Encontre o seu lugar no mundo: Descubra como a constelação familiar pode mudar a sua vida
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Sobre este e-book
Você já sentiu que tem algum comportamento muito diferente das pessoas da sua família? Já notou que quando começa a tentar fazer algo diferente, único – como ganhar dinheiro quando todos ao seu redor têm dificuldade financeira, ou sair de um relacionamento quando todos permanecem nos seus, independentemente de qualquer coisa –, você se sente mal e com culpa, como se estivesse fazendo algo errado? Saiba que você não está só.
Para Anna Patrícia Chagas, escritora, psicóloga e consteladora familiar, a solução para estas dores não reside fora de você, mas no seu interior, na conexão do seu comportamento com os seus ancestrais, incluindo aqueles com os quais você não conviveu ou conheceu. É nas histórias de vida que nunca nos foram contadas antes que compreenderemos nosso comportamento e cessaremos nosso sofrimento.
Em Encontre o seu lugar no mundo, a autora compartilha com os leitores uma trajetória de saberes fruto de seu árduo trabalho, e apresenta os processos do pensamento sistêmico e das constelações familiares, explicando como eles conectam cada alma ao mundo da transgeracionalidade.
Aqui você aprenderá a:
- Ter a coragem para mergulhar nas profundidades de si;
- Compreender os seus comportamentos e mudá-los;
- Acessar a força das pessoas que vieram antes de você;
- Expressar o amor por meio dos vínculos;
- Focar o presente, sem deixar o passado de lado, e caminhar rumo à sobrevivência emocional!
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Encontre o seu lugar no mundo - Anna Patrícia Chagas
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Folha de RostoDados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Angélica Ilacqua CRB-8/7057
Chagas, Anna Patrícia
Encontre o seu lugar no mundo : descubra como a constelação familiar pode mudar a sua vida / Anna Patrícia Chagas. - São Paulo : Editora Gente, 2022.
ISBN 978-65-5544-265-6
1. Desenvolvimento pessoal 2. Constelação familiar I. Título
Índice para catálogo sistemático:
1. Desenvolvimento pessoal
Nota da Publisher
Se somos filhos únicos ou crescemos numa família de oito, não tem jeito: todos nós temos peculiaridades e comportamentos – positivos e negativos – que, por mais que tentemos, não conseguimos rastrear a origem, se paterna, materna, de uma bisavó ou de um primo distante.
E é aí que entra a constelação familiar; para Anna Patrícia Chagas – autora querida que tenho o prazer de publicar pela primeira vez na Editora Gente –, muitas das respostas que não encontramos estão na conexão com nossos ancestrais, sejam eles conhecidos, parte de nossa árvore genealógica, ou desconhecidos. É preciso conectar-se com todos aqueles e aquelas que vieram antes de nós.
Escritora, psicóloga e consteladora familiar, a autora preparou para você, querido leitor, um material brilhante em Encontre o seu lugar no mundo, fruto de anos de trabalho, ensino e mentoria. Aqui, Anna apresenta os processos do pensamento sistêmico e das constelações familiares, e traz relatos cuidadosamente selecionados para ajudar você a acessar a sua transgeracionalidade e a compreender os seus comportamentos – e mudá-los.
Não precisa temer o mergulho profundo que as páginas a seguir proporcionam: a sua melhor versão o aguarda. Boa leitura!
ROSELY BOSCHINI
CEO e Publisher da Editora Gente
Ofereço
À minha mãe,
mulher de incrível generosidade e alegria,
para quem me voltei profundamente
depois que olhei para o seu grande amor
e dei o primeiro passo em um espaço de cura
de uma constelação familiar.
Ao meu pai,
que sempre esteve ali:
o amor que me deu um chão firme
para pisar e seguir adiante.
Aos meus filhos,
Giulia (que não nasceu), João Gabriel e Ananda:
alegria, amor infinito e
sentido profundo de continuidade.
Agradeço
À ousadia e à força de Bert Hellinger, cujo legado muito me impactou e foi o ponto de partida para a minha transformação pessoal e profissional.
Aos consteladores que vieram antes de mim, aos meus professores de constelação familiar. Àqueles que foram facilitadores do meu processo, especialmente a Oswaldo Santucci, amigo e parceiro, e Décio Fábio de Oliveira Jr. e Wilma Costa Gonçalves Oliveira, com os quais vivi pela primeira vez a experiência de uma constelação e muitos aprendizados.
