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As Pensadoras Vol. 3: Ebook
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As Pensadoras Vol. 3: Ebook
E-book171 páginas1 hora

As Pensadoras Vol. 3: Ebook

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Sobre este e-book

Nesse terceiro volume da Coleção As Pensadoras, conheça a produção de conhecimento de cinco importantes Pensadoras pelos olhos de outras cinco mulheres intelectuais: Silvia Federici (por Anna Laura Maneschy Fadel), Eliane Potiguara (por Bárbara Flores), Ivone Gebara (por Carolina Bezerra Souza), Azoilda Loretto da Trindade (por Gisele Rose) e Elza Freire (por Nima Spigolon). O livro busca ser uma contribuição para o registro e divulgação das ideias dessas grandes Pensadoras que tanto contribuíram para pensarmos a situação das mulheres, em toda a sua pluralidade, nos diferentes âmbitos da sociedade.

Apresentação: Isabel Lousada
Coordenação Geral: Rita Machado
Coordenação Editorial: Larissa Mundim
IdiomaPortuguês
Data de lançamento12 de jul. de 2023
ISBN9786599483745
As Pensadoras Vol. 3: Ebook

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    As Pensadoras Vol. 3 - Rita de Cássia Fraga Machado

    titulo

    A todas as mulheres intelectuais que lutam por reconhecimento, voz e visibilidade.

    Nunca mais uma história do pensamento sem nós!

    Rita Machado

    Sumário

    Coleção As Pensadoras, Volume 3: Três Razões

    Empobrecimento feminino e capitalismo: o trabalho reprodutivo não remunerado e o patriarcado do salário

    O pensamento político-pedagógico de uma mulher do mundo

    Profecia e poesia teológica ecofeminista

    O Grito da Terra

    A luta pela visibilidade positiva de mulheres negras

    Rita de Cássia Fraga Machado¹

    Coleção As Pensadoras, Volume 3: Três Razões

    Durante estes três anos de publicação da Coleção As Pensadoras , com frequência recebo o seguinte questionamento: Por que ‘As Pensadoras’?. Vejam bem, não é uma pergunta simples de ser respondida. Ela carrega a invocação de um problema, ou seja, qual a razão de lançarmos uma coleção intitulada As Pensadoras . A seguir, passo a apresentar três razões que nos ajudam a entender o que significa esta obra para a continuidade do projeto e também da proposta da instituição ².

    O conceito d'As Pensadoras é pautado pelos princípios de sororidade, participação e humanidade. A palavra sororidade vem do latim soror, que significa irmã. Sororidade é, portanto, irmandade, mas, na nossa prática, significa muito mais que isso!

    Visamos também à ética do cuidado, que implica o entendimento, a análise e a correção da maneira como as discussões de gênero podem ser associadas às questões do cotidiano da sociedade, buscando combater as desigualdades de gênero e as opressões que se tornam manifestas quando se dedica ao estudo das pautas feministas.

    Portanto, acreditamos que se faz necessário incentivar a pesquisa do pensamento de mulheres e a publicação desses estudos, através da ética do cuidado, de forma a respeitar as subjetividades, lembrando que somos integrantes coexistentes de uma sociedade democrática. De acordo com o fio condutor reflexivo e filosófico do ponto de vista feminista, As Pensadoras pretendem dialogar com todas as áreas do conhecimento, cuja autenticidade e cuja criatividade possam ser constantemente instigadas pelas mulheres.

    Neste sentido, nossas diretrizes pedagógicas³ para todas as ações estruturam-se a partir de quatro pontos:

    I) a luta contra a primazia econômica capitalista;

    II) a luta pelo fim da estrutura patriarcal, misógina, sexista e racista;

    III) o diálogo crítico e amoroso com as questões atuais dos diferentes feminismos e estudos com mulheres;

    IV) o racismo institucionalizado e/ou implícito nos discursos sociais e recortes bibliográficos da teoria filosófica e pedagógica do pensamento.

    A primeira razão para a publicação desta terceira edição dá-se pelo fato, já conhecido por muitas de nós, que a história nos invisibilizou e nos silenciou na produção do conhecimento. Na verdade, como o mundo feminino esteve sempre associado ao sexo frágil, inferior, sem razão, a história oficial omitiu, muitas vezes, que as mulheres participaram de forma protagonista nela. E esta é uma questão para todas as dimensões da vida. Invisibilidade no trabalho, no pensamento, nas ciências, na política, entre tantas. Mary Del Priore, no seu livro Mulheres no Brasil Colonial – obra que, mesmo sendo restrita à época da colônia, nos ajuda a pensar o tempo presente –, explica:

    Sua quase invisibilidade as identifica aos de baixo. Isso porque a maioria das mulheres era analfabeta, subordinada juridicamente aos homens e politicamente inexistente. [...] O sistema patriarcal instalado no Brasil Colonial, sistema que encontrou grande reforço na Igreja Católica que via as mulheres como indivíduos submissos e inferiores, acabou por deixar-lhes, aparentemente, pouco espaço de ação explícita

    A segunda razão tem a ver com um sentimento de admiração, no sentido filosófico do termo, com relação à produção patriarcal filosófica do Brasil. Certo dia, trabalhando na minha escrivaninha e de frente para os livros da minha biblioteca, me dei conta desta situação. Olhei para uma prateleira bem acima, na parte inicial dos livros, e vi um monte de obras de capa dura na cor verde: tratava-se da coleção Os Pensadores⁵. Pensei, não é possível isso. Nesse momento, comecei a retirar um por um, havia mais de 30 livros dessa coleção e percebi que não havia uma mulher sequer publicada – naquele instante, fiquei admirada diante dessa constatação. Para a filosofia, a admiração, ou o espanto, é o princípio fundamental para começarmos a questionar, a problematizar, a pensar até o ato de filosofar, ou seja, é um processo que cria conexão, através do qual não passamos indiferentes perante qualquer coisa, mas colocamo-nos em movimento, partindo de coisas simples para coisas mais complexas, terminando no conhecimento de si. Neste caso, no conhecimento que queremos trazer com este trabalho, o conhecimento de pensadoras necessárias à própria história do pensamento.

