A Serpente
()
Sobre este e-book
Leia mais títulos de Nelson Rodrigues
Doroteia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Vida Como Ela É... Nota: 4 de 5 estrelas4/5A vida como ela é... em 100 inéditos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSenhora dos afogados Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA mulher sem pecado: Drama em três atos: peça psicológica Nota: 0 de 5 estrelas0 notasToda nudez será castigada: Obsessão em três atos: tragédia carioca Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs sete gatinhos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA vida como ela é... em série Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAnti-Nelson Rodrigues Nota: 0 de 5 estrelas0 notasÁlbum de família: Tragédia em três atos: peça mítica Nota: 0 de 5 estrelas0 notasValsa nº 6 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOtto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPerdoa-me por me traíres Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Relacionado a A Serpente
Ebooks relacionados
Lockdown Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Jardim Desolado Nota: 0 de 5 estrelas0 notasApartamento 41 Nota: 5 de 5 estrelas5/5Mar azul Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs Malefícios Da Fumacinha Nota: 0 de 5 estrelas0 notasViajando Pela Casa Dos Sonhos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTristes finais para começos infelizes Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDr. Gänsehaut Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPaisagem em Campos do Jordão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDorme Sujo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCidadania da bomba Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO meu pé de laranja lima Nota: 5 de 5 estrelas5/5Muita Gente Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDepois Que Você Partiu Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPerdoa-me por me traíres Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Último Natal Nota: 0 de 5 estrelas0 notasConfidências, confusões e... mais garotas! Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPesadelo 128 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUm grego poderoso Nota: 3 de 5 estrelas3/5Juntando Meus Pedaços Nota: 0 de 5 estrelas0 notasQuem é você? Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs Grandes Guerreiros Nórdicos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs dias que nos faltam: Serie Stonebridge Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNoites que desejamos esquecer e outros horrores femininos: Dramatize, mas não tanto., #1 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOtto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTempo Para Vingança Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDo amor Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMulher Fugiu De Trem Nota: 0 de 5 estrelas0 notasInseparáveis Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO morto que quase estragou o velório Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Artes Cênicas para você
Contos Sexuais Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Proposta Nota: 3 de 5 estrelas3/5A Procura Nota: 5 de 5 estrelas5/5Glossário de Acordes e Escalas Para Teclado: Vários acordes e escalas para teclado ou piano Nota: 5 de 5 estrelas5/5Como Escrever de Forma Engraçada: Como Escrever de Forma Engraçada, #1 Nota: 4 de 5 estrelas4/5Sexo Com Lúcifer - Volume 2 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAdolescer em Cristo: Dinâmicas para animar encontros Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs Crimes Que Chocaram O Brasil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasWilliam Shakespeare - Teatro Completo - Volume I Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSexo Com Lúcifer Nota: 5 de 5 estrelas5/5Oratório Métodos e exercícios para aprender a arte de falar em público Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Acordo Nota: 4 de 5 estrelas4/5Ordem Das Virtudes (em Português), Ordo Virtutum (latine) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA arte da técnica vocal: caderno 2 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDa criação ao roteiro: Teoria e prática Nota: 5 de 5 estrelas5/5Stanislavski e o método de análise ativa Nota: 4 de 5 estrelas4/5A arte da técnica vocal: caderno 1 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCriação de curta-metragem em vídeo digital: Uma proposta para produções de baixo custo Nota: 5 de 5 estrelas5/5O que é o cinema? Nota: 5 de 5 estrelas5/5Como falar no rádio: Prática de locução AM e FM Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA escuta do corpo: Sistematização da técnica Klauss Vianna Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHey, Teacher! Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Quarto Sábio - A história do Quarto Rei Mago Nota: 5 de 5 estrelas5/5Direção, atuação e preparação de elenco: os processos de criação de atores e atrizes no cinema brasileiro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO cinema pensa: Uma introdução à filosofia através dos filmes Nota: 0 de 5 estrelas0 notas5 Lições de Storyelling: O Best-seller Nota: 5 de 5 estrelas5/5A linguagem do movimento corporal Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA construção da personagem Nota: 5 de 5 estrelas5/5Os Cossacos Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Categorias relacionadas
Avaliações de A Serpente
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
A Serpente - Nelson Rodrigues
PERSONAGENS
décio
lígia
guida
paulo
crioula
(É a separação. Décio está fechando a mala. Fecha, levanta-se e vira-se para Lígia, a mulher, que olha com maligna curiosidade.)
décio
— Pronto.
lígia
— Você não vai falar com papai?
décio
— Pra que falar com teu pai? Não falei com a principal interessada, que é você? Perde as ilusões sobre teu pai. Teu pai é uma múmia, com todos os achaques das múmias.
lígia
— Então por que você não desaparece? Pode deixar que eu mesma falo. Como é suja a nossa conversa.
décio
— Não me provoque, Lígia!
lígia
— Acho gozadíssima sua insolência. Não se esqueça que nós estamos casados há um ano e que você.
décio
— Para!
lígia
— Me procurou só três vezes. Ou não é?
décio
— Continua e espera o resto.
lígia
— Três vezes você tentou o ato, o famoso ato. Sem conseguir, ou minto?
(Décio avança para a mulher. Segura Lígia pelo pulso.)
décio
— Cala essa boca.
lígia
(com esgar de choro) — Não, não!
décio
— Você não me conhece! Quietinha! Você me viu chorando a minha impotência. Mas eu sou também o homem que mata. Queres morrer? Agora?
(Décio a esbofeteia.)
lígia
(com voz estrangulada) — Não!
décio
— Olha para mim, anda, olha!
(Pausa. Lígia olha.)
décio
— Diz agora que és puta. Diz, que eu quero ouvir.
lígia
(lenta) — Sou uma prostituta.
décio
(trincando as palavras) — Eu não disse prostituta. Eu quero puta.
lígia
(soluçando) — Vou dizer. Sou uma puta.
(Décio a solta.)
décio
— Agora olha para mim e presta atenção. Se você fizer um comentário sobre a nossa intimidade sexual, seja com quem for. Teu pai, essa cretina da Guida, uma amiga, ou coisa que o valha, venho aqui e te dou seis tiros. E quando estiveres no chão, morta, ainda te piso a cara e ninguém reconhecerá a cara que eu pisei.
(Décio a esbofeteia. Lígia cai de joelhos com um fundo soluço. Décio apanha a mala.)
décio
(num gesto largo) — Vai-te pra puta que te pariu!
(Décio sai. Logo, entra Guida, irmã de Lígia.)
guida
— O que é que está havendo nesta casa?
lígia
— Ah, Guida! Você chegou no pior momento. Nunca houve um momento tão errado!
guida
— Não fala assim. Olha para mim, Lígia. Você e Décio brigaram?
lígia
— O que você acha?
guida
— Não acho nada. Parece que está todo mundo louco nesta casa. Cheguei da missa quando Décio ia saindo. Não falou comigo, aquele imbecil. Cumprimentei, e nem bola. Você me recebe como nem sei o quê. Afinal, o que houve?
lígia
— Nos separamos.
guida
— Quem?
lígia
— Ora, quem! Guida, quer me fazer um favor? Vá para o seu quarto. Depois conversaremos.
guida
— Você e Décio? E tão de repente? Não acredito que vocês tenham se separado. Você teria me falado antes. Outro dia, eu disse a Paulo: — Lígia não me esconde nada.
Mas escuta. Papai sabe?
lígia
— Sabe como? Nem desconfia.
guida
— E o amor?
lígia
— Que amor?
guida
— O amor de vocês. Nunca, até este dia, você se queixou