Hamas
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Hamas - Carlos Araujo
Introdução
Israel e os Territórios Palestinos Ocupados situam-se em uma região com séculos de influências culturais, religiosas e políticas, sendo o conflito entre Israel e Palestina uma das contendas mais antigas do planeta.
Antes de abordarmos o complexo momento atual e a conduta do Hamas na Faixa de Gaza, com toda sua complexidade geopolítica, se faz necessário examinarmos e entendermos, em um mínimo de palavras, o contexto histórico motivador de tudo isto.
Vamos, então.
Contexto histórico
O movimento sionista se expandiu no século XIX, buscando instalar um estado judaico na Palestina ― parte do Império Otomano naquela época ―, onde projetavam que a solução à perseguição e ao antissemitismo na Europa seria resolvida em sua terra ancestral, que deveria receber um estado judeu.
O termo sionismo deriva de Sião, uma referência ao Monte Sião, colina em Jerusalém que possui importância histórica e religiosa para os judeus. Este Estado judeu pensado pelo movimento incluía as áreas que compreendem o atual Estado de Israel e partes dos territórios palestinos.
A criação do Estado de Israel em 1948 marcou o sucesso do movimento sionista em relação a seu objetivo principal. A partir de então, o sionismo evoluiu em resposta a desafios políticos, culturais e religiosos, mas sua influência continua sendo uma parte integrante da vida dos israelenses e da diáspora judaica (dispersão dos judeus de sua terra natal e a subsequente migração e estabelecimento em várias partes do mundo).
A Primeira Grande Guerra (1914 a 1918) provocou alterações significativas na região, sobretudo durante a queda do Império Otomano, quando o Mandato Britânico sobre a Palestina foi estabelecido em 1917, após a Batalha de Be'er Sheva, também conhecida como Batalha de Bersebá. Este confronto militar ocorreu em outubro de 1917 durante a Campanha do Sinai e Palestina, onde as forças britânicas buscavam romper a linha de defesa otomana na região. Essa batalha teve implicações significativas para o avanço britânico, finalizando na tomada de Jerusalém, batalha esta que foi um marco na campanha do Oriente Médio durante a Primeira Guerra Mundial, desempenhando um importante papel nas mudanças territoriais e políticas que seguiram ao conflito. Durante esse período, a imigração sionista na Palestina possibilitou as condições para o crescimento da população judaica.
Em 1947, as Nações Unidas recomendaram a criação de um estado judeu e um estado palestino, ambos independentes. No entanto, a partilha territorial não foi aceita, tanto pelos líderes árabes quanto pelos palestinos. Assim, eclodiu a Guerra de 1948, mais conhecida como Guerra da Independência de Israel, no dia seguinte à sua declaração de independência, ocorrida em 14 de maio de 1948. O conflito iniciou-se após ataques de Iraque, Líbano, Jordânia, Egito e Síria, tendo como resultado a conquista de territórios pelos israelenses e o êxodo dos palestinos. Para estes, a guerra é lembrada como nakba (catástrofe
), representando a perda de território e a dispersão de suas comunidades.
Em 1967, uma nova batalha ocorrida entre Israel e os países árabes do entorno, a Guerra dos Seis Dias, resultou na ocupação israelense dos territórios da Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental, cidade sagrada para as três maiores religiões monoteístas do mundo, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. A porção oriental da cidade abriga alguns dos locais religiosos mais sagrados do mundo, como o Muro das Lamentações (sagrado para o judaísmo), a Igreja do Santo Sepulcro (sagrado para o cristianismo) e a Mesquita de Al-Aqsa (sagrado para o islamismo).
Esta guerra foi um rápido conflito militar que ocorreu entre Israel e uma coalizão de estados árabes durante os dias 5 e 10 de junho de 1967, tendo um impacto significativo na geopolítica do Oriente Médio, resultando em mudanças territoriais que continuam a afetar a região até os dias de hoje.
Em 1964, liderada por Yasser Arafat, nasce a Organização para Libertação da Palestina (OLP), surgida como a principal voz dos palestinos em busca de reconhecimento internacional, independência e autodeterminação. Atuante nas décadas de 1970 e 1980, a OLP esteve envolvida em várias tentativas de negociação de paz com Israel.
Yasser Arafat teve um papel significativo na história do movimento palestino e na política do Oriente Médio. Sua liderança e compromisso, no que diz respeito à causa palestina, o tornaram uma figura polarizadora e emblemática no conflito Israel-Palestina.
Nascido em 24 de agosto de 1929, havendo controvérsias do local ― Jerusalém ou Cairo ―, Arafat nasceu Mohammed Abdel Rahman Abdel Raouf Arafat al-Qudwa al-Husseini.
Em 1959, Arafat participou ativamente da fundação do Fatah, movimento político e militar que buscava a libertação da Palestina e o estabelecimento de um Estado palestino, conduzindo operações militares contra Israel e atraindo apoio de outros grupos palestinos.
Também conhecido como Movimento de Libertação Nacional da Palestina, o Fatah é atualmente um dos principais partidos políticos palestinos, tendo desempenhado um papel central na política ao longo das décadas, defendendo uma abordagem secular (acreditando que no mundo não há mais nada, a não ser o que vemos e descobrimos através da ciência, das