Com a ajuda desses e de outros consteladores, vivi – e ainda vivo – momentos muito profundos e disruptivos que me desafiaram a ver o amor lá onde ele sempre esteve e eu não via. Um caminho de reconexão com a minha essência.
A todos da equipe do Instituto Ipê Amarelo e ao Edvan, meu sócio e parceiro de vida, que me apoiou e, junto comigo, acreditou e colocou em ação este projeto coletivo. Gratidão pelo trabalho de cada um (incluindo alguns que já não estão com a gente) e pela dedicação amorosa. Juntos, temos levado este trabalho muito, muito além do que eu poderia fazer sozinha, muito além do que eu imaginei...
À Christiane Fonseca pelo suporte terapêutico aos meus alunos, pela presença, pela amizade amorosa.
Prefácio
A Alma Feminina precisava deste lugar. É uma alegria escrever sobre este livro, publicado pela minha amiga e parceira de propósitos Anna Patrícia.
O livro mostra uma trajetória de saberes que brotaram do trabalho pessoal da autora, e isso o deixa intenso, mas cuidadosamente preparado para ser recebido pelo leitor. Anna transmite o caminho percorrido com clareza e, acompanhados de seu cuidado suave, vamos entrando na leitura e no contato com a profundidade dos lugares sobrepostos por tantas histórias do feminino que, mesmo ferido, busca seu espaço no fluir da vida que sempre surge.
Os processos do pensamento sistêmico e das constelações familiares conectam cada alma feminina ao mundo da sua transgeracionalidade que, pelo olhar da autora, cria possíveis conexões aos recursos de tantas mulheres. Com a dignidade de seus caminhos, elas deixam um legado a ser tomado por outras tantas que surgirão leais às dores e também conectadas aos milhões de recursos em cada sistema. Basta entrar nessa conexão.
Esse é o convite desta obra, que eu tenho orgulho de prefaciar.
Podemos agora entender mais da Alma Feminina.
Agradeço, Anna Patrícia, por possibilitar essas reflexões.
OSWALDO SANTUCCI
Consultor, orientador e constelador sistêmico
Sumário
Apresentação
Introdução
Conectando-se com os saberes do passado
Solução sistêmica
1 | A quem pertencemos? Qual é o nosso lugar no mundo?
Olhando para os nossos antepassados
Quem pertence ao seu sistema familiar?
Qual é o seu lugar?
O que fazemos para pertencer?
Exercício sistêmico de percepção dos padrões familiares
Lealdades sistêmicas
Sobre pertencer: histórias das mulheres
Não aguento permanecer saudável com a minha irmã doente
Eu sou a única rica da família
2 | Desordens no sistema e exclusões
O sistema familiar
O campo
O que precisamos compreender?
Repetições inconscientes
Abrir espaço dentro de nós para o que nos feriu
Exclusões
Destinos e emaranhamentos
Soluções sistêmicas
3 | O que fascina e o que assusta nas constelações familiares
Descrevendo uma constelação
Como funciona o ritual terapêutico
O que fascina
O constelador
Representantes: sentindo os sentimentos de outras pessoas
A inclusão
O que assusta e vai além
A terapia do invisível: a dimensão espiritual das constelações
Nossa alma é coletiva: dando voz a outros membros do sistema
O princípio da não temporalidade
Podemos acessar a consciência daqueles que já partiram
Verdades inconvenientes: a coragem, a força e o radicalismo de Bert Hellinger
Advertências
Os limites das constelações familiares
A mediação
A reconciliação
Principais diferenças entre constelações familiares e psicoterapias tradicionais
4 | Como pacificamos o nosso coração
Tomar a realidade
Dizer sim
Desenlaces e inclusões
Quando incluímos alguém
5 | Movimentos de Alma: a partir da escuta das mulheres
A voz da Sabedoria Ancestral que habita as mulheres
Quando a morte se aproxima
Indo além da polaridade vítimas-agressores
Como julgar?
6 | A aplicação do olhar sistêmico ao trabalho com mulheres
A cura da relação com a mãe: mergulhando em nossa identidade
Movimento interrompido em direção à mãe
Incluindo muitas mãos femininas que costuraram a nossa alma
Quando o útero chora a dor do feminino ferido: o campo de dor transgeracional das mulheres
A menina e a mãe
Onde está a mulher?
