2006. O sonho começou a ser concretizado em 2017 com o livro "Jornada DevOps", mas alguns obstáculos travaram sua evolução após a escrita de três capítulos.
Em setembro de 2018, durante sua palestra na PUC Minas, surgiu um click: "Será que outras pessoas apaixonadas por DevOps ajudariam com a escrita colaborativa?"
Dezenas de colaboradores aceitaram o convite e o livro foi lançado para 350 pessoas no dia 06 de junho de 2019 no Centro de Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro.
A escalada dos times gerou novas amizades, aprendizados, doação de R$ 298.590,00 para instituições com o lançamento de 15 livros e sonhamos transformar mais vidas com a inteligência coletiva e o apoio de empresas amigas.
Coautores:
Adriana Brandão
Alessandra Argona
Alessandro Seixas
Alex Palermo
Anderson Sales
Andréa Cordoniz
Antonio Muniz
Aparecida Laino Entriel
Cacilda Andrade
Caio Monfort
Carlos Eduardo
Caroline Carmona
Daniel Moraes
Déborah Zavistanavicius Zapata
Delano de Milano
Deyse Krüger
Douglas Castanharo
Erica Motta
Fabrício Gama
Felipe Oliveira
Flaviana Rampini do Couto
Franciele Koch
Gabriel Fernandes
Gabriel Vaz
Gisele Botelho
Gustavo Andrade
Hilton Menezes
Isabel Coutinho
Jailson Barbosa
Jalber Pessoa
Janaina Lamas Filgueiras
José Hélio Ferreira da Costa
José Santana Júnior
Juliana Acosta Zavata
Juliano Spanevello Fitz Cainelli
Juliana Yuri Andó
Júnior Rodrigues
Karla Karolina Cavalcanti de Lima e Silva
Leonardo Cruz
Leoneide Tonso
Lucas Tito
Luciana Soares da Silva
Luisa Escobar
Luiz Eduardo Labriola
Marcantonio Fabra
Marcia Maximiano
Márcia Rodrigues Campos
Mateus Rocha
Mauricio Moreira da Silva
Meire Helen Batista Dias
Nathielly Campos
Nelson Júnior
Nilton Assis
Paulo Boccaletti
Paulo de Tarso
Perla Cenci
Queli Silva
Rafaela Sampaio
Raquel Rodrigues
Reinaldo Viana
Ricardo Lima Cardoso
Roberta Ferreira
Robertha Magalhães Rodrigues
Rogério F. Roberto
Ronaldo Menezes
Sarah Lopes
Solange Oliveira
Thiago Brant
Vânia Oliveira
Vasco Roberto Marinho Braga
Victor Gonçalves
Yuri Bilinski Escarião
Antonio Muniz
https://www.linkedin.com/in/muniz-antonio1/
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Jornada da Facilitação - Antonio Muniz
PARTE I
KNOW (PRINCÍPIOS)
1. O que é e por que precisamos?
Alessandra Argona
Introduz o conceito da facilitação e sua importância para as pessoas e organizações.
Facilitar é fácil? Embora a raiz da palavra seja a mesma, a tarefa da facilitação é repleta de desafios e meandros, possuindo técnicas, ferramentas e habilidades necessárias para que sejam alcançados os resultados esperados de forma efetiva. Vamos juntos nessa jornada e entender o que tudo isso quer dizer?
O que é facilitação?
Segundo o Dicionário Informal (s.d.), fa.ci.li.ta.dor é um adjetivo, nome masculino: 1. que ou aquele que simplifica ou torna fácil. 2. Dinamizador
.
Diante do exposto, podemos dizer que gerentes, líderes de times, pesquisadores e consultores trazem consigo, ou pelo menos deveriam trazer, a essência da facilitação, para engajar aqueles que estão sob a sua liderança, em prol do desenvolvimento individual e coletivo.
Veremos, nos próximos parágrafos e no decorrer de todo este livro, todos os aspectos que envolvem o que de fato é ser um facilitador.
