Jornada Transformação Digital no Brasil: unindo práticas e cases de experiências brasileiras que potencializam a economia digital no Brasil
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Sobre este e-book
A Jornada Colaborativa
Era uma vez um professor universitário que sonhava lançar um livro quando finalizou o mestrado em 2006. O sonho começou a ser concretizado em 2017 com o livro "Jornada DevOps", mas alguns obstáculos travaram sua evolução após a escrita de três capítulos.
Em setembro de 2018, durante sua palestra na PUC Minas, surgiu um click: "Será que outras pessoas apaixonadas por DevOps ajudariam com a escrita colaborativa?"
Dezenas de colaboradores aceitaram o convite e o livro foi lançado para 350 pessoas no dia 06 de junho de 2019 no Centro de Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro.
A escalada dos times gerou novas amizades, aprendizados, doação de R$ 448.590,20 para instituições com o lançamento de 20 livros e sonhamos transformar mais vidas com a inteligência coletiva e o apoio de empresas amigas.
Antonio Muniz
Fundador da Jornada Colaborativa, LiderProExpert e Carreira CIP.
Luiz Eduardo Labriola e Anderson Gonzaga de Souza
Líderes do time organizador do livro, curadoria e revisão técnica.
Coautores
Adelino Sasse
Alessandra Argona
Alice Baeta Castanheira
Ana Clara Gonzaga
Ana Karina Bortoni Dias
Anderson Gonzaga de Souza
André Pires dos Santos
Andreia Rodrigues Azevedo
Antonio Muniz
Bruna Beatriz Locks
Bruno Brusco
Bruno Machado
Bruno Romero
Bruno Tadeu França
Celiane Neves
Cimária de Almeida Pinto
Cintia Pontalti Drehmer
Cláudio Barizon
Cleyton Leal
Coaracy Gomes da Silva Junior
Cristiano Barbieri
Davi Xavier Rodrigues
Dayana Diniz
Diego Aguiar
Fabiana Ruas
Fernando Klock
Gabriel Carvalho Domingos
Hélio Mariano
Henrique Saeta
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Ivan Ferraz
Ivone Ivassaki
Joaquim Torres (Joca)
Jones Ferreira
Jorge Elias Gomes Silva
Juliana Arruda
Júnior Rodrigues
Klaus Siegmar Schuldt
Leandro Luiz Branco
Leandro Marçal
Leonardo Toscano
Luan Oliveira
Luciana T. C. Dias
Luiz Eduardo Labriola
Marcello Bosio
Marcelo Cavalcante
Marcelo Werneck Barbosa
Marco Stefanini
Marcos Rodrigues
Mary Ballesta
Patrícia Fumagalli
Paula Karina Salume
Rafael Rosas
Raphael Boldrini
Roberto Alves de Sousa Junior
Rodrigo Oneda Pacheco
Simone Kawamura Etner
Thiago Barcellos Diniz
Antonio Muniz
https://www.linkedin.com/in/muniz-antonio1/
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Jornada Transformação Digital no Brasil - Antonio Muniz
PARTE I.
CONTEXTUALIZAÇÃO – PRINCIPAIS DESAFIOS DA ECONOMIA DIGITAL NO BRASIL
1. O que é a transformação digital, suas dimensões e o processo para chegar lá
Jorge Elias Gomes Silva
Por ser esse um tema relativamente novo e ainda desconhecido por muitos, há muita confusão a respeito do que de fato é a transformação digital, o contexto em que ela está inserida e até mesmo o que de fato se relaciona com essa jornada. Para mostrar que temos como simplificar a compreensão desse processo, vamos tratar primeiro de eliminar o que não é a transformação digital:
✓Não é apenas sobre tecnologia e o uso de smartphones .
✓Não é o desenvolvimento de aplicativos mobile ( app ).
✓Não é representada pela adoção de algumas tecnologias digitais.
✓Não é uma questão exclusivamente técnica, sobre dispositivos ou equipamentos.
✓Não é a simples automação de um processo, que, embora faça parte da jornada, não realiza a transformação do negócio.
Isso posto, a transformação digital não são ações isoladas ou mudanças pontuais na empresa e no seu modo de operar, é muito além disso – tem que transformar o negócio e a cultura corporativa com o uso da tecnologia!
Agora podemos tratar do que de fato é a transformação digital
Vamos iniciar entendendo que o termo transformação digital
(que algumas vezes vamos chamar apenas de TD
) representa em sua essência a transformação cultural e tecnológica do negócio. O movimento da TD tomou grande força global nos anos 2000, período em que ‘VUCA’1 passou a ser utilizado no cenário das grandes corporações e em ambientes acadêmicos para descrever o mundo intensamente globalizado mais volátil, incerto, complexo e ambíguo e quando foram estabelecidas ideias emergentes aplicáveis a organizações de todos os portes e mercados.
Diante de um cenário de tanta volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade, os modelos de operação tradicionais das empresas não dão conta de responder com velocidade às demandas nesse novo contexto. Por isso elas precisam se reinventar para modelos mais eficientes e escaláveis, e a transformação digital é o caminho para as empresas realizarem a reinvenção dos negócios com o uso das tecnologias. Para tanto, precisamos antes transformar as pessoas, já que são elas quem pensam as estratégias, desenvolvem os processos e controlam o negócio.
Vamos agora ver algumas das principais características da jornada da transformação digital.
É de suma importância que esteja claro que a TD é um tema que se relaciona diretamente às diversas circunstâncias, situações e condições específicas de cada mercado e de cada empresa, portanto não há que se buscar uma definição única que a descreva de forma precisa. Por isso, vamos nos apoiar no estudo (WESTERMAN; BONNET; MCAFEE, 2014) e nas boas práticas de uma das principais referências globais de ensino e pesquisa em tecnologia, que é o MIT (Massachusetts Institute of Technology), e na experiência do autor deste capítulo, aplicada em empresas brasileiras.
É fundamental notar que a transformação digital é um processo cujas etapas representam fortes mudanças no modelo de negócio, tanto em escopo quanto na atuação de uma empresa e na melhoria de performance alavancada pela tecnologia. Na jornada da TD são implementadas novas tecnologias nas organizações para simplificar processos, automatizar áreas do negócio e torná-lo mais eficiente, mais conectado pelo digital e leve
para permitir o fomento à criatividade e o desenvolvimento da inovação. Além disso, é fundamental ganhar velocidade na tomada de decisão e assim responder aos novos hábitos de consumo dentro do time to market (tempo do mercado), resolver as dores
dos clientes e trabalhar o human centric (humano no centro) de modo a atingir e promover constantemente a melhor experiência para o cliente.
A transformação digital precisa mudar o processo operacional que a empresa possui para entregar valor através de seus produtos e serviços, tendo visão de futuro, antecipando tendências de consumo com inovação e adaptando sua proposta de valor.
São novos modelos de fazer e gerar negócios usando o mundo digital!
Na prática, existe o negócio que opera digital e o que transforma digital. São situações distintas. Então vamos ver quais são as diferenças entre elas.
A Figura 1.1 foi elaborada com base nos fatores que diferenciam o negócio que opera digital e o que realiza a transformação digital.
É importante evidenciar que, apesar de os fatores destacados a seguir serem relativos às empresas com operação digital, eles possuem características pontuais da transformação digital e são relevantes no processo de evolução do negócio durante essa jornada. Por isso é tão importante fazer esse exercício de comparação, que fornecerá elementos específicos para os líderes e colaboradores terem a visão estratégica necessária para, de fato, realizar a transformação digital na empresa.
Figura 1.1. Fatores que diferenciam o negócio que opera digital e o que transforma digital.
Fonte: o autor.
Vamos explicar cada um dos fatores a seguir:
✓Fusão da tecnologia com o marketing: a empresa pensa os produtos e serviços de dentro para fora.
