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A Bigorna
A Bigorna
A Bigorna
E-book392 páginas5 horas

A Bigorna

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Sobre este e-book

Uma radiação mortal de um cometa está prestes a acabar com a vida na Terra.


Em desespero, o governo dos Estados Unidos construiu uma série de abrigos subterrâneos para proteger a maior quantidade de pessoas possível. Eles planejaram ficar debaixo da terra por vinte anos antes de retornarem para a superfície.


Mas eles conseguirão sobreviver confinados pelo tempo necessário nos abrigos subterrâneos? E o que vão encontrar quando finalmente vierem para a superfície?


Um história paralela a The Ark, A Bigorna é uma história fascinante de coragem e sobrevivência em um cenário de ficção científica pós-apocalíptica.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento29 de jul. de 2023
A Bigorna

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    A Bigorna - Christopher Coates

    PART UM

    1

    O Presidente Daniel Anson estava parado de pé olhando pela janela à prova de balas da Sala Oval. O mundo estava na iminência da destruição e lá estava ele, parado. Daniel era o líder político mais poderoso do mundo e estava sem esperanças de fazer alguma coisa. Pior ainda, para evitar o pânico, ele tinha de manter essa notícia trágica escondida da população que ele jurou servir. Ele nunca se sentiu tão sozinho e ineficaz.

    Ele tomou conhecimento do desastre iminente por volta de um ano atrás quando faziam apenas algumas semanas de seu segundo mandato. Ele era grato por isso. Tentar lidar com essa situação já era ruim o suficiente, mas concorrer sua reeleição ao mesmo tempo seria algo inconcebível.

    Nesta manhã, o presidente tinha pedido para ficar sozinho até que seus visitantes estivessem todos reunidos para a reunião das 9h da manhã. Isso deu-lhe aproximados dez minutos de quietude para contemplar a situação e a decisão que deveria tomar nos próximos meses.

    O telefone em sua mesa toca, e a voz disse: — Senhor Presidente. General Draper e os colegas dele estão aqui.

    — Obrigado, Liz. Mande-os entrar.

    Um agente do serviço secreto abriu a porta, deu uma olhada rápida na sala e deu permissão para que o trio entrasse. O primeiro a entrar na sala foi o general Draper. Ele era o dirigente do Estado-Maior Conjunto. O general de sessenta e três anos tinha um metro e oitenta e era relativamente magro. Em sua testa, suas entradas deixavam visíveis uma larga cicatriz.

    Seguindo o general, havia o Conselheiro de Segurança Nacional. Jeremiah Baker era um homem de sessenta anos afro-americano e antigo senador da Virginia. Ele tinha uma extensa experiência nas áreas de política e defesa nacional. Ele tinha passado vinte anos como um oficial no Corpo de Fuzileiros Navais e depois outros oito anos no Senado, parte desse tempo como dirigente do Comitê de Serviços Armados do Senado.

    A última pessoa a entrar era Dennis Roberts. Dennis era o Secretário Ajunto de Segurança Nacional. Dennis também foi um militar, tendo passado oito anos na inteligência do Exército antes de ser transferido para a CIA. Ainda na CIA, ele serviu por mais de doze anos e se destacou em várias ocasiões. Ele chegou à Segurança Nacional estritamente para lidar com a crise atual.

    — Cavalheiros. Por favor, entrem e sentem-se. Onde está o general Fitch? — perguntou o presidente.

    — General Fitch está ocupado, senhor, e desde que esta reunião é sobre um âmbito restrito, eu o instruí a continuar com seu trabalho — explicou o general Draper.

    O presidente concordou com a cabeça e os homens entraram e se sentaram do outro lado da grande escrivaninha. Ele também se sentou antes de continuar: — Dennis, é bom vê-lo novamente. Eu sei, ao nos encontrarmos alguns meses atrás, jogamos uma bela bomba em você e entregamos uma missão difícil. Como sabe, general Draper, Sr. Baker e eu nos reunimos semanalmente sobre esse projeto. E eles têm me mantido a par do seu progresso. Entretanto, eu queria ter nós quatro juntos para ouvir como estão seus esforços no seu campo de atuação e compartilharmos qualquer ideia que possamos ter.

