As Pensadoras Vol. 3: Ebook
()
Sobre este e-book
Apresentação: Isabel Lousada
Coordenação Geral: Rita Machado
Coordenação Editorial: Larissa Mundim
Leia mais títulos de Rita De Cássia Fraga Machado
IV Fórum Virtual d'As Pensadoras Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs Pensadoras Vol. 02 Nota: 5 de 5 estrelas5/5As Pensadoras: Vol. 1 Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Relacionado a As Pensadoras Vol. 3
Ebooks relacionados
Pensamento Feminista: Conceitos fundamentais Nota: 4 de 5 estrelas4/5Em busca de novos caminhos críticos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPensamento Feminista Brasileiro: Formação e contexto Nota: 5 de 5 estrelas5/5Preconceito contra a "Mulher": diferença, poemas e corpos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBandeiras tornam-se objetos de estudo (violência, aborto, sindicalização) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFilósofas: O legado das mulheres na história do pensamento mundial Nota: 5 de 5 estrelas5/5Pensamento feminista hoje: Sexualidades no sul global Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNegras Travessias: Ativismos e Pan-Africanismos de Mulheres Negras Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAlgumas histórias sobre o feminismo no Brasil: Lutas políticas e teóricas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasInterseccionalidades: pioneiras do feminismo negro brasileiro Nota: 5 de 5 estrelas5/5Cenas de um pensamento incômodo: gênero, cárcere e cultura em uma visada decolonial Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAnais V Fórum Virtual As Pensadoras: Feminismos e mulheres: Pautas para a reconstrução do Brasil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTeoria da reprodução social: Remapear a classe, recentralizar a opressão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEtnodrama: Contribuições do grupo de estudos de psicodrama e relações raciais Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTeoria feminista Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sobre o feminino: Reflexões psicanalíticas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFilosofia e Teologia: novos espaços de diálogo e pesquisa: - Volume 1 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLiteratura e minorias: Diálogos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA espécie que sabe: Do Homo Sapiens à crise da razão Nota: 5 de 5 estrelas5/5Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSobre a violência: Escritos de Marilena Chaui, vol. 5 Nota: 5 de 5 estrelas5/5Releituras do feminino na ficção contemporânea Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEncarceramento em Massa Nota: 5 de 5 estrelas5/5Psicodrama e relações étnico-raciais: Diálogos e reflexões Nota: 0 de 5 estrelas0 notasReflexões Sociais Nota: 0 de 5 estrelas0 notasClássicas do pensamento social: Mulheres e feminismos no século XIX Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFreud e o casamento: O sexual no trabalho de cuidado Nota: 5 de 5 estrelas5/5E Deus Criou a Mulher: Mulheres e Teologia Nota: 4 de 5 estrelas4/5Chanacomchana: e outras narrativas lesbianas em Pindorama Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFeminismos Dissidentes: perspectivas interseccionais Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Ciências Sociais para você
O livro de ouro da mitologia: Histórias de deuses e heróis Nota: 5 de 5 estrelas5/5Um Olhar Junguiano Para o Tarô de Marselha Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSegredos Sexuais Revelados Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUm Poder Chamado Persuasão: Estratégias, dicas e explicações Nota: 5 de 5 estrelas5/5Detectando Emoções: Descubra os poderes da linguagem corporal Nota: 4 de 5 estrelas4/5Tudo sobre o amor: novas perspectivas Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Prateleira do Amor: Sobre Mulheres, Homens e Relações Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Manual do Bom Comunicador: Como obter excelência na arte de se comunicar Nota: 5 de 5 estrelas5/5Manual das Microexpressões: Há informações que o rosto não esconde Nota: 5 de 5 estrelas5/5Apometria: Caminhos para Eficácia Simbólica, Espiritualidade e Saúde Nota: 5 de 5 estrelas5/5Mulheres que escolhem demais Nota: 5 de 5 estrelas5/5As seis lições Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA perfumaria ancestral: Aromas naturais no universo feminino Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Ocultismo Prático e as Origens do Ritual na Igreja e na Maçonaria Nota: 5 de 5 estrelas5/5Liderança e linguagem corporal: Técnicas para identificar e aperfeiçoar líderes Nota: 4 de 5 estrelas4/5Pele negra, máscaras brancas Nota: 5 de 5 estrelas5/5Seja homem: a masculinidade desmascarada Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Bíblia Fora do Armário Nota: 3 de 5 estrelas3/5A Criação do Patriarcado: História da Opressão das Mulheres pelos Homens Nota: 5 de 5 estrelas5/5Verdades que não querem que você saiba Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPsicologia Positiva Nota: 5 de 5 estrelas5/5Fenômenos psicossomáticos: o manejo da transferência Nota: 5 de 5 estrelas5/5A máfia dos mendigos: Como a caridade aumenta a miséria Nota: 2 de 5 estrelas2/5O corpo encantado das ruas Nota: 5 de 5 estrelas5/5O marxismo desmascarado: Da desilusão à destruição Nota: 3 de 5 estrelas3/5Quero Ser Empreendedor, E Agora? Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Avaliações de As Pensadoras Vol. 3
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
As Pensadoras Vol. 3 - Rita de Cássia Fraga Machado
A todas as mulheres intelectuais que lutam por reconhecimento, voz e visibilidade.
Nunca mais uma história do pensamento sem nós!
Rita Machado
Sumário
Coleção As Pensadoras, Volume 3: Três Razões
Empobrecimento feminino e capitalismo: o trabalho reprodutivo não remunerado e o patriarcado do salário
O pensamento político-pedagógico de uma mulher do mundo
Profecia e poesia teológica ecofeminista
O Grito da Terra
A luta pela visibilidade positiva de mulheres negras
Rita de Cássia Fraga Machado¹
Coleção As Pensadoras, Volume 3: Três Razões
Durante estes três anos de publicação da Coleção As Pensadoras , com frequência recebo o seguinte questionamento: Por que ‘As Pensadoras’?
. Vejam bem, não é uma pergunta simples de ser respondida. Ela carrega a invocação de um problema, ou seja, qual a razão de lançarmos uma coleção intitulada As Pensadoras . A seguir, passo a apresentar três razões que nos ajudam a entender o que significa esta obra para a continuidade do projeto e também da proposta da instituição ².
O conceito d'As Pensadoras é pautado pelos princípios de sororidade, participação e humanidade. A palavra sororidade
vem do latim soror, que significa irmã
. Sororidade
é, portanto, irmandade
, mas, na nossa prática, significa muito mais que isso!
Visamos também à ética do cuidado, que implica o entendimento, a análise e a correção da maneira como as discussões de gênero podem ser associadas às questões do cotidiano da sociedade, buscando combater as desigualdades de gênero e as opressões que se tornam manifestas quando se dedica ao estudo das pautas feministas.
Portanto, acreditamos que se faz necessário incentivar a pesquisa do pensamento de mulheres e a publicação desses estudos, através da ética do cuidado, de forma a respeitar as subjetividades, lembrando que somos integrantes coexistentes de uma sociedade democrática. De acordo com o fio condutor reflexivo e filosófico do ponto de vista feminista, As Pensadoras pretendem dialogar com todas as áreas do conhecimento, cuja autenticidade e cuja criatividade possam ser constantemente instigadas pelas mulheres.
Neste sentido, nossas diretrizes pedagógicas³ para todas as ações estruturam-se a partir de quatro pontos:
I) a luta contra a primazia econômica capitalista;
II) a luta pelo fim da estrutura patriarcal, misógina, sexista e racista;
III) o diálogo crítico e amoroso com as questões atuais dos diferentes feminismos e estudos com mulheres;
IV) o racismo institucionalizado e/ou implícito nos discursos sociais e recortes bibliográficos da teoria filosófica e pedagógica do pensamento.
A primeira razão para a publicação desta terceira edição dá-se pelo fato, já conhecido por muitas de nós, que a história nos invisibilizou e nos silenciou na produção do conhecimento. Na verdade, como o mundo feminino esteve sempre associado ao sexo frágil
, inferior
, sem razão
, a história oficial omitiu, muitas vezes, que as mulheres participaram de forma protagonista nela. E esta é uma questão para todas as dimensões da vida. Invisibilidade no trabalho, no pensamento, nas ciências, na política, entre tantas. Mary Del Priore, no seu livro Mulheres no Brasil Colonial – obra que, mesmo sendo restrita à época da colônia, nos ajuda a pensar o tempo presente –, explica:
Sua quase invisibilidade as identifica aos de baixo
. Isso porque a maioria das mulheres era analfabeta, subordinada juridicamente aos homens e politicamente inexistente. [...] O sistema patriarcal instalado no Brasil Colonial, sistema que encontrou grande reforço na Igreja Católica que via as mulheres como indivíduos submissos e inferiores, acabou por deixar-lhes, aparentemente, pouco espaço de ação explícita⁴
A segunda razão tem a ver com um sentimento de admiração
, no sentido filosófico do termo, com relação à produção patriarcal filosófica do Brasil. Certo dia, trabalhando na minha escrivaninha e de frente para os livros da minha biblioteca, me dei conta desta situação. Olhei para uma prateleira bem acima, na parte inicial dos livros, e vi um monte de obras de capa dura na cor verde: tratava-se da coleção Os Pensadores⁵. Pensei, não é possível isso. Nesse momento, comecei a retirar um por um, havia mais de 30 livros dessa coleção e percebi que não havia uma mulher sequer publicada – naquele instante, fiquei admirada diante dessa constatação. Para a filosofia, a admiração, ou o espanto, é o princípio fundamental para começarmos a questionar, a problematizar, a pensar até o ato de filosofar, ou seja, é um processo que cria conexão, através do qual não passamos indiferentes perante qualquer coisa, mas colocamo-nos em movimento, partindo de coisas simples para coisas mais complexas, terminando no conhecimento de si. Neste caso, no conhecimento que queremos trazer com este trabalho, o conhecimento de pensadoras necessárias à própria história do pensamento.
