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O Padrão Fiduciário (Edição Brasileira): A alternativa da escravidão por dívidas para a civilização humana.
O Padrão Fiduciário (Edição Brasileira): A alternativa da escravidão por dívidas para a civilização humana.
O Padrão Fiduciário (Edição Brasileira): A alternativa da escravidão por dívidas para a civilização humana.
E-book568 páginas14 horas

O Padrão Fiduciário (Edição Brasileira): A alternativa da escravidão por dívidas para a civilização humana.

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Sobre este e-book

No Padrão Fiat, o economista mundialmente aclamado Saifedean Amous aplica a sua capacidade analítica única ao sistema monetário governamental (fiat), explorando-o enquanto proeza tecnológica e de engenharia, como fez em relação ao bitcoin no bestseller mundial O Padrão Bitcoin.

Desta feita, Ammous debruça-se sobre a transição global do padrão ouro para o sistema governamental moderno de moeda fiat, sublinhando as suas metas e fracassos, extraindo as implicações económicas, políticas e sociais que resultaram da sua utilização, e analisando como o bitcoin o afetará com o tempo.

Munido do seu perspicaz discernimento, o autor analisa as divisas políticas globais por analogia com o bitcoin: de que forma são "minadas" sempre que entidades governamentais criam empréstimos; a inexistência de limitações sobre a inflação; e a intervenção governamental desenfreada, que tem resultado em distorções pesadas, devastadoras e persistentes sobre os mercados planetários da alimentação, dos combustíveis, da ciência e da educação.

Através destas comparações, ele demonstra que o bitcoin poderá constituir o próximo avanço da nossa espécie, uma vez que detém uma alta vendabilidade espacial, tal como no sistema fiat, mas sem a criação desenfreada de dívida. Em vez de um colapso hiperinflacionário desorganizado, o bitcoin representa um jubileu da dívida e a uma atualização ordenada sobre o sistema operativo monetário mundial, revolucionando o capital global e os mercados energéticos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento31 de ago. de 2023
ISBN9789916723395
O Padrão Fiduciário (Edição Brasileira): A alternativa da escravidão por dívidas para a civilização humana.

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    Pré-visualização do livro

    O Padrão Fiduciário (Edição Brasileira) - Saifedean Ammous

    Sobre o autor

    Saifedean Ammous é um economista de renome mundial e autor de The Bitcoin Standard: The Decentralised Alternative to Central Banking, o livro definitivo e mais vendido sobre bitcoin, traduzido para 25 idiomas. Ele também é o autor do livro que será lançado em breve, Principles of Economics. Saifedean ministra cursos sobre os princípios econômicos por trás do bitcoin e da economia por trás do bitcoin e da economia na tradição da escola austríaca de economia em sua plataforma de aprendizagem on-line Saifedean.com. Além disso, ele é o apresentador do podcast The Bitcoin Standard.

    Apoiadores

    O autor dedica este livro aos seguintes leitores que apoiaram a autopublicação deste livro encomendando antecipadamente cópias autografadas. Seu apoio e interesse são a razão pela qual escrevo!