    — Entendo, Senhor Presidente. Agora que tive algum tempo para compreender o que está acontecendo, acho que é seguro dizer que teremos cerca de cento e cinquenta abrigos subterrâneos disponíveis a tempo. Estamos trabalhando em duzentos locais, mas não acho que teremos tempo de finalizar todos. Os terrenos em sua maioria são cavernas naturais ou minas abandonadas. Todos os lugares possuem fornecimento de água limpa para um ano inteiro. Isso é o necessário para o consumo humano e para a refrigeração do reator.

    — Dennis, se houver mais alguma coisa que nós possamos fazer para mover esforços e ajudar você a preparar mais abrigos, não deixe de nos avisar. Cada abrigo equivale a aproximadamente mil vidas salvas e uma chance melhor da raça humana se reconstruir.

    Agora, e sobre o processo seletivo? Quem está indo para as minas e cavernas, e como eles estão sendo selecionados?

    Meneando a cabeça, Roberts explicou: — Senhor, estamos chamando o processo seletivo de Projeto Bigorna. Fiquei maravilhado ao ver os detalhes dos registros que a Segurança Nacional tem dos cidadãos americanos. Nós começamos pelos registros fiscais. Isso vai excluir automaticamente qualquer um que não paga impostos. Depois, removemos aqueles com históricos de crimes, drogas ou transtornos mentais. Uma vez que vamos salvar aproximadamente uma pessoa apenas a cada dez mil, precisamos selecionar aqueles de melhor convivência e que não causarão problemas enquanto estiverem em um abrigo subterrâneo por um longo tempo.

    "Há também o problemas com medicamentos. Ainda que em cada abrigo haja serviço médico disponível, incluindo uma farmácia, não podemos estocar os medicamentos prescritos necessários para cada habitante dos abrigos por vinte anos. Todos que vão para um abrigo não devem tomar remédios diários.

    "Nós então estamos localizando pessoas que residam relativamente perto dos abrigos. Quando for o momento de ir até eles, haverá um esforço logístico massivo, e quanto mais perto estiver, melhor. Em seguida, estamos tentando ter certeza de que aqueles abrigados tenham habilidades valiosas. Vamos selecionar prioritariamente um eletricista ou um cirurgião em vez de de um limpador de janelas ou um animador de festas de aniversário.

    Houve um breve risinho pelo último comentário antes de ele continuar: — Nós também queremos famílias. Não nos servirá de nada se a maioria dos habitantes já tiver ultrapassado o auge de suas vidas quando os abrigos forem abertos daqui vinte anos. Também estamos tentando incluir uma diversa gama de origens étnicas.

    — Por que Bigorna? Isso significa alguma coisa? — o presidente perguntou.

    — Como o senhor sabe, a bigorna era usada por ferreiros para submeter ferro bruto a marteladas e transformá-lo em algo utilizável. Estamos usando esse projeto para pegarmos as pessoas que reunirmos e transformá-las em uma nova sociedade uma vez que a radiação passar — Roberts explicou.

    — Ok, gostei disso. Agora, como vai ser quando chegar a hora de partir para os abrigos?

    — Todos os que foram assinaram isso pensam que nada vai acontecer. A ideia é, em uma eventual guerra nuclear, pandemia ou qualquer outro acontecimento catastrófico, nós os enviarmos aos abrigos. Nós não os informamos que já sabemos da natureza de um desastre e a data em que tudo vai acontecer. Eles deverão fazer as malas com o necessário, e haverá um limite de quanto eles podem levar, para então seguirem com suas vidas. Com sorte, eles não pensarão muito sobre estarem no Projeto Bigorna, mas saberão que é real e urgente caso recebam a ligação.

    Quarenta e oito horas antes do evento, vamos recolhê-los e transportá-los aos abrigos. Ao que parece, terão algumas pessoas que nós teremos de buscar em suas casas. Outras receberão uma mensagem de texto as instruindo a nos encontrar em um local específico. Nós ainda estamos trabalhando nas logísticas. Nós já entrevistamos e confirmamos cerca de quarenta por cento dos habitantes dos abrigos.

    Apontando para os outros dois homens na sala, o presidente disse: — Se houver qualquer coisa de que vocês necessitem, me avisem imediatamente. Não quero que nada atrase seus esforços.

    Os quatro homens continuaram a discutir os detalhes por vários minutos antes de a reunião finalmente encerrar.

    2

    DOIS ANOS DEPOIS

    Ofegante, a Lucy Wilson de dezessete anos lutava para respirar enquanto ela corria. Ela podia ouvir passos atrás dela, que revelavam que seu perseguidor estava perto, bem perto. Forçando-se ainda mais, ela sentiu sua velocidade aumentar um pouco. O suor escorria por seu rosto, e conforme ela corria o suor fazia seus olhos arderem, mas ela não podia enxugá-los. Ela esteve correndo quase quatro quilômetros; suas pernas estavam queimando, e ela sabia que estava quase no seu limite. Virando a curva, Lucy viu seu objetivo.

    Segundos depois, ela cruzou a linha, seguida imediatamente de sua rival e amiga McKenzie Reynolds. A corrida de três mil e duzentos metros era o evento de que ambas gostavam e que apenas uma vez McKenzie havia vencido. Era sempre por pouco, mas Lucy era sempre um pouquinho mais rápida, apesar de ela ser um ano mais nova.

    As duas vinham apostando corridas entre si por três anos. A competitividade natural delas as fizeram se esforçar ainda mais, e as duas garotas eram corredoras melhores por isso. Mesmo durante dias de treino de corrida como este, ambas davam tudo de si, a vontade delas de vencer não permitindo que se contessem.

    Era uma tarde quente e ensolarada de maio. A temperatura estava por volta de 26°C, e o calor adicionava outro desafio para as garotas. Elas desabaram ofegantes na grama recém-cortada por vários minutos.

    Depois do descanso, as duas amigas foram às arquibancadas e apanharam toalhinhas e garrafas d'água de suas mochilas. Elas beberam quase toda a água e voltaram a andar pela grama enquanto esperavam seus batimentos cardíacos voltavam ao normal.

    — Nosso tempo foi bom. Acho que vamos fazer melhor semana que vem — McKenzie afirmou.

    Enxugando seu rosto suado com a toalha, Lucy respondeu: — É, também acho que sim. Nós fomos muito bem, considerando o calor que está fazendo. — Por enquanto, nesse ano Lucy era em média um minuto mais rápida do que no ano passado quando estava no segundo ano.

    As garotas discutiam sobre sua próxima competição de corrida contra os Upton Beagles. Seria a corrida final da temporada e a última delas juntas, já que McKenzie se graduaria em duas semanas.

    O treinador das meninas disse que depois desse treino elas estariam liberadas. Depois de dez minutos de descanso e conversa Lucy, embora exausta e pingando de suor, afastava-se da pista da Escola Secundarista Central Armstrong. Ela pegou sua mochila estufada de coisas do início da arquibancada e tirou uma segunda garrafa d'água do bolso lateral, enfiando a primeira no agora espaço vazio. Virando-se, a estudante de atletismo seguiu para o estacionamento para encontrar seu carro. Normalmente, ela teria tirado um tempo para tomar uma ducha na escola antes de ir para casa, mas as coisas estavam diferentes naquela semana.

    Naquela manhã bem cedo, seus pais tinham voado para Miami para fazer um cruzeiro de sete dias rumo ao Caribe, deixando Lucy responsável pelo seu irmão de doze anos, Sam. Nenhum dos dois entendia por que seus pais haviam escolhido esse período do ano para irem para o sul, quando já estava bem quente por aqui.

    Essa era a primeira vez que seus pais os deixavam sozinhos por tanto tempo, e Lucy estava determinada a fazer com que eles não se arrependessem da decisão. Embora Sam e ela se dessem bem por boa parte do tempo, ser responsável por ele era um desafio. Ambos tinham rotinas atarefadas, e Lucy tinha de pensar em como fazer tudo dar certo.