Podemos dizer que um dos papéis do facilitador é guiar as pessoas, mostrar o caminho a ser seguido, para que elas se desenvolvam e tenham autonomia para desempenhar suas funções de forma plena, com foco no objetivo a ser alcançado e nas habilidades requeridas para tal.
Ele desperta nas pessoas o comprometimento, a importância do papel de cada um no contexto em que estão inseridos e, o mais importante, a capacidade que todos temos de contribuir com base em nossas experiências.
Outro papel do facilitador é também saber como introduzir assuntos provocativos e/ou difíceis em uma discussão sem ser manipulador e sem dar sua opinião pessoal, colocando-se como coadjuvante do processo. É usar métodos e técnicas eficazes ao conduzir reuniões e/ou workshops, agregando todos em um debate participativo, visando alcançar o resultado pretendido (CAMERON, 2005).
Ser facilitador é também ser líder, ter empatia, inteligência emocional, criatividade, comunicação verbal e corporal. É falar, mas também saber ouvir. É não só confiar, mas também criar meios de promover a confiança.
É dar o exemplo através de suas atitudes, quebrando paradigmas que, com o avanço da tecnologia e a evolução da humanidade, caíram por terra e mostraram não mais serem eficazes diante do cenário atual em que vivemos. Como, por exemplo, fazer o uso de ferramentas que possibilitam atividades remotas e considerar os participantes como parte ativa das atividades e não apenas como ouvintes.
E o mais importante: ser facilitador é ser gente, acreditar nas pessoas e gostar de trocar experiências. É ser paciente e entender que cada um tem o seu tempo para assimilar novos conceitos e mudar atitudes, e nunca desistir dos desafios que surgem com o passar do tempo.
Isso porque a persistência faz com que o facilitador desenvolva novas técnicas que vão aprimorar cada vez mais a sua capacidade de transmitir a informação, compartilhar novos conceitos e técnicas e engajar as pessoas.
Essa sinergia enriquece a troca de conhecimento e permite que o facilitador atue de forma efetiva e crie condições para que a mensagem flua de modo claro e preciso entre os participantes.
Vejamos quais aspectos podem ser desenvolvidos com o auxílio da facilitação tanto no nível organizacional quanto no nível individual (THE INSTITUTE OF CULTURAL AFFAIRS, s.d.).
Nível organizacional
•Auxiliar no gerenciamento mais efetivo de ambientes complexos e/ou em constante mudança.
•Promover a interação entre times diversos e/ou multiculturais, contribuindo para a criação de times coesos e focados no objetivo comum.
•Estimular a confiança, a cooperação e o bem-estar no ambiente.
•Desenvolver a cultura da participação, na qual a diversidade, os pontos de vista e as experiências de cada um são essenciais.
Perceba que, nesse contexto, a facilitação é utilizada para integrar as pessoas aos processos organizacionais e permitir encontrar o meio termo entre o que a organização necessita e como as pessoas agem.
Quando usada na elaboração ou melhoria de processos, a facilitação torna-se uma ferramenta poderosa para o sucesso, visto que, através de workshops, ela viabiliza a discussão para o compartilhamento de ideias e a colaboração na elaboração de soluções.
Figura 1.1. Compartilhamento de ideias. Fonte: adaptado de Pixabay (s.d.).
Nível individual
•Desenvolver as habilidades interpessoais, possibilitando assim que cada um construa relacionamentos mais sólidos.
•Desenvolver o autoconhecimento, pois, conhecendo-se melhor, as decisões são tomadas com mais clareza, e não por impulso.
•Desenvolver a autoconfiança para o envolvimento em tomadas de decisão.
•Desenvolver as habilidades técnicas de cada indivíduo.
•Desenvolver habilidades de comunicação como escuta ativa (Capítulo 12), transparência, respeito, simpatia e empatia.
•Desenvolver a habilidade de gerenciar as partes interessadas.