    60e75d5207d67cef0b16cea187be29f3c97b80cec30420427187892f-4f004a4c, A. Milenkovic, A.W. Steinly, Aaron Dewey Olsen, Abdullah Moai, AceRich2020, Adam Miller, @Adelgary, Afsheen Bigdeli, Ágúst Ragnar Pétursson, Akihiko Murai, Alberto Toussaint, Alex Bowe, Alex Chizhik, Alex Gladstein, Alex Toussaint, Alexander Tarnok, Ali Meer, Alistair Milne, Amber D. Scott, Amelia Alvarez, Amine Rahmouni, Andrés M. Tomás, Andrew K Sloan, Andrew Masters, Andrew P Hickman, Andrew W. Cleveland III, M.D., Andrewstotle, Andy Goldstein, Andy Holmes, Angelina Franklin, Anonymous, Antoni Taczanowski, Antonio Caccese, Armand Tuzel, Arvin Sahakian, Arxnovum Investments, Askar Kazhygul, Avtarkaur Sachamahithinant, Chaivit Sachamahithinant, Sujitra Sachamahithinant, AZHODL.com, Baron Bloe, Bartosz Granowski, Basem Jassin, Ben Davenport, Benoit Fontaine, Bert de Groot, Bill Daniels, Bill Sousa, @BitcoinIsThePin, bitcoin-schweiz.ch GmbH, bitcoinsverige.org, BklynFrank, Braiins & Slush Pool, Brandon Nabors, Bret Leon Lusskin Jr., Brett Bondi, Brian Lockhart, Brian Bilnoski, Brian Fisher, Brian L. McMichael, Britt Kelly, Browning Hi-Power 9mm, Bryan Boot, Bryan Hennecken, Bryan S. Wilson D.O., C&H, C4R3Bear, Carlos Octavio Chida Suárez, Cedric Youngelman, Chad Welch, Chafic Chahine, Charles Ruizhongtai Qi, Chiefmonkey, Chris Rye, Chris Vallé, Christian Cora, Christof Mathys, Christophe Masiero, Christopher Chang, Christopher S. Widger, CJ Wilson, Central Valley Bitcoiners, Clancy e Joe Rodgers, Clayton Maguire, Colin Heyes, Conscious Money Creators, Craig McGarrah III, Craig S Smith, D. Akira Ulmer, Dan Carman, Dan J, Dan Skeen, Daniel Carson, Daniel G. Ostermayer, Daniel Marulanda, Daniel Oon, Darin Feinstein, Darin Wilmert, Dave Burns, David Adriani, David B. Heller, David Barry, David Bryson, David Carre, David e Shauna Jeffries, David Love, David McFadzean, David Strimaitis, Decrypted LLC, Dennis Eibel, Dennis Kohler, Derek Sheeler, Derek Waltchack, Dick Trickle, Dicka, Dmitriy Molla, Doug Devine, Doug Hemingway, Michael Milmeister & o time Stormrake @stormrake.com, Dr. e Sra. Douglas M. Moeckel, Dr. Paul Essey, Dustin Dettmer, Dylan Hedges, Dylan Wettasinghe, Ed Becker, Edgar R Tapia Gonzalez, ElCapitan, Eliah van Dijk e Anaïs van Dijk, Elias Andalaft—co-fundador Webempresario.com, Elio S. Fattorini, Emmanuel Azih Jr., Eric Dosal, Érick Zazueta Ávila, Eugen Zimbelmann, Evangeline e Jacob, Fabian, Fabian Bürger, Fadi Mantash, Felix L., Filip Karađorđević e Danica Karađorđević, Filipe Neves, Frank Acklin, Frank T. Young, Frederick D’Mello, G Charles Harrison, Gabe C., Gabriele gurgamezcla Gussoni, Gaël Giusti, Gareth Hayes, Gary Lau, @gauchoeddy, Gerard N, Gerd Lüdtke, Gert Kleemann, Gina Jaramillo, Giuseppe Bueti, Glenn T., Gordon S Greer, Greg e Joy Morin, Gregory Zajaczkowski, Hadi, Harvinder Singh Sawhney, Hashim Elmegreisi, Hendel Bouchelaghem, Henry Gonzalez, Herman Vissia, Housam Majid Jarrar, Hugh Fowler, Hunter Hastings, Imre Michalsky, Isabella V. Fernando, Isaias De Leon, Isandi, J Dixon, J Flow, J. Kevin Coffin, J. Woods, J.M.B., Jack Heitger, Jacob Boyer, Jacob Cherian, Jakob Kucharczyk, James DelGuercio, James Harris, James Ian Thompson, James Machado, James McCoy, James Sutherland, James Swinhoe, James Viggiano, Jan W.F. van Dort—Mestre em moedas digitais, Família Janajri, Time Coinbits, Jarod M. Bona, Jasper de Trafford, Javier Gil, Jay Chin, Jeff e Beth Ross, Jeff Aurand, Jeff Bennett, Jeff Packard, Jeff Smith, Jeffrey S. Van Harte, Jeffrey Poppenhagen, Jeffrey Williams of ILA Local 1654., Jeremiah Albright, Jeremiah James, Jeremy Cooper e #TeamCooperOhana, Jeremy Showalter, Jerrold Randall, Jerry Aguirre, Jez San, Jimmy Weaver, @JMFM_89, Joachim B., Joe Rubio, Johan M. 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Slot, Sachin & Manavi Sharma, Samuel Claussen, Samuel Rufinatscha, Família San, Sanjay Srivatsa, Satoshi’s Domains, Scott C. Morgan @BtcVires, Scott S. Manhart, DDS, MS, Scott Schneider, Seb Walker, Sebastian Liu, SensibleYapper, Sergio Ruocco, Shakti Chauhan, Shao-Hsuan Kao, Shaun Thomson, Sheldon Friesen, Shire HODL, Shone Anstey at LQwD Fintech, Shone Sadler, Siim Männart, Simon Ree, Simona Macellari, Stacy, Stefano D’Amiano, Stephan Livera, Stephen Cole, Stephen Saunders, Steve e Paige Crozier, Subhan Tariq Esq., Tammy Fuller, Tarek, Tariq Al Muhtassib, Tarun K Chattoraj, A Família Goodspeed, O Time Stormrake @stormrake.com, A Família Yingling, Thomas Hartland Mackie, Thomas Jaeger, Thomas Jenichen, Thomas Shelton, Tim Y., Tinoosh Zand, M.D., Tipton Cole, Tom G., Tom Karadza, Torstein Habbestad, Tyler W. Thornton, U.C.J., Esq., Sra. Vicky Essey, Victor Goico, Vijay Boyapati, Vince Oscar Benitez, Vincent en Daan, Vinicius Kenji Hashimoto, Wallet of Satoshi, Wayne Keith (@SatoshiPrime_io), Wesley Brockman, William J. Blehm, William Johnston, wiz, Yorba, Zac Woods, Zach Herbert, Zachary Hollinshead, Zafer Özkavlak, Zane Pocock, Zsurka Zoltán András.

    Prefácio por Ross Stevens

    Fundador e Presidente, NYDIG

    Imediatamente após a sua publicação, O Padrão Bitcoin de Saifedean Ammous se tornou um clássico instantâneo – leitura obrigatória para qualquer um que estivesse interessado com seriedade a compreender a importância e o poder do bitcoin. O Padrão Bitcoin primeiro conduz o leitor por uma viagem fascinante através da história do dinheiro e em seguida expõe de forma abrangente os princípios fundamentais para o apelo comparativo do bitcoin. Em uma seleção das melhores obras sobre o bitcoin, O Padrão Bitcoin fica no topo e é o livro com o qual a comunidade do bitcoin responde à pergunta se você tivesse que ler somente um livro sobre o bitcoin, qual seria esse livro?.