    Como Sam estava apenas no sexto ano, ele estudava em uma escola diferente a alguns quilômetros de distância. Hoje, ele tinha um jogo de beisebol depois da escola e ele tinha pedido a Lucy para tentar assisti-lo. Ela não estava preocupada com assistir alguma parte do jogo, mas ela queria que ele ficasse lá parada, esperando por ela chegar para buscá-lo.

    Anos atrás, Sam havia sido gravemente ferido quando correu para uma rua e foi atropelado por um carro. Lucy tentou impedi-lo, mas não conseguiu. Por quase uma semana, não se tinha certeza se o garoto sobreviveria. Durante esse tempo, Lucy se recusou a sair do lado da cama dele. Apavorada com que algo acontecesse ao seu irmão. Três semanas depois, quando ele voltou para casa, ela o vigiava constantemente. Ela ainda se responsabilizou por ajudá-lo várias vezes por dia com os exercícios que faziam parte da reabilitação. Passar por essa experiência traumática tornou Lucy superprotetora com Sam, e os dois cresceram bem próximos.

    Ao passo que cruzava o estacionamento quase vazio, ela começou a sorrir. Encostado em seu carro estava Marcus Ditmore. Inconscientemente, ela apertou o passo. Marcus tinha quase um metro e oitenta de altura e tinha cabelos bem pretos. Ele tinha uma atitude positiva acerca de tudo e as pessoas naturalmente gostavam dele.

    Lucy e Marcus tinham sido melhores amigos desde o primeiro ano. Desde a infância, eles têm mantido uma profunda confiança um com o outro e sempre foram confidentes dos secretos de ambos. A conexão deles era bem enraizada e parecia inquebrável. Levou todos os seus anos escolares para que a relação se transformasse e para então começarem o namoro. Esse relacionamento não surpreendeu ninguém. A maioria das pessoas já achavam que eles eram um casal, e o restante se perguntava o que fez com que levasse tanto tempo para acontecer.

    Três semanas atrás tinha sido o baile deles e, desde aquela noite, eles vinham fazendo planos de procurar por universidades que pudessem ir juntos.

    Toda vez que ela via Marcus, sua mão instintivamente tocava o bracelete em seu pulso. Era uma corrente dourada resistente com uma superfície plana que tinha o nome de Marcus encravada nela. Ele usava um idêntico ao dela, mas uma versão mais larga do bracelete com o nome de Lucy. Nenhum deles nunca haviam tirado do pulso.

    — Ei, Lucy — ele falou assim que foi dar um abraço nela.

    — Não. Eu estou toda suada e grudenta. Estou atrasada para o jogo do Sam e não tive tempo de tomar uma ducha — ela explicou.

    Eles se beijaram brevemente, aí ele disse: — Meu treino de beisebol acabou agora e preciso ir para o trabalho, mas vi seu carro e quis dizer um oi.

    Lucy acenou com a cabeça. — Você pode me ligar hoje à noite?

    — Provavelmente não. Não vamos ter terminado tudo até bem tarde, mas eu te vejo na aula amanhã.

    — Ok. Meus pais estão fora a semana toda, mas eu deveria estar disponível mais dias depois do treino.

    — Vamos dar um jeito — ele prometeu. Ele a beijou novamente e seguiu para seu carro.

    Entrando no seu carro, um Chevy de quatro anos, ela girou a ignição, ligou o ar condicionado no máximo e arrancou para fora do estacionamento e seguiu para o sul em direção à Escola Primária Armstrong.

    Dirigindo pelos fundos da escola, ela procurou por uma vaga perto do campo de beisebol e encontrou uma facilmente. O público para assistir ao jogo era deprimente para ambos os times. Conforme ela caminhava em direção às arquibancadas, ela ouviu o estalo de um taco tendo um contato sólido com uma bola e viu o central dos Armstrong dar dois passos para trás antes de esticar sua luva e pegar o arremesso.

    Houve uma explosão de comemorações do time da casa e isso os avivou até o final do jogo. Lucy para mais próximo da cerca, esperando que Sam visse que ela estava lá antes do final da partida. De relance ela olhou para o placar e viu que a pontuação final era de 8-4.