Veja que, no nível individual, o foco da facilitação é ajudar as pessoas a se capacitarem para que elas se sintam confiantes e cumpram suas funções. É instigá-las a saírem dos casulos em que vivem e a quebrarem paradigmas que as impedem de progredir. É despertar em cada um o desejo da busca contínua pelo conhecimento e desenvolvimento.
Por que precisamos da facilitação?
Através de técnicas e métodos de facilitação, que serão vistos ao longo do livro, conseguimos estimular as pessoas a alcançar o propósito proposto, despertando novos pontos de vista e atitudes.
A facilitação possibilita descomplicar processos e assuntos para a melhor compreensão dos envolvidos, estimulando assim o engajamento de todos na transformação e que soluções mais efetivas possam emergir de suas ideias.
Note, entretanto, que não se faz necessário que sejamos um facilitador profissional
com algum certificado específico para utilizar essas técnicas e práticas (como retrospectivas e brainstorming, por exemplo) em reuniões, apresentações ou workshops.
Mas o facilitador deve desenvolver não somente a autopercepção, o autoconhecimento, a expressão corporal e a comunicação, como deve também: saber questionar; manter o foco; priorizar os tópicos; gerenciar o caos; lidar com a diversidade; e, acima de tudo, mensurar e acompanhar os resultados. Tais habilidades serão aprofundadas no decorrer do livro.
Você como líder, gerente, pesquisador ou educador pode, e deve, fazer uso dessas ferramentas a fim de atingir os seus objetivos e enriquecer a experiência de seus times, equipes e alunos (THE INSTITUTE OF CULTURAL AFFAIRS, s.d.).
Portanto, independentemente de qual for a sua área de atuação, lembre-se de que o facilitador é um líder imparcial com o propósito de auxiliar no desenvolvimento das partes para o sucesso do todo.
Figura 1.2. Trabalho em equipe. Fonte: adaptado de Pixabay (s.d.).
2. Onde a facilitação é usada e a sua conexão com ambientes ágeis e de inovação
José Santana Júnior
Apresenta de forma macro o mercado de facilitação e como se conecta com os temas relativos à agilidade, inovação, educação, consultoria etc.; além da persona do facilitador, com o objetivo de criar e manter o ambiente desafiador e harmonioso, em todos os níveis e grupos da organização.
O mercado para os facilitadores
Em função da velocidade e quantidade de mudanças decorrentes do mundo VUCA (do acrônimo em inglês volatility, uncertainty, complexity e ambiguity), as organizações em geral, tanto as que já utilizam frameworks ágeis quanto até as mais tradicionais, perceberam a importância de estabelecer o papel do facilitador, como vimos no capítulo anterior.
Um facilitador no contexto em que atua, além de promover um ambiente de rápida adaptação, também deve ajudar as pessoas a ter iniciativa, assumir riscos, ter bons relacionamentos, buscar soluções inovadoras e, não menos importante, ser capaz de inspirá-las.
É através do bom relacionamento e inspirando pessoas que é possível construir um ambiente seguro, onde todos se sentem confortáveis para colocar suas opiniões e, assim, contribuir para um trabalho em equipe.
O facilitador não necessariamente é parte da equipe, mas sim, por algum período, ele estará designado a atuar em uma equipe específica, principalmente atentando para algumas das atividades citadas anteriormente.
Ele precisa ainda ser capaz de conduzir o processo, ser aquele que aprende, que ensina ou que media interações, ou seja, uma pessoa que não interfere no resultado das ações, mas apenas que conduz com maestria para o caminho considerado adequado no ambiente em que ele está inserido.
A persona do facilitador e suas características são genéricas, permitindo que ele possa atuar em qualquer área. Na esfera corporativa, vemos que o facilitador está inserido em todos os níveis da organização: estratégico, tático e operacional.
Seu alcance vai desde o planejamento até a execução e pode estar presente em qualquer segmento de atuação: tecnologia, RH, marketing, educação, alimentação, bebidas, moda, construção, saúde etc.
Na área de educação, o facilitador está presente nas salas de aula (virtual ou on-line), na figura do professor ou instrutor, a fim de: promover a criatividade dos alunos; ensinar conceitos básicos; incentivar a troca de ideias, conhecimentos e experimentações; manter o ambiente em harmonia; e engajar os alunos ao estudo contínuo, não somente em tempo de aula.
Dessa forma, normalmente as competências de facilitação são encontradas ou desejadas em perfis como: Agile Coach, Team Lead, consultor, professor, instrutor etc. O foco desses profissionais não é somente em processos e entregas, e sim nas pessoas.
Independentemente da nomenclatura ou do rótulo intitulado, o resultado final esperado é de neutralidade de opiniões e foco em eficácia no atingimento dos objetivos com o trabalho realizado com os membros da equipe.
Atualmente, com a crescente disseminação da cultura ágil, o número de facilitadores está aumentando exponencialmente. Existem vários meios para se aprofundar nos conhecimentos a serem aplicados.
Porém, o primeiro deles está ligado ao autoconhecimento e à inteligência emocional, para que o facilitador preserve uma postura neutra diante da diversidade de ideias e opiniões, bem como para conduzir pessoas a um consenso. Conhecer a si mesmo é sempre o primeiro passo para conhecer o outro.
Onde a facilitação é usada?
A economia atual sugere que as organizações e os indivíduos que a compõem devam estar sempre atualizados com as evoluções. E a velocidade e a forma descentralizada com que isso ocorre impacta todos os envolvidos, seja a organização criadora de uma solução, seja também seus usuários.
Toda a diversidade presente em uma organização é representada pelo conjunto de valores e crenças de cada indivíduo, isto é, o repertório singular de cada membro de uma organização permite que seja estabelecida a cultura da empresa.
E é nesse ambiente heterogêneo, plural e de constante aprendizagem que surge o facilitador, que apoia times inteiros na tomada de decisões e definições importantes para a operação e a estratégia do negócio.
Conciliar as diversas perspectivas e criar um ambiente harmonioso para dinâmicas se apropriando de técnicas e habilidades são grandes objetivos da facilitação no universo corporativo. Dentro das organizações, em todos os processos o facilitador está sempre presente. A seguir citamos alguns deles:
Planejamento e objetivo estratégico
O alinhamento de objetivos estratégicos faz parte da agenda de toda empresa orientada a resultados e considera normalmente o cenário de negócios da empresa, portfólio de produtos e serviços, concorrentes e muitos outros tópicos.
O ponto central é que nesse momento do planejamento a organização realiza uma série de discussões para determinar seus resultados esperados para um ciclo e como estrategicamente atuarão para chegar lá.
Nessa etapa também são desenvolvidos ou revisados os valores, a missão e a visão da organização. Torna-se cada vez mais comum abordar esses eventos de planejamento com a facilitação, criando uma atmosfera mais colaborativa e explorando diversos ângulos e possibilidades.
Facilitação estratégica e revisão de processos
O processo de planejamento e facilitação estratégica tem como finalidade organizar e desenvolver os novos processos das organizações, além de ajudar nas escolhas de utilização de novas tecnologias.
A facilitação de uma mudança é importante para que as pessoas envolvidas se preparem para os novos processos através de reuniões e conversas para tirar dúvidas e treinamentos. Afinal, cada vez mais temos um foco nas pessoas e suas relações nas organizações.
Formação e engajamento dos times e facilitação gráfica
Esse é um dos pontos fundamentais da agilidade: indivíduos e interações. As pessoas vão se relacionar entre elas dentro dos times e também com pessoas de times diferentes.
Para garantir que essas pessoas estejam em um ambiente harmonioso e o menos burocrático possível, devemos ter um time com grande sinergia e multidisciplinar. Para que uma equipe trabalhe em alto nível de desempenho, é fundamental uma excelente liderança que extraia o melhor do time e uma cultura organizacional que compreenda a agilidade de forma clara e objetiva.