    Quase quatro anos após a sua publicação, O Padrão Bitcoin envelheceu bem. O bitcoin hoje é relevante para as vidas de mais de cem milhões de pessoas ao redor do mundo, uma forte confirmação da validade das ideias centrais apresentadas por Saifedean. O bitcoin, diferentemente do dinheiro fiduciário, é em todos os casos adotado de forma voluntária pelos seus usuários. A reação apropriada é de surpresa perante o fato de que, apesar de ainda ser jovem, o bitcoin já se tornou uma instituição monetária global significativa que provê uma forma de armazenamento de riqueza independente de um Estado e de um sistema bancário e que ao mesmo tempo funciona como um meio de transação apolítico e neutro.

    Os números gerais de adoção do bitcoin são convincentes. Mas os números de adoção per capita nos mostram algo ainda mais interessante. As maiores taxas per capita de adoção do bitcoin estão na África subsaariana, América Latina, Europa oriental e no sudeste Asiático. Faz sentido que os cidadãos dessas regiões sejam os primeiros ferventes usuários do bitcoin. Seja devido a episódios avançados de hiperinflação ou a controles de capital sufocantes, os cidadãos dos países com as maiores taxas per capita de adesão são atraídos para o bitcoin através do fracasso de suas instituições locais que demonstram fragilidades quanto à integridade governamental, dos direitos de propriedade e da liberdade monetária.

    Tanto intuitivamente quanto explicitamente, a atração pelo bitcoin é exercida pelas suas propriedade de livre mercado e de inflação predeterminada que garantem que uma elite privilegiada não conseguirá acesso exclusivo à torneira monetária. O mecanismo de prova de trabalho do bitcoin – segundo o qual os mineradores de bitcoin precisam trocar energia e recursos computacionais pelo aquisição de novas unidades monetárias – estabelece um custo real para o recurso, o que requer que os mineradores assumam um compromisso significativo caso desejem desempenhar o papel da casa-da-moeda.

    É nesse ponto que Saifedean brilhantemente vira as coisas de cabeça para baixo em O Padrão Fiduciário. Saifedean teve o insight profundo de explicar a operação do sistema fiduciário com uma analogia à operação do bitcoin. Nesse contexto, é possivel que concebamos o dinheiro fiduciário tal qual moeda digital, como um altcoin, e que definamos suas características, qualidades e fraquezas. Na analogia de Saifedean, a mineração das unidades monetárias fiduciárias ocorre por meio da criação de crédito enquanto os mineradores são as instituições que praticam reservas fracionárias. Em paralelo com os mineradores de bitcoin, os mineradores fiduciários também têm incentivos para maximiza a emissão de unidades monetárias. A diferença é que os mineradores não são restritos pelo ajuste de dificuldade que impõe limites na taxa de emissão praticada pelos mineradores de bitcoin. Desse modo, a mineração fiduciária não possui um mecanismo para o controle da emissão – o que é uma explicação poderosa para explicar a explosão cada vez mais veloz nas taxas de emissão de unidades monetárias fiduciárias ao redor do mundo nas últimas décadas. O modelo de Saifedean ainda demonstra que os episódios de colapsos fiduciários são como pontes mal-projetadas e representam nada mais do que o inevitável e inexorável resultado de engenharia incompetente.

    Longe de ser um ataque enviesado ao sistema fiduciário, O Padrão Fiduciário claramente exemplifica e explica as vantagens que possibilitaram a adoção global do dinheiro fiduciário. O Padrão Bitcoin desenvolve uma análise centrada no argumento de que medidas de vendabilidade intertemporal explicam a ascensão do ouro e do bitcoin como meios monetários. O Padrão Fiduciário explica a ascensão do dinheiro fiduciário e a substituição do ouro através do argumento proposto por Saifedean de que essa transição se deu por motivos relacionados à vendabilidade interespacial desses meios monetários. Esse argumento ainda constitui a lente através da qual é examinada a ascensão do bitcoin no mundo fiduciário, o seu modelo de segurança e as chances de que seu sucesso perdure.

    Saifedean cria o termo fichas fiduciárias para descrever as unidades monetárias deste sistema. Essa nova linguagem desenvolvida por ele nos dá a clareza necessária para discernir o motivo pelo qual a atividade combinada dos bancos comerciais e centrais no mundo moderno causa, e não cura, severos episódios de escassez de liquidez. A mineração fiduciária se rende ao clamor populista por quantidades cada vez mais abundantes de fichas fiduciárias e assim compromete o papel do mais sábio regulador que há, o mercado, através da remoção do mecanismo mais importante para a alocação eficiente de capital através da economia: os preços relativos de unidades monetárias resistentes à desvalorização (ou seja, estritamente limitadas). Em 2020, devido a sua incontinência na emissão de fichas fiduciárias, o número de calotes de dívidas nacionais atingiu os maiores níveis em 20 anos. A razão entre o número de reduções e aumentos nas notas de crédito soberano também chegou ao maior patamar jamais visto.

