Firenze

De Antonio Morcillo Lopez

Alma, uma mulher de cinquenta anos, decide passar uma semana em Florença sem o marido. Ele nunca viajou sozinho. Depois de dois dias andando pela cidade e contemplando o edifício e monumentos, ela começa a experimentar distúrbios físicos e emocionais estranhos devido a uma saturação da beleza: "síndrome de Stendhal"

• Idioma: Português
• Editora: BadPress
• Data de lançamento: 19 de jul. de 2019
• ISBN: 9781547598441

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Firenze

Personagens  

Alma, mulher de 50 anos

Antonio, marido de Alma, 53 anos

Stendhal

A ação acontece em Florença

Crepúsculo

Quarto de hotel. Entra Alma, apressadamente. Fecha a porta com chave. Chamam na porta.

––––––––

Alma

Firenze é um labirinto de beleza cinzenta, um inferno de barro gelado Firenze

é a cúpula do mundo, ocampanile do céu

o que digo o que estou dizendo

Chamam. Agarra uma cadeira e tranca a porta com ela.

Hotel triste e feio. No qual me instalei. Há horas. Cruzado Firenze e encontrado este buraco triste e feio. Corpo estranho. Nos degraus, no corredor. Cheiro de naftalina. Encerrar-te entre quatro paredes e sentir a tua própria instalação, triste e feia, em Firenze.

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Em frente à Cúpula

Antes apenas por fotografias

Trouxe um livro

Trouxe uma câmera fotográfica

Trouxe uma mala

Um despertador

Firenze é uma pálida forma de formas pálidas

Firenze é uma borboleta de serpentina na minha mente

Na frente do Perseo

Antes apenas por fotografias

o que eu estou dizendo agora mesmo o que eu disse falava eu falava deveria estar falando

Chamam. Coloque a cama diante da cadeira.

Quarto triste e feio. Silencio triste e feio: névoa do quarto que embebe o vidro da janela. Os olhares dos viajantes: névoas tristes e feias que embebem a vidraça. Todos os olhares me têm.

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Diante do Hércules

Antes apenas por fotografias

Eu trouxe alguns óculos escuros e um chapéu pamela

Eu trouxe uns chinelos uns sapatos e umas sandálias

Eu sou uma pequena poupa

Diante do Ponte Vecchio

Antes apenas por fotografias

Sou uma pequena poupa escondida na minha própria fissura.

Diante da Pietá

Antes apenas por fotografias

Eu sou uma pequena poupa escondida nas fendas dos palazzi das chiesas e galerias

Sou uma pequena poupa que voa no ventre

de beleza como voa a solidão