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C. S. Lewis: uma introdução
C. S. Lewis: uma introdução
C. S. Lewis: uma introdução
E-book312 páginas4 horas

C. S. Lewis: uma introdução

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Sobre este e-book

Conhecido por fazer de um guarda-roupa a entrada para um mundo épico e fantástico, C. S. Lewis, no entanto, foi além do campo literário. O britânico, autor de As crônicas de Nárnia e Cartas de um diabo a seu aprendiz, foi muito mais do que um romancista. Proveniente de uma Europa entremeada por duas Guerras Mundiais, Lewis envolveu-se intensamente nos debates do seu tempo.

Caminhou com tranquilidade por diversos temas como o poder de expressão da linguagem política, o valor da argumentação e o papel da vida espiritual na esfera pública. Com simplicidade e clareza características, suas reflexões foram sempre guiadas pela honestidade e pelo espírito crítico.

Esta introdução apresenta o intelectual multifacetado, empenhado de maneira franca nos debates contemporâneos. Ao recorrer a uma vasta gama de fontes, incluindo cartas e artigos de jornal, bem como textos famosos como Os quatro amores e Cristianismo puro e simples, ela nos mostra o pensador moral e político na tentativa de "recuperar o encanto do mundo". O resultado é um perfil lúcido que permitirá ao leitor não só se aproximar de uma das principais figuras do mundo literário do século 20, mas também descobrir o quanto Lewis tem a dizer à sociedade atual.
IdiomaPortuguês
EditoraVida Nova
Data de lançamento6 de mar. de 2024
ISBN9786559672271
C. S. Lewis: uma introdução

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    C. S. Lewis - Manfred Svensson

    Parte 1

    Razão e civilização

    Nesta primeira parte do livro, procuraremos lidar com a preocupação de Lewis com a linguagem e a racionalidade. Já mencionamos sua passagem da filosofia para a literatura. Não devemos, entretanto, imaginar uma situação idílica em que Lewis pudesse escolher entre as duas disciplinas. Em vez disso, a mudança ocorreu em meio a uma incerteza considerável sobre seu futuro como acadêmico. Sua própria formação em Oxford havia sido a de um humanista no sentido mais amplo do termo: o programa que ele fez foi o Litterae humaniores,¹ quatro anos intensivos de treinamento clássico, cuja base era o estudo da literatura antiga, história e filosofia nos seus idiomas originais. Como de costume, um excelente histórico como aluno em tal programa não significava maior empregabilidade. Por isso, em 1922, quando estava terminando os estudos clássicos, seu tutor de filosofia, Edgar Carritt, o convenceu a obter um segundo diploma, desta vez em literatura inglesa. Deve-se observar aqui que, como disciplina, a literatura inglesa mal existia há uma geração em Oxford. A ascensão dela foi espetacular, de modo que, se em 1920 poucos poderiam entender por que considerá-la sequer um objeto de estudo, em 1930 era difícil entender por que há quem estude algo diferente.² Apesar de também ter se destacado nos estudos de literatura inglesa, a primeira oportunidade de trabalho surgiu quando o próprio Carritt, que lhe recomendara a literatura, tirou um ano sabático, e Lewis foi contratado como seu substituto na filosofia. Assim, em 1924, Lewis iniciou a carreira de tutor, mas em uma disciplina que, pelo menos formalmente, logo abandonaria. Só mais tarde, como mencionamos, ele obteve o cargo de professor. A cadeira de literatura inglesa medieval e renascentista em Cambridge, que ele abriu em 1954, parece um terno feito sob medida para Lewis. Mas se trata, de forma clara, apenas do ápice de uma já brilhante carreira como tutor em Oxford.³

    Contudo, a breve formação em filosofia e a longa carreira na literatura estão ligadas por algo mais que apenas a busca do futuro emprego. A razão é o órgão da verdade; a imaginação, o órgão dos sentidos,⁴ escreve Lewis em carta ao amigo Owen Barfield, e podemos tomar essa afirmação como o lema de toda sua obra. Com relação ao lugar da imaginação e da razão, Lewis havia desde cedo liderado uma disputa contra Barfield, a que o próprio Lewis se refere como A Grande Guerra.⁵ Em carta a Barfield, ele a explica nos seguintes termos:

    Nada pode ser verdadeiro ou falso sem primeiro significar alguma coisa; mas descobrir o que algo significa não equivale a descobrir se é verdadeiro ou falso. A poesia pode trazer à luz a qualidade ou o conteúdo de uma hipótese. Mas a verdade da hipótese não é conhecida pelo conteúdo, mas pela conexão com outros conceitos — pela relação com o que está fora dela.

    Como veremos adiante, antes de sua conversão ao cristianismo, Lewis descreveu como seu principal obstáculo, a respeito dele mesmo, a dificuldade em conceber em que o cristianismo consiste, não sendo capaz de julgar sua veracidade ou falsidade. Não é tão surpreendente que uma parte importante de sua obra tenha sido dedicada a sugerir como o cristianismo pode ser concebido de uma forma melhor. Contudo, deve-se lembrar de que esta declaração inicial a Barfield antecede sua conversão. Em uma data mais próxima, ele descreve seu estado interior nos seguintes termos: Tenho pensado sobre a imaginação e o intelecto, e sobre a confusão ímpia em que me encontro no momento: fragmentos não digeridos de antroposofia e psicanálise, em choque com um idealismo ortodoxo contra um pano de fundo do racionalismo clássico.⁷ Embora ainda não haja indícios de como resolveria a confusão, nem dos conteúdos que caracterizariam sua obra posterior, já se encontra aqui a ênfase dupla — racional e imaginativa — que caracterizaria sua obra. Ao longo da primeira parte deste livro, vamos nos concentrar nessas duas dimensões de forma ampla: ao lado da preocupação de Lewis com a racionalidade, nós nos ocuparemos aqui com o tipo de uso da linguagem que ele crê que se deva cultivar, com a atenção à possibilidade de comunicação em contextos de suspeita recíproca e com sua visão do lugar da literatura na vida

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