Kenji
De Bruno S. S.
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Kenji - Bruno S. S.
Capítulo 1
Recém-chegado
Saiba que essa história é incomum. Meu nome é Kenji e vou contar minha história para você.
Eu e minha família morávamos na capital do reino de Beldicy. Nós éramos em cinco: minha mãe, Dandara, meu pai, Aloísio, meu irmão mais velho, Hiroshi, e meu irmão mais novo, Ken. Morávamos em uma casa de dois andares em uma rua muito movimentada. A sala, o banheiro e a cozinha estavam no primeiro andar e os quartos, no segundo. Na casa havia quatro quartos: um dos meus pais, outro meu e dos meus irmãos e os outros eram usados como hotéis temporários para viajantes. Meu pai era um cavaleiro particular do rei, pois era um dos melhores em combate. Minha mãe cuidava da casa e dos nossos hóspedes; nas horas vagas vendia peças de roupas feitas à mão.
Meus irmãos e eu treinamos esgrima e artes marciais com um amigo de nosso pai chamado Takashi, que se aposentou mais cedo que os outros cavaleiros para virar professor de esgrima e defesa pessoal. Enquanto treinávamos, ficávamos discutindo para saber quem iria chegar no nível supremo primeiro. Vou te dar uma ideia do porquê de discutirmos isso. Os humanos, há muito tempo, começaram a escalar os níveis de ameaças para eles e, assim, criaram esses quatro: Nível Baixo, Nível Médio, Nível Alto e Nível Supremo. No nível baixo está quem não sabe lutar e outros seres de baixa ameaça. No nível médio está quem já sabe lutar, como cavaleiros, soldados e vários outros. No nível alto estão os comandantes, os cavaleiros sagrados e magos. Por último, no supremo, estão os seres com o maior poder mágico e que têm o potencial para destruir um país inteiro e, quem sabe, o mundo. Era esse o nível em que queríamos estar.
Tinha uma história que meus pais nos contavam de quando éramos pequenos sobre os males de nosso mundo e sobre um herói de Nível Supremo que vinha a cada cem anos para destruir o rei dos monstros e, assim, nos libertar deles. Eu acreditei nessa história e treinei o mais duro que pude para que, quando o herói chegasse, eu o ajudasse. No meu aniversário de vinte e três anos, o herói chegou.
Lembro-me bem daquele dia. Eu estava caçando ursos na floresta quando apareceu um feixe de luz sobre o castelo. Imediatamente corri em direção à luz. No portão do castelo havia um soldado vigiando. Como ele me conhecia, deixou-me passar. Fui em direção ao Salão Real e vi o porquê do feixe. Era o herói das lendas que tinha acabado de ser invocado.
Eu o observei de longe e vi que era um homem novo, com mais ou menos a minha idade, e também um pouco mais alto que eu. Era loiro e de olhos verdes. Usava roupas diferentes das nossas e com um tecido que era familiar. Sua blusa era branca, tinha uma dobra no pescoço e do peito até a cintura havia botões, usava uma calça azul e justa. Seu sapato era preto e tinha uma ponta quadrada. Ele parecia estar confuso, mas não amedrontado; sua face confusa logo se tornou de felicidade.
Aproximei-me, depois de toda a situação ser explicada ao herói, e o desafiei para um duelo; quando a luta acabasse, saberia se estava à altura de andar ao lado do herói.
Fomos levados para o coliseu atrás do palácio para lutarmos. Sinceramente não achei que ele aceitaria tão facilmente meu pedido. Ele falava de um jeito diferente, se vestia com roupas estranhas e não parava de mencionar como estava forte. Suspeito de que, depois de uma longa explicação e de saber que nesse mundo ele era especial, isso subiu um pouco à cabeça. Deve ser por isso que aceitou meu desafio, ele não sabia como eram seus poderes e eu, tendo o desafiado, ele teria sua chance de testar suas habilidades. Que honra a minha, não é?
Lá estávamos nós, frente a frente. Antes que meu pai desse início à luta, ele se apresentou:
— Meu nome é Matt. E o seu?
— Meu nome é Kenji. Muito prazer em conhecê-lo.
— Tenho certeza que sim — ele respondeu.
Depois disso, ele ficou com uma expressão de confiança, até demais para meu gosto. Eu havia aprendido algumas magias para poder melhorar minhas técnicas de combate e minhas capacidades físicas, mas ainda eram poucas comparadas às das lendas do herói. Diziam elas que nenhum herói chegou perto de usar todo seu leque de habilidades.
Respirei fundo e o encarei. Ele não parecia estar com medo ou preocupação e deu até impressão de que poderia me derrubar com apenas um golpe. Disse para ele:
— Não vai ser tão fácil quanto pensa.
Meu pai deu o sinal e a luta começou.
Avancei correndo de frente para ele e usei meu aprimoramento físico, o que me deixou mais rápido e forte. Ele veio de frente comigo e me copiou, fazendo o mesmo que eu tinha feito, só que seus movimentos eram exageradamente mais rápidos que os meus, tanto que ele me atacou com uma velocidade que mal pude acompanhar e, por pouco, desviei de seu golpe. Ele atacou de novo e se manteve atacando sem parar, me deixando sem ter como pensar em uma maneira de sair de lá. Ele estava fazendo uma grande pressão sobre mim e na mesma hora percebi que, se não fosse o aprimoramento físico, eu já estaria no chão. Ele continuou a atacar, desviei e vi uma brecha para atacar. O herói tinha um grande poder, mas não tinha técnica e seus ataques eram aleatórios.
Fechei meu punho e dei um soco rápido em seu rosto. Quase que no mesmo momento ele devolveu. Defendi o golpe cruzando meus braços, mas mesmo defendendo a força do ataque, ele me mandou para longe de novo.
Ele disse:
— Cadê a dificuldade que disse que eu teria?
Sorri levemente e disse:
— Vou mostrar.
Pulei em sua direção e preparei meu golpe. Quando viu que no ar eu não poderia desviar, ele arrancou um bloco de mármore do chão e arremessou em mim. Olhei para ele e usei minha magia. Na mesma hora me teletransportei para perto dele e usei meu soco de fogo, que fazia meu punho queimar às chamas, e acertei em cheio, fazendo com que voasse para longe batendo contra um dos muros do coliseu. Se está se perguntando como fiz isso, explico. Eu deixei uma marca