✓Transforma a cultura e o modo de fazer negócios: a empresa pensa os produtos e serviços de fora para dentro.
✓Foco no cliente: é desenvolver soluções sob a ótica que a empresa tem do problema que pretende resolver e do produto que quer entregar.
✓Resolve dores do cliente: é desenvolver soluções sob a ótica do cliente, colocando-o no centro antes, durante e depois do processo de construção do valor que o produto vai agregar.
✓Otimiza processos para melhorar sua estrutura: a empresa visa a sustentação do seu negócio.
✓Otimiza seus processos para gerar inovação: a empresa visa desenvolver seu negócio.
✓Líder informa a meta e encoraja: ele ajuda a equipe a realizá-la.
✓O líder direciona e dá autonomia: o objetivo é sedimentar a auto-organização e a colaboração.
✓Responde às tendências do mercado: a empresa atua de forma reativa.
✓Cria novos modelos de negócio: a empresa atua de forma proativa.
Contudo, é importante destacar que, no cerne de cada um dos fatores que diferenciam esses dois modelos de atuação estão a cultura organizacional que provoca a mudança do status quo e a tecnologia habilitadora como ferramenta estratégica da jornada de transformação digital, que deve ser pensada e trabalhada para mudar o modelo de negócio e/ou a experiência do cliente.
O grupo das principais tecnologias envolvidas no processo de digitalização das empresas é chamado de tecnologias habilitadoras para indústria 4.0 (RIGOTTI, 2020).
Por fim, apresento a definição de transformação digital que foi construída à luz dos conceitos apresentados e das experiências do autor liderando a jornada da TD:
As três dimensões da transformação digital
Tendo chegado a essa definição, a pergunta que faço é: mas como funciona a transformação digital na prática?
. Para responder a essa pergunta, veremos agora qual é o embasamento indicado no artigo do MIT (WESTERMAN; BONNET; MCAFEE, 2014), sob a ótica das experiências do autor deste capítulo em processos de transformação digital.
A transformação digital possui três dimensões:
✓Cultura
✓Tecnologia
✓Negócio
A primeira dimensão é a cultura, que se relaciona diretamente com as habilidades e boas práticas necessárias para responder às intensas mudanças dessa era digital. A seguir são destacados os principais elementos culturais da transformação digital:
✓Colaboração
✓Adaptabilidade
✓Criatividade
✓Time auto-organizado
✓Liderança facilitadora
✓Flexibilidade à mudança
✓Foco na experiência do cliente
✓Adotar a agilidade
✓Orientação a dados na tomada de decisão
✓Inovação com experimentação
✓Desenvolver um relacionamento construtivo com as falhas
A segunda dimensão é a tecnologia, que se relaciona diretamente com as ferramentas, a geração e a análise de dados, que vão servir de base para a tomada de decisão, o aprendizado, o feedback dos clientes e a velocidade de resposta ao time to market das entregas.
Veja a seguir algumas das tecnologias chamadas habilitadoras, pois permitem realizar a TD dos negócios.
✓AI – Inteligência artificial
✓VR/AR – Realidade virtual e realidade aumentada
✓IoT – Internet das coisas
✓Gestão dos dados – Ciência e análise de dados
✓Cloud – Computação em nuvem
✓Blockchain
A terceira dimensão é a do negócio, que se relaciona diretamente com a proposta de valor e a competitividade cada dia mais digital. A seguir, os principais elementos que devem ser analisados e trabalhados:
✓Novos modelos de negócios
✓Nova proposta de valor
✓Produtos inovadores
✓Novos meios digitais de fazer negócios
✓Orientação a dados e velocidade na tomada de decisões
✓Valor entregue aos clientes com experiências únicas
✓Força de trabalho integrada e operando em squads , sem silos
O processo de desenvolvimento da transformação digital e a adoção das metodologias ágeis exigem estratégia e adaptação. No entanto, as grandes e pequenas empresas conservadoras são repletas de processos burocráticos, e muitos dos colaboradores resistem ao avanço do digital e do ágil com receio de não ser mais útil ou para ficar na zona de conforto. No entanto, são exatamente esses fatores que levam organizações de todos os tamanhos a se tornar transatlânticos pesados e lentos diante do iceberg. Por isso é fundamental criar bases para sustentar o processo de transformação digital e ágil.
