A Escola no Século XXI

Durante o programa de Desenvolvimento da Educação (PDE) 2008/2009 os docentes e gestores de escolas primárias e secundárias públicas e privadas do Paraná reuniram-se na Universidade Federal do Paraná (UFPR) em Curitiba para discutir, aprofundar-se e (re)pensar a escola e sua práxis frente aos desafios emergentes neste início de século. Valendo-se de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) baseado no software Moodle, a coordenadora de um dos cursos ofertados aos professores do PDE Profa. Dra. Maria do Carmo Duarte Freitas e equipe prepararam um curso sobre a utilização do AVA aos participantes e convidaram especialistas de diversas áreas para provocar algumas reflexões. Como resultado dessas reflexões foi elaborado pelos participantes do PDE um caderno temático e alguns artigos apresentados em congressos durante aquele período. Ainda como resultado das reflexões e interagindo por meio do AVA, os participantes do PDE aprofundaram a discussão durante alguns meses, gerando um rico material que refletia a realidade, as dificuldades e os desafios enfrentados e superados, cada um em sua realidade, mas olhando sempre para um contexto educacional mais amplo. Analisando a riqueza do material produzido e sabendo que ainda havia algumas vertentes da discussão iniciada naquele fórum para aprofundar, em um processo exógeno levado às últimas consequências, preparamos uma proposta de publicação que desse cabo das principais inquietações e dúvidas que pairavam na memória dos educadores. Assim nasceu a ideia do projeto para construção desta obra, dividida em 4 volumes, que envolveu mais de 30 educadores (pesquisadores, especialistas, mestres e doutores) de várias universidades públicas e privadas.

A cor cítrica na capa deste volume nos remete a pensar em limão, bem azedo, difícil de sorver; para alguns, impossível até. Pois encare a escolha desta cor como uma denúncia aberta do nível de criticidade para a educação que os conteúdos abordados ao longo dos 9 artigos deste Vol. 2 da série discutem. Falar dos educandos e dos educadores inseridos na era da informação é um desafio muito grande. No 1º capítulo discutimos como a formação de nível superior precisa enfrentar o desafio de fazer a "alfabetização tecnológica" dos estudantes universitários. As ferramentas formatadas para a sociedade de consumo da informação, principalmente as redes sociais, distorcem de forma acentuada o que é aplicar tecnologias da informação e comunicação no processo ensino-aprendizagem. O senso comum confunde informar com formar; a abundância de conteúdo digital disponível nas redes sociais leva informações altamente destiladas e pasteurizadas ao público consumidor. Confunde também tergiversar com ensinar; o recurso dos vlogs colecionam centenas de milhões de acessos em torno de temáticas que têm a moral, a ética, os costumes, o cotidiano e o comportamento entre seus temas preferidos. No 2º capítulo discutimos como a educação superior deve cumprir seu papel de formar recursos humanos altamente qualificados visando produção científico-tecnológica e como a tecnologia pode ser aplicada no enriquecimento do processo ensino-aprendizagem. Este é um capítulo que nos chama à reflexão. É preciso retornar aos fundamentos da educação, pois, no afã de utilizar os gadgets tecnológicos a que temos acesso, acabamos perdendo o foco nas questões fundantes do processo de formação superior. No 3º capítulo o foco é a didática. Como pensar a condução de processo ensino-aprendizagem considerando as novas tecnologias da informação e comunicação? O nevrálgico tema da avaliação da aprendizagem é apresentado considerando os ambientes virtuais e a adequação na didática para atingir os objetivos de aprendizagem.

Os conteúdos tratados neste 3º volume mostram a visão inovadora do uso das tecnologias digitais em contexto educacional, promovendo a convergência de mídias, inclusão digital, jogos educacionais, a Googlecultura e a reflexão sobre o uso do computador e da internet acerca de aspectos teóricos e ergonômicos. A virada do milênio tem incorporado cada vez mais as tecnologias de informação e comunicação nas práticas educativas. O Volume 3 - Virtualização das Relações: um Desafio da Gestão Escolar tem como proposta romper com os paradigmas contemporâneos. Para tanto, traz na cor escolhida para a capa - púrpura - uma simbologia relacionada ao mundo metafísico. É a cor da alquimia e da magia que se propõe a ajudar a encontrar novos caminhos, meios e forma de atingir os objetivos. O púrpura simboliza respeito, dignidade e transformação. Sob o efeito da cor púrpura proporcionamos aprender e obter prosperidade, nobreza e respeito por trabalhos e atividades que realizamos nas nossas práticas pedagógicas. Para tanto, surge a possibilidade via educação a distância apoiada em uma tecnopedagogia para viabilizar a todos a formação continuada. O livro também apresenta uma discussão sobre a sociedade do conhecimento e os elementos a considerar para a disseminação do conhecimento no processo ensino-aprendizagem e o teletrabalho. Somem-se estas reflexões ao que já foi discutido nos volumes 1 e 2 da série A Escola no Século XXI e ficará mais claro como o volume 4 encerrará este trabalho com um pensamento e aprofundamento importantes no projeto político pedagógico, na gestão escolar e nas métricas no contexto das TICs. "O leitor poderá, a partir da diversidade desta obra, com vista à transversalidade, ter uma visão sistêmica da Gestão Educacional na Escola no Século XXI, porém sem perder de vista a importância de considerar os valores morais vigentes." Avanilde Kemczinski

O Volume 4 - Desafios Permanentes - traz na sua cor flor miosótis - "não-me-esqueças" - o significado que a cor representa para nosso desejo quando tratamos o tema Educação. Enigmática, tem a ela associada inúmeras lendas, desde o possível esquecimento de Adão, ao nomear as plantas no Jardim do Éden, as histórias de amor entre jovens casais até sua associação com a fertilização do solo pelas lágrimas da Virgem Maria dando origem a esta bela flor. A caminhada de educandos e educadores não pode deixar de valorizar três assuntos que se renovam historicamente: Projeto Político Pedagógico (PPP), Gestão Escolar e as Métricas no contexto das Tecnologias de Informação e Comunicação. Este último volume destaca o PPP, o planejamento de ensino, a inserção das tecnologias nas práticas didáticas e a gestão do conhecimento, oriundos do processo de aprendizagem no ambiente escolar de ensino. Ressalta que cabe aos educadores ajudar seus alunos a conduzir os fragmentos de conhecimento recebidos para aquilo que é mais significativo para suas vidas. Importa, ainda, que não devemos esquecer que nossa proposta é ajudar a formação do professor neste milênio e que não podemos ignorar o papel relevante da GESTÃO ESCOLAR. O profissional gestor - professor - deve entender de orçamento, secretaria, pedagogia, tecnologia e ainda gerir o espaço escolar comum das relações com a comunidade interna (colaboradores e alunos) e externa (pais e comunidades). Ao finalizar esta coleção, o livro discute as métricas de avaliação no âmbito da competência agora mediada por rubricas, como uma tendência no processo de aprendizagem. Tenhamos sempre em mente que a Educação, como a flor miosótis, não poderá ser esquecida!