A liderança e a cultura são duas características que aumentam o engajamento da equipe. A liderança deve encorajar as pessoas a transmitir suas ideias e fazer essas pessoas interagirem em um ambiente saudável. Os times devem ter seus participantes valorizados, reconhecidos e com liberdade e autonomia.
A filosofia com feedbacks em tempos curtos permite que o integrante do time aumente seu engajamento. Nas equipes ocorre também uma comunicação bilateral da liderança com o time.
Uma das formas que o facilitador tem de interagir com a equipe é por meio de conversas com o time, dinâmicas e através de ilustrações gráficas ou anotações visuais. Essas ilustrações gráficas podem ser feitas por desenhos à mão ou não, gráficos, colagens etc. A facilitação gráfica procura focar nas informações principais a serem passadas ao grupo. Uma técnica usada é o visual thinking, que será explorado mais à frente nesta obra.
Criação e desenvolvimento de soluções
Nesse momento de criação e desenvolvimento é que os processos planejados no alinhamento estratégico e implementado nos planejamentos de facilitação e mudanças são colocados em prática com todas as características dos métodos ágeis: grupo multidisciplinar, a figura do facilitador para remover os impedimentos e o trabalho em ciclos de iteração provocando maior interação das pessoas envolvidas.
Na criação do produto, temos que conseguir as informações do cliente para conhecer suas necessidades e obter um escopo inicial, onde serão geradas amostragens (protótipos) para o cliente visualizar e validar se está no caminho correto.
Para o desenvolvimento de soluções, o escopo inicial é dividido em atividades menores formando o backlog. A equipe executará essas atividades em forma de ciclos de iteração e a cada fim de ciclo é avaliado o resultado gerado. Todas essas iterações ajudam o facilitador a reconhecer os impedimentos da equipe em um tempo realmente curto.
Vejamos a seguir algumas características necessárias a um facilitador para criação e desenvolvimento de soluções dentro de uma organização.
Ambiente ágil
A gestão de projetos evoluiu junto com a tecnologia e, por meio de tentativas e erros, foi se atualizando. Entre as alterações na forma de trabalho, verificou-se a necessidade de interagir mais com o cliente, entendendo que as necessidades dele podem mudar e que, ao final, deve ser entregue um produto que responda corretamente ao problema identificado.
Esses ambientes ágeis vêm com a ideia de suprir a necessidade de interação entre as pessoas envolvidas, maior comunicação entre elas, menor burocracia, aumento da confiança entre as pessoas no processo e ambiente físico mais criativo e amplo. O foco principal são as pessoas e resultados, diminuindo o foco nos processos.
Trabalho em equipe
O trabalho em equipe é fundamental para o sucesso de um projeto. Essa equipe deve ser multidisciplinar, ou seja, dentro dela temos conhecimento dos pontos principais para execução do projeto.
Dessa forma, a própria equipe, em um primeiro momento, tenta resolver seus próprios problemas. Isso ocorre de forma rápida e simples, porque as interações dentro desse grupo são intensas.
As conversas e reuniões entre os membros da equipe são encorajadas e vistas como geração e compartilhamento de conhecimento entre a equipe. A equipe, para não perder sua velocidade, deve ter autonomia para as tomadas de decisão.
A autonomia é um ponto fundamental para a velocidade de resposta da equipe. Mas esse grau de autonomia é proporcional ao grau de maturidade, que se refere ao nível de conhecimento, produção e geração de resultados de cada indivíduo dentro da equipe.
Um time com baixa maturidade necessita de um controle maior de seu líder, havendo necessidade de intervenções. Caso possua alta maturidade, o líder tem pouca necessidade de controle e baixa intervenção.
Local de trabalho diferenciado
As organizações têm criado um ambiente com poucas paredes, onde todos podem ver todos. Isso ajuda quando se trabalha de forma presencial, pois visualmente uma pessoa mais distante pode validar se o outro está presente ou não.
