Retração do concreto
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Retração do concreto - Fernando Antonio Piazza Recena
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Vice-Reitor
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Conselho Editorial
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Jeronimo Carlos Santos Braga | Diretor
Jorge Campos da Costa | Editor-Chefe
Agemir Bavaresco
Ana Maria Mello
Augusto Buchweitz
Augusto Mussi
Bettina S. dos Santos
Carlos Gerbase
Carlos Graeff-Teixeira
Clarice Beatriz da Costa Söhngen
Claudio Luís C. Frankenberg
Érico João Hammes
Gilberto Keller de Andrade
Lauro Kopper Filho
© EDIPUCRS, 2014
DESIGN GRÁFICO [CAPA] Shaiani Duarte
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Maria Fernanda Fuscaldo
REVISÃO E EDIÇÃO DE TEXTO Fernanda Lisbôa
Edição revisada segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
edipucrsEDIPUCRS – Editora Universitária da PUCRS
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
R295r Recena, Fernando Piazza
Retração do concreto [recurso eletrônico] / Fernando Piazza Recena. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : EDIPUCRS, 2014.
151 p.
Modo de Acesso:
ISBN 978-85-397-0502-3
1. Engenharia civil. 2. Concreto. 3. Resistência (Engenharia). 4. Estruturas (Engenharia). I. Título.
CDD 624.1835
Ficha catalográfica elaborada pelo Setor de Tratamento da Informação da BC-PUCRS.
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PREFÁCIO
Contrariamente ao que se popularizou chamar de ciência exata, a Engenharia não é uma ciência, tampouco exata. Sim, se essa falácia for admitida como verdade, estará sendo excluída a possibilidade de a Engenharia contar com a intuição, com a sensibilidade e com a harmonia ou, em resumo, com o talento.
A Engenharia imita a natureza, nada mais harmoniosamente equilibrado, perfeito, como documentado pelo Professor Augusto Carlos de Vasconcelos na obra Estruturas da Natureza, confirmando apenas que a Engenharia nada mais é do que a constante tentativa de reprodução dessas estruturas.
Ou não é o concreto uma rocha artificial? Similar ao conglomerado, uma formação natural constituída de um agregado graúdo, o seixo rolado, um agregado miúdo, a areia, e um cimento natural, o mesmo que mantém unidos os grãos de areia nos arenitos, que, por sua vez, nada mais é do que uma argamassa natural.
Quantas são as estimativas feitas para condicionar um projeto? Períodos de retorno de cheias, vendavais e outros fenômenos naturais, terremotos, enfim...
Podem ser considerados como conceitos exatos esses períodos de retorno, análises estatísticas e toda a sorte de estimativas? Quantos coeficientes de segurança são incorporados a um cálculo, reais ou aqueles imaginários, os filhos do medo?
Não. A Engenharia não é, portanto, exata, mas sim uma matéria cuja ferramenta pode, sim, ser considerada exata, apenas ela, a ferramenta, a matemática.
Engenharia é em sua essência apenas simplicidade, equilíbrio e harmonia, bom senso. Não raro, a tentativa de modelar matematicamente um conceito remete a fórmulas complexas, de difícil entendimento e, o que é pior, com uma precisão questionável ou de abrangência extremamente restrita.
Assim como na música erudita, não somente a clássica, muitos exemplos podem ser obtidos de obras que privilegiam o virtuosismo, comprometendo o resultado poético.
Há obras que exigem uma excepcional destreza mecânica restrita a poucos e, assim, a poucos capaz de emocionar, pois restrito será o público que se propõe a admirar a técnica apenas, não a arte, pura, o conceito internalizado como um todo completo. Essas são obras frutificadas na vaidade, antes, pois somente poderão ser admiradas por técnicos ou outros artistas, que estarão a valorizar apenas a dificuldade implícita em sua execução.
São obras de grande valor técnico, mas verticais, elitizadas. E, parafraseando o grande Heitor Villa-Lobos, a Engenharia deve ser inclinada, nem horizontal, nem popular, o que poderia representar apenas sua execução.
A Engenharia não pode ser traduzida por modelos complexos de difícil e restrito entendimento. A verdadeira Engenharia deve primar pela simplicidade, pela objetividade, deve ser intuitiva e abrangente. Acessível na condição de impor sempre como melhor solução aquela de maior simplicidade.
De outra forma, não seria apenas: E=mc².
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INTRODUÇÃO
O trabalho desenvolvido pela Fundação de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio Grande do Sul – CIENTEC – envolve com muita frequência vistorias e perícias, o que propicia a seus profissionais o contato com uma grande variedade de problemas e inconformidades, desde o simples não atingimento de uma resistência por algum material até danos de maior gravidade que podem comprometer a segurança, submetendo a risco tanto pessoas como o patrimônio material.
Esses eventos em desacordo com o esperado ou com um projeto específico são chamados, sob um enfoque mais acadêmico, de manifestações patológicas.
Essas manifestações apresentam as mais diferentes causas que podem ter origem nas fases de concepção e de projeto ou ainda durante a execução e, pior, por uso não previsto no projeto. Podem ainda estar relacionadas diretamente com a qualidade dos materiais empregados e/ou com técnicas executivas inapropriadas, mal aplicadas ou simplesmente erradas.
Danos também podem surgir durante a vida da edificação por degradação dos materiais, deterioração causada por agentes agressivos, por falta de manutenção ou fruto de alguma ação mecânica, acidentes ou sobrecargas.
Independentemente do tipo, de sua origem ou gravidade, problemas em edificações sempre geram desconforto para o usuário, que nem sempre é o proprietário, causando seguidamente um desgaste profundo na relação entre pessoas direta ou indiretamente envolvidas.
Sem qualquer sombra de dúvida, juntamente com os problemas relacionados com a perda de estabilidade de revestimentos cerâmicos de fachadas, fissuras e trincas representam a maior demanda por vistorias e pareceres registrada na CIENTEC. Essas manifestações, além de fonte de insatisfação principalmente pela má impressão causada, podem significar também, quando manifestadas em pisos, o comprometimento da utilização plena de um espaço ou, em estruturas, a sugestão de alguma movimentação estrutural, eventualmente com comprometimento da segurança.
Muitas vistorias vêm sendo realizadas ao longo do tempo não somente para a simples documentação das irregularidades, mas também para a identificação das prováveis causas determinantes de sua instalação.
Processos de fissuração em pisos, por exemplo, na maioria das vezes, se fazem acompanhar de outras irregularidades como a quebra de cantos de placas, esborcinamento de juntas e o esfarelamento do concreto com pulverulência, por efeito da abrasão.
A repetição contumaz desses problemas relacionados com o aparecimento de fissuras permite estabelecer algumas hipóteses cuja confirmação pode apresentar, antes de uma justificativa, uma explicação. O conhecimento das causas, origens, mas principalmente da gênese desses eventos permite, através de sua identificação, reorientar a aplicação de práticas inadequadas, mas popularizadas, em todas as etapas de construção, para minimizar a probabilidade de aparecimento de tantos defeitos.
Em grandes pisos industriais, executados segundo projetos específicos elaborados por profissionais habilitados e executados por empresas de grande aporte tecnológico, tanto em métodos como em procedimentos executivos, a incidência de problemas como aqueles citados é muito baixa. A mesma situação já não é encontrada em pequenos pisos, muitas vezes contratados diretamente junto a pessoas que detêm o conhecimento empírico e que, exatamente por isso, não possuem flexibilidade para agir corretamente diante de situações inesperadas.
Os exemplos mais característicos podem ser associados à construção de pisos em pequenos pavilhões, lojas ou quadras esportivas.
No caso das quadras esportivas, não raro a concretagem é feita a céu aberto e sem projeto apropriado e por empresas que muitas vezes sequer possuem um responsável com conhecimento específico da atividade.
Não basta conhecer o funcionamento de um nível laser ou dominar uma desempenadeira mecânica para que uma pessoa possa ser considerada apta para executar pisos. É necessário conhecer o comportamento do concreto, sua interação com o meio ambiente e as técnicas adequadas para o trabalho com um material tão maravilhoso, amigável e prático, mas que ao mesmo tempo pode apresentar um comportamento temperamental e imprevisível.
Aparentemente a impressão que fica de conversas com pessoas que executam pisos menores é a de que, por não haver possibilidade de cair
assim como a estrutura portante de uma edificação, o concreto de pisos acaba por ser tratado até com certa negligência.
A prática de transferir responsabilidades atinge seu ponto máximo quando são constatados problemas em pisos, pois qualquer irregularidade que venha a ocorrer é sempre atribuída ao concreto.
Quando o fornecimento é feito por empresas de serviços de concretagem, as concreteiras, estas