    Após expor de forma sólida todos os defeitos de engenharia da infraestrutura fiduciária, Saifedean nos conduz em uma jornada ampla e inesperada que demonstra o impacto que essas falhas têm em várias áreas da vida cotidiana: arquitetura, família, comida, ciência e energia, entre outras. Essa é uma parte do livro que deixará alguns leitores bravos, em profunda discordância com seu conteúdo ou pior. Mas muitos leitores que têm uma mente aberta terão uma experiência parecida como aquela de quando se vê algo que não mais é possível desver, uma experiência que lhes fornecerá uma coleção de perguntas e insights provocativos acerca da perniciosidade do sistema fiduciário. O ponto de vista tomado por Saifedean que coloca o sistema fiduciário como explicação primordial é uma contribuição original para a discussão sobre as razões pelas quais um sistema governado por tiranos leva a amplas injustiças, desequilíbrios e consequências não-intencionais.

    Não estragarei aqui as surpresas que estão por vir. Mas como uma amostra do que está contido nesta obra, lembre-se de que enquanto o bitcoin requer um processo apropriadamente oneroso de prova de trabalho para a criação de novas unidades monetárias, o sistema fiduciário tem um processo de mineração que destrói o conceito de custo de oportunidade com a criação de suas unidades. Esse contraponto explica corridas tresloucadas entre os criadores de fichas fiduciárias para agarrar desesperadamente o poder – e consequentemente o medo previsível que eles têm da ameaça que o bitcoin representa contra eles. Como não há um custo de oportunidade para a criação incontida de fichas fiduciárias, muitos mineradores fiduciários agem como se estivessem conseguindo algo de graça. Há repercussões amplas na sociedade dessa que é uma conjuntura meramente percebida e não verdadeiramente real.

    Saifedean conclui sua obra num tom de otimismo mesclado com praticidade. Ele explora a possibilidade de que o bitcoin e o sistema fiduciário coexistam, incluindo a possibilidade de o bitcoin potencialmente levar a uma redução gradual do endividamento fiduciário através de liquidações fiduciárias voluntárias. Adoção acelerada do bitcoin, em conjunto com a contínua queda do dinheiro fiduciário em termos reais, pode criar um um caminho rápido para que ocorra a transição voluntária da humanidade para um dinheiro resistente. Dessa maneira, a ascensão do bitcoin não precisa levar a um colapso catastrófico do sistema fiduciário. Existe um forte argumento para que o bitcoin se torne uma forma de seguro denominado em dinheiro fiduciário para riqueza, o que reforça a tese de que todos deveriam ter uma alocação em bitcoin maior do que zero.

    O bitcoin também é uma forma de seguro de vida, mas no sentido de algo que paga uma grande soma na ocasião de sua morte. Na verdade, o bitcoin paga um valor inestimável na forma de soberania, liberdade e dignidade. Num mundo repleto de injustiça monetária, injustiça no sentido amplo da palavra, de risco moral institucionalizado e de domesticação da estatal crescente da sua individualidade, a imparcialidade incorruptível do bitcoin, justiça, verdade e beleza constituem verdadeiro farol para todos os otimistas que buscam progresso pessoal e paz.

    Precisamente na hora de maior necessidade, cada cidadão do planeta têm uma escolha. Você pode permanecer no padrão fiduciário, no qual algumas pessoas, entre as quais muito provavelmente você não se encontra, conseguem produzir sem custo um número ilimitado de novas unidades de dinheiro. Ou você pode optar pelo padrão bitcoin, no qual ninguém, incluindo você, tem esse poder. Com a alternativa de um novo sistema monetário governado por regras e não por tiranos, cada um de nós pode agradecer pela oportunidade e a responsabilidade pessoal de fazer essa escolha.

    Nota do time de tradução

    Ler este livro foi um privilégio, e mais ainda por ter feito parte do time de tradução.

    Quem conhece um pouco de sobre bitcoin logo percebe que se trata de muito mais do que um simples dinheiro mágico da internet. O problema que Satoshi se propôs a resolver tem implicações muito mais profundas do que aparenta. Uma moeda fraca, mais do que só dificultar a poupança por parte da população, dá poderes grandes demais para os governos, o que faz com que políticos e burocratas possam interferir em todas as facetas da sociedade, causando inúmeros desvios e anormalidades. A moeda fraca interfere na dieta, na cultura, na economia, na ciência, na produção e em muito mais. Sendo o dinheiro o sangue da economia, quando há uma doença nele, os efeitos negativos serão sentidos em todo o resto do organismo da sociedade.

    Neste livro, Saifedean consegue fazer um apanhado estupendo de alguns dos mais importantes problemas derivados de uma moeda fraca. Após ler – e entender – esse livro, você dificilmente continuará vivendo a mesma vida que vive hoje. Prestar atenção no que foi mencionado neste livro me tornou um homem mais feliz; tamanha a profundidade do que está contido aqui.

    Ao traduzir este livro, tentamos ao máximo manter o estilo do autor. Você provavelmente notará palavras sendo repetidas diversas vezes. Isso não é um erro. É assim que Saifedean Ammous escreve. Essa é uma ferramenta que ele usa.

    Também tivemos desafios na tradução de alguns termos. Para mim, o termo token foi o mais problemático, já que na nossa língua lusa não há nada parecido. No mais, fomos generosos na adição das Notas do Tradutor (N.T.), para que sua leitura seja a mais suave possível.

    Faça um bom proveito.

    Rodrigo de Paula

    @dePaulaRodrigo_

    Por que o dinheiro de papel funciona? Pode-se dizer com confiança que Saifadean Ammous constrói, neste livro, a resposta mais satisfatória e original para esta pergunta. Como o leitor verá, não é possível respondê-la sem que se entenda o sistema monetário e financeiro atuais (o sistema fiduciário) do qual o dinheiro de papel é só um componente.

    O Padrão Fiduciário apresenta todos os pedaços de cada argumento necessários para que se entenda de forma consistente o que é o sistema fiduciário. Saifedean edifica sua resposta sobre três pilares: a tradição econômica libertária moderna (Escola Austríaca), derivada da antiga Escolástica; conhecimento do sistema financeiro moderno e do passado recente; e um dos mais claros entendimentos sobre o que é o bitcoin e a tecnologia de que é feito.

    Emprestando seu vasto domínio destas áreas ao leitor, o autor lhe revela o funcionamento do sistema financeiro global atual como se examinasse uma máquina: baseado em princípios de engenharia e tecnologia. Naturalmente, são notados assim alguns benefícios do sistema fiduciário. Os benefícios advém da substituição de certas características do sistema monetário anterior, baseado no padrão ouro. Mas quais são as contrapartidas destes benefícios?

    Quem, hoje em dia, não pega o smartphone frequentemente durante o dia em busca de um shot de dopamina rápido, intenso e de baixa qualidade? Isso não é por acaso, já que a experiência online é intencionalmente projetada, por meio dos famigerados algoritmos, por exemplo, para ser curta, bioquimicamente recompensadora e patentemente vazia.

    Há sim bens a serem derivados da tecnologia atual. Não obstante, pessoas são condicionadas a comportamentos imediatistas e rebaixados pela tecnologia que está em seu bolso durante todo o dia. O livro que você tem em mãos revela algo similar aos males a que os indivíduos podem se expor por meio dos celulares.

    Ele trata de males ainda mais presentes e ainda mais perniciosos e destrutivos, porém menos – muito menos – percebidos. A tecnologia monetária sobre a qual está operando a economia global há várias décadas reforça a condução ao rebaixamento da vontade humana ao imediato, ao mesquinho e ao medíocre. Saifedean Ammous abre os olhos do leitor para o impacto da tecnologia monetária usada atualmente em todo o mundo em algumas das áreas mais basilares da vida humana, como a educação, a alimentação e a capacidade de se trabalhar em prol de um bem futuro.

    Como poderia uma visão como esta levar a qualquer conclusão otimista? O sistema monetário moderno como Saifedean nos apresenta – como tecnologia – nos permite contemplar a possibilidade de existência de uma tecnologia monetária alternativa que, como tecnologias em outras áreas, não contribui imediatamente ao rebaixamento da capacidade humana; mas à sua elevação. O leitor verá, contudo, que essa possibilidade não está só no âmbito da cogitação: ela já é uma realidade. Ao longo deste livro, o leitor irá compreender porque ela é o Bitcoin.

    Cesar Miglioranzi Cavini

    @cesarmcavini

    Em junho de 2023, a revista Fortune noticiou uma pesquisa reportando que 60% das pessoas quem nasceram após 1981 prefere gastar dinheiro com experiências de vida ao invés de poupar para a aposentadoria. É fácil julgarmos que a juventude está perdida, que falta princípios morais ou qualquer outra coisa do tipo. Mas, se prestar atenção, é possível observar sentimentos derrotistas das pessoas que vêem que trabalham duro e não têm resultado, que qualquer aumento de salário é logo consumido com inflação, enquanto os que já são ricos continuam batendo recordes de rentabilidade.

    Esse padrão não é meramente financeiro. Há alguns anos, uma idosa querendo comprar caldo de ossos na empresa da minha mulher, Cozinha de Pedra, disse a ela, que a atendia: Eu não entendo, eu faço tudo certinho, só como pão integral como meu médico mandou e não melhoro. Faço tudo que meus médicos mandam. Em breve vou ter que amputar outro dedo por causa da diabetes. Por que Deus faz isso comigo?, sem saber que o pão integral era justamente um dos motivos de não conseguir melhorar o diabetes.

    Saifedean, continuando o trabalho que iniciou em O Padrão Bitcoin, agora traz uma análise mais profunda das consequências para a sociedade de adotarmos uma moeda fraca. O que você faz quando sabe que seu dinheiro tem data de validade?; O que acontece quando uma entidade controlada por políticos tem a capacidade de emitir qualquer quantia e usa esse poder econômico para escolher o que deve ser financiado?; O que acontece quando o lobby às vezes é maneira mais eficaz de se fazer pesquisas?

    Com esse livro, acredito que, mais do que respostas definitivas, você vai descobrir perguntas chave para desvendar essa fase do mundo de hoje.

    Foi um prazer trabalhar junto do César e do Rodrigo para trazer a consistência de tradução com O Padrão Bitcoin, em que trabalhei anteriormente. O trabalho duro e a paixão que eles têm em trazer esse conteúdo para o Brasil, algo frequente em outros bitconheiros, é inspirador. Quem sabe esse livro também te inspire a questionar e contribuir com sua comunidade trazendo informações de qualidade.