A intenção é criar um ambiente com mais sinergia entre as pessoas envolvidas, aumentar a comunicação face a face, mesmo que em equipes diferentes, humanizando o todo. Ainda em relação ao ambiente físico, é comum as pessoas personalizarem suas mesas com fotos da família, brinquedos, imagens de super-heróis, livros de consulta, caneca etc.
Mudanças rápidas
Além das pessoas, outro ponto forte nos ambientes é o tempo de resposta em que é feita uma alteração (manutenção ou implementação nova). Para que isso aconteça, os ambientes funcionam através de ciclos e a cada término surge uma nova entrega ao cliente. Dessa forma, a equipe possui feedbacks mais rápidos, com a possibilidade de um tempo de resposta menor.
Ferramentas
Nesse ambiente e na tentativa de manter essa estrutura de organização, surgiram algumas técnicas e ferramentas cada vez mais utilizadas, como: Scrum, Kaizen, design thinking, kanban, mapa mental e painel de discussão.
Todas essas ferramentas têm a intenção de criar um ambiente onde todos da equipe tenham uma visão geral de todo o trabalho, que está sendo participativo e realizado de forma simples, transparente e objetiva.
Ambientes ágeis e inovação
A inovação é o cenário que, para a equipe, possui mais incertezas, onde se vai gerando conhecimento a cada iteração com o produto a ser realizado. Isso porque é o momento das escolhas de tecnologia, ferramentas, formas de comunicação, decisão das datas de entregas a serem feitas etc.
Esse momento inicial é complexo, visto que essas escolhas devem levar em consideração os fornecedores e as tecnologias utilizadas, pois, no mundo de hoje, as atualizações e depreciações são constantes e muito rápidas.
Esse cenário de incerteza coloca as pessoas da equipe em conversas intensas e com alguns conflitos de ideias. Nesse momento, as pessoas do grupo podem expressar alguns sentimentos: alegria, tristeza, solidariedade, raiva, ansiedade. Nessa hora a inteligência emocional é fundamental.
Figura 2.1. Conflitos de ideias de forma harmoniosa geram novas ideias. Fonte: o autor.
Conclusão
Hoje acompanhamos o aumento crescente das abordagens novas nas organizações, na literatura, nas consultorias e na esfera educacional. As organizações entendem a importância de as pessoas estarem em ambiente saudáveis, com conflitos de ideias, mas de forma respeitosa e harmoniosa, agregando valor e conhecimento para o time e a organização.
Com a diminuição das hierarquias nas organizações, vemos claramente o aumento da confiança e menos burocracia entre as pessoas envolvidas. Essas características geram mais velocidade, menores custos e maior receptividade às mudanças. E no fluxo transitório da organização que deseja criar um ambiente mais participativo, a facilitação se configura como pilar fundamental para o sucesso.
3. O processo de facilitação
Hilton Menezes
Paulo Boccaletti
Rafaela Sampaio
Uma visão a nível macro sobre o processo e o que não pode faltar na facilitação.
A facilitação parece ser uma arte, mas queremos demonstrar ao longo deste livro que qualquer pessoa pode se tornar um bom facilitador se absorver as atitudes e conhecer as técnicas necessárias.
Neste capítulo falaremos sobre como conduzir a facilitação, com o objetivo de se chegar ao resultado esperado através de um conjunto de etapas que podemos chamar de processo. Entretanto, convidamos o leitor a pensar nisso mais como um jogo.
O que é um jogo?
Pense nos jogos que lhe são familiares, como futebol, tênis, pingue-pongue, pôquer, dama, xadrez etc. O que eles têm em comum? O que faz um jogo diferente de uma simples brincadeira? Para algo se tornar um jogo, deve conter alguns elementos básicos, como: espaço, objetivo, regras e restrições.
O ambiente de jogo é um espaço físico ou imaginário onde imperam regras específicas que suportam ou desafiam os participantes a alcançar o objetivo do jogo. Os jogadores devem obedecê-las e entrar por livre e espontânea vontade no espaço de jogo. Não é um jogo se as pessoas são forçadas a jogar!
