TERÍAMOS QUE COMEÇAR PELOS Alpes, a cadeia de montanhas de picos sempre brancos, com encostas azuis que se estendem como um manto rumo ao norte. E depois, as colinas que, apontando em todas as direções, compõem o território de Barolo, a terra da Nebbiolo, o único lar que esta uva encontrou no mundo. Ao contrário de outras cepas como Syrah, Cabernet e até Pinot, Nebbiolo só escolheu esse pedaço do planeta para construir uma comunidade, só gosta de estar ali, no norte da Itália, ladeada pelos Alpes, naqueles solos de areia e cal. E podemos ficar lá, olhando de cima para essas colinas que se estendem como ondas em um mar agitado. E isso bastaria. Para os amantes de Barolo, do vinho, da terra, essa paisagem quase resume tudo. No entanto, há o vinho. E não é um vinho qualquer.
O Nebbiolo de Barolo é, em essência, austero. De pouca cor, com aqueles aromas inconfundíveis de terra e cogumelos e com aqueles taninos afiados e pungentes. Certa vez, em meados dos anos 1990, houve alguma confusão e começou a prevalecer o que naqueles anos se chamava estilo modernista, com vinhos de grande