O que quero dizer com isso tudo é que, desde os anos 1970, a editora encarregada da coleção Os Pensadores publica basicamente homens, brancos, do Norte global. Uma única pensadora aparece como uma raridade entre eles, um nome que desconheço, uma vez que nem se insere entre as mais conhecidas em nosso meio
. Esta foi de fato a razão que me impulsionou, junto a outras colegas que já vêm fazendo um trabalho para conferir visibilidade às mulheres na filosofia no Brasil, para lançarmos a Coleção As Pensadoras. Não queremos aqui criar nenhum tipo de competição acadêmica, porque este não é um princípio ético para os feminismos, mas sim dizer que estamos lá, aqui e no futuro do pensamento e queremos visibilidade, espaço e respeito. E publicar, como ato de poder das mulheres, nos permite dar grandes e importantes passos rumo à justiça epistêmica.
No volume 1 da coleção, reuniram-se nove artigos produzidos por mulheres, além de apresentação assinada por mim, filósofa e coordenadora da Escola. Os textos contemplam aspectos do pensamento de Hannah Arendt, Adriana Cavarero, Seyla Benhabib, Margaret Cavendish, Simone de Beauvoir, Angela Davis, María Lugones, Silvia Rivera Cusicanqui e Lélia Gonzalez. Esses textos trabalharam com a identificação dessas mulheres e com a valorização da propriedade intelectual, o fortalecimento dos agentes sub-representados (mulheres, pessoas negras, indígenas, LGBTQIA+, pessoas com deficiência, idosos, entre outros grupos), cujo pressuposto se funda no pensamento interdisciplinar de mulheres
porque assume a responsabilidade de suprir as lacunas e a exclusão promovidas pelo cânone oficial
.
No volume 2 de As Pensadoras, reuniram-se sete artigos, destacando o pensamento de Nadia Krupskaya, Gloria Evangelista Anzaldúa, Nísia Floresta, Marta Lamas, Heloisa Buarque de Hollanda, Maria Firmina dos Reis e Sandra Harding. No seu artigo de apresentação da obra Trilhas de um pensamento feminista complexo
, Patrícia Guimarães Gil oferece uma excelente introdução dos temas discutidos em cada artigo que compõe o volume e suas respectivas autoras. Uma continuidade muito coerente do primeiro volume. Enquanto na primeira publicação são discutidas as ideias de nomes históricos da filosofia e da sociologia, a partir da obra de autoras europeias, norte-americanas e latino-americanas, no volume 2, há uma concentração maior de autoras brasileiras, um aspecto muito importante para os leitores e as leitoras. Também se percebe a continuação do processo de fortalecimento de um novo cânone citado por mim no artigo As pensadoras – Uma experiência de cânone feminista
, do vol. 1, com uma nova epistemologia e uma nova forma de pensar.
Um avanço que, no vol. 3, configura-se na visibilidade do pensamento de outras epistemologias e outras pensadoras e autoras. E por isso queremos apresentá-las também como a terceira razão para a continuidade da obra. Neste terceiro volume, reuniram-se cinco textos sobre as pensadoras Azoilda Loretto da Trindade, Ivone Gebara, Elza Freire, Eliane Potiguara e Silvia Federici.
O texto sobre Azoilda Loretto da Trindade, escrito por Gisele Rose (p. 116) destaca que a maior preocupação da pensadora estava com as gerações futuras e portanto é um pensamento que caracteriza-se para além do seu tempo, literalmente. Segundo Gisele, Umas das grandes preocupações de Azoilda Loretto da Trindade eram as gerações futuras. Por isso, ela nos legou materiais imprescindíveis para promover, entre crianças e jovens, o que ela denominou como valores civilizatórios afro-brasileiros
. Azoilda é pioneira na reflexão brasileira sobre relações étnicas raciais e por isso merece toda a nossa atenção e visibilidade de sua obra.
Já o texto sobre Ivone Gebara escrito por Carolina Bezerra é uma própria profecia humana e ecofeminista, texto expressivo e bonito. Sobre Ivone, escreve Carolina (p. 67): Quem é Ivone Gebara? Para as teólogas feministas brasileiras da libertação, categoria em que eu me enquadro, é muito difícil estabelecer uma distância crítica da pessoa de Ivone Gebara, mesmo não pertencendo ao seu círculo de convivência mais próximo e sem ter atuado nos mesmos campos de trabalho. Consideramo-nos suas discípulas, lemos seus textos, ouvimos sobre suas ideias, dialogamos com elas, caminhamos juntas em assessorias, reuniões, congressos. Sua postura, suas palavras (ora doces, ora críticas, mas sempre firmes), sua forma de nos descontruir e ajudar a construir, a troca de experiências geram afeto
.
Nestas experiências que geram afetos e um caminhar no mundo com outras pessoas encontramos o tom elzafreiriano. No texto dedicado a Elza Freire, Nima Spigolon diz o