Sob a Luz da Lua Neon
De Theda Black
4/5
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Sobre este e-book
Zach está sozinho, perdeu o emprego e está quase na hora de pagar o aluguel. Ele acha que sabe tudo sobre azar, mas está prestes a descobrir o verdadeiro sentido da palavra.
No ensino médio, Mal era o garoto de ouro. Até que foi para o mal caminho. Agora está de volta aos trilhos, fazendo faculdade e visando o futuro.
Eles nunca se encontraram, mas numa noite de verão, tudo muda. Eles se encontram com um problema desesperador, presos e amarrados juntos na escuridão.
A lua está brilhante no céu quando Zach percebe que Mal está mudando, ficando mais volátil e selvagem. De repente, Zach tem coisas piores para se preocupar além de ter sido sequestrado - ele está preso com um homem que irá se transformar num lobo durante a lua cheia.
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Sob a Luz da Lua Neon - Theda Black
Sob a Luz da Lua Neon
Theda Black
Traduzido por Thais Dematte
Sob a Luz da Lua Neon
Escrito por Theda Black
Copyright © 2019 Theda Black
Todos os direitos reservados
Distribuído por Babelcube, Inc.
www.babelcube.com
Traduzido por Thais Dematte
Editado por Daniele Souza
Design da capa © 2019 Sonja Triebel
Babelcube Books
e Babelcube
são marcas comerciais da Babelcube Inc.
ÍNDICE
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Nota do autor
Capítulo 1
O Porão
ELE TINHA DEZESSEIS ANOS e estava sozinho, seu pai estava bêbado em algum lugar, em qualquer lugar, isso se ele não estivesse morto.
Eles chegaram à cidade há quase um mês. Seu pai alugou uma antiga casa de garagem{1}, as paredes eram de cor cinza azulada, tinha três cômodos pequenos e ficava nos fundos de um beco. Zach gostou, principalmente por não ter vizinhos na frente e nem dos lados. Ele podia respirar com facilidade, apreciar-se no meio daquele silêncio.
Os quartos eram minúsculos, mas confortáveis, os móveis da cozinha e a geladeira estavam velhos e gastos, mas limpos. Depois de três dias sem notícias de seu pai e nenhum sinal sobre quando ou se ele iria voltar, os cômodos também estavam vazios. A lâmpada branca brilhava forte sobre as paredes brancas e as prateleiras de plástico da geladeira, e não importava quantas vezes ele abrisse a porta e olhasse para dentro, ela continuaria vazia. Os armários também. Pensou em ir até a casa do dono e bater na porta para pedir comida, mas no fim não teve coragem. Ele estava com medo que eles começassem a fazer perguntas sobre onde seu pai estava, quanto tempo ele estava sumido, com que frequência ele o deixava sozinho, etc. Ele tinha passado por isso antes e não queria passar novamente.
Finalmente seu estômago doeu tanto que ele se forçou a sair, tentar roubar alguma coisa. Desceu as escadas e pisou na rua do beco, caminhava olhando para o quintal dos fundos das casas enfileiradas uma ao lado da outra.
As incansáveis chuvas de junho fizeram tudo crescer verde e selvagem, trepadeiras de Glory Vine, Heras e Vincas subindo em árvores ou estendendo-se por todo o chão. Os dentes-de-leão estavam enormes, cresciam por cima da grama em ambos os lados da calçada, indo para cima do asfalto.
Era dia de coleta, as latas de lixo estavam cheias por todo o beco. Os cães da vizinhança já tinham passado por ali e derrubado algumas delas no chão. Caixas encharcadas caiam sobre o asfalto, sacolas plásticas rasgadas e lixo espalhado pela grama, cheirando a podridão. Ele procurou, mas não encontrou nada para comer.
No início da manhã seguinte, seu pai finalmente voltou. Sua pele estava pálida e suas mãos tremiam. Agarrou uma sacola gordurosa com quatro salgados de salsicha dentro, Zach comeu tão rápido que quase vomitou.
Apenas outro dia e outra cidade, outro bar para seu pai se enfiar. Acontecia o tempo todo depois que a mãe de Zach foi embora.
Lembrou-se de como o estômago dele doía naquela época de tão vazio. Passava muita fome quando criança, e agora também, era como se nunca tivesse deixado aquele casa de garagem naquele beco.
Ele não queria lembrar. Mas naquela época pelo menos ele sempre sabia onde seu pai estava. Não podia dizer o mesmo de agora.
Zach abriu os olhos, piscando, e viu a luz amarela fraca se estendendo pela escuridão. Estava deitado de lado. Então rolou e ficou de costas. Por um momento pareceu que a sala tinha rolado junto com ele. A tontura passou rapidamente, mas a fome ainda roía seu intestino. Passou um braço ao redor de seu estômago e pressionou, o que não ajudou em nada.
Ele olhou para a luz. Vinha de uma janela no alto da parede oposta. Seus dedos roçaram a terra fresca e compacta embaixo de si. Talvez... Um porão. Sim, ele achou que estava em um porão.
Alguém me colocou aqui e me largou.
Seu coração disparou, mas ele se obrigou a ficar parado e quieto. Ele só precisava pensar, tentar lembrar onde esteve por último. Fechou os olhos novamente e deixou sua mente vagar, fazendo o que podia para ignorar seu estômago dolorido, que era muito persistente em não querer ser ignorado, roncava e fazia ruídos de protesto.
Sua cabeça também doía, ele sentia dor e rigidez. Essa não foi a primeira vez que ele acordou sem saber onde ele estava, embora não fosse algo que se orgulhasse. Bebeu demais, foi isso que aconteceu. E vinha acontecendo muito, já que ele até perdeu o emprego por causa disso. Estava até parecendo seu pai. Lembrou-se que alguns de seus colegas do trabalho haviam o levado para beber na noite passada, mas por mais que tentasse se lembrar, os detalhes simplesmente não vinham. Pelo menos não ainda.
A última vez que ele comeu. Iria se concentrar nisso.
Depois de muito pensar, a imagem de um restaurante de fast food veio à sua mente, grandes letras amarelas, comida sem graça. Mas o deixava satisfeito. Comer coisas que o enchiam e o mantinha satisfeito por um bom tempo tornou-se importante depois de ter perdido seu trabalho no ramo de construção.
Ele não tinha sido demitido, nada disso. Ele trabalhava duro, sempre chegava na hora, era motivado, mas nesse último verão os turistas economizaram dinheiro e ficaram em casa.
Turistas eram importantes para a cidade montanhosa onde Zach vivia, com chalés, cabanas e resorts, tudo construído em ritmo recorde nos últimos anos. Mas nem tudo é um mar de rosas. A economia desestabilizou e os negócios caíram acentuadamente, a ponto de toda a equipe prever os cortes de gastos chegando. Zach tentou conseguir outro emprego, mas havia mais pessoas procurando do que trabalho disponível, e ele logo se viu sem um salário. Todos os dias ele ia à luta. Com o passar do tempo, sua companhia noturna passou a ser uma garrafa de bebida, tentando se livrar o medo crescente.
E agora estava sabe se lá onde, sentado em um quarto escuro e se perguntando como diabos chegou ali.
Ouviu um som, parecia alguém puxando o ar ou talvez um roçar de roupas, e então algo se moveu bem ao seu lado. O coração de Zach saltou, batendo contra seu peito. Ele se levantou, tentando fugir. Uma corrente sacudiu e puxou seu tornozelo, fazendo-o perder o equilíbrio. Ele caiu sobre os próprios joelhos. Alguém engasgou, ou gemeu, ou algo do tipo, mas o som era baixo e doloroso.
Pare.
Alguém disse fracamente, então fez aquele barulho de novo, apenas num suspiro, como se tentasse abafar o som.
Mas que porra é essa?
Zach gritou, com a garganta seca. Ficou em pé novamente.
Pare de puxar a porra da corrente!
Desta vez sua voz estava rouca, um tanto irritado.
Por que diabos eu faria isso?
O pânico fez Zach puxar de novo, dessa vez mais forte.
"Oh céus, pare." A dor naquela voz enviou arrepios pela espinha de Zach. Ele tentou se acalmar e se virou para ver quem estava ali. O cara esparramado sobre a terra atrás dele era jovem, provavelmente uns dois anos mais novo que Zach, seu rosto pálido e cheio de dor. Ele usava jeans desbotado e uma camiseta branca, rasgada e suja, apertada o suficiente para mostrar um peito incrivelmente musculoso. Uma corrente percorria de seu tornozelo para o de Zach em linha reta.
O que estamos fazendo aqui?
Zach perguntou, tentando ficar calmo. "Quem é você e o que diabos é isso?" Apontou para a corrente.
"Meu nome é Mal. Estamos em um porão, acorrentados um ao outro pelo meu tornozelo direito e o seu esquerdo, como se eu soubesse o motivo. Há uma corrente