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A Roma Com Carinho
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E-book173 páginas2 horas

A Roma Com Carinho

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Sobre este e-book

"Rosano cria mistérios com o conhecimento privilegiado, a delicadeza e o talento do escritor de vinhos, alimentos e viagens que ele é. E tudo se passa na Itália." - Ambassador Magazine

Alguma memórias nunca são esquecidas. EnquantoTamara descobre os charmes de Roma nos braços de sue primeiro amor, as vistas, as comidas e os vinhos a levam para longe.

Giorgio muda a forma como ela pensa sobre a vida. Décadas podem passar - casamentos, mortes e famílias podem intervir - mas os bons momentos ficam para sempre em seu pensamento.

E bem quando Tamara acha que havia esquecido Giorgio, eles se encontram novamente... e a vida deles muda para sempre.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento14 de ago. de 2020
ISBN9781071562642
A Roma Com Carinho

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    A Roma Com Carinho - D.P. Rosano

    Jantar com Julie

    Setembro de 2017

    Meu garfo embrulhava em folhas verdes vivo de alface as misturas de pimentas, lâminas de amêndoas e gergelim em meu prato.

    Eu digo que meu garfo fez tudo isso, pois parecia que naquele momento eu não controlava meus movimentos, uma mão mexia a salada mentalmente sem nenhuma força motora de meu cérebro.

    – Mãe? – a voz de Julie pareceu vir de repente do vazio, embora ela estivesse sentada ao meu lado na mesa de jantar. Sua pergunta me tirou de meus pensamentos.

    –  Você parece tão quieta – ela disse – Está tudo bem?

    –  Claro, querida. Claro. – Para provar, cutuquei um pouco de alface e coloquei na boca. Julie continuou me encarando, mostrando um pouco de preocupação e eu queria a tranquilizar.

    Mas como poderia a tranquilizar sem lhe contar toda a história.

    – Seu pai lhe amava muito, Julie. – Esse início de fala soou estranho até para mim. O que o pai de minha filha, que faleceu há dois anos, tem a ver com meu estado de tristeza esta noite?

    – E, claro, eu também. – acrescentei – Quero dizer, ainda a amo, claro! – Uma risada envergonhada saiu de minha garganta com minha clara inaptidão em discursar.

    Minha mão voltou a mexer na salada enquanto meu olhar se perdia no design da cadeira em minha frente, reparando cada ondulação e roseta esculpida na madeira escura da cadeira. Meus olhos vagavam inconscientemente da mesma maneira que minha mão mexia na salada.

    – Giorgio.

    Eu falei o nome sem muito pensamento ou hesitação, então pensei de onde minha língua tirara aquele nome.

    – Ahn? – perguntou Julie.

    Acionei meu cérebro bem a tempo, percebi que estava entrando em uma história que Julie nunca ouvira, uma história que traria dor, que talvez preencha lacunas em minha história que ela nunca soube existir. Mas eu sentia agora, de repente, que não havia mais volta.

    – Giorgio – eu repeti, e comecei a contar a minha querida filha sobre o homem que veio antes de seu pai.

    Piazza della Repubblica, Roma

    Março de 1985

    Tammy jogou sua cabeça para trás para sentir o calor dos raios de sol da manhã em seu rosto. Ela estava sentada no muro de pedra ao redor da fonte na Piazza dela Repubblica, sua mão repousando ao lado de seu quadril conforme ela fechou os olhos e abriu seus outros sentidos para os sons e cheiros da cidade que eram varridos sobre ela.

    O som do atrito dos pneus de bicicletas com as ocasionais buzinas e guincho dos pneus dos Fiats e Alfa Romeos do tráfico circular da praça. Risos de jovens crianças e os gritos de jovens adultos se chamando, alguns com emoção em suas vozes, outros com urgência.

    O profundo aroma do café expresso vindo do térreo do hotel atrás de Tammy era forte o suficiente para alcançar seu nariz, assim como as fragrâncias dos vasos de lilases e orquídeas que eram vendidas pelo camelô ali perto. Os aromas eram tão sedutores quanto os vibrantes tons vocais do soprano italiano na janela, três andares acima.

    Essa era a férias de uma vida toda, e ela estava feliz que estivesse apenas na metade. Tammy vagara pelo maluco labirinto de ruas em Veneza e saboreou os incríveis sabores frescos de sorvetes em Florença. Ela olhou as verdes colinas de Toscana que corriam pela janela do trem conforme ela viajava de cidade a cidade, e passou longas noites de lazer em varandas de pedras, nas falésias da Costa de Amalfi, cativada pelo cheiro de primaveras e uvas maduras penduradas ao balaústre.

    A Itália era um sonho, e ela não tinha problemas em concluir – assim como concluíram milhares de turistas antes dela – que o país era o lugar mais romântico para estar.

    Bem, ao menos para a maioria das pessoas.

    Tammy não conseguia descartar a realidade que de todas as coisas que ela fez ou viu divagando pelas regiões da Itália – que nesta terra conhecida pelo romance e amor – ela ainda estava sozinha, e não tinha sequer provado um único momento romântico, exceto aqueles em sua imaginação.

    Na noite anterior, ela sentou a uma mesa na Piazza Navona, o local perfeito para o pôr-do-sol e lugar preferido dos visitantes e romanos enquanto na cidade. Apesar da fama do local, muitos americanos parecia não encontrá-lo, mas os amantes italianos se juntam para sussurrar promessas nas sombras da Fonte de Bernini, e isso levou Tammy a esta rua de paralelepípedos em particular.

    Ela sentou por três horas num café, assistiu o cair do crepúsculo e gritou às estrelas brilhantes acima. Tomou um Negroni gelado – um coquetel de Campari, gin e vermute – que normalmente teria sido forte demais para ela. Beliscou algumas azeitonas da tigela e picles de cenoura, e inalou a fragrância de alho e erva doce que revestiam suas narinas. E ouviu à música de bandolim que soava fracamente da sala de jantar atrás dela.

    Sozinha.

    Tammy não viera à Itália atrás de um romance, mas ela estaria aberta à ideia. Não estava particularmente necessitada, mas o vinho, a comida, a música neste país – sem contar a brilhante paleta de cores do extraordinário cenário que vai de castelos medievais até verdejantes colinas e arquiteturas pós-modernas – colocaria um zumbido em qualquer um com olhos apaixonados.  

    Então, após uma maravilhosa, mas platônica, férias na Itália, ela planejou levar para casa o máximo de memórias não românticas. Isso é, até o momento onde tudo pareceu mudar.

    Sua mente foi trazida de volta ao presente, à Piazza della Repubblica. Com seus olhos fechado e o rosto inclinado recebendo o calor do sol, ela estava aproveitando o estado de transe quando uma voz a trouxe de volta à realidade.

    – Calor, né?

    Tammy abriu os olhos e olhou em direção a voz masculina. Com o sol brilhando acima fazendo faixas de sombra, seu rosto estava iluminado e fácil de ver. Ele tinha um sorriso gentil e confortável, Tammy sorriu de volta. Seus olhos azuis avelã brilhavam, e seus cabelos negros ondulados caíam sobre sua testa. A barba castanha escura e o bigode estavam bem feitos, cortados rente ao seu rosto, e sua luxuosa e bronzeada pele enrugou-se ao sorrir para ela.

    – Uhn, sim – ela respondeu com uma pausa. Não era uma resposta fácil, então ela tentou novamente.

    – Estou aproveitando o calor da tarde. – então, após uma pausa momentânea – E a paisagem aqui na fonte é uma experiência única.

    Si. – ele disse – Esta é a Fonte das Náiades, la Fontana dele Naiadi. Sabia disso?

    Ela fez que não com a cabeça.

    – Náiades eram ninfas gregas. – ele disse, então riu – Sim, bem, eu ri pois elas são criações gregas, mas ainda assim, aqui, elas são romanas.

    – Por que ninfas? – Tammy perguntou. Para os americanos, ninfa possui conotação de prazer.

    – Elas são pequenas deusas. – ele respondeu, usando suas mãos como se mostrasse algo pequeno – Aqui as náiades cuidam de nossa fonte, para proteger a água e as pessoas que dependem dela.

    Certo, então prazer não era o dever delas.

    – Me chamo Tammy – ela disse, estendendo a mão. Ele a segurou calorosamente por um tempo mais longo do que o necessário. Mas era bom demais para ela o interromper.

    – Não conheço o nome Tammy. É americano, certo?

    – Meu nome é na verdade Tamara, mas todos me chamam de Tammy.

    Ele deu de ombros: – Mas eu gosto do som de Tamara – ele respondeu – Você deveria dizer a todos que seu nome é lindo demais para ser abreviado.

    Ela sentiu um formigamento descendo por suas costas.

    – Sou Giorgio.

    Jantar com Julie

    Setembro de 2017

    – Giorgio? Sério, mãe?

    Julie nunca foi boa em disfarçar seus pensamentos através da tonalidade de sua voz. Ela se mostrou surpresa e desapontada ao mesmo tempo, talvez até um pouco indelicada em sua vontade de duvidar de mim.

    – Eu não era uma garotinha, Julie – De alguma forma, eu senti que precisava me defender e defender meu tempo com Giorgio.

    Julie se recostou na cadeira e cutucou seu garfo no prato; ela parecia pronta para oferecer algum conselho adulto à sua mãe.

    – Esse era o nome verdadeiro dele, mãe?

    Tá, aquilo realmente me irritou. Eu tinha muitas memórias apaixonadas de meu relacionamento com Giorgio e como ele amadureceu e se desenvolveu, mas Julie – sem nenhum conhecimento de vida ainda – agia como se eu precisasse de um sermão de como evitar a abordagem de italianos morenos em uma rua de Roma.

    Bem. Quando eu pensei nisso dessa maneira, eu tive que rir um pouco de mim mesmo.

    – Sim, Julie, esse era seu nome verdadeiro. Mas há muito mais. Posso lhe contar sobre ele?

    Ela pausou seu cutucar de garfo e focou em mim conforme continuei a história de como conheci Giorgio há tantos anos atrás e como me apaixonei por ele.

    Piazza della Repubblica, Roma

    Março de 1985

    Tamara balançou a mão de Giorgio e o olhou nos olhos.  A cor brilhante de sua íris era aumentada pelo branco ao redor dela, o que fazia seus olhos parecerem ainda mais vivos ao lado do brilho bronzeado de sua pele.

    Eles conversaram por algum tempo sobre suas vidas. Ambos tinham trinta e dois anos, ambos graduados. Quem eles eram e o que faziam da vida.

    – Sou arquiteto – revelou Giorgio de primeira mão e imponente.

    – Sou CPA – ela respondeu – Isso é, uma contadora.

    Ele riu, aquele riso doce dele.

    Si, si. Eu sei o que é um CPA. Eu tenho um, não, dois! – para minha empresa. – Então – ele fez uma pausa – você é boa com números?

    Tamara deu de ombros numa resposta fácil à pergunta, e acrescentou – Assim como você. Você é arquiteto. Aposto que é bom com números, também.

    Sim, bem, não como você. Se um arquiteto não gosta da forma que os números se apresentam, ele apenas apaga uma linha e a coloca em outro lugar. 

    Sua voz era forte, mas não alta, e ele falava com brilho nos olhos, gestos de mão e de vez em quando uma piscadela, quando estava tirando sarro de algo, principalmente dele mesmo. Havia algo tão casual e maleável em Giorgio; e Tamara se perguntou por um momento por que ele teria parado para falar com uma estranha na fonte. Mas então percebeu que o comportamento descontraído dele era simplesmente demonstração de equilíbrio e confiança – um eu público que mantinha a autoconfiança sob controle enquanto

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