Agentes, Hegemonia e Poder na Produção do Espaço

De Nilo Sérgio dAvila Modesto

Agentes, hegemonia e poder na produção do espaço lança um novo olhar sobre as transformações espaciais ocorridas nas metrópoles brasileiras. Sua linha de entendimento envolve a percepção das práticas espaciais a partir da análise do jogo político promovido por diferentes agentes que lutam por sua hegemonia no seio da sociedade civil, destacando suas estratégias de ação, suas articulações, coligações e cooptações no afã da conquista, ou mesmo da manutenção do poder. Projetos de interesse movem uma gama de práticas que se materializam no espaço. Em uma perspectiva de interpretação das transformações espaciais em curso no cenário atual, ao analisar as estratégias utilizadas, especialmente pelos Aparelhos Privados e Públicos de Hegemonia, tem-se um ganho na análise, pois seus amplos movimentos resultam em transformações espaciais e consolidam o poder no/pelo espaço. O Estado, as empresas, as Organizações Não Governamentais, as escolas, as igrejas, os partidos políticos e as instituições públicas, dentre outros, servem de exemplos de tais Aparelhos. Teoria e prática entrelaçam-se na compreensão do tema tornando-se, assim, uma obra diferenciada para o leitor.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Appris
• Data de lançamento: 11 de dez. de 2017
• ISBN: 9788547307974

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COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE

À Velha Guarda

Dedico este trabalho aos mais experientes, aos curtidos pela vida, os ricos em sabedoria, os que sabem aonde isso tudo vai dar.

In vitae

Nilo, meu pai.

Onde começou, onde permanece, onde há amor, onde eterniza.

Ingrid e Rô, filha e esposa.

Juntos e misturados, sempre.

In memoriam

Céura, mãe

Certeza dos sentidos e das emoções apesar da ausência.

Obrigado.

Agradecimentos

Ao longo desta trajetória tive muitos apoios. Pessoas que realmente participaram desta construção. Umas de forma acadêmica e profissional, outras pelas afinidades políticas, sociais e etílicas. Agradeço ao corpo de professores do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense, pela oportunidade do conhecimento, dos debates e do convívio profissional. Gostaria de destacar o convívio e a interação com o professor Márcio Piñon, meu orientador no mestrado e doutorado que soube conduzir essas orientações muito acima de uma relação professor-aluno. Obrigado pelos ensinamentos, pelos momentos de reflexões acadêmicas e não acadêmicas, pelas palavras de incentivo profissional. Por saber escutar e entender nossas angústias e ansiedades. Uma amizade. Também gostaria de agradecer ao professor Ruy Moreira, inicialmente professor e hoje colega de trabalho por ter contribuído com o seu conhecimento, em aulas que foram uma verdadeira viagem ao mundo dos pensadores, indo além das reflexões meramente geográficas, fazendo com que pudéssemos perceber a importância da solidez da teoria na construção da pesquisa. Agradeço também a interlocução sobre este livro, como também outros trabalhos acadêmicos estabelecidos com o professor Andrelino Oliveira Campos. Nossa relação profissional e de amizade consolida-se a cada dia. Aos colegas de trabalho da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, agradeço pela compreensão em relação ao momento que se vive, quando se escreve um livro, obrigado pela mobilização.

Agradeço também à equipe de Geografia do Campus Engenho Novo II do Colégio Pedro II pela amizade e incentivo. Não posso esquecer-me de mencionar os amigos Antonio Rodrigues e Marilda Reis, pelas reflexões políticas e desportivas, bem regadas que tivemos sob o luar de Paquetá. Por falar em Paquetá, agradeço aos companheiros Armando (Semita), Marcelo (Cedae), Tito (Presidente), Iraktan (Macaco), Oswaldo (Gordo), Nando (Farmácia), Veinha (Leão do Norte), Pombo e Ricardo (Cabeção) que muito contribuíram na preparação do corpo e do espírito para realização desse livro. As reuniões sociais ocorriam em casa, na padaria do Manduca e no Clube Municipal. Nos momentos de muito trabalho, é necessária uma parada para ordenar as ideias. Muitas vezes, isso ocorria na madrugada. Para espairecer encontrava com a turma do banquinho, um grupo muito agradável de bom papo. Agradeço aos parceiros Ari, At, Paulo, Luiz Fernando e Henrique, pelos papos e o incentivo. Dadá, Nanda e Nina, sempre acompanhando tudo e ajudando, meu eterno carinho e amor. A turma de Jacarepaguá – Anísio, Regina, Rogério, Marise, Najla, Diogo, Michel, Priscila, Tatiana, Kelly e Karina - obrigado pela força.

Apresentação

Em tempos difíceis que se avizinham na estrutura social brasileira, onde boa parte da população não se considera representada, jogar luz sobre o estabelecimento de forças políticas e econômicas em comunhão na produção do espaço parece-nos fundamental para a interpretação das ações que levam ao entendimento da realização do processo de acumulação capitalista feita dentre outros agentes pelo Estado. Nosso recorte analítico não se restringe apenas a este agente, mas sim, revela um movimento em articulação que denota um sentido que leva a conflitos de forças no seio da sociedade.

Minha perspectiva nesta escrita é o de conciliar teoria e prática no que concerne ao entendimento das transformações espaciais em especial na região metropolitana do Rio de Janeiro, com destaque para um de seus municípios, São Gonçalo. A partir de estudos desenvolvidos pelo Observatório Geográfico do Leste Metropolitano do Rio de Janeiro no qual participo na Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro estabeleci as bases para consolidação deste livro. Minha aposta nesta obra surge de inquietações a respeito da identificação e do entendimento dos diferentes grupos que se estabelecem ao produzir o espaço.

Neste momento, esclareço que os dados apresentados neste livro retratam um recorte temporal estabelecido até o ano de 2008, onde estava delineando um evidente movimento de forças aglutinadoras em marcha para consolidar ações que se pretendiam hegemônicas. À época, o cenário produtivo e financeiro agigantava a mobilização do capital em perspectivas de ampliação e o espaço materializava tais intenções.

Evidentemente ocorreram mudanças no cenário político, econômico e social na atualidade. Como frisei anteriormente, o município em questão serviu de exemplo para mostrar como os grupos hegemônicos se articulam frente à perplexidade dos subalternos.

Os diferentes segmentos desta sociedade estão envolvidos na (re)produção do espaço, dos grupos hegemônicos de poder aos que não imaginam que podem se tornar hegemônicos. Esta compreensão é analisada ao longo do livro. Autores como Gramsci, Bourdieu, Castoriadis, Milton Santos e Lefbvre nos auxiliam na interpretação dos sujeitos, do espaço do poder, do poder do espaço da hegemonia e da sociedade civil.

As esperanças de uma possibilidade de resistência podem ser vislumbradas ao longo da leitura. Este mote nos move, especialmente no sentido da transformação a partir do olhar do subalterno, da sua força e protagonismo. De que forma? Reconhecendo-se no contexto, tendo o entendimento dos grupos que os usam e manipulam. Perceber as faces da cooptação, das articulações e coligações, dando sentido aos sujeitos que protagonizam esperanças e ações transformadoras. É o que esperamos.

O autor

PREFÁCIO

Costumo dizer para todos que querem ouvir que Nilo Sérgio d’Ávila Modesto, ou mais conhecido como professor Nilo e, para aqueles mais próximos, como professor Nilo Sérgio, é um daqueles profissionais que não tem preço. Tal perspicácia para ver o mundo a partir de um conjunto de imagens e ações que geram práticas espaciais (tema tão caro para nós geógrafos, um não existe – e não pode existir – sem o outro) traçar uma análise que consegue fazer todos pararem para escutá-lo. A profundidade aparece a partir da sensibilidade para expor detalhes que aos olhos de outros não apareceriam.

Nesse sentido, esta obra materializa a sensibilidade do autor ao aguçar o olhar sobre as tramas que envolvem as articulações, coligações e cooptações dos diferentes agentes que buscam, por meio de ações, impor sua hegemonia e seu projeto de poder.

Participei de uma pequena parte da trajetória acadêmica do professor Nilo Sérgio, principalmente em três momentos que refuto como importantes: defesa de sua dissertação de mestrado intitulada "As Práticas Espaciais do Poder Político em São Gonçalo em 2003; a sua tese de doutoramento, que deu continuidade e aprofundou o trabalho da dissertação, com titulo de A (re)produção espacial em marcha na consolidação dos Grupos de Poder Hegemônico em São Gonçalo-RJ" em 2008 e, por último do concurso para professor titular do Colégio Pedro II.

Está na Universidade do Estado do Rio de Janeiro desde 1993, alias é um dos precursores do curso de graduação em licenciatura em Geografia na Faculdade de Formação de Professores (FFP – Uerj), e também fez parte da implantação do Mestrado em Geografia na mesma universidade.

Como atua como docente no Pedro II há 10 anos, foi coordenador pedagógico de Geografia (1986 – 1996) no Campus do Engenho Novo II.

É um dos coordenadores do Projeto Saber para Mudar, criado em 1995, com objetivos de proporcionar oportunidades para alunos que recém-formados no ensino médio a terem acesso às universidades públicas (a principal meta), mas também insere alunos nas universidades privadas. Esse projeto já aprovou centenas de jovens para as diversas instituições e, por meio de bolsas, proporcionou estágios supervisionados a vários estudantes de Geografia, Língua Portuguesa, Ciências (Biologia, Química e Física), Matemática e História. Dessa maneira, tal projeto, tem importância para jovens que pretendem ingressar no ensino superior, assim como para os jovens que estão cursando os seus últimos semestres em uma das seis licenciaturas oferecidas pela FFP – Uerj, que vem formando com excelência reconhecida por todos que entram em contato com os nossos alunos, seja aqui ou em congressos onde eles participam fora do estado do Rio de Janeiro.

Outros projetos em que o professor Nilo Sérgio coordena individualmente ou em parceria com colegas docentes, incluindo um que vem se tornando significativo para todos que fazem parte dele, é o Observatório Geográfico do Leste Metropolitano (OBGEO-LMRJ), onde atuam o professor Vinicius da Silva Seabra, a professora Catia Antônia da Silva e quem vos escreve, todos professores adjuntos do Departamento de Geografia e docentes do Programa de Pós-Graduação em Geografia da FFP – Uerj, que nos últimos cinco anos vem produzindo textos, relatórios e está finalizando uma obra que esperamos seja uma importante fonte de pesquisa para a administração pública, escolas e outros pesquisadores que tenham interesses no Leste Metropolitano do Rio de Janeiro, intitulada o Atlas do Leste Metropolitano do Rio de Janeiro: Diagnóstico sócio-espacial dos municípios vistos pelo lado de cá da Baía de Guanabara. E ainda participa do Laboratório de Pesquisa e Ensino: As Transformações no Mundo Contemporâneo e o ensino de Geografia na Educação Básica, que tem como objetivo promover a identificação da produção social do espaço por meio da análise das ações políticas promovidas por diferentes agentes (Estado, empresas e organizações não governamentais); Território e mudanças contemporâneas na produção de espaço destina-se ao desenvolvimento de pesquisa que envolva o entendimento das mudanças espaciais a partir dos diferentes usos do território.

Além desses, o professor Nilo Sérgio coordena outros projetos individuais, como por exemplo, Laboratório de Pesquisa e Ensino: As Transformações no Mundo Contemporâneo e o ensino de Geografia na Educação Básica, que trata da produção de material didático a partir da Arte Sequencial (HQ) privilegiando os conceitos e categorias que estruturam o ensino da Geografia.

Em relação aos livros ou capítulos publicados até o momento, o professor Nilo Sérgio é autor das seguintes obras: Por uma Geografia das existências: Movimentos, ação social e produção do espaço (com Andrelino Campos e Catia Antônia da Silva); Rio de Janeiro: um enfoque para o vestibular, tendo como coautor Mucciolo; Território e Ação Social: Sentido da Apropriação Urbana (Organizador); os capítulos ’Desvendando’ as dinâmicas socioespaciais no município de São Gonçalo: entre a segregação induzida e a modernização da área central no livro Metrópoles Invisíveis: Da política às lutas de sentidos da apropriação urbana e Produção social da cidade, dilemas e desideratos da juventude de São Gonçalo (RJ) no livro Poder Local e Políticas Públicas para Educação em Periferias Urbanas no Estado do Rio de Janeiro.

Andrelino Campos

Professor adjunto do Departamento de Geografia e da Pós-Graduação em Geografia da FFP-UERJ

Coordenação compartilhada do Observatório Geográfico do Leste Metropolitano do Rio de Janeiro (OBGEO-LMRJ) e Núcleo de Estudos Sociedade, Espaço e Raça (NoSER)

Sumário

Introdução

Espaço e poder: aproximações teóricas e práticas

CAPÍTULO 1

SUJEITOS DA AÇÃO POLÍTICA

1.1 Estado e sociedade civil. Sujeitos em ação

1.1.1 Reflexão sobre o Estado Ampliado

1.1.2 A difícil conceituação de sociedade civil

1.1.3 Aparelhos privados de hegemonia: a procura da hegemonia na sociedade civil

1.1.4 A produção dos aparelhos privados na construção do poder político hegemônico

1.1.5 Estratégias usadas pelos grupos de poder para alcançar a hegemonia

1.1.6 Produção espacial e a sociedade civil

1.1.7 O papel do espaço na reprodução do poder político hegemônico

1.2 Condição e posição dos sujeitos

1.2.1 Lutas simbólicas, os discursos políticos e habitus

1.3 Práxis – Projeto – Autonomia

CAPÍTULO 2

TRANSFORMAÇÃO SOCIOPOLÍTICA