Situações extraordinárias como a que foi causada pela pandemia do coronavírus exigiram agilidade para adaptação e aceleraram a necessidade de muitas empresas de dar início à transformação digital. Imagine o quanto foi economizado com reuniões para discussão se valeria a pena um modelo home office.
Pense na importância que tiveram os sistemas em nuvem, que permitiram o trabalho remoto e síncrono durante o período crítico de isolamento. Foi o digital viabilizando que as empresas seguissem operando mesmo com os seus colaboradores isolados em casa. Inclusive, as empresas que ainda não tinham se adaptado ao modelo de trabalho remoto foram obrigadas a dar início imediato ao processo de digitalização (uma das fases da TD), realizando mudanças culturais e tecnológicas do negócio.
Por isso é fundamental que os líderes das organizações, pequenas ou grandes, tenham claro entendimento da importância de ter uma estratégia para realizar a transformação digital, e que esse processo, necessariamente, passará pela transformação cultural da empresa. Além disso, serão fundamentais algumas mudanças-chave, tais como melhorar a eficiência do negócio, desenvolver processos digitais, tornar a comunicação mais objetiva, simplificar a execução e garantir entregas de valor.
É de fundamental importância sair do círculo vicioso de desconhecimento ou negação da transformação digital, que ignora seu potencial exponencial, mesmo nos casos que exigem a troca do pneu com o carro andando
, e estabelecer um círculo virtuoso com uma jornada de desenvolvimento gradual e digital do negócio.
Algumas ações são fundamentais para o sucesso da transformação digital. Entre elas está a necessidade de adoção das metodologias ágeis no processo de execução e na obtenção de dados para acelerar a curva de aprendizado de forma exponencial e realizar entregas dentro do time to market, ou seja, responder ao mercado na mesma velocidade e intensidade que o consumidor vem mudando seus hábitos e formas de consumo.
Além disso, todo profissional precisa estar preparado para protagonizar a transformação digital ou fazer parte dela. Para tanto, ter como base e filosofia o que chamo da tríade do profissional do futuro
é fundamental, pois esses são fatores culturais que diferenciam a empresa que transforma digital da que opera digital (Figura 1.2):
Figura 1.2. Fatores que diferenciam a empresa que transforma digital da que opera digital.
Fonte: o autor.
Significa desenvolver a cultura ágil de colaboração, trabalhar o mindset inovador e ter sempre a abordagem de execução (+ação -plano), a fim de estar pronto para se adaptar às intensas mudanças provocadas pela quarta revolução industrial e pela transformação digital.
Para entender melhor como chegar lá, vamos esclarecer que são três fases para transformação digital: digitização, digitalização e a própria transformação digital em si.
E qual é a diferença entre digitização e digitalização?
Existe uma linha muito tênue para distinguir um processo do outro. Há inclusive muitas situações em que esses termos se apresentam de forma ambígua, por isso vamos buscar elucidar a diferença entre eles com base nas melhores literaturas e em algumas definições e abordagens que se relacionam com o que de fato acontece na prática.
Nas mais diversas definições sobre esses termos, podemos encontrar alguns pontos de convergência: digitização é o termo que representa a conversão de um material de fonte analógica para um formato numérico/digital. Exemplo simples e direto: escanear um documento e criar um PDF idêntico ao físico, só que agora digital. Em outras palavras, é tudo que for transformado em digital sem realizar, pelo menos inicialmente, nenhuma mudança em relação à versão física. Este ponto é o que torna mais tênue essa linha de diferenciação, pois normalmente essa versão, agora digital, abre caminho imediato para a digitalização, que tem seu ponto de convergência nos impactos que provoca nos negócios, tendo em vista que a eficiência dos processos e o foco no cliente