Prazeres da Mesa

MAR E MUITAS DELÍCIAS

Visitamos uma das partes mais lindas do Estado de São Paulo. O trajeto englobou a Rota da Baixada Santista (Praia Grande, São Vicente, Guarujá, Santos, Itanhaém e Peruíbe) & Litoral Norte (Bertioga, São Sebastião, Ilhabela, Ubatuba e Caraguatatuba) que formam as regiões turísticas Costa da Mata Atlântica e do Litoral Norte de São Paulo. Esta reportagem faz parte de um projeto do Governo do Estado de São Paulo, desenvolvido pela Secretaria de Turismo e Viagens, em parceria com o Mundo Mesa. A missão é mostrar e promover os principais produtos e restaurantes de diversas regiões do estado. Esta é a terceira de sete rotas, que vão promover o turismo e a culinária de cada um dos locais visitados. A seguir, o roteiro com as principais indicações.

LITORAL NORTE SERTÃO DE CAMBURI

TAIOBA GASTRONOMIA

Uma vez em Camburi, não deixe de visitar o Mirante da Cruz, localizado no topo do morro entre Camburi e Boiçucanga, com uma vista de tirar o fôlego. O artesanato também se faz muito presente na região. O ceramista Wagner Gasparini desenvolve peças lindíssimas, ao lado do filho Tiago Costa, no Sertão do Piavu. Elas fazem parte do enxoval do restaurante Taioba Gastronomia, do chef Eudes Assis, um dos grandes personagens de nossa gastronomia. Foi preciso deixar o Brasil e ver como os europeus defendem com unhas e dentes sua culinária, para que Eudes Assis tivesse orgulho de assumir sua identidade caiçara e se tornar, senão o principal, um dos que levantam a bandeira em favor da cultura e da gastronomia de sua região. “Às vezes, você tem de sair para aprender a olhar para seu lugar”, diz Eudes. “Quando eu era criança, odiava que me chamassem de caiçara, para mim era um termo pejorativo. Hoje, tenho um orgulho enorme.” Apesar de ter aberto os olhos para sua cultura, Eudes ressalta que as viagens que fez ao redor do mundo também foram importantes, pois permitiram que ele adquirisse técnicas e conceitos em relação à apresentação de pratos. Caçula de 14 filhos, o chef cresceu em meio a um bananal, comendo com banana peixe seco no varal. Ele levou isso para sua cozinha.

Um de seus preparos ícones é o peixe azul-marinho, clássico da culinária caiçara. “Antigamente, em época de escassez de peixe, acrescentava-se banana verde para complementar a comida. Por isso, ela entra nesse preparo. Quando é cozida na panela de ferro, acontece uma reação química com o tanino da banana verde, que faz o caldo ficar azulado. Mas é importante lembrar que isso só acontece com a banana verde, e na panela de ferro, que quanto mais se deixar o caldo reduzir, mais intenso será o efeito azul”, diz o chef. A receita faz parte do menu fixo do Taioba e é preparada com a pescada-cumbucu. Eudes ainda serve acompanhada de arroz, banana assada e pirão de camarão –acompanhamentos que abrilhantam ainda mais o prato. Mas não deixe de provar os bolinhos de taioba e o de peixe seco, bem como os mariscos sempre frescos e os pescados do dia.

Rua Tijucas, 55, @taiobagastronomia

SÃO SEBASTIÃO

RESTAURANTE CANOA

Paulo Roberto da Costa e o filho Rogilson Moraes Costa estão à frente do restaurante Canoa, um dos mais tradicionais de São Sebastião. Seu Paulo já teve bar, lanchonete e pizzaria. O Canoa foi o último empreendimento a ser lançado, já tem 40 anos, com tradição em peixes e frutos do mar. “Nosso carro-chefe é um prato que eu trouxe de um restaurante daqui da rua, de um grande amigo meu, o Lídio, como forma de homenageá-lo. O restaurante se chamava Quebra-mar; quando fechou coloquei esse nome no prato. Lá, faziam com abobrinha à doré. Aqui, adaptamos e fizemos com berinjela. E fica sendo uma espécie de parmegiana de berinjela, com um filé de badejo no meio. Outro diferencial é o molho de tomate da casa, supertradicional. É a mesma receita há 40 anos”, afirma seu Paulo.

Rogilson, que hoje é o braço-direito do pai e fica à frente do restaurante, conta que as vezes adaptava a receita para os clientes: “Quem frequenta aqui desde o começo, às vezes pede também com molho de camarão. Aí, criamos uma reinterpretação, com o molho de camarão e Catupiry. As pessoas amam. Virou o filé à moda”. Pai e filho estão sempre dentro da cozinha, vigiando tudo, para manter a qualidade. Os turistas que chegam por ali, sempre procuram por Seu Paulo, que tem ótima conversa e conquista todos com sua simpatia e simplicidade. Outro diferencial do Canoa é que eles fazem questão de oferecer um plano de carreira para os funcionários e procuram empregar apenas pessoas locais, por isso a maioria está com eles há muitos anos e foi crescendo na casa.

Na temporada, chegam a receber até 400 pessoas, sendo que o restaurante tem capacidade para atender 50 pessoas por vez, com algumas mesas internas e outras no calçadão. Outro prato recorde de vendas é o peixe Canoa, composto de postas de peixes grelhadas, com frutos do mar, alho e óleo. “Já tive cliente que me falou que veio de Búzios só para comer esse preparo”, afirma seu Paulo. A dupla agora está investindo em um projeto de montar a parte de cima do restaurante, para evitar filas de espera e poder atender melhor os clientes. Fora de temporada, o Canoa abre todos os dias, exceto às terças-feiras. Mas, na temporada, não fecha.

Av. Dr. Altino Arantes, 234, @restcanoa

SORVETERIA ROCHA

Trilhas, praias, cachoeiras, vida noturna, boa comida, esportes ao livre, tudo isso e muito mais você encontra em São Sebastião. Tem atividades para todo gosto, bolso e tribo. Localizada na rua principal do Centro da cidade, em frente à praia e no movimentado calçadão, está a Sorveteria Rocha, atualmente comandada pelos irmãos Fernanda Barroso Rocha, Rodrigo e Flávia Rocha, e pelo pai, Roberto Rocha. A Sorveteria começou em meados de 1947, com o tio--avô deles, Zeca Rocha, que convidou o avô, João Rocha, para morar e trabalhar em São Sebastião. Com o falecimento do tio Zeca, o avô assumiu a sorveteria, em 1954. “Meu avô faleceu em 85 e meu pai e tios, que já trabalhavam com ele, tomaram a frente do negócio. Dos cinco filhos homens que deram seguimento à sorveteria, um foi para Ubatuba, outro para Ilhabela e três ficaram em São Sebastião. Um dos que ficaram em São Sebastião, montou a sorveteria Rochinha, e deu esse nome por ser filho do Rocha, mas hoje a marca não pertence mais à família. “Em 2002, meu pai inaugurou essa em que estamos hoje e meu tio ficou com a do ponto antigo. Ao todo, são quatro unidades da sorveteria Rocha”, diz Fernanda. Hoje, trabalham com 58 sabores, com os tradicionais, sem lactose, o light e o premium, além das 35 opções de picolé. Quando o avô começou só havia o sorvete de coco e o de groselha, que seguem sendo queridinhos. “Coco era a fruta da região, ele era ralado e

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