    Assim que ele veio de sua posição como o interbases, Sam olhou ao redor e viu sua irmã. Seu rosto, que já estava alegre pela vitória, ficou mais radiante.

    Ela esperou alguns minutos enquanto os times se parabenizavam e combinavam com seus treinadores uma discussão pós-jogo. Quando seu treinador dispensou Sam, ele correu até sua irmã. Antes que ele pudesse falar algo, Lucy disse: — Parabéns. Vocês fizeram um ótimo trabalho. — Ela esperava que ela não lhe perguntasse o quanto do jogo ela tinha assistido.

    — Obrigado. A gente esperava que fosse um jogo pegado, mas foi bem legal.

    — Eu me lembro de você falando isso nessa manhã. Seu time vem vindo bem já faz um bom tempo.

    Enquanto conversavam, eles foram em direção do estacionamento.

    — Estou faminto. A gente pode parar e pegar uma pizza? — o jogador perguntou.

    — Foi mal, hoje não. Mamãe deixou frango descongelando na geladeira, e ela quer que eu faça uso dele hoje.

    Notando o desapontamento no rosto de seu irmão, Lucy acrescentou: — Nós vamos comer pizza um dia dessa semana. Eu prometo.

    Quando Lucy fez essa promessa, ela nunca imaginaria que seria impossível de cumpri-la.

    3

    O táxi amarelo movia-se lentamente no tráfego de meio-dia à medida que se aproximava do Porto de Miami. Ainda a um quilômetro de distância, os topos dos majestosos navios de cruzeiro já eram visíveis. Haviam quatro navios de cruzeiro no porto naquele dia, cada um dando as saudações aos passageiros.

    Sentados na parte de traz do táxi estavam Marie e Alex Wilson. O casal estava ansioso para embarcar em seu navio e aproveitar uma semana no mar. Eles fizeram um cruzeiro dezenove anos atrás em sua lua de mel e tiveram um momento fantástico. Agora que seus filhos já estavam com uma idade suficiente para ficarem sozinhos, eles estavam animados para irem à um cruzeiro novamente.

    Assim que o táxi adentrou na área lotada do porto, passou uma dúzia de ônibus de turismos dirigindo na direção oposta da deles. Os ônibus estavam levando aqueles que desembarcaram de volta para o aeroporto para que eles pudessem voltar para suas casas, suas maravilhosas férias agora eram apenas memórias.

    Quando eles chegaram perto do imenso navio, eles puderam ver muitos caminhões estacionados próximos ao navio. Estavam esperando para descarregar todos os mantimentos necessários para manter milhares de passageiros bem alimentados e entretidos por uma semana.

    O navio deles deveria suportar por volta de seis mil passageiros e mais mil e quinhentos membros da tripulação. Ele era um dos maiores da frota, sem contar que era o maior navio no porto naquele dia. Alex apreciava, pensando como todos os outros passageiros que chegassem para seus cruzeiros dos navios menores olhariam para o deles e desejariam que seus navios fossem tão completos como aquele monstro gigante.

    Marie segurou a mão de seu marido com a sua, compartilhando fisicamente a empolgação da chegada com ele. Ele sorriu para ela, sabendo a emoção que ela sentia pois ele sentia o mesmo.

    — O navio é lindo — ela exclamou.

    — É enorme — Alex respondeu.

    — Vai ser uma semana incrível.

    Concordando, Alex adicionou: — Sol, mar e nada de crianças.

    Marie riu do comentário dele. Eles consideraram esperar algumas semanas até a escola dar férias e trazer as crianças junto, mas decidiram que precisavam de um momento de casal só deles.

    Pensando nas crianças, Marie disse: — Espero que eles estejam bem. Demos muita responsabilidade para Lucy.

    — Sim, mas ela provou com o passar do tempo que aguenta.

    — Eu sei — Marie concordou com um sorriso conformado. — Meu medo é que quando chegarmos em casa, caso as coisas tenham sido tranquilas, eu perceba que ela não precisa mais de nós tanto assim.

    — E ela não precisa. Ela está crescendo e nós fizemos bem a nossa parte. Essa viagem é uma chance para ela provar isso e para nós aprendermos a aceitar isso.

    Carregadores se encontraram com eles assim que eles chegaram na área de embarque, prontos para carregarem suas bagagens. Depois de pagar o taxista, Alex saiu do táxi e mostrou seus documentos para o carregador, que verificou que eles estavam no navio correto e no dia certo.

    Discretamente dando vinte dólares para o carregador, Marie viu como ele carregou suas seis malas. Se tudo corresse bem, a bagagem chegaria em sua cabine na hora do jantar. Levando sua única bagagem de mão, Alex os guiou ao prédio do terminal de embarque do cruzeiro. Daqui, eles passaram de estação em estação, apresentando seus passaportes e tendo a certeza de que seus documentos estavam em ordem.

    Como o embarque havia começado uma hora atrás, a multidão na área de embarque tinha diminuído bastante e as filas tinham reduzido, então eles puderam passar pelas estações bem rápido.

    Depois de passarem pela última delas, eles seguiram alguns outros passageiros se dirigindo à passarela que levava ao navio. Eles fizeram uma última parada, havia um fotógrafo do navio que tirava fotos dos grupos antes deles embarcarem.

    Alex tentou driblar o fotógrafo, mas Marie agarrou seu braço para pará-lo, dizendo: — Ora, vamos, é só uma foto.

    — Não sei se você lembra, mas eles vão tirar essas fotos a semana inteira — Alex respondeu.

    — Eu sei — Marie disse com um sorriso. — E essa será a primeira delas.

    Minutos depois, eles atravessaram a passarela e estavam oficialmente no navio. Eles pararam para apreciar o ambiente incrível que estavam. O espaçoso saguão era elegantemente decorado, e havia três grandes elevadores panorâmicos levando passageiros para diferentes andares. Foi uma excelente primeira impressão.

    Quase que imediatamente, um membro da tripulação do navio se aproximou deles. Ela era uma jovem animada com sotaque australiano, e ela trazia um pequeno estoque de folhetos coloridos. — Bem vindos à bordo. Aqui está um mapa do navio.

    — Obrigada. O navio é lindo — respondeu Marie.

    — Fico feliz que pense isso. Temos muito orgulho dele. Se importa de que eu veja seus documentos?

    Alex os mostrou para ela que deu uma olhada rápida. — A cabine de vocês está no convés seis, no meio do navio. Ainda está sendo preparada e deve estar pronta em cerca de meia hora. Até lá, sintam-se à vontade para explorar o cruzeiro. Há um buffet grátis no convés principal e também outro no convés nove nos fundos do navio."

    — Obrigado — Alex respondeu com um rápido sorriso. Ele abriu o mapa e tentou se localizar.

    Marie balançou sua cabeça e disse: — Só me siga. Queremos ir para este lado. — E ela o arrastou pelo saguão.

    — Como você sabe qual o caminho? Eu tenho o mapa — Alex perguntou com um sorrisinho maroto.

    — Não precisamos de um mapa. Eu memorizei a planta do navio há um mês.

    Eles foram aos elevadores panorâmicos assim que um deles estava chegando. O elevador subia suavemente, mas parou duas vezes para outros passageiros entrarem, e foi assim até chegaram ao topo. Saindo do elevador, os Wilsons se aproximaram de uma porta que abriu automaticamente, dando-lhes acesso ao convés superior. As primeiras duas coisas que eles notaram foram o bafo da brisa quente assim que eles deixaram o conforto do ar condicionado do navio e a música caribenha tocando de uma banda ao vivo no convés. Eles andaram até a grade e olharam para o cais. Ainda havia passageiros embarcando, e diferentes caminhões descarregavam suas mercadorias. O navio estaria partindo em duas horas, e todos teriam terminado os preparativos.

    Eles apreciaram a vista por alguns minutos e então se dirigiram à popa do navio, de mãos dadas, observando os outros navios que também estavam no porto e recebendo passageiros. Enquanto caminhavam, Marie perguntou, Como você acha que as crianças estão?

    — Eles estão bem. Ambos são confiáveis e provavelmente estão aproveitando o fato de tomarem conta de si mesmos.

    — Eu sei, mas me preocupo com eles.

    — Isso é bom para eles. Eles precisam ter um gostinho extra de liberdade, e vamos estar de volta em apenas uma semana.

    Eles se aproximaram da popa do navio e olharam para os três outros navios de cruzeiro. Havia outras pessoas apreciando a vista e tirando fotos. Muitos dos outros passageiros já tinham drinques em suas mãos.

    — Interessante o quão diferentes as pessoas aparentam ser — Marie comentou.

    — Eles talvez sejam um pouco mais baixos que nós, mas são todos impressionantes de se ver — adicionou Alex.

    Eles esperaram por longos minutos até alguns deles saírem da grade e abrirem espaço suficiente para que Marie fosse até lá e pudesse tirar algumas fotos com seu telefone.

    Vendo que sua esposa tinha terminado, Alex perguntou: — Que tal voltarmos e pegarmos alguma coisa para comer? Estou faminto.

    —Ok. Você acha que consegue encontrar o caminho sem o mapa? — Marie debochou dele.

    — Claro que consigo. Fica neste convés. Eu vi a fila enquanto andávamos por aqui.

    — Bom, estava apenas garantindo — ela falou com uma risada.

    — Eu não sou tão desorientado assim — respondeu Alex na defensiva.

    Andando na frente, ele os guiou para a fila do buffet, onde esperaram por muitos minutos. Eles podiam sentir o cheiro de carnes grelhadas e ver passageiros passando com pratos empilhados de comida; a fome deles apertou. Eventualmente, a fila se dividiu, metade das pessoas ia para a parte dos grelhados e a outra metade ia para as saladas prontas e entradas na mesa do buffet.

    Marie pegou um sanduíche de frango grelhado e batatas fritas, e Alex pegou um cheeseburger. Eles pegaram bebidas e se sentaram perto da piscina, que estava fechada já que ainda estavam no porto.

    — Ainda falta um pouco até que possamos entrar na nossa cabine. O que você quer fazer? — Alex perguntou entre uma abocanhada e outra.

    — Vamos descer até o convés oito e dar uma olhada em alguns saguões e no casino.

    — Certo, por mim tudo bem.

    Enquanto eles conversavam, dois altos sons de sopro foram ouvidos da chaminé de um navio.

    — Parece que um dos outros navios está zarpando antes do nosso. Vamos lá ver ele partindo — sugeriu Alex.

    4

    Algumas horas depois, o navio deles já tinha partido, mas ainda era possível ver a costa que parecia mover-se lentamente. Todos os passageiros completavam o treinamento obrigatório do bote salva-vidas, e muitos deles voltavam para suas cabines levando seus coletes salva-vidas para o armazenamento adequado. A Guarda Costeira Americana exigiu que todos os passageiros mostrassem, em seus botes, seus coletes salva-vidas em mãos. Todos precisavam saber o que fazer em caso de emergência.

    Marie e Alex sentaram no convés superior, com o intuito de não serem atropelados por um bando de pessoas voltando para seus quartos. Tinha uma bela vista do litoral enquanto eles relaxavam, o plano era esperar até que a multidão se dissipasse. Sentados, aproveitavam o balanço do navio conforme ele se movia através do oceano, e pensavam sobre como era bom estarem longe. Seus pensamentos de paz, no entanto, foram interrompidos por sons simultâneos de seus celulares com várias mensagens de texto que não paravam de chegar.

    — Veja, amor. Mesmo em alto mar as crianças deram um jeito de perturbar nossa paz e tranquilidade — Alex deu um risinho.

    — Pensei que teríamos notícias deles um pouco mais cedo — Marie respondeu enquanto se levantava e pescava o celular de seu bolso.

    Num primeiro momento, Marie ficou confusa. A mensagem não era o que ela esperava. Então, lentamente a ficha caiu. — Não. Não… Não!

    Enquanto ela lutava para entender as duas palavras que estavam escritas na

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