O Machado
()
Sobre este e-book
Dois mecânicos peculiares numa qualquer garagem de uma qualquer cidade de Espanha, descobrem, no carro que consertam, algo que modificará as suas monótonas vidas e que lhes fará revelar o seu lado escuro.
A violência é cada vez mais presente no nosso dia-a-dia, no nosso local de trabalho, nas nossas relações sociais e especialmente nos media. Pouco a pouco, eventos sérios, como um ataque terrorista, fazem parte do pão de cada dia, tornando-nos cada vez mais insensíveis.
Esta obra pretende ser um espelho no qual o espectador se observa e reconhece o lado escuros que nenhum de nós está disposto a ver: De verdade que não seria capaz de matar alguém? Somos todos tão cívicos ao ponto de não cruzar a linha que nos torna também terroristas? Que culpa tem a media em tudo isto? Em que medida somos capazes de exercer esta violência en nós próprios?
Publicado por Ñaque, 1998.
Estreia no Auditório de Albacete, Espanha. Novembro 1996.
Leia mais títulos de Antonio Morcillo Lopez
Bangkok Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFirenze Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDespedida II Nota: 0 de 5 estrelas0 notasExperimentos com Ratos Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Relacionado a O Machado
Ebooks relacionados
Morrer De Velho Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAprenda a rir de si mesmo: (é o que os outros estão fazendo) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMamma Mia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Suicida Atrapalhada Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEstúpido Tanatos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDr. Gänsehaut Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Marca Do Zorro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO filósofo Platão e o Inteligente Cícero: dois contos de Alcântara Machado Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Década Perdida Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEm Tom De Despedida Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Condemnado/Como os anjos se vingam Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRick Guia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasÔxe! Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCrônicas do asfalto Nota: 0 de 5 estrelas0 notasConspiração Quadrinhográfica Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFrag-men-tos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasArabela (edição Especial De Natal) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNo Mundo Da Imaginação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTutti Buona Gente Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Bardo Não Usa Mont Blanc Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNão me deixe aqui rindo sozinho: Crônicas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Arquiteto Das Sombras Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLaranja da China Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFilosofices De Um Velho Causídico Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPequenos Detalhes Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Ponto Aumentado Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs Centelhas De Andurá Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSelecção: O Mal Humano - Temporada 0, #1 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs Moleques Da Rua 13 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO que restou Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Artes Cênicas para você
O Acordo Nota: 3 de 5 estrelas3/5Os Crimes Que Chocaram O Brasil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDa criação ao roteiro: Teoria e prática Nota: 5 de 5 estrelas5/5Glossário de Acordes e Escalas Para Teclado: Vários acordes e escalas para teclado ou piano Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Proposta Nota: 3 de 5 estrelas3/5Contos Sexuais Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO que é o cinema? Nota: 5 de 5 estrelas5/5Como Escrever de Forma Engraçada: Como Escrever de Forma Engraçada, #1 Nota: 4 de 5 estrelas4/55 Lições de Storyelling: O Best-seller Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sexo Com Lúcifer Nota: 5 de 5 estrelas5/5Ordem Das Virtudes (em Português), Ordo Virtutum (latine) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA arte da técnica vocal: caderno 1 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCinema e Psicanálise: Filmes que curam Nota: 0 de 5 estrelas0 notasWilliam Shakespeare - Teatro Completo - Volume I Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOratório Métodos e exercícios para aprender a arte de falar em público Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA arte da técnica vocal: caderno 2 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEros e Psiquê - Apuleio Nota: 5 de 5 estrelas5/5Danças de matriz africana: Antropologia do movimento Nota: 3 de 5 estrelas3/5A Procura Nota: 5 de 5 estrelas5/5Adolescer em Cristo: Dinâmicas para animar encontros Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUm Conto de Duas Cidades Nota: 5 de 5 estrelas5/5Criação de curta-metragem em vídeo digital: Uma proposta para produções de baixo custo Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Melhor Do Faroeste Clássico Nota: 0 de 5 estrelas0 notasComo fazer um planejamento pastoral, paroquial e diocesano Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBorderline, Eu Quis Morrer Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA construção da personagem Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sexo Com Lúcifer - Volume 2 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasComo fazer documentários: Conceito, linguagem e prática de produção Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs Cossacos Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Categorias relacionadas
Avaliações de O Machado
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
O Machado - Antonio Morcillo Lopez
O MACHADO
Prólogo
––––––––
Aparece o cenário em penumbra. Em cima dele estão disseminadas várias peças metálicas de cor amarela que correspondem a um carro. Por entre elas há ferramentas, barras metálicas, rodas, faróis e quatro tacos de madeira.
Entra Grocius com uma capa cinza sobre os ombros. Para em frente às peças e observa-as detalhadamente. Recolhe algumas ferramentas do chão. Depois senta-se num dos tacos.
––––––––
Grocius
Não sou capaz de reconhecê-lo.
Entra Bolo.
Bolo
Eu também não. Onde estamos?
Grocius
O que significam estas peças?
Bolo
Parece um carro.
Grocius
Sabes algo de carros?
Bolo
Não.
Grocius
Alguma vez fizeste uma obra com um carro?
Bolo
Não.
Grocius
Eu também não. Tenho frio.
Bolo
Queres a minha capa?
Grocius
E tu?
Bolo
Não importa.
Grocius
Não, deixa estar. Obrigado.
Bolo
O que fazemos aqui?
Grocius
Suponho que o mesmo de sempre: actuar.
Bolo
Actuar, sempre actuar. Reconheces o cenário?
Grocius
Ainda nco.
Bolo
Despedaçaram um carro para nós?
Grocius
Isso parece. E as rodas?
Bolo
Ali. (Recolhe uma roda). Não entendo.
Grocius
Não tens que entender nada. Segue o jogo que nos propõem.
Bolo
Sem o texto?
Grocius
Já chegará o texto.
Bolo
Estamos só tu e eu, sozinhos?
Grocius
Que eu recorde, não.
Bolo
Por onde começamos?
Grocius
Pelo carro. Suponho que temos de montar o carro.
Bolo
Desde quando fizeste isso?
Grocius
O quê?
Bolo
Isso.
Grocius
Não sei. Não me dei conta de que o fazia.
Pausa. Bolo dirige-se ao fundo do cenário e saca dois macacões azuis debaixo de uns trapos sujos.
Bolo
Olha, Grocius!! Macacões! (Entrega-lhe um dos macacões). Tinhas razão. Temos de construir o carro. (Vestem os macacões) Como te assenta?
Grocius
Perfeito. E a ti?
Bolo
Perfeito.
Grocius
Vamos lá.
Bolo
Por onde começamos?
Grocius
Pega nessa peça. Não, não, essa não. Aquela que vai com esta. Dá-me esse ferro. Assim. Vês? Agora juntamos as duas peças e fazemos o mesmo com estas duas. Agora já me lembro. (Silêncio Largo enquanto constroem o carro).
Bolo
Grocius; tenho muito frio.
Grocius
Antes não fazia tanto frio aqui.
(Pausa)
Bolo
Lembras-te de tudo?
Grocius
O que queres dizer?
Bolo
Lembras-te dos acontecimentos?
Grocius
Não... Sim... Recordo um espelho. E atrás dele, o eco de um grito.
Bolo
Eu também ouço esse grito.
Grocius
Não podemos pensar nisso agora.
Bolo
Porquê?
Grocius
De que serve?
Bolo
Angustia-me a incerteza.
Grocius
A mim também. Vamos, temos trabalho.
Bolo
Desde que cheguei aqui, comecei a ver as coisas da mesma forma que quando desaparece o nevoeiro de uma paisagem.
Grocius
E o que viste?
Bolo
A dor que me aperta o peito.
Grocius
A tua dor?
Bolo
Não.
Grocius
De quem?
Bolo
Não sei.
Grocius
Quem feria quem?
Ouve-se uma voz desde o fundo do cenário: Uma criança de oito anos perde os testículos e ambas as pernas ao dar uma patada a uma bomba colocada pela E.T.A. numa caixa de cartão atirada na rua.
Durante a sua leitura, Bolo e Grocius ficam paralizados.
Bolo
Continuemos trabalhando. (Tira a capa e passa a mão pela testa).
Grocius
Há algo que me incomoda neste sítio.
Bolo
Não te lembras do que será?
Grocius
Não. Está calor.
Bolo
Há uma mancha vermelha na minha memória, e é tudo muito confuso ainda.
Grocius
O que é confuso?
Bolo
Os nossos diálogos.
Trabalham em completo silêncio.
Grocius
Dás-te conta?
Bolo
Sim.
Grocius
Sabemos montá-lo perfeitamente.
Bolo
Eu nunca duvidei.
Grocius
Não consigo imaginar o que passará aqui.
Ouve-se novamente, a mesma voz de antes: "Dois estudantes morrem numa confeitaria ao serem confundidos com uns etarras por pistoleiros do