Feminino fecundo
É menino?
A benção do feminino (vivência sistêmica)
A benção
Histórias das mulheres
A jovem mulher que afastava os homens e não sabia o porquê.
Eu quero alguém para amar
Ele/a não está disponível para mim
O casamento dos nossos pais
Relações homoafetivas e todas as outras formas de vínculo amoroso
Criatividade: a mulher selvagem
Dinâmicas da maternidade
Abortos
Não consigo engravidar
Olhando para a força dos filhos
Histórias das mulheres
Dalila
7 | Podemos ir além!
Culpa: eu vejo a dor de vocês
Por favor, me olhem com carinho, se fizer diferente de vocês
Como fazer diferente?
Quando as dores e as faltas tornam-se recursos
Exercício sistêmico
Eu permaneço pertencendo, mesmo fazendo um pouco diferente
Quanto amor cabe em você?
Fios invisíveis: o amor atrás de tudo o que ocorreu
Eu honro a dor dos negros da minha família e preciso seguir adiante
8 | Seguir em frente: em busca da própria essência
Liberando os nossos filhos, liberando aqueles que virão
Mamãe não pode partir…
Quando os pais olham juntos para os filhos
Filho, eu não preciso mais de você…
Quando o nosso destino familiar é integrado
Recebemos permissões como bênçãos para seguir adiante
Histórias das mulheres
Eu vejo o feminino ferido em todas vocês, mas preciso poder ficar com o meu marido
Mamãe, eu não sou o seu filho que partiu e não aguento mais assumir esse lugar
Palavras finais
Diante das mulheres com quem trabalho
Diante do masculino e dos homens
Nossa alma feminina é um movimento
A tão buscada liberdade
Apresentação
Todos nós nascemos envolvidos em uma narrativa familiar. Uma história que começou muito, muito antes do nosso nascimento. O fio condutor da vida atravessou oceanos, guerras, febres, assassinatos, paixões tórridas, abandonos, traições, separações, grandes superações e muitos e diversos esforços humanos. Geração após geração, muitos tiveram de nascer e morrer, muitas mulheres e homens disseram sim
à vida, tiveram filhos nas mais diferentes condições: privações, ameaças, perseguições, amores proibidos, medos, força, ímpetos e lutas pela sobrevivência, até que a vida chegou a cada um de nós.
Nunca existiu uma versão única da nossa história. Não há uma versão objetiva ou verdadeira dos fatos que as famílias (do nosso pai e da nossa mãe) vivenciaram. Tudo o que sabemos nos foi contado por alguém que contou a alguém, e assim por diante. A tradição oral das famílias (que, aliás, está se perdendo, infelizmente, porque não ter qualquer informação é um vazio) vem até nós recheada de julgamentos e encharcada da dor e do amor de todos aqueles que estiveram, lá atrás, envolvidos nessas narrativas. Tudo é, necessariamente, parcial, passional, distorcido. Tudo são vestígios de memórias fortes e definidoras para a nossa alma e para quem somos. Tudo deixou marcas. Em todos nós. E gerações à frente, daqui do nosso lugar de filhos, na nossa família de origem, não temos a visão global (sistêmica) de nada do que aconteceu antes. O que chegou até nós são fragmentos, pedaços de narrativas emocionais, segredos, conquistas, resíduos.
A história contada está sempre incompleta. E mesmo assim, incompleta, ela ocupa um forte lugar no nosso imaginário, na nossa alma. Ela existe cheia de vida dentro de nós, emociona, causa dor ou orgulho, traz sentimentos de pertencimento ou exclusão. Tem uma força inexplicável. E um poder inconsciente, capaz de definir nossas escolhas, de nos impulsionar vida afora ou nos fazer evitar o amor, com medo de repetir algum grande sofrimento que muitas vezes nem sabemos qual foi.
Minha avó paterna veio da Itália. Repetindo a cena épica da novela global Terra Nostra, que retratou a saga heroica de uma família fictícia que representava inúmeras famílias italianas (e de outras nacionalidades) que chegaram ao Brasil tentando uma nova vida
em uma terra nova
. Minha avó Dulciana veio de navio com seus pais Giuseppe e Joana (que eu não sei se de fato era Joana ou Giovanna), aos 3 anos. Deixaram para trás a Itália, uma vida, vínculos e sonhos. Lá ficaram histórias da nossa origem das quais eu nunca soube nem saberei. Histórias que nasceram, viveram e tiveram o seu fim dentro do tempo da existência dessas pessoas.
