O Sítio Onde Morremos
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Sobre este e-book
Se há momentos que não podem ser esquecidos, também há aqueles que não devem ser lembrados.
Dias depois de escapar quase ilesa a um acidente de viação que vitimou a sua irmã, Raquel dirige-se à morgue local para se despedir dela. A meio do percurso cruza-se com um carro preto igual a tantos outros. Só que este não é um carro preto qualquer. Este é o carro que provocou o acidente que matou Patrícia. Raquel tem a certeza disso. Não importa que a sua memória esteja pouco fiável.
Dominada pelas emoções e pela loucura, Raquel vai parar a uma instituição de saúde mental onde descobre algo que a faz rever o que terá acontecido ao certo na noite do acidente. Forçada a enfrentar os seus medos, a sua busca por respostas irá pôr em causa o que sabe sobre qual das duas terá de facto morrido nessa noite.
Ricardo L. Neves
Ricardo L. Neves já matou pessoas que não gostaram das suas histórias. Também já matou pessoas que gostaram das suas histórias. Ricardo L. Neves tem muitos defeitos (entre os quais, matar pessoas), mas não gosta de discriminar. Ah, convém dizer o seguinte: Ricardo L. Neves é um personagem de ficção, assim como todas as suas vítimas. (A maioria, vá.) Em todo o caso, é melhor ter cuidado. Nunca se sabe quando é que a realidade se pode misturar com a ficção. Junte-se à sua mailing-list (via https://tinyletter.com/RicardoLNeves) para ter acesso a conteúdos exclusivos, cupões de desconto e outras benesses.
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O Sítio Onde Morremos - Ricardo L. Neves
1
A MERDA DO SEMÁFORO continuava vermelho.
Raquel encostou a testa ao volante e soltou um pequeno grunhido. Há quanto tempo estaria ali? Olhou para o telemóvel — sem bateria. O relógio do carro estava desregulado. Baixou o vidro e tirou o maço da bolsa. Já só tinha um cigarro; não se podia esquecer de comprar tabaco. Pegou no isqueiro, fez várias tentativas para acender mais um prego até perceber que o seu tempo de vida já terminara. Jogou o isqueiro pela janela e resolveu dar uma hipótese ao isqueiro do carro, mas era mais que óbvio que naquela merda de carro não valia a pena esperar que as coisas funcionassem quando faziam falta. Muita sorte tinha ela em ter conseguido baixar o vidro.
Frustrada, encostou a cabeça para trás. O sinal continuava vermelho. Talvez estivesse avariado. Cambada de incompetentes e gente estúpida. A merda do sinal avariada e ela ali parada que nem uma otária. Não devia tardar muito até começarem com as buzinadelas — Avança! Não vês que isso ‘tá estragado?
, e ela acenaria para eles com o dedo do meio, Vai já! Vai já! Não vês que ‘tá vermelho?
—, só que atrás dela não estava ninguém. Aquele devia ser o cruzamento mais parado de Portugal. Logo por azar, tinha um semáforo que não funcionava.
Conformando-se com a sua situação — tinha já duas infracções na carta e não lhe dava jeito nenhum adicionar uma terceira —, encetou um breve diálogo consigo própria. Isto porque, lá estava, a merda do rádio também não funcionava.
Olá Raquel. Então, que fazes por aqui?
Estou à espera que o sinal mude. É assim tão difícil de perceber?
Pareces irritada. Passa-se alguma coisa?
Passa. É a merda do sinal que nunca mais muda.
O sinal está verde. Porque não avanças?
Raquel olhou para o sinal e constatou que estava, de facto, verde. Há quanto tempo estaria assim? Não quis saber. Arrancou em segunda. Dava cabo da embraiagem toda assim, mas que se foda. Aquele carro, mais dia, menos dia, estava bom era para ir para a sucata. Acelerou um pouco e meteu a terceira. Já devia estar atrasada. Achava ela. Talvez estivesse perfeitamente dentro do tempo, mas não tinha como saber isso.
Se funcionasse, o rádio seria uma boa opção para saber as horas. Sem essa opção, desviou parcialmente o olhar da estrada procurando por algum daqueles mostradores electrónicos que diziam o dia e a hora e a temperatura e faziam publicidade a laxantes ou produtos para reduzir a celulite. O desviar de atenção foi aumentando sem que ela desse conta e não fosse por um forte buzinar ter-se-ia metido num sarilho dos grandes.
Raquel olhou para a frente, percebeu que estava em cima duma passadeira, mais concretamente quase em cima de uma mulher. Levou o pé ao travão e carregou a fundo. Não houve embate, não houve atropelo, mas houve injúria, ofensa e calúnia. A mulher chamou-lhe