    Breno Brito

    @brenorb

    30 de julho de 2023

    Moeda Fiduciária

    Introdução

    Este ano marca o quinquagésimo aniversário do fechamento da janela de câmbio de ouro pelo governo dos Estados Unidos, o que colocou o mundo num sistema monetário fiduciário. A maioria das pessoas vivas hoje nunca usaram nada além da moeda fiduciária. Isso não pode ser considerado um acaso, e os economistas deveriam ter a capacidade de explicar como esse sistema funciona e sobrevive, apesar de suas muitas falhas óbvias. A longevidade desse sistema faz com que não seja razoável continuar considerando-o uma fraude irremediável à beira do colapso, como muitos de seus detratores têm feito por décadas. Há, afinal, diversos mercados ao redor do mundo que são massivamente distorcidos por intervenções governamentais. Eles, no entanto, continuam a sobreviver. Tentar explicar como essas intervenções persistem não é nenhum endosso a elas.

    Em seu livro de 1929, A Coisa, G. K. Chesterton conta a história de um homem que encontra uma cerca que parece não ter nenhum propósito e decide removê-la. Outro homem o contraria: Se você não vê o uso dela, eu certamente não posso te deixar retirá-la. Vá embora e pense. Então, quando você puder voltar e me dizer que você enxerga o seu uso, eu posso te deixar destruí-la.¹ Cinquenta anos depois de tomar sua forma final, e mais de um século após sua gênese, com um novo competidor ameaçando removê-lo, uma avaliação dos usos do sistema fiduciário é justa e necessária. O sistema fiduciário surgiu há mais de um século e assumiu a sua forma final há mais de cinquenta anos. Hoje, ele tem um competidor que ameaça desbancá-lo.

    Mesmo o sistema fiduciário não tendo ganhado aceitação no livre mercado, e apesar de suas falhas e limitações serem numerosas, não há como negar que muitos sistemas fiduciários funcionaram por grande parte do último século e facilitaram um número inimaginável de trocas no mundo todo. Sua operação contínua faz seu entendimento ser útil, particularmente enquanto ainda vivemos em um mundo fiduciariamente alimentado. Só porque você já cansou do sistema, não significa que o sistema cansou de você! Entender como o padrão fiduciário funciona, e como ele frequentemente falha, é um conhecimento essencial para ser capaz de navegá-lo.

    Também não é apropriado julgar sistemas fiduciários baseado no material promocional de seus beneficiários da imprensa popular e da academia financiados pelo governo. Mesmo o sistema fiduciário global tendo, por enquanto, evitado o completo colapso que seus detratores previram, isso não pode justificar seu anúncio como gerador de almoço grátis sem custo de oportunidade ou consequência. Mais de sessenta episódios de hiperinflação aconteceram em países utilizando sistemas monetários fiduciários no último século.² Além do mais, evitar um colapso catastrófico rotineiro não é o suficiente para pintar o sistema como um desenvolvimento tecnológico, econômico e social positivo.

    Além da incansável propaganda de seus entusiastas e do veneno raivoso de seus detratores, este livro tenta oferecer algo novo: uma exploração do sistema monetário fiduciário como uma tecnologia, de uma perspectiva funcional e de engenharia, destacando seus propósitos e limitações, e derivando as mais abrangentes implicações econômicas, políticas e sociais de seu uso. Ter adotado esta abordagem ao escrever O Padrão Bitcoin contribuiu para fazê-lo o livro mais vendido sobre bitcoin até hoje, ajudando centenas de milhares de leitores através de mais de 25 línguas a entender a significância e as implicações do bitcoin.

    Talvez contraintuitivamente, eu acredito que por primeiro entender a operação do bitcoin, você pode então entender melhor as operações fiduciárias equivalentes. É mais fácil explicar um ábaco para um usuário de computador do que explicar um computador para um usuário de ábaco. Uma tecnologia mais avançada cumpre suas funções mais produtiva e eficientemente, permitindo uma exposição clara dos mecanismos de uma tecnologia mais simples, e expondo suas fraquezas. Meu objetivo é explicar a operação e a engenharia estrutural do sistema monetário fiduciário e como ele opera na realidade, longe do romantismo de governos e bancos que têm se beneficiado deste sistema por um século.

    Os sete primeiros capítulos de O Padrão Bitcoin explicaram a história e a função do dinheiro, e sua importância para a ordem econômica. Com aquela base estabelecida, os três capítulos finais apresentaram o bitcoin, explicaram sua operação, e discorreram sobre como sua operação se relaciona com as questões econômicas discutidas nos capítulos anteriores. Minha motivação como autor era fazer com que os leitores entendessem como o bitcoin opera e qual a sua significância monetária sem que eles precisassem ter um conhecimento prévio de economia ou de moedas digitais. Caso o bitcoin não tivesse sido inventado, os sete primeiros capítulos de O Padrão Bitcoin poderiam ter servido de introdução a este livro como uma explicação do funcionamento do sistema monetário fiduciário. Este livro continua de onde o Capítulo 7 de O Padrão Bitcoin parou. Os seis primeiros capítulos deste livro são modelados nos três últimos daquele, só que aplicados à moeda fiduciária.

