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A Bíblia ao Serviço do Sionismo: UCG EBOOKS, #8
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E-book40 páginas26 minutos

A Bíblia ao Serviço do Sionismo: UCG EBOOKS, #8

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Sobre este e-book

Neste ensaio, o historiador Ilan Pappé analisa o paradoxo que está na origem do sionismo, fundado por judeus seculares mas que usaram a Bíblia para justificar e legitimar pretensões coloniais: «não acreditamos em Deus, e no entanto, Ele prometeu-nos a Palestina», título de um famoso ensaio de Amon Raz-Krakotzkin.

Os primeiros sionistas seculares citaram frequentemente a Bíblia para demonstrar que havia um imperativo divino na colonização da Palestina e com vista à redenção da Eretz Israel, a Terra de Israel. Mas Pappé argumenta que a Bíblia não é, na verdade, um texto muito útil à reinvenção de uma nação judaica: o pai da nação, Abraão, não era da Palestina, os hebreus tornaram-se uma nação no Egito e os Dez Mandamentos foram-lhes comunicados em Sinai, no Egito.

Inicialmente o sionismo foi rejeitado por muitos judeus religiosos e pela maioria dos judeus ortodoxos, para quem a ideia de um «regresso» dos judeus à Terra de Israel antes do regresso do Messias era inconcebível. No entanto, com a intensificação da perseguição dos judeus na Europa, a ideia de criar um estado judaico foi ganhando adeptos. Nesta sequência, houve judeus religiosos que viriam a considerar que o exílio, do Egito como os demais do período bíblico associados ao comportamento contrários à vontade de Deus, chegava ao fim com o advento do sionismo na Palestina.

Pappé expõe como o ponto de convergência entre sionistas seculares e religiosos quanto à centralidade da Bíblia, não é enquanto texto religioso, mas antes como um documento que afirma o direito histórico dos judeus à propriedade sobre a terra. A exploração sionista da Bíblia como verdade científica ou enquanto justificação moral para a colonização da Palestina contribuiu para recrutar apoios não só de comunidades judaicas, mas também de poderosos sectores do mundo cristão ocidental.

Apesar do nacionalismo religioso ter tido um papel reduzido no estabelecimento do Estado de Israel, Pappé analisa como este movimento cresce a partir do final da década de 1960. Para os judeus nacionalistas ultraortodoxos, a colonização de grandes áreas da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, tornada possível através da ocupação dos territórios palestinos em 1967, foi interpretada como uma reapropriação em nome de Deus e da Bíblia. Assim, os textos bíblicos tornaram-se na pedra angular da interpretação sionista da espoliação da Palestina, e da exclusão e desapossamento dos palestinos.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de dez. de 2023
ISBN9789895306008
A Bíblia ao Serviço do Sionismo: UCG EBOOKS, #8

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    A Bíblia ao Serviço do Sionismo - Ilan Pappe

    ILAN PAPPÉ

    A Bíblia ao Serviço do Sionismo

    «Não acreditamos em Deus, no entanto Ele prometeu-nos a Palestina»

    Tradução Jorge Leandro Rosa

    Edição João Francisco Figueira e Vítor Silva

    KKYM + P.OR.K

    Lisboa, 2020

    1ª edição portuguesa © KKYM + P.OR.K, 2020. Todos os direitos reservados.

    ÍNDICE

    1. Introdução

    2. Os estudos cristãos da Bíblia e o sionismo da Palestina

    3. A Bíblia enquanto alvará secular

    4. Redescobrindo a terra bíblica: a ocupação de 1967 e o seu impacto

    5. O «pulmus»: um debate

    6. A batalha pela representação da Bíblia

    Bibliografia

    Ficha técnica

    Ilan Pappé

    (un)common ground

    1. Introdução

    Há uma história, verdadeira a 66,5%, sobre Ben Zion Dinburg (mais tarde, Dinur), o decano dos inícios da historiografia sionista da Palestina e, posteriormente, um dos primeiros ministros israelenses da educação. Em 1937, recebeu a visita de David Ben-Gurion, o líder da comunidade judaica na Palestina e mais tarde o primeiro Primeiro-Ministro de Israel. Faltavam duas semanas para a chegada da Comissão Real Peel, que fora encarregada por sua majestade de encontrar uma solução para o conflito na Palestina. Ben-Gurion procurou saber se este respeitável historiador poderia produzir alguma investigação que provasse uma presença judaica permanente desde 70 d.C., o ano do exílio romano, até 1882, o período em que chegam os primeiros sionistas. «Bom – respondeu o historiador –, na verdade, poderia, mas isso envolve muitos períodos históricos e diversas disciplinas, pelo que, na melhor das hipóteses, precisaríamos de uma década ou algo assim para a terminar com sucesso». «Você não está a perceber – retorquiu Ben-Gurion –, a Comissão Peel chega dentro de duas semanas. Portanto, é preciso que chegue a uma conclusão nessa altura. Depois disso terá uma década inteira para prová-la!»

    Mesmo que esta história não seja inteiramente verídica – não há uma fonte identificável –, ela patenteia a interacção entre a antiga experiência judaica na Palestina e o combate sionista pelo reconhecimento e pela legitimidade no século XX. Não é claro se a apresentação do argumento da continuidade levou a sua avante. Em qualquer caso, ele foi apresentado como um argumento poderoso tanto diante da Comissão Peel como da Comissão Especial das Nações Unidas (UNSCOP) em 1947. À primeira vista, o apoio dado pelo Reino Unido e mais tarde pelas Nações Unidas ao

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