O espaço é necessário para criar um ambiente onde as pessoas se sintam à vontade para se arriscar, através de proposições e comportamentos que não aconteceriam nos espaços normais
.
Todo jogo precisa de um objetivo. Quando esse objetivo é alcançado, então sabe-se que o jogo terminou. Em alguns jogos, o objetivo é medido pelo tempo, como no futebol. Em outros, como no xadrez, podem-se levar dias até que um dos jogadores desista ou o famoso xeque-mate aconteça.
Dentro do espaço de jogo há regras que definem o que pode ou não pode ser feito durante o jogo. As regras são invioláveis e quando alguém não as respeita chamamos o ato de trapaça.
Por fim, cada jogo apresenta suas restrições, que podem ser: tempo, número de participantes, espaço físico, posicionamento de pessoas, limites de interações. Caberá ao criador do jogo colocar os limites para atingir o objetivo da melhor forma possível.
O ciclo de vida de um jogo
E se tivéssemos a missão de criar um jogo para o mundo dos negócios que fosse flexível e ágil o suficiente para funcionar em qualquer tipo de empresa, em qualquer vertical de negócio? Como faríamos?
Se pensarmos em um jogo como um novo mundo, é preciso (1) imaginar o mundo, (2) criar o mundo, (3) entrar no mundo, (4) explorar o mundo e, por fim, (5) sair do mundo. Os primeiros dois passos, imaginar e criar, são o planejamento do jogo, e os três últimos passos, entrar, explorar e sair, são sua execução. Uma vez planejado o jogo, pode-se jogá-lo infinitas vezes.
Para criar os jogos do mundo dos negócios, utilizaremos a técnica de gamestorming (GRAY; BROWN; MACANUFO, 2010), que permite a colaboração para gerar novas percepções sobre a forma como o mundo funciona e que tipos de possibilidades podemos encontrar.
Como funciona o jogo nos negócios?
Os negócios, assim como um jogo e outras atividades humanas, são construídos em torno de objetivos. Um objetivo define uma tensão entre a condição inicial, que é onde estamos, e o estágio final, que é o resultado que queremos atingir. Entre esses dois estágios existe um espaço ou caminho a ser percorrido, que chamaremos de espaço desafio, conforme Figura 3.3.
Figura 3.3. O espaço desafio é o caminho entre o ponto A e o ponto B. Fonte: os autores.
Geralmente buscamos garantir que os objetivos sejam claros, específicos e mensuráveis. Entretanto, no mundo VUCA encontramos cenários imprevisíveis e, portanto, necessitamos de um esforço mais criativo, que não deseja apenas melhorar gradativamente o passado, mas criar algo completamente novo.
Fica então a questão: e se o resultado esperado ainda não estiver claro e se esse resultado for algo que não havíamos pensado anteriormente?
Figura 3.4. Em uma facilitação, comumente navegaremos por cenários imprevisíveis. Fonte: os autores.
Usando o processo adequado, um facilitador pode guiar um grupo de pessoas através de micro etapas de exploração e experimentação até se atingir um ponto final que todos concordam ser o melhor resultado naquele momento. Cada micro etapa pode ser jogada de forma encadeada ao longo do tempo, criando a motivação e direção necessárias para encontrar boas oportunidades durante a jornada.
Figura 3.5. Cada facilitação pode ser composta por micro etapas (jogos). Fonte: os autores.
Desenhando um jogo
Um jogo, ou processo de facilitação, tem basicamente três grandes fases: abertura, exploração e fechamento, que nos levam da condição inicial (ponto A) a uma condição final (ponto B). O ponto B não necessariamente é o resultado esperado, mas pode ser uma condição-alvo que desejamos atingir naquele espaço e tempo.
Figura 3.6. Fases de uma facilitação (jogo). Fonte: os autores.
Idealmente, a condição almejada deveria ser descrita em termos de algo tangível, que pode ser qualquer coisa, desde um protótipo até um plano de projeto, ou uma lista de ideias para exploração.
Depois de entendermos os