    O que quero dizer com isso tudo é que, desde os anos 1970, a editora encarregada da coleção Os Pensadores publica basicamente homens, brancos, do Norte global. Uma única pensadora aparece como uma raridade entre eles, um nome que desconheço, uma vez que nem se insere entre as mais conhecidas em nosso meio. Esta foi de fato a razão que me impulsionou, junto a outras colegas que já vêm fazendo um trabalho para conferir visibilidade às mulheres na filosofia no Brasil, para lançarmos a Coleção As Pensadoras. Não queremos aqui criar nenhum tipo de competição acadêmica, porque este não é um princípio ético para os feminismos, mas sim dizer que estamos lá, aqui e no futuro do pensamento e queremos visibilidade, espaço e respeito. E publicar, como ato de poder das mulheres, nos permite dar grandes e importantes passos rumo à justiça epistêmica.

    No volume 1 da coleção, reuniram-se nove artigos produzidos por mulheres, além de apresentação assinada por mim, filósofa e coordenadora da Escola. Os textos contemplam aspectos do pensamento de Hannah Arendt, Adriana Cavarero, Seyla Benhabib, Margaret Cavendish, Simone de Beauvoir, Angela Davis, María Lugones, Silvia Rivera Cusicanqui e Lélia Gonzalez. Esses textos trabalharam com a identificação dessas mulheres e com a valorização da propriedade intelectual, o fortalecimento dos agentes sub-representados (mulheres, pessoas negras, indígenas, LGBTQIA+, pessoas com deficiência, idosos, entre outros grupos), cujo pressuposto se funda no pensamento interdisciplinar de mulheres porque assume a responsabilidade de suprir as lacunas e a exclusão promovidas pelo cânone oficial.

    No volume 2 de As Pensadoras, reuniram-se sete artigos, destacando o pensamento de Nadia Krupskaya, Gloria Evangelista Anzaldúa, Nísia Floresta, Marta Lamas, Heloisa Buarque de Hollanda, Maria Firmina dos Reis e Sandra Harding. No seu artigo de apresentação da obra Trilhas de um pensamento feminista complexo, Patrícia Guimarães Gil oferece uma excelente introdução dos temas discutidos em cada artigo que compõe o volume e suas respectivas autoras. Uma continuidade muito coerente do primeiro volume. Enquanto na primeira publicação são discutidas as ideias de nomes históricos da filosofia e da sociologia, a partir da obra de autoras europeias, norte-americanas e latino-americanas, no volume 2, há uma concentração maior de autoras brasileiras, um aspecto muito importante para os leitores e as leitoras. Também se percebe a continuação do processo de fortalecimento de um novo cânone citado por mim no artigo As pensadoras – Uma experiência de cânone feminista, do vol. 1, com uma nova epistemologia e uma nova forma de pensar.

    Um avanço que, no vol. 3, configura-se na visibilidade do pensamento de outras epistemologias e outras pensadoras e autoras. E por isso queremos apresentá-las também como a terceira razão para a continuidade da obra. Neste terceiro volume, reuniram-se cinco textos sobre as pensadoras Azoilda Loretto da Trindade, Ivone Gebara, Elza Freire, Eliane Potiguara e Silvia Federici.

    O texto sobre Azoilda Loretto da Trindade, escrito por Gisele Rose (p. 116) destaca que a maior preocupação da pensadora estava com as gerações futuras e portanto é um pensamento que caracteriza-se para além do seu tempo, literalmente. Segundo Gisele, Umas das grandes preocupações de Azoilda Loretto da Trindade eram as gerações futuras. Por isso, ela nos legou materiais imprescindíveis para promover, entre crianças e jovens, o que ela denominou como valores civilizatórios afro-brasileiros. Azoilda é pioneira na reflexão brasileira sobre relações étnicas raciais e por isso merece toda a nossa atenção e visibilidade de sua obra.

    Já o texto sobre Ivone Gebara escrito por Carolina Bezerra é uma própria profecia humana e ecofeminista, texto expressivo e bonito. Sobre Ivone, escreve Carolina (p. 67): Quem é Ivone Gebara? Para as teólogas feministas brasileiras da libertação, categoria em que eu me enquadro, é muito difícil estabelecer uma distância crítica da pessoa de Ivone Gebara, mesmo não pertencendo ao seu círculo de convivência mais próximo e sem ter atuado nos mesmos campos de trabalho. Consideramo-nos suas discípulas, lemos seus textos, ouvimos sobre suas ideias, dialogamos com elas, caminhamos juntas em assessorias, reuniões, congressos. Sua postura, suas palavras (ora doces, ora críticas, mas sempre firmes), sua forma de nos descontruir e ajudar a construir, a troca de experiências geram afeto.

    Nestas experiências que geram afetos e um caminhar no mundo com outras pessoas encontramos o tom elzafreiriano. No texto dedicado a Elza Freire, Nima Spigolon diz o

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