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Verdade Histórica, Historiografia Moderna e Obrigações Éticas: UCG EBOOKS, #10
Verdade Histórica, Historiografia Moderna e Obrigações Éticas: UCG EBOOKS, #10
Verdade Histórica, Historiografia Moderna e Obrigações Éticas: UCG EBOOKS, #10
E-book50 páginas35 minutos

Verdade Histórica, Historiografia Moderna e Obrigações Éticas: UCG EBOOKS, #10

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Sobre este e-book

O acontecimento aqui descrito ocorreu em Israel (22-23.5.1948), uma semana após a criação do Estado (14.5.1948). Embora o caso Tantura seja um capítulo particularmente significativo na história de Israel/Palestina, não há a seu respeito praticamente nenhuma referência pormenorizada nas obras de historiadores israelenses ou palestinos, ou, com efeito, de qualquer outro historiador. No entanto, o «massacre» que ocorreu em Tantura foi tema de aceso debate jurídico e público em Israel ao longo de 2001. O tema permanece controverso gerando intensos debates. Este ensaio fornece não só uma descrição do acontecimento, da controvérsia e das suas contínuas implicações sociais, como discute ainda o seu impacto em questões fundamentais da historiografia, tais como a questão da natureza e hierarquia das fontes, bem como o alcance e limites da imaginação do historiador. Levanta também questões ainda mais prementes, nomeadamente as que concernem a objetividade e as obrigações morais de um historiador face a situações de violência extrema, de violação de fundamentais direitos cívicos e humanos, o seu compromisso para com a verdade histórica.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de dez. de 2023
ISBN9789895306046
Verdade Histórica, Historiografia Moderna e Obrigações Éticas: UCG EBOOKS, #10

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    Verdade Histórica, Historiografia Moderna e Obrigações Éticas - Ilan Pappe

    ILAN PAPPÉ

    Verdade Histórica, Historiografia Moderna e Obrigações Éticas

    O Desafio de Tantura

    Tradução Luís Lima

    Edição João Francisco Figueira e Vítor Silva

    KKYM + P.OR.K

    Lisboa, 2021

    1ª edição portuguesa © KKYM + P.OR.K, 2021. Todos os direitos reservados. 

    ÍNDICE

    1. Prefácio

    2. O debate público em Israel

    3. O contexto histórico

    4. O que aconteceu em Tantura? Três versões

    5. Os factos incontestados

    6. Reconstruindo os acontecimentos

    7. Implicações historiográficas. História oficial e testemunho oral

    8. Epílogo

    Bibliografia

    Ficha técnica

    Ilan Pappé

    (un)common ground

    1. Prefácio

    ¹

    Não tenho dúvidas de que ocorreu um massacre em Tantura. Não andei pelas ruas a gritá-lo. Não é algo de que nos possamos orgulhar. Mas uma vez que o caso se tornou público, é preciso dizer a verdade. Ao cabo de cinquenta e dois anos, o Estado de Israel é suficientemente forte e maduro para enfrentar o seu passado.

    Eli Shimoni, Oficial Superior da Brigada Alexandroni, 4.2.2001.

    De um ponto de vista académico, o caso Tantura levanta questões fundamentais relativas à reconstrução do passado e, mais especificamente, à questão da verdade histórica. Ao longo do século XX, a problemática da verdade histórica foi explorada por vias intrigantes e contraditórias. A intenção, aqui, não é recapturar as vicissitudes desse debate, nem dar uma contribuição original para as suas dimensões teóricas, mas sim ligar o debate sobre Tantura à questão mais ampla da escrita da história, prestando atenção aos conflitos nacionais e às posições dos historiadores no seu seio. Quando o Presente é envolvido por um conflito em curso, escrever sobre o Passado por via da escrita histórica é uma tarefa extremamente difícil e nem sempre apreciada ou antecipada por aqueles que escreveram, em termos teóricos e filosóficos, sobre a questão da reconstrução da história.

    O estudo de caso de Tantura oferece um possível vislumbre da difícil situação dos historiadores num local onde as pessoas anseiam por saber o que aconteceu no passado, a fim de melhorarem a sua posição no presente e encontrarem as respostas dadas pelo querer dos seus historiadores profissionais, na medida em que são tão politizados quanto tudo o que diz respeito à interpretação da realidade que os rodeia.

    Etapa por etapa, desejo fazer luz sobre o meu modo de construção dos acontecimentos que se desenrolaram na aldeia de Tantura em 22 e 23.5.1948. Defendo aqui que o pior massacre perpetrado naquela aldeia durante a guerra de 1948 foi muito pior do que o infame caso de Deir Yasin. No entanto, o massacre de Tantura está totalmente ausente das obras dos historiadores israelenses, e é apenas insinuado nas obras dos historiadores palestinos.² Nos anos 1990, surgiu nas listas dos mapas palestinos como um dos quarenta massacres que ainda não haviam sido devidamente investigados.³ A reconstrução aqui oferecida pode servir de modelo para os demais casos.

    O esforço de reconstrução levantou, de forma incisiva, algumas questões – tais como, a hierarquia das fontes, o alcance e os limites da imaginação do historiador, a objetividade e as obrigações morais do historiador – que haviam sido

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