Um Ano com Melissa

De Alessandro Caselli e Marzia Bosoni

Seis contos para crianças que tratam de ecologia e de respeito

Respeito pelo meio ambiente, pelos animais e por nós mesmos: eis do que tratam os diálogos entre Melissa, uma menina de seis anos com muita vontade de entender o mundo, e o Senhor Gato, um esperto gato de rua. Seis histórias para contar um ano da vida da menina e para compartilhar um pouco da sabedoria que o gato conquistou pelas ruas do mundo. Entre uma história e outra, o gato se dirige aos pais, e aos adultos em geral, para pedir também a eles para parar um momento e refletir sobre temas importantes como a ecologia, a poluição, a dor e a amizade. Um livro para crianças, mas também um livro para adultos que ainda sabem encontrar tempo para falar com os pequenos. E com os Gatos.

• Idioma: Português
• Editora: BadPress
• Data de lançamento: 10 de nov. de 2018
• ISBN: 9781547554379

Pré-visualização do livro

Para quem ama os gatos.

Para quem tem os olhos verdes..

Para que sabe dar sábios conselhos...

Introdução

Se vocês não acreditam que os gatos podem falar a língua dos homens, então podem fechar este livro e recolocá-lo na prateleira da qual o pegaram.

Se, no entanto, acreditam na fantasia, na magia que se revela através até dos pequenos gestos do dia a dia e nos efeitos que ela pode ter mesmo em um mundo no qual ela vem aos poucos sendo substituída pela tecnologia, então podem continuar a leitura. Vocês descobrirão como a magia e a tecnologia se misturam para acompanhar Melissa na sua viagem ao conhecimento da ecologia.

O Gato e o carro

Melissa acordou mais cedo naquela manhã. Um raio de sol tinha entrado pela janela e tinha beijado a sua bochecha. Depois, tinha ouvido a voz do pai que reclamava que já era tarde e pedia à mãe para preparar rápido o café da manhã, enquanto ele corria para se barbear.

O pai era um homem muito importante na fábrica onde trabalhava: era sempre um dos primeiros a chegar e um dos últimos a ir embora. E, como trabalhava muito longe de casa, em alguns dias Melissa nem mesmo o via, porque o pai saia enquanto ela ainda dormia e voltava quando ela já tinha caído de sono, exausta pelas muitas brincadeiras que tinha feito com os seus amigos (aqueles que a mãe e o pai não conseguiam ver) ou entediada depois de ter sido abandonada por horas na frente da televisão.

Melissa estava feliz em saber que teria podido ver seu pai naquela manhã, então se levantou depressa e correu para a sala. Quando o pai e a mãe a viram, disfarçaram os rostos tensos, lhe deram bom dia e a abraçaram.

— Pai...

— Desculpe querida, mas não tenho tempo para brincar agora, estou muito atrasado e tenho que me apressar...

— Sente um pouco no sofá — acrescentou a mãe — que, depois que papai estiver pronto, preparo o café também para nós duas.

Melissa era uma criança decidida e um pouco teimosa e não entendia por que o seu pai não podia parar um pouco, nem mesmo um minuto, para ficar com ela, que tinha abandonado tão depressa o conforto da cama para falar com ele.

— Pai, por que você está com pressa?

O pai respondeu do banheiro, falando alto, enquanto preparava a espuma para se barbear: o barbeador elétrico lhe causava incômodas irritações no rosto e ele achava importante estar em perfeita ordem quando tinha que ir para o escritório.

— Você já sabe, querida, já devo ter dito mil vezes... Tenho que ir muito longe para chegar no trabalho...

Melissa escutava o pai e olhava o seu reflexo no espelho enquanto ele dava as primeiras pinceladas de espuma.

— ...tenho que trabalhar muito para ganhar bastante dinheiro... E o dinheiro serve para comprar tantos lindos presentes para você... Você é muito sortuda, tem todo o tempo pra dormir, aproveite enquanto você pode, porque depois a vida se torna dura...

Melissa não se importava com trabalho, dinheiro, presentes e dormir: queria só passar um pouco de tempo com seu pai, que nesse meio tempo tinha começado a se barbear.

— Ahiee...

Barbear-se depressa é muito mais perigoso do que espalhar rápido a espuma de barbear. Agora, o pai teria que fazer um curativo no rosto, teria perdido mais tempo e teria ficado de péssimo humor, então Melissa decidiu seguir o conselho da mãe e foi se sentar no sofá, em frente à televisão, que estava sempre ligada.

Quinze minutos depois, o pai estava com um curativo e pronto para sair.

— Meus chefes me darão uma boa bronca... — disse para a mãe. — Não vou conseguir nunca timbrar o cartão às 8.30 e tudo por culpa daqueles barbeadores econômicos que você comprou em oferta... Não coloco dinheiro suficiente em casa? Não podemos nos permitir barbeadores de marca que cortam os pelos e não o meu rosto? Quando se trata de comprar cremes e perfumes você não fica olhando as ofertas, com certeza!"

A mãe bateu ruidosamente a cafeteira no fogão, mas não respondeu; Melissa já estava habituada a essas discussões entre a mãe e o pai, sobretudo quando um dos dois estava nervoso por questões de trabalho... o que acontecia