    Como o sistema fiduciário realmente funciona num sentido operacional? O sucesso operacional do bitcoin como um sistema monetário de livre mercado enxuto e independente ajuda a elucidar as propriedades e funções necessárias para o funcionamento de um sistema monetário. O bitcoin foi projetado por um engenheiro de software que destilou um sistema monetário aos seus elementos essenciais. Essas escolhas foram então validadas por um livre mercado de milhões de pessoas ao redor do mundo que continuaram a usar esse sistema, e que atualmente confiam a ele cerca de $800 bilhões de sua riqueza. O sistema monetário fiduciário, em contraste, nunca foi posto num livre mercado para que seus usuários aplicassem o único julgamento que importa. Os frequentes colapsos sistêmicos do sistema monetário fiduciário são, argumentavelmente, o verdadeiro julgamento do livre mercado emergindo depois de uma supressão por governos. Com o bitcoin nos mostrando como um sistema monetário avançado pode funcionar de forma totalmente independente de controles governamentais, nós podemos ver claramente as propriedades necessárias para que um sistema monetário opere no livre mercado e, no processo, podemos entender melhor os modos de operação fiduciários, e os frequentes pontos de falha fiduciária.

    Para começar, é importante entender que o sistema fiduciário não foi projetado de forma cuidadosa, consciente e deliberada como o bitcoin; na verdade, ele evoluiu através de um processo complexo de exposição a risco entre restrições políticas e conveniência na gestão de inadimplência do governo. O próximo capítulo ilustra isso ao examinar documentos históricos recém liberados sobre como o padrão fiduciário nasceu, e como ele substituiu o padrão-ouro, começando na Inglaterra no começo do século XX e completando sua transição em 1971 do outro lado do Atlântico. Porém, este não é um livro de história, e não vai ousar dar uma descrição histórica do desenvolvimento do padrão fiduciário ao longo do último século, da mesma forma que O Padrão Bitcoin não mergulhou muito profundamente no estudo do desenvolvimento histórico do software do bitcoin. O foco da primeira parte do livro será na operação e na função do sistema monetário fiduciário, através de uma analogia à operação da rede bitcoin, no que pode ser chamado de um estudo comparativo da economia de diferentes sistemas de engenharia monetária.

    O Capítulo 3 examina a tecnologia por trás do padrão fiduciário. Ao contrário do que o nome sugere, o dinheiro fiduciário moderno não é conjurado do nada através de decretos governamentais. O dinheiro fiduciário moderno é muito mais sofisticado e complexo em sua operação. A engenharia fundamental do sistema fiduciário é que ele trata futuras promessas de dinheiro como se dinheiro presente fossem, porque o governo garante essas promessas. A coerção governamental consegue manter tal sistema por um longo tempo, mesmo que ele não sobrevivesse à competição de livre mercado.

    O Capítulo 4 examina como os tokens nativos da rede fiduciária passam a existir. Como o dinheiro fiduciário é crédito, a criação de crédito em moeda fiduciária resulta na criação de novo dinheiro, o que significa que a concessão de empréstimos é a versão antiquada e acidental de mineração fiduciária. Mineradores fiduciários são as instituições financeiras capazes de gerar dívida fiduciária com garantias do governo e/ou bancos centrais. Diferente do ajuste de dificuldade do bitcoin, a moeda fiduciária não tem mecanismos precisos projetados para controlar sua emissão. O dinheiro creditício, ao invés disso, causa ciclos constantes de expansão e contração na oferta monetária, com consequências devastadoras.

    O Capítulo 5 então analisa os balanços da rede fiduciária, explorando quantos, se não a maioria, de seus usuários possuem contas bancárias negativas - uma característica única da rede fiduciária. A habilidade de mineração fiduciária através da emissão de dívida significa que indivíduos, corporações e governos todos encaram um forte incentivo para incorrer em dívida. A monetização e a universalização da dívida também são uma guerra contra a poupança, e uma que os governos têm travado sorrateiramente e de forma bem sucedida contra seus cidadãos ao longo do último século.

    Baseado nessa análise, o Capítulo 6 conclui a primeira seção do livro ao discutir os usos da moeda fiduciária e os problemas que ela resolve. Os dois usos óbvios do sistema fiduciário são que ele permite que o governo facilmente se financie, e ele permite que bancos engajem em descasamento de prazos e reserva fracionária, enquanto se protegem das desvantagens inevitáveis dessas práticas. Mas o terceiro uso do sistema fiduciário é o que tem sido o mais importante para a sua sobrevivência: a vendabilidade no espaço.

    Eu confesso, tentar pensar no sistema monetário fiduciário em termos de engenharia e tentar entender o problema que ele resolve me fez apreciar sua utilidade e avaliar de forma mais gentil os motivos e circunstâncias que levaram ao seu surgimento. Entender o problema que o sistema fiduciário resolve faz o movimento para longe do padrão-ouro em direção ao padrão fiduciário parecer menos insano do que me pareceu durante a escrita de O Padrão Bitcoin, quando eu era um defensor de moeda forte que não conseguia ver nada de bom ou razoável na mudança para uma moeda mais fraca.

    Tendo que a estrutura analítica de O Padrão Bitcoin foi construída ao redor do conceito de vendabilidade temporal, da habilidade do dinheiro em reter valor no futuro e as implicações disso para a sociedade, o padrão fiduciário inicialmente parece uma conspiração deliberada e nefasta para destruir a civilização humana. Mas escrever este livro e pensar muito sobre a realidade operacional da moeda fiduciária trouxe um foco maior para a propriedade de vendabilidade espacial e, no processo, tornou mais claro e compreensível raciocínio para a emergência do padrão fiduciário. Apesar de todas as suas muitas falhas, não há como escapar da conclusão de que o padrão fiduciário foi, de fato, uma solução para um problema real e debilitante com o padrão ouro, sua baixa vendabilidade espacial.

    Tendo estabelecido as mecânicas para a operação fiduciária na primeira seção, a segunda seção do livro, A Vida Fiduciária, examina as implicações econômicas, sociais e políticas de uma sociedade que utiliza tal forma de dinheiro com vendabilidade intertemporal pobre e incerta. A moeda fiduciária, cada vez mais, divorcia a recompensa econômica da produtividade econômica e, ao invés, a baseia em fidelidade política. Essa tentativa de suspensão do conceito de custo de oportunidade faz da moeda fiduciária uma revolta contra a ordem natural do mundo, na qual humanos, e outros animais, precisam lutar contra a escassez do seu dia-a-dia. A natureza proporciona uma recompensa apenas quando sua labuta é bem sucedida e, similarmente, os mercados recompensam seres humanos apenas quando eles conseguem produzir algo que outros valorizam subjetivamente. Depois de um século de valor econômico sendo designado à mão armada, essas realidades irrefutáveis da vida são desconhecidas ou negadas por parcelas enormes da população mundial, que olha para o governo em busca de salvação e sustento.

    A suspensão do funcionamento normal da escassez através de decretos governamentais tem implicações enormes nas tomadas de decisão e preferências temporais individuais, com consequências importantes para as muitas facetas da vida. Na segunda seção do livro, nós exploramos os impactos da moeda fiduciária para a família, a comida, a educação, a ciência, a saúde e para os combustíveis. Essa seção foca em analisar as implicações de dois mecanismos econômicos causais da moeda fiduciária: a utilização da dívida como dinheiro; e a habilidade do governo de garantir essa dívida a custo zero. A Parte 2 conclui com uma análise do custo-benefício do sistema monetário fiduciário.

    Mesmo o título do livro se referindo à moeda fiduciária, este ainda é um livro sobre bitcoin. As primeiras duas seções estabelecem a fundamentação analítica para a terceira parte do livro, que examina a importante questão com a qual O Padrão Bitcoin deixa o leitor: qual será a relação entre a moeda fiduciária e o bitcoin nos anos a vir? O Capítulo 13 examina as propriedades específicas do bitcoin que o trazem uma potencial solução para os problemas fiduciários.

    Enquanto O Padrão Bitcoin focou na vendabilidade intertemporal do bitcoin, O Padrão Fiduciário examina como a vendabilidade através do espaço do bitcoin é um mecanismo que o torna uma ameaça mais séria à moeda fiduciária do que o ouro e outras formas de dinheiro com baixa vendabilidade espacial. A alta vendabilidade espacial do bitcoin nos permite monetizar esse ativo forte em si, e não alegações de crédito a ele, como era o caso no padrão-ouro. Em sua concepção mais básica, o bitcoin aumenta a capacidade da humanidade para pagamentos internacionais de longa distância em cerca de 500,000 transações por dia e completa tais pagamentos em algumas horas. Essa é uma enorme melhoria em cima da capacidade do ouro, fazendo com que pagamentos internacionais sejam um mercado mais aberto e muito mais difícil de monopolizar. Isso também ajuda a entender a proposição de valor do bitcoin não só como uma moeda mais forte que ouro, mas também um dinheiro que é muito mais fácil de transportar. O bitcoin efetivamente combina a vendabilidade temporal do ouro com a vendabilidade espacial fiduciária em um pacote open source, apolítico e imutável.

    Por ser um ativo forte, o bitcoin também é livre de dívidas, e sua criação não incentiva a incorrência em dívida. Ao oferecer uma certeza de pagamentos a cada dez minutos, o bitcoin também torna o uso de dinheiro creditício muito difícil. A cada intervalo de bloco, a posse de todos os bitcoin é confirmada por dezenas de milhares de blocos ao redor do mundo. Não há nenhuma autoridade cujo decreto torne verdadeira uma promessa falsa de entregar bitcoin em certo bloco. Instituições financeiras que se envolvem em reserva fracionária em uma economia de bitcoin estarão sempre sob a ameaça de uma corrida aos bancos enquanto não houver nenhuma instituição que possa conjurar bitcoins a um custo mais baixo que o de mercado, como os governos podem fazer com suas moedas fiduciárias.

    O Capítulo 14 discute a escalabilidade do bitcoin em detalhe e argumenta que a mesma acontecerá através de soluções de segunda camada, que serão otimizadas para velocidade, alto volume, baixo custo, e que envolverão sacrifícios em segurança e liquidez. O Capítulo 15 continua essa análise para discutir como seria a atividade bancária num padrão bitcoin, enquanto o Capítulo 16 estuda o consumo de energia elétrica do bitcoin, como ele está relacionado com a sua segurança, e como ele pode impactar o mercado de energia no mundo. O Capítulo 17 então faz uma análise do custo-benefício de sair da moeda fiduciária para o bitcoin.

    O capítulo final trata da questão: como o bitcoin pode se erguer em um mundo fiduciário, e quais são as implicações da coexistência desses dois sistemas monetários? Várias ameaças ao bitcoin são avaliadas de uma perspectiva econômica, e os incentivos econômicos para a sobrevivência contínua do bitcoin são apresentados. O bitcoin vai precisar de um colapso hiperinflacionário da moeda fiduciária, ou ele será mais como uma calma melhoria de software? Qual será o efeito das moedas digitais dos bancos

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