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As Centelhas De Andurá
As Centelhas De Andurá
As Centelhas De Andurá
E-book133 páginas1 hora

As Centelhas De Andurá

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Sobre este e-book

Um adolescente preso a um cotidiano sem nada de especial, e preocupantemente ciente disso, se vê em um abismo depressivo do qual o desapego a vida se encontra cada vez mais latente. Uma misteriosa amizade que almeja o mesmo que ele poderá definir seu destino de forma brutal.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de dez. de 2022
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    As Centelhas De Andurá - Joaquim Lourenço

    AS CENTELHAS

    DE ANDURÁ

    Uma obra de Joaquim Lourenço

    Esta obra é uma ficção que tem como única intenção o entretenimento, qualquer interpretação que venha a fugir disso está errada.

    Uma pequena sala escura com nada de especial armazena alguns murmúrios, reclamações, quase irrisórias, que em um tom rouco e fraco dizem:

    -Até parece…

    Uma tela de computador fita frontalmente a origem da voz que murmura, uma voz adolescente, que continua:

    -Dá pra ver pela cara, não vão nunca mudar nada…

    Acima da tela de computador se encontra uma pequena televisão de 24 polegadas anexada a parede, é em direção a essa televisão que a voz continua a questionar:

    -No fundo, é tudo uns caras ricos querendo dá uma de que é do povão… Tudo safadeza…  pilantragem…

    O dono da voz abaixa o rosto demonstrando total desdém a televisão acima do computador, em um movimento rápido pega o controle do aparelho e o desliga, enquanto diz:

    -Não sei nem porque deixei essa televisão ligada… Esses horários políticos me irritam…

    O adolescente apoia o controle na mesa de computador onde se encontra sentado em frente, seu repúdio pela política o fez perder a concentração no jogo em que estava focado em seu computador. Na escuridão da sala ele inicia novamente uma nova partida online em um jogo de tiro, já movimentando seu avatar online, ele diz a si mesmo:

    -As vezes até eu me acho estranho demais… Ou deve ser as pessoas que… Sei lá…

    Centenas de pensamentos parecem percorrer a agitada mente do jovem, até que como se fora uma maré calma após uma tempestade, sua mente acalma, se compenetrado inteiramente no jogo ao qual está participando.

    Sua mente se encontra focada não somente no jogo em si, mas também em um antigo rival ao qual aparentemente coleciona dezenas de vitórias contra ele, o jovem em um tom de voz firme diz:

    -Vamos! Vamos!

    Alguns segundos depois em um tom mais fraco e desolado, diz:

    -Droga…

    Seu arquirrival cujo nickname no jogo online de tiro é Aram2002 se saiu vitorioso mais uma vez, o jovem a tempos tenta vencê-lo, mas sem sucesso, estagnado por alguns segundos, ele nota que recebeu uma mensagem no privado pela troca de mensagens do jogo, se trata de Aram2002, que diz:

    -Melhor sorte da próxima vez, Shadow_war…

    Shadow_War, o adolescente derrotado, responde:

    -Eu não acredito em sorte!

    Logo após digitar sua resposta, o adolescente observa as horas em seu computador, e então diz a si mesmo em voz baixa:

    -Já está na hora dos remédios dela…

    Aparentemente Aram2002 estava digitando uma nova mensagem, porém o jovem não espera a mesma, e desliga o computador. Ele se levanta e estica as costas, levantando os braços em seguida ao espreguiçar o corpo. O rapaz sai do quarto e vai em direção a cozinha, a distância não é longa, pois seu lar se trata de um apartamento pequeno, em um pequeno armário ele pega três remédios distintos em pílula, e juntos a um copo de água, o mesmo sai da cozinha e atravessa a pequena sala em direção ao quarto, que se encontra com a porta fechada. O jovem dá leves batidas na porta e a abre em seguida, dizendo em voz baixa:

    -Vó…  tá acordada?

    Uma voz rouca e doce responde:

    -Oi Jorge... estou sim querido…

    Jorge é o nome real do ameaçador sniper online Shadow_War, o jovem diz:

    -Trouxe seus remédios da tarde… 

    O jovem entrega os remédios a senhora que se encontra deitada na cama, a mesma aparenta ter em volta de sessenta anos, possui cabelos brancos e curtos, e um bondoso sorriso. A senhora diz:

    -Não sei o que faria sem você, querido… 

    Jorge dá um sorriso encabulado, mas não diz nada, após a senhora tomar os remédios, Jorge diz:

    -Vó... você almoçou muito pouco hoje.... tem que comer mais...

    A senhora olha para a janela, observando o vento mover a leve cortina branca da janela, e após alguns segundos em silêncio, diz:

    -Sim, querido…  é que… 

    A vó do rapaz fica em silêncio com uma expressão triste no rosto, Jorge então diz:

    -A dor…  tem piorado né… 

    A senhora dá um sereno sorriso, e levando sua mão direita em encontro ao rosto do jovem, diz:

    -Me parte o coração você ter que ficar pensando em doença na sua idade…  é tão novinho…  era para estar só pensando em coisas felizes.…  mas por minha causa… 

    Jorge dá um leve e raro sorriso, e diz:

    -hiii, nem começa, Vó…  nada de começar a dizer que estou sofrendo por sua causa…  eu tô bem, é sério…  sou feliz com a senhora!

    A senhora dá um emocionado sorriso, o jovem então se afasta da cama e vai em direção a uma pequena televisão que se encontra de frente ao pé da cama, e diz:

    -A novela já vai começar…  vamos ver se aquele cara rico vai ficar finalmente com a mocinha pobre… 

    A Vó do garoto da risada e diz:

    -A Jorge, eu sei que você odeia essa novela, não precisa ficar assistindo comigo…

    O rapaz coloca uma cadeira ao lado da cama, e enquanto seleciona o canal da televisão com o controle, diz:

    -Que isso, Vó... gosto da novela sim.... só não gosto da história, do figurino... dos atores...

    A Vó sorrindo diz:

    -De tudo!

    Os dois dão risadas, e juntos, acompanham o nada imprevisível capítulo da novela, que normalmente pareceria durar uma eternidade para Jorge, porém assistir ao espetáculo televisivo ao lado de sua vó acaba sendo sempre uma experiência agradável a ele.

    Já ao anoitecer, com sua vó já dormindo, Jorge dá uma saída, não muito longe, ele sai de seu apartamento e bate à porta do vizinho, quem atende é uma senhora de cor negra com cabelos compridos e bagunçados, que diz:

    -Olá Jorge… como vai sua vó?

    Jorge responde:

    -Está bem. Graças a Deus… ela já está dormindo…

    A senhora então diz:

    -Que bom, sorte dela que ela tem você….

    Jorge então diz:

    -Ela também tem sorte em ter a senhora como vizinha pra ajudar a gente…

    A senhora dá um riso, e então diz:

    -Que isso Jorge… você sabe que não é nada!… vou chamar o Gustavo, não quer entrar?

    Jorge agradece, mas diz que aguardará do lado de fora. Não se passa nem um minuto, um adolescente de cor negra, cabelos um pouco compridos no estilo black power, usando aparelho dental e óculos sai pela porta, e diz:

    -Eai Shadow!

    Jorge responde com um comprimento elaborado de mãos, e diz:

    -Fala Destroyer!

    Ambos se chamam por tais apelidos sem um pingo de vergonha alheia por tal, são nerds convictos. Destroyer é filho do zelador, por tanto ele tem acesso as chaves do terraço do prédio em que os garotos vivem, obviamente a chave sempre é pega sem o concesso do pai de Gustavo. Durante a noite ambos possuem o costume de subir lá para jogar conversa fora, admirar a vista e fumar cigarros escondidos, os garotos possuem a mesma idade e se conhecem desde os cinco anos de idade, época em que o pai de Gustavo veio trabalhar no prédio. Hoje em especial a vista do céu que o terraço proporciona está linda, porém, isso acaba passando despercebido por Jorge, que como na maioria das vezes, está deprimido:

    -Não aguento mais esses horários políticos na televisão…

    Gustavo indaga:

    -Mas você nem vê televisão direito…

    Jorge se apoia na pequena mureta do terraço, e diz:

    -Mas minha vó vê bastante…

    Gustavo então diz:

    -Verdade… e como ela está?

    Jorge acende um cigarro, dá a primeira tragada, e responde:

    -Na mesma… você sabe…

    Gustavo fica alguns segundos em silêncio, e então diz de forma meio encabulada:

    -Sim…

    Gustavo então muda de assunto, e de forma eufórica diz:

    -Eae… tá de folga do trampo amanhã, né… partiu dá um rolê?

    Jorge dá mais uma tragada, e olhando para a vista, diz:

    -Rolê no que? Somos dois perdedores…

    Jorge não estava nos seus melhores dias, Gustavo então diz:

    -Mano… tá zuado hoje, hein?

    Jorge explica:

    -Cara… sua mãe já me quebra o maior galho olhando a minha vó nos horários em que tô no trampo e na escola…. Não quero abusar… vou ficar em casa de boa… dá o teu rolê pô… vai colar aonde?

    Após alguns segundos pensativos, Gustavo diz:

    -Deixa pra lá… cê tem razão… somos perdedores, nem pra onde ir eu tenho…

    Jorge dá uma tímida risada e diz:

    -Ai… sai dessa pilha… eu sou o pessimista e você o esperançoso… nossa amizade sempre funcionou assim…

    Gustavo dá uma risada e diz:

    -Pode crê… pô, você fica nessa de que eu sou esperançoso… não é isso…

    Jogando o cigarro fora, Jorge indaga:

    -Não? Qual é o teu lance então?

    Pensativo, Gustavo responde:

    -Talvez eu… só não tenha motivo

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