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Psicologia: Teoria, pesquisas e práticas
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E-book571 páginas6 horas

Psicologia: Teoria, pesquisas e práticas

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Sobre este e-book

Esta coletânea possui como objetivo levar à comunidade científica teorias, pesquisas e
práticas recentes e relevantes na área da Psicologia. Os artigos que serão publicados neste
livro irão contribuir para diferentes áreas da Psicologia: Psicologia Clínica e da Personalidade,
Psicopatologia, Avaliação Psicológica, Psicologia Cognitiva, Psicologia da Família e da
Comunidade, Psicanálise, Psicologia da Saúde, Psicologia Organizacional e do trabalho,
Psicologia Social, Saúde Mental, Educação e Sexualidade e Gênero.
Atendendo a proposta que foi pensada, o livro envolve diferentes abordagens da
Psicologia e campos de atuação do Psicólogo para envolver o leitor em temas atuais e
fundamentais para o desenvolvimento da profissão e da ciência.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de mai. de 2024
ISBN9786527020233
Psicologia: Teoria, pesquisas e práticas

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    Psicologia - Mariana Rambaldi do Nascimento

    AVALIAÇÃO DA DISLEXIA EM ADULTOS: TESTES E INSTRUMENTOS PARA DIAGNÓSTICO

    Lenilza Alves P. Teixeira

    Graduada em Psicologia

    https://lattes.cnpq.br/5041105466150794

    le.apt@hotmail.com

    Mariana Rambaldi do Nascimento

    Doutoranda em Psicologia Social

    https://orcid.org/0000-0003-2699-8449

    mrnascimento@unesc.br

    DOI 10.48021/978-65-270-2022-6-C1

    RESUMO: A dislexia pode ser considerada um tipo de transtorno de aprendizagem de origem neurobiológica, em que geralmente surgem de um déficit na consciência fonológica da linguagem e são impermeáveis em relação à idade e outros recursos cognitivos. As diretrizes diagnósticas preconizam a avaliação da velocidade e compreensão da leitura, identificação de erros fonológicos, além de considerar o desenvolvimento tardio da linguagem oral. Desse modo, este estudo propõe uma revisão bibliográfica abrangente da produção científica atual sobre os principais instrumentos e testes utilizados na avaliação da dislexia em adultos. A busca foi realizada em bases de dados nacionais e internacionais utilizando os descritores booleanos. Foram encontrados 222 artigos e selecionados um total de 8 para compor essa pesquisa. Também foi possível identificar dois testes para avaliar dislexia em adultos no site do Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI). Após revisão de literatura e validação no SATEPSI, foram identificados outros testes recomendados pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) para avaliação neuropsicológica da linguagem, funções executivas, velocidade de processamento e raciocínio. Foi possível concluir a complexidade da avaliação da dislexia em adultos, enfatizando a importância de considerar habilidades como leitura, atenção e funções executivas. Apesar da diversidade de instrumentos encontrados, incluindo adaptações e testes em fase de pesquisa, é necessário o desenvolvimento de mais estudos e adaptações de instrumentos específicos para o contexto brasileiro, visando aprimorar estratégias de bem-estar na atuação dos profissionais da área.

    Palavras-chave: Dislexia; Avaliação Psicológica; Diagnóstico; Adulto.

    INTRODUÇÃO

    Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR) a Dislexia é um termo alternativo em referência a um padrão de dificuldades de aprendizagem que é caracterizado por dificuldades relacionadas ao reconhecimento preciso e fluente de palavras, decodificação, soletrar e problemas na ortografia (APA, 2023). Para a Associação Internacional de Dislexia (2002) a Dislexia pode ser considerada um tipo de transtorno de aprendizagem de origem neurobiológica, sendo que as dificuldades geralmente surgem de um déficit no que compõe a consciência fonológica da linguagem e são impremeditável em relação à idade e as outras habilidades cognitivas.

    As diretrizes diagnósticas para a Dislexia incluem avaliar a velocidade e compreensão da leitura, verificar um rendimento inferior em precisão em relação ao esperado para a idade e inteligência, identificar erros na leitura/escrita, especialmente de origem fonológica, e observar um possível desenvolvimento tardio da linguagem oral, além de realizar uma avaliação das funções cognitivas. Essa avaliação pode ser realizada por meio de instrumentos psicológicos e avaliações. (APA, 2023; Organização Mundial da Saúde, 2008)

    De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (CFP), o processo de avaliação psicológica se constitui por ser um procedimento técnico e científico realizado com pessoas ou grupos de indivíduos que, de acordo com cada área de conhecimento conforme as demandas estabelecidas, requer metodologias específicas. A avaliação psicológica é um processo extenso que relaciona informações advindas de diferentes fontes sendo elas: testes psicológicos, entrevistas, observações sistemáticas e análises de documentos. Os testes ou testagem psicológica, por sua vez, dizem respeito à aplicação dos testes/instrumentos psicológicos e obtenção de informações a partir desses resultados. A partir disso, o CFP desenvolveu o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) com o objetivo de realizar a validação técnico-científica para uso profissional do psicólogo (CFP, 2022).

    Desse modo, vale ressaltar que a testagem e avaliação psicológica, é essencial para o diagnóstico, que pode proporcionar diversos benefícios ao processo de tratamento, bem-estar e qualidade de vida dos indivíduos com Dislexia e outros transtornos (BRADSHAW et al., 2021). O diagnóstico é essencial na vida do adulto com Dislexia, pois pode influenciar nas suas emoções, autoestima, desempenho profissional e aspectos sociais. A partir disso, a hipótese dessa pesquisa se fundamenta na existência de poucos instrumentos específicos atuais validados e em estudo para avaliar Dislexia em adultos, o que pode gerar danos na qualidade de vida de adultos disléxicos.

    O presente trabalho tem como objetivo realizar uma revisão sobre os principais instrumentos e testes para avaliar a Dislexia na vida adulta, construído por meio de uma revisão bibliográfica, buscando descrever, observar e classificar os dados, com o intuito de reunir a produção científica sobre os testes na atualidade. Foi realizada uma busca no SATEPSI e em bases de dados nacionais e internacionais na Plataforma BVS (Biblioteca Virtual de Saúde), Google Acadêmico e SCOPUS utilizando descritores booleanos, visando encontrar instrumentos e testes para detectar a Dislexia em adultos.

    1 TESTES E INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DE DISLEXIA EM ADULTOS

    Os transtornos de aprendizagem são entendidos como desordens cognitivas de fatores neurobiológicos que dificultam o ritmo de aprendizagem (WAJMAN, 2021). Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR) os transtornos específicos de aprendizagem, podem englobar diferentes dificuldades de aprendizagem. Segundo o DSM-5-TR, a prevalência do transtorno específico de aprendizagem nos domínios acadêmicos da leitura, escrita e matemática, pode ser de 5% a 15 % em crianças em idade de alfabetização, independente da cultura e idioma, e cerca de aproximadamente 4% em adultos, mesmo que a prevalência exata nesse grupo ainda seja desconhecida (APA, 2023).

    Uma dessas dificuldades é a Dislexia, que se caracteriza, como dificuldades no domínio da leitura, expressão escrita e matemática, configurando um quadro mais global, mas com codificações específicas para cada sub-habilidade alterada (APA, 2023). Se tratando da classificação e categorização da Dislexia, a décima primeira revisão da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-11), elaborada pela Associação Americana de Psiquiatria, que entrou em vigência a partir da data de 1º de janeiro de 2022, sendo categorizada como MB4B, que aborda as Disfunções Simbólicas, na subcategoria 6A03 - Transtorno de Aprendizagem Geral (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2021). Caracteriza-se por pertencer a um grupo de transtornos do desenvolvimento de base neurobiológica por problemas significativos e persistentes na aprendizagem de habilidades acadêmicas que podem incluir: 6A03.0 - Transtorno de Aprendizagem com Impacto na Leitura, 6A03.1 - Transtorno de Aprendizagem com Impacto na Escrita e/ou 6A03.2 - Transtorno de Aprendizagem com Impacto na Matemática.

    Portanto, a Dislexia pode ser definida, como uma perturbação neurológica de origem congênita, podendo ser uma condição hereditária com alterações genéticas, ou adquirida como consequência de lesão cerebral devido a algum acidente (MOOJEN, 2016). A etiologia da Dislexia pode ser considerada multifatorial, envolvendo uma gama de fatores de risco e proteção em níveis genéticos, neurais, cognitivos, ambientais e psicológicos (GIBBS e ELLIOTT, 2020). Nessa perspectiva, Livingston, Siegel e Ribary (2018) dizem que devido à singularidade de cada indivíduo, esses multifatores dialogam e repercutem de diferentes modos, conforme as vivências que eles encontram em sua trajetória de vida.

    O diagnóstico do transtorno é de suma importância para o bem-estar desses indivíduos, devendo ser realizado nas séries iniciais do Ensino fundamental, por uma equipe multidisciplinar, composta de médicos, pedagogos, fonoaudiólogos, psicólogos e neurologistas, porém, muitos indivíduos com sintomas de Dislexia não chegam a receber um diagnóstico ou são diagnosticados somente na vida adulta (CÁRCERES e COVRE, 2018). Devido a isso, o transtorno da Dislexia pode impactar severamente o desenvolvimento da criança e consequentemente a vida do adulto, em que os impactos dos erros constantes em atividades acadêmicas e escolares que são decorrentes das dificuldades cognitivas podem levar a um baixo autoconceito e a crenças negativas de si mesmo como aluno, em crianças e adolescentes disléxicos e até mesmo em universitários (ARO et al., 2018).

    1.1 IMPACTOS E DIAGNÓSTICO DA DISLEXIA EM ADULTOS

    O diagnóstico tardio da Dislexia pode influenciar no desempenho escolar e social da criança, e trazer repercussões negativas que irão acompanhar esse indivíduo até a fase adulta, sendo estas relacionadas às emoções negativas, incluindo baixa autoestima, sintomas ansiosos e o risco para depressão (BRADSHAW et al., 2021). Portanto, o diagnóstico pode ser considerado de difícil detecção, onde muitas vezes os estudantes disléxicos são estereotipados como preguiçosos e acabam sendo excluídos em sala de aula e em ambientes sociais, podendo gerar sérios impactos à inclusão educacional (MACHADO e ALVES, 2015).

    As diretrizes diagnósticas para a Dislexia são: velocidade e compreensão de leitura, rendimento inferior em precisão, medido por testes padronizados, em relação ao esperado para a idade cronológica e inteligência; leitura/escrita caracterizada por erros, principalmente de origem fonológica; além disso, pode ser observado desenvolvimento tardio da linguagem oral, avaliação de funções cognitivas (APA, 2023; Organização Mundial da Saúde, 2008) O diagnóstico tardio ou a ausência dele, pode ocasionar sérios impactos e prejuízos na vida adulta e no desenvolvimento desse sujeito (PEREIRA, 2022).

    Os impactos das dificuldades de aprendizagem são trazidos em alguns estudos como negativo, pois envolvem aspectos emocionais, comportamentais e sociais de longo alcance comportamentais e sociais de ter Dislexia no indivíduo, nas famílias e na sociedade (LIVINGSTON; SIEGEL; RIBARY, 2018). De acordo com alguns autores, os indivíduos com dificuldades de aprendizagem relataram raiva, stress, embaraço, agressão, culpa, isolamento, insegurança, ansiedade e problemas emocionais e sociais. Também foi possível perceber impactos relacionados às memórias dessas experiências podem ter danos duradouros até à idade adulta. Os sujeitos com Dislexia do desenvolvimento estão expostos a possíveis resultados negativos nos domínios emocional, social, educacional e ocupacional (LIVINGSTON; SIEGEL; RIBARY, 2018; NEWLANDS; SHREWSBURY; ROBSON, 2015).

    1.2 INSTRUMENTOS E TESTES NO DIAGNÓSTICO DA DISLEXIA

    Diversos estudos realizados, demonstram que os instrumentos para identificar a Dislexia em crianças, existem, mas que ainda são poucos e requerem adaptações (BRADSHAW et al., 2021; CAPOVILLA et al., 2001; PEREIRA, 2022). No caso da avaliação de dificuldade de leitura e resquícios de Dislexia em adultos, alguns estudos, com o objetivo de identificar esses testes, expuseram alguns instrumentos utilizados ou em processo de validação (Dias et al., 2016).

    Os instrumentos identificados nessas pesquisas possuem a característica de buscar e identificar a consciência fonológica, memória fonológica, nomeação automática rápida, vocabulário receptivo, associação fonema-grafema, decodificação, leitura oral fluente, compreensão leitora, soletração e ortografia e escrita (INSTITUTO ABCD, 2021). Os testes apontados por esses autores, que são utilizados atualmente no diagnóstico ou estão em processo de validação, possuem construtos para avaliar algumas habilidades cognitivas, conforme mostra o Quadro 1.

    Quadro 1 – Instrumentos para diagnóstico de Dislexia

    Fonte: DIAS et al., (2016); CAPOVILLA et al., (2001); CFP (2022); MORÃO (2011); MACEDO e PINTO (2011).

    Apesar dos estudos informar sobre esses testes, a grande maioria não foi validado pelo SATEPSI ou não é atestado como favorável. Portanto, é necessário a identificação de testes aptos para a utilização profissional. Os estudos que avaliaram e identificaram esses instrumentos, pontuaram que as aplicações e validação desses testes são realizadas por um neuropsicólogo ou fonoaudiólogo, sendo que esses instrumentos de avaliação podem ser usados individualmente ou em conjunto para avaliar diferentes aspectos da Dislexia e determinar um diagnóstico preciso (INSTITUTO ABDC, 2021). É importante ainda ressaltar que existem outros instrumentos que estão em processo de validação, adaptação pelo SATEPSI, mas que ainda são pouco conhecidos e utilizados (PEREIRA, 2022).

    Apesar da existência desses instrumentos, a falta de diagnóstico precoce e instrumentos eficazes podem impactar no desenvolvimento e gerar repercussões na vida de uma pessoa com o transtorno, podendo ser atribuídos rótulos depreciativos, com reflexos negativos sobre sua autoestima e projeto de vida (PEREIRA, 2022). É necessário ainda uma compreensão de que as repercussões da Dislexia incluem as deficiências cognitivas e também embarcam estados emocionais negativos [e.g., ansiedade, tristeza e medo] (BRADSHAW et al., 2021).

    Pereira (2022), ainda diz que essas crenças negativas e baixo autoconceito podem influenciar adultos na busca e construção de suas carreiras profissionais e no desempenho acadêmico, sendo que, estudantes universitários disléxicos apresentam também baixa autoestima e sintomas depressivos, juntamente de problemas sociais, como evitarem de realizarem atividades que envolvam leitura e escrita, de atenção, queixas somáticas, além de levar a sentimentos de inadequação.

    Atualmente, podemos dizer, que a capacidade de leitura e decodificação são habilidades essenciais para sucesso acadêmico e participação social, assim a dificuldade de leitura pode repercutir negativamente na vida do indivíduo e da sociedade como um todo. Jovens adultos, podem ter dificuldades de leitura por diversos fatores, por causa de problemas de decodificação por problemas mais gerais de linguagem, como por exemplo, o vocabulário pobre, ou ambos (PEREIRA, 2022). Por isso, faz-se instrumentos aptos baseados em construtos que avaliam essas habilidades.

    Esses jovens adultos disléxicos, enfrentam alguns desafios na sua trajetória acadêmica como sentimentos de inferioridade, falta de confiança perante as atividades acadêmicas, o que pode influenciar negativamente na sua saúde mental (PEREIRA, 2022). Além disso, universitários com Dislexia podem ter dificuldades nas suas relações com seus pares e professores devido à insegurança e pressões ligadas ao tempo que é demandado nas atividades que envolvem leitura e escrita, levando a presença e ao desencadeamento de sintomas ansiosos e depressivos nestes sujeitos (PAOLINI, 2017).

    Ademais, segundo Stoeber e Rountree (2021), os estudantes universitários que possuem o transtorno enfrentam algumas barreiras dentro da universidade, que demandam estratégias de enfrentamento e bem-estar para lidar com essas dificuldades. Essas dificuldades englobam a grande carga horária e conteúdo das disciplinas, um maior número de atividades de leitura e escrita, a necessidade de um maior autogerenciamento para finalizar as tarefas, cursos, projetos e entregas dentro dos prazos, o que torna a universidade uma constante batalha para estes alunos.

    Se tratando dos prejuízos profissionais que o adulto disléxico podem enfrentar, Moojen, Bassôa e Gonçalves (2016) dizem que a dislexia pode influenciar na forma de pensar e agir desses sujeitos, pois os déficits de funções cognitivas implicam em déficits das funções executivas gerando dificuldades no planejamento e execução de tarefas cotidianas de caráter pessoal e principalmente profissional. Essa característica gera também um déficit na memória e na comunicação, o que dificulta a habilidade de socialização. Essas características podem ser fatores que ocasionam em prejuízos profissionais no exercício do trabalho desse adulto, sendo a baixa autoestima uma das consequências desse prejuízo.

    Considerando os estudos citados, percebe-se que a Dislexia pode trazer impactos no âmbito acadêmico, social, emocional e profissional (GHISI et al., 2016). Por isso, o apoio ao disléxico precisa considerar não apenas as dificuldades cognitivas, mas os desafios psicossociais que são associados e a avaliação psicológica e testagem realizada para apoio do diagnóstico (BRADSHAW et al., 2021).

    2 MATERIAIS E MÉTODOS

    Para nortear os objetivos propostos, a pesquisa classifica-se como exploratória, visando conhecer melhor o tema proposto. Se caracteriza dessa forma pois, de acordo com Gil (2009) ela possui o objetivo de familiarizar-se com um tema pouco conhecido e explorado. No que se refere aos procedimentos, trata-se de uma revisão de uma pesquisa bibliográfica. Quanto à abordagem do problema proposto, trata-se de uma abordagem qualitativa, visto que existe uma análise de textos, que emprega diversas concepções filosóficas, estratégias de investigação e métodos de coletas (CRESWELL, 2010).

    Foi realizado uma pesquisa no site do SATEPSI e em base de dados nacionais e internacionais por meio da Plataforma BVS (Biblioteca Virtual de Saúde) e Google Scholar, utilizando os seguintes descritores booleanos combinados, psychological evaluation AND Dyslexia AND diagnostic AND adult, nos idiomas inglês e português. Os critérios de inclusão foram: artigos que tragam instrumentos de avaliação de Dislexia; artigos que foram publicados em revistas brasileiras ou estrangeiras revisados por pares. Os critérios de exclusão são: artigos que tratam do diagnóstico de Dislexia apenas em crianças; artigos repetidos e que não citem instrumentos psicológicos; artigos não localizados na íntegra.

    Foi criada uma tabela de busca em que foram definidos os termos relevantes extraídos do título, os descritores (linguagem controlada) e remissivas (linguagem natural). Além disso, foi definido de forma controlada as estratégias de busca e as bases de dados (metabuscadores) que seriam utilizados. Foram extraídos dos artigos selecionados, o título, autor e nº do DOI; o objetivo do trabalho; métodos e instrumentos e principais resultados.

    No site do SATEPSI foram pesquisados na aba de Testes Psicológicos Favoráveis, que seriam os testes que a(o) psicóloga(o) poderá utilizar no exercício profissional, tal como previsto na Resolução CFP nº 31/2022 e no Código de Ética Profissional dos Psicólogos e que estão com parecer favorável emitido pelo CFP, com o construto de aprendizagem/atenção/Processos perceptivos e/ou cognitivos/Processos Neuropsicológicos. Foi criado um quadro para resgatar e selecionar os testes de acordo com os critérios de inclusão delimitados.

    Os artigos foram analisados de forma descritiva, buscando delinear a inclusão de estudos encontrados por meio de um instrumento elaborado no Microsoft Excel, com a finalidade de triar os artigos seguindo critérios de inclusão e exclusão (ANEXO I). A análise dos estudos que foram selecionados, em relação ao delineamento de pesquisa, se pautou na análise e na síntese dos dados extraídos dos artigos, para observar, contar, descrever e categorizar os dados, com a perspectiva de reunir o conhecimento produzido sobre o assunto que foi explorado na revisão (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010). Foi realizada a construção de uma tabela no word, buscando extrair esses dados de forma descritiva e analítica dos resultados que foram encontrados.

    3 RESULTADOS

    Ao realizar a busca pelos artigos na base de dados Google Scholar, utilizando os descritores "psychological evaluation; Dyslexia; diagnostic; adult também foi utilizado o descritor scale" como termo relevante extraído do título. Foi realizada uma busca utilizando os descritores em português no Google Scholar. Foram identificadas 45.500 publicações. Feita a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão restaram 222 artigos. Após uma breve leitura dos textos, foram identificados 14 artigos que abordavam o assunto de interesse para o projeto.

    Realizada a leitura minuciosa dessas publicações, foram separados 4 artigos que apresentavam as temáticas para a realização desta pesquisa. Na base de dados da BVS, utilizando os mesmos critérios, foram resgatados 34 artigos e selecionados 4 artigos após leitura minuciosa para composição deste trabalho, como mostra o fluxograma abaixo. A base Scopus que iria ser inicialmente utilizada para busca fechou o acesso livre, o que impossibilitou realizar a busca na base de dados.

    Imagem 1 – Fluxograma

    Fonte: Autoria própria

    Foram excluídos os artigos que não possuíam o acesso livre do texto para leitura e que não falavam da utilização de instrumentos na avaliação da Dislexia em adultos. Optou-se para a amostra final, a inclusão de oito artigos que atenderam à questão principal desta pesquisa, os quais foram categorizados e analisados conforme título, objetivos e resultados, embasando cientificamente as discussões ante a temática: avaliação psicológica e diagnóstico de Dislexia em adultos.

    Dos oito artigos selecionados, cinco deles estavam no idioma Inglês e outros três em Português. Tendo como continente principal de produção científica na área de acordo com a filiação dos autores, a América do Norte, Europa e América do Sul. Foram destacados a base de dados indexadora, o ano de publicação, a autoria, o título, os objetivos, a metodologia e instrumentos utilizados e os resultados encontrados.

    Quadro 2 – Artigos selecionados

    Fonte: Elaborado pela autora a partir de (STARK et al., 2023 D’ELIA; CARPINELLI; SAVARESE, 2023; MEDEIROS, 2022; ASBJØRNSEN et al., 2021; DRIGAS; POLITI-GEORGOUSI, 2019; ALON SEIFAN et al., 2018; LIRA et al., 2017; ALVES; CASTRO, 2005)

    Dos artigos selecionados, a maioria apresenta metodologia exploratória na identificação de instrumentos e avaliações para a dislexia no adulto, sendo qualitativa e ou quantitativa, com aplicação de testes/questionários, em grupo controlado. Quanto aos objetivos, a maioria busca identificar e analisar possíveis instrumentos no diagnóstico de dislexia.

    No site do SATEPSI, no que se refere aos instrumentos identificados, foram resgatados 4 testes que possuíam dois ou mais dos construtos buscados, sendo selecionado apenas 2, devido ao critério de público-alvo de inclusão. Como demonstra o quadro abaixo foi possível analisar os seguintes testes:

    Quadro 3 – Instrumentos Psicológicos Satepsi Favoráveis

    Fonte: SATEPSI/CFP

    Posteriormente foram identificados, por meio da literatura selecionada e validação no site do SATEPSI, outros testes que possuem parecer favorável pelo CFP que podem ser utilizados para avaliação neuropsicológica da linguagem, de funções executivas, velocidade de processamento e raciocínio.

    Quadro 4 – Instrumentos Psicológicos Satepsi Favoráveis

    Fonte: SATEPSI/CFP

    4 DISCUSSÃO

    O presente estudo objetivou investigar a partir de uma revisão de literatura a existência de instrumentos para avaliação da dislexia no adulto. Foi possível selecionar das bases de dados utilizadas 8 artigos. Além disso, também foi possível identificar instrumentos validados pelo CFP. A partir disso, foi possível identificar testes e instrumentos que são utilizados para avaliação de diagnóstico em adultos e testes em fase pesquisas para validar outros instrumentos.

    Stark et al. (2023), pontuam que a avaliação diagnóstica da dislexia normalmente envolve o uso de testes padronizados, medidas de capacidade acadêmica, observações comportamentais, medidas autorrelatadas e relatórios de pais e professores. Os estudos de Alon Seifan et al. (2018) propôs a elaboração de um questionário cognitivo retrospectivo da infância, de auto relato para avaliação de dificuldades cognitivas de leitura, escrita e matemática. No estudo foram avaliados os seguintes aspectos, Matemática, Linguagem, Memória de Trabalho, Processamento Sequencial, Atenção e Função Executiva.

    Nesta mesma perspectiva, Asbjørnsen et al. (2021) explorou a estrutura do Questionário de Leitura para Adultos (ARQ) em uma amostra de jovens e adultos com altos índices de dificuldades de leitura. O estudo também utilizou a Escala de Auto-Relato de TDAH para Adultos (ASRS), com finalidade de comparar os resultados e a eficácia do Questionário de Leitura para Adultos (ARQ). O questionário consiste em quatro fatores: Habilidades de Leitura, Atenção, Hábitos de Leitura e Hiperatividade de Leitura. As escalas do questionário são curtas e não discriminam entre participantes com e sem dificuldades de leitura, além disso o instrumento possui boas características psicométricas. Os autores entenderam que o ARQ é uma ferramenta confiável para identificar dificuldades de leitura em estudantes adultos.

    Alves e Castro (2005) também buscaram avaliar a habilidade de leitura por meio da adaptação para português do Adult Reading History Questionnaire (ARHQ, Lefly & Pennington, 2000). O Questionário História de Leitura (QHL) seria a adaptação portuguesa do questionário americano. Apesar dos estudos indicarem que o questionário poderia ser útil para diagnóstico da dislexia, os autores analisaram que ele não tinha a mesma eficácia do original.

    Se tratando de instrumentos de triagem em adultos brasileiros, Medeiros (2022) propõe uma adaptação do instrumento QHL para a cultura brasileira em conjunto com a Escala para Avaliação de Reconhecimento de Palavras (EARP) usualmente utilizada para avaliar dislexia em crianças, em que as palavras foram adaptadas para construir o instrumento Triagem de dificuldades de leitura por reconhecimento de palavras ditadas, utilizando palavras comumente usadas por um brasileiro médio adulto.

    Os instrumentos tiveram suas amostras validadas por meio da avaliação de especialistas no assunto. Com relação ao QHL, todas as pessoas que participaram concordaram que a quantidade de perguntas é suficiente para uma triagem de dislexia em adultos e quase todos os participantes disseram que o conteúdo das perguntas era adequado para sua faixa etária. Quanto ao EARP 80% dos juízes pareceristas concordaram que o instrumento pode ser usado para avaliar adultos com dislexia.

    Medeiros (2022), complementa que os testes validados buscavam avaliar memória de trabalho, habilidades de leitura, atenção e as habilidades de escrita. Além disso, a pesquisadora, aponta a necessidade de mais estudos e adaptações para validar e avaliar instrumentos brasileiros, visto que, as pesquisas nessa área no Brasil são escassas.

    De acordo com os estudos de Asbjørnsen et al. (2021); Stark et al. (2023), Alves e Castro, (2005), Lira et al. (2017) os principais aspectos avaliados nos instrumentos para rastreio de dislexia no adulto, devem ser as habilidades de leitura, a atenção e as habilidades de escrita. Já Drigas e Politi-Georgousi (2019) apontam que o principal foco deve ser as funções executivas, como memória de trabalho, no processamento fonológico e no acesso lexical. Os autores propuseram a utilização das tecnologias da informação e da comunicação (TIC) no rastreio da dislexia em todas as idades. Eles encontraram três testes em fase de pesquisa baseados em computador em adultos disléxicos e não disléxicos, em diferentes instituições de ensino no Reino Unido. O desenvolvimento de versões adaptativas dos testes padronizados demonstrou que os pontos escalonados combinados discriminaram significativamente entre os grupos com e sem dislexia.

    D’elia, Carpinelli e Savarese (2023) também pontuaram a importância da memória de trabalho e avaliaram através de uma comparação exploratória e descritiva o Wechsler Intelligence Scale for Adults - IV (WAIS-IV) e Prove di lettura, comprensione del testo, scrittura e calcolo (LSC-SUA), o perfil cognitivo de universitários italianos com a leitura, onde visam avaliar a compreensão de texto como um processo multicomponente que envolve processos linguísticos e cognitivos e que interagem com outros, básicos e metacognitivos, como a memória de trabalho e conhecimento relativo, em relação à língua, o assunto e o trabalho. O estudo conclui que os dois testes apresentaram desempenho valioso no que se refere a avaliação de leitura e memória de trabalho em adultos, podendo serem utilizados no diagnóstico de dislexia.

    De acordo com os autores, a estrutura da WAIS-IV é ideal para essa avaliação porque permite a identificação de diferenças entre sujeitos com transtorno de decodificação e sujeitos com transtorno de compreensão de

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