Catena Zapata
E em 1902, o jovem imigrante italiano plantou ali sua primeira vinha de Malbec, uva que naquela altura era conhecida como parte menos protagonista nos cortes bordaleses. No entanto, algo em Nicola o dizia que aquela variedade poderia atingir um patamar até então desconhecido naquela paisagem inóspita. Tinha razão.
Os sonhos de Nicola tiveram continuidade pelas mãos do filho primogênito Domingo. Coube a ele conduzir a bodega após a saída de cena de Nicola. E nesta transição geracional, entre as certezas que mantiveram-se vivas, estava a convicção de que “a Malbec naquelas paragens tinha tudo para produzir vinhos tão elegantes e complexos quanto os grandes crus de Bordeaux”.
País pródigo em crises financeiras, reviravoltas e convulsões políticas, os argentinos viam-se em (mais uma) delicada crise financeira em meados dos anos 1960. Foi neste contexto que Nicolás Catena Zapata, filho de Domingo Catena e Angelica Zapata, entrou devezemcenanavinícoladafamília. Recém graduado em economia, Nicolás foi consultado pelo pai sobre o dilema pelo qual passava Domingo: naquele ano, colher as uvas custaria mais do que deixá-las apodrecer nas vinhas. Aos 22 anos, ainda gozando da impertinência juvenil, Nicolás sugeriu ao pai que não apanhasse os frutos. Mesmo assim, como se fora um tango, carregando uma tristeza que só os argentinos são capazes de ostentar, Domingo contrariou o filho e colheu as uvas na mesma. “Nunca mais esqueci da cara triste do meu pai naquele ano”, lembra.
Quando chegou a sua vez de assumir o legado familiar, após a morte do pai em 1985, Nicolás Catena Zapata optou, num primeiro momento, apostar no mercado interno. Mais uma vez, o país estava em crise. Era época da ditadura militar. E, para piorar, o governo havia acabado de invadir as Ilhas Malvinas e iniciado uma guerra contra o Reino Unido. É neste momento altamente desfavorável