Aqui no Brasil, minha avó construiu uma família com meu avô João Baptista, de origem portuguesa, e com ele teve cinco filhos, sendo o caçula o meu pai. Meu avô morreu quando meu pai tinha apenas 9 anos, e sua ausência marcou para sempre a vida dele e de todos.
Por meio do encontro desse caçula com a minha mãe, cujos pais eram pernambucanos, descendentes de famílias de holandeses no ramo materno e brasileiros cearenses no ramo paterno, a vida chegou até mim. Por isso, tenho a mais profunda reverência e gratidão, especialmente depois que compreendi que a vida segue da maneira como é possível para cada pessoa, para cada família. E que a vida sempre dá um jeito de seguir adiante. A vida é uma força maior, a vida se serve dos amantes na ânsia por si mesma, para se manifestar, como disse Karin Schöeber, experiente consteladora familiar austríaca com décadas de trabalhos na área. É um milagre indescritível que não podemos alcançar nem controlar, apenas descrever e contemplar, e sobre o qual deposito, para sempre, a minha gratidão.
Aos meus 42 anos, Nilza, minha tia mais velha, então com 92, fez sua passagem. Coube a mim a tarefa de ir, com o coração despedaçado, depois da morte dela (que, da família inteira do meu pai, foi a última a morrer), desmontar minha casa de infância, a casa da avó. Lá onde vivi os mais acolhedores e protetores anos da minha infância: correndo atrás de ovos de Páscoa com meus primos, me surpreendendo com o Papai Noel, levando mais de uma dezena de amigos da vizinhança para tomar picolé, brincando de esconde-esconde na rua até tarde da noite em uma vizinhança cheia de crianças – uma bênção quase literária de uma infância feliz e de muito, muito brincar.
Todos haviam partido e, naquela casa, tudo estava intacto, enquanto a vida parecia ter sido pausada: no ar, em suspenso, estavam os registros de tudo o que ali foi vivido e compartilhado, as doenças com as quais eles lutaram (que não foram poucas), as histórias contadas por tantas noites, o piano desafinado tocado por todos na sala de jantar, a cadeira de balanço onde minha avó se sentava todas as tardes, o cheiro da comida da Maria, as plantas da varanda pintada de verde e – para a minha surpresa – as cartas da outra tia que nunca conheci e, mesmo assim, amava profundamente. Ouvi muitas vezes, com atenção, as histórias sobre a vida dela, a tia Laura, que morreu precocemente aos 36 anos.
Sempre fui daquelas crianças que ficavam quietas para escutar as conversas dos adultos. Estava sempre por perto, me sentava ao lado, ou no colo, quietinha, escutando. Amava aquelas histórias. Amava a Itália, onde nunca tinha pisado: amava a língua, a pasta, a música; cresci e passei a falar com as mãos, como uma italianinha. Os pais da minha avó paterna tinham medo, quando chegaram ao Brasil, de serem deportados. Não sei o porquê, mas descobri depois que ela foi registrada aqui como se fosse brasileira já aos 3 anos. Eles eram da região de Milão, tinham o sobrenome Ferrari
e origem muito humilde, como tantos que chegaram aqui da mesma maneira. Provavelmente por conta desse medo, minha avó se furtou a falar ou ensinar italiano aos filhos. Eles não aprenderam italiano, apenas a tia Nilza, a mais velha, sabia algumas palavras. Porém, por alguma razão desconhecida para mim, tantos anos mais tarde, comigo, a filha caçula do seu filho caçula, ela decidiu falar italiano. Ela me escolheu para isso e até cantava comigo algumas canções italianas. Assim, essa língua está viva em uma parte da minha alma com um amor profundo, cheia de significados que desconheço. Muitas vezes, quando estou fora do Brasil, as pessoas me perguntam se sou italiana. Sem saber, eu sei o porquê. Na adolescência, escrevia poemas em italiano com uma espantosa facilidade… embora hoje eu me lembre de muito pouco.
Voltamos então ao dia em que fui até