CABIDELA O sangue feito veludo
Não é um prato que agrade a todos os palatos. E, apesar da grande simplicidade da confeção, existe uma complexa teia religiosa e ética por trás dele. Para muitos é até tabu. Certo é que, para quem gosta, uma boa cabidela simboliza uma ode gastronómica com tanto de pecaminoso como de divinal. No “Crime do Padre Amaro”, o cónego Dias era da opinião que uma cabidela bem feita “era tentar Santo Antão no deserto”. De facto, assim é: uma perdição.
Para isso mesmo, estamos no coração do Minho, na terra onde o “pica no chão” se tornou emblema: Vila Verde, mais propriamente no restaurante “Retiro”, em Cervães. Vila Verde (circundada por Braga, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Amares) é uma terra franca, de apaixonados (os lenços dos namorados, tradição setecentista, aqui nasceram) e de outras referências famosas como o “cuardo” (caldo à lavrador).
O “pica no chão” diferencia-se logo pelo frango criado em casa, que pica o milho e as verduras ao ar livre, tornando a matéria-prima marcante e diferente no sabor. A criação de aves de capoeira, tal como a pequena pecuária, definem, aliás, a economia local minhota, estando homologadas quatro raças de aves autóctones na região. A produção de ovos é outra fonte alimentar e um importante recurso complementar à criação
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