Ética, Teologia e Consciência Crítica em Diálogo: uma reflexão interdisciplinar entre Tomás de Aquino e Paulo Freire
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Sobre este e-book
Em linhas gerais, a reflexão pretende aproximar, integrar, desdobrar e aprofundar a tão necessária prática da interdisciplinaridade entre a teologia e a educação. A cultura atual, complexa, polissêmica, paradoxal e indescritível a partir de uma única perspectiva, desafia este teólogo a buscar pelo diálogo a possibilidade a ampliar uma interpretação da vida e do ser humano. Estabelecer uma interlocução entre esses dois pensadores de épocas distintas não deixa de ser uma tentativa de captar a mudança de paradigma no pensamento, em que se passa de uma monolítica para uma percepção pluralista, compreender que as metanarrativas, antes únicas formadoras e "pedagogas" da subjetividade religiosa, hoje são substituídas pela busca individual, parcial e até fragmentada de sentido.
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Ética, Teologia e Consciência Crítica em Diálogo - André Luiz Boccato de Almeida
© 2023, André Luiz Boccato de Almeida
2023, PUCPRESS
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Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)
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Dados da catalogação na publicação
Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Sistema Integrado de Bibliotecas – SIBI-PUCPR
Biblioteca Central
Edilene de Oliveira dos Santos CRB 9 /1636
A447e
2023
Almeida, André Luiz Boccato de
Ética, teologia e consciência crítica em diálogo: uma reflexão interdisciplinar entre Tomás de Aquino e Paulo Freire / André Luiz Boccato de Almeida . – Curitiba : PUCPRESS, 2023
Inclui bibliografias
ISBN 978-65-5385-058-3
ISBN 978-65-5385-059-0 (e-book)
1. Ética. 2. Teologia. 3. Educação. 4. Consciência. 5. Reflexão (Filosofia). I. Título.
Sumário
Capa
Folha de Rosto
Créditos
Prefácio
Introdução - Duas propostas ético-educativas em uma cultura de pluralidades
Capítulo I - O pensamento de Santo Tomás de Aquino e a subjetividade: perspectivas teológicas e educacionais
Capítulo II - Paulo Freire e a consciência crítica: perspectivas antropológicas, éticas e educacionais
Conclusão - A formação da subjetividade e da consciência crítica em Santo Tomás de Aquino e Paulo Freire: paradigmas propositivos para o contexto contemporâneo
Referências
Prefácio
O trabalho de André Luiz Boccato de Almeida é de capital importância para o presente momento do contexto brasileiro, pois reflete um importante capítulo da teologia desta Terra de Santa Cruz: a fecunda experiência entre consciência crítica e tomismo.
Em Santo Tomás de Aquino a consciência é a morada do Espírito, a qual não convém ao(à) teólogo(a) não ouvir, categoria essa que além do dinamismo pneumatológico que comporta, também tem sua expressão política no papel da produção de conhecimento e sua incidência visceral tanto na sociedade quanto na cultura; e isto também vale dizer sobre a religião. Se a consciência é o lugar antropológico da ação divina, a Universidade pode ser pensada analogamente como o lugar institucional pelo qual a realidade humana deve discernir seu dever ético, modo por excelência pelo qual se pode constatar a presença operante daquilo que os cristãos consideram como vontade divina. A produção de conhecimento tem como alvo o aprofundamento da condição humana (veritas) e de seu dever ético (bonum), entretanto, em Tomás essas categorias são correlatas à noção de Mistério, um excesso de sentido que não se esgota, e nessa condição sempre estão mais além do que qualquer pretensão de representá-las definitivamente em fórmulas dogmáticas, sendo estas sempre um resultado que se configura por um inacabamento constitutivo.
Exatamente dentro desse dinamismo entre inteligibilidade e eticidade que comporta a vontade de verdade e a vontade de bondade que o Aquinate provocou, no Brasil do século XX, um vínculo entre compromisso social e agenda política, como pode se verificar claramente na perspectiva do tomismo, em ao menos três versões.
O primeiro tomismo ficou conhecido pela chamada Escola de São Paulo, vinculada aos nomes de Plínio Salgado e Miguel Reale, respectivamente, fundador e chefe do Departamento de Doutrina da Ação Integralista Brasileira (AIB), em 1932 – primeiro partido nacionalista brasileiro, vinculado ao fascismo italiano e ao salazarismo português.
O segundo tomismo se vincula ao Plínio de Oliveira, atualmente mais conhecido como fundador do movimento Família, Tradição e Propriedade (TFP), mas que em 1934 era conhecido como presidente da Ação Católica Paulista e o deputado federal mais votado – dado o apoio da Legenda Eleitoral Católica (LEC), em que algumas autoridades católicas se comprometiam em apoiar os candidatos que, por sua vez, deveriam se comprometer com uma agenda mínima católica, que dizia respeito sobretudo a uma agenda da família e de manutenção de privilégios eclesiais. O tomismo de Plínio de Oliveira foi fundamental para a propaganda do regime ditatorial do Estado Novo de Getúlio Vargas na sua caça aos comunistas.
Emergia no cenário intelectual brasileiro a fundação da Universidade de São Paulo, em 1934, com a proposta de promover uma revolução intelectual, a fim de evitar o amargo episódio da Guerra Civil de 1932 entre o estado de São Paulo e o Governo Vargas, devido ao golpe de estado do presidente gaúcho nas eleições de 1930. A USP nasce, então, com a implementação da missão francesa – na qual o governo da França enviava professores para a fundação da universidade paulistana. Em um primeiro olhar, pode-se pensar que a USP, dado o anticlericalismo francês, ofereceria ferramentas de análise estrutural que confrontariam o tomismo expressivamente presente nos políticos católicos, entretanto, além do fato de que vários intelectuais dessa comunidade não compactuarem com as perspectivas de alguns movimentos sociais e políticos a favor da luta armada, também foi responsável pela vinda de um dos primeiros professores da missão francesa à USP, o professor de literatura francesa Robert Garric (1896–1967), um adepto do catolicismo social francês e criador das Equipes Sociais na França no período entreguerras, que visavam unir ação popular e educação social pelo engajamento das elites intelectuais.
Para Garric, a missão da juventu de intelectual e cristã consistia na partilha de seus conhecimentos com os jovens mais pobres para qualificá-los profissionalmente e introduzir o conceito de amizade social
(amitié sociale), categoria encontrada no contexto das trincheiras de guerra, em que era necessário que pobres e ricos, letrados e analfabetos cuidassem uns dos outros, apesar de suas diferenças. A experiência de Garric, que se expandira para o Brasil com sua vinda como docente universitário, também incorporou a experiência de seu trabalho em conjunto com seu amigo na ocasião, o Pe. Joseph Cardijn (1882–1967), que em 1924 havia criado a Juventude Operária Cristã (JOC) e seu método de Ver-Julgar-Agir.
Garric é o pioneiro responsável por duas importantes experiências que envolvem a Igreja Católica, pois além da criação das Equipes Sociais nas favelas do Rio de Janeiro – via Ação Católica do Centro Dom Vital –, como professor, inaugurou uma fronteira de diálogo de um novo tomismo no Brasil, veiculado pelo catolicismo social francófono que conhecia muito bem as contribuições, os limites e as manipulações partidárias da análise estrutural marxista, oferecendo, assim, uma interpretação tomista, não somente distinta das outras duas vertentes, mas capaz de dialogar com o pensamento de vanguarda que se consolidava desde a década de 30 no Brasil. Dentre essas interpretações a favor da democracia, do Estado de Direito e das políticas públicas de redução de desigualdade, apareciam nomes de