Um palhaço sinistro no meio da noite

De Batuta Ribeiro

É uma noite linda de céu estrelado. Você volta do colégio para a casa, despreocupada.
Onze horas da noite e você não está com medo de andar sozinha por uma rua deserta. Afinal, você faz o mesmo percurso há tanto tempo que até se acostumou.
Você anda despreocupada, pensa no seu namorado e o que vão fazer no fim de semana.
Um barulho quebra os seus pensamentos.
Um barulho atrás de si.
Você se vira e vê um palhaço.
Não é um palhaço comum, é um palhaço sinistro que tem o sorriso mais assustador que você já viu na vida.
Você está assustada, pois o palhaço segura um machado. Você sabe que ele vai matá-la, pois seu machado está vermelho de sangue, o que significa que ele já fez uma vitima naquela noite.
É preciso correr para salvar a sua vida, mas parece que a sorte não está do seu lado.
Você teve a vida inteira para tropeçar, e foi tropeçar justo agora.
Que pena...
Antes que você possa pensar em se levantar e fugir, o palhaço já está bem atrás de si, com o machado erguido, pronto para despedaçar a sua cabeça.
Você fecha os olhos, pois acha que vai sentir dor. Mas não existe dor em receber uma machadada no meio da cabeça.
Como eu sei que não existe dor?
É porque ninguém que recebeu uma machadada na cabeça me disse que doeu.

• Idioma: Português
• Editora: 101 Seleções
• Data de lançamento: 2 de fev. de 2017
• ISBN: 9781370420148

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Parte 1

Leônidas era chefe de uma fábrica de capacetes em Jacutinga.

Ele era um sujeito preocupado com a saúde e gostava de fazer caminhadas de noite, pois o clima era mais fresco, e não havia muitas pessoas na rua.

Naquela noite, ele caminhava pela orla do lago municipal, quando viu um palhaço.

O palhaço tinha um machado nas mãos.

Leônidas começou a correr do palhaço.

Por ser um homem de 63 anos, e por ter fumado por mais de 40 anos, Leônidas caiu no chão, sentindo o peito doer e a respiração falhar.

O palhaço aproximou-se ameaçadoramente com seu machado.

— Estou tendo um infarto, por favor, chame socorro! – pediu Leônidas, com a mão no coração.

O palhaço rachou a cabeça dele com o machado.

Um homem estava passando de carro e viu o palhaço matando Leônidas.

Ele ligou para a policia.

No dia seguinte, a cidade de Jacutinga só comentava sobre o palhaço sinistro e a morte terrível de Leônidas.

O jornal publicou um retrato falado do palhaço, segundo descrição do homem que testemunhou o assassinato.

O palhaço tinha peruca azul.

Usava babado vermelho.

Sua camisa era amarela de um lado e azul do outro.

Sua calça era listrada em vermelho e amarelo.

Seria um palhaço comum se não fosse por sua máscara.

Apelidaram-no de palhaço sinistro.

Parte 2

O casal estava dentro do carro no loteamento Boa Vista.

Era um lugar conhecido em Jacutinga por ser o ponto dos amassos.

Passava das dez da noite.

Dentro do carro, Juninho tentava colocar a mão nos seios de Luana.

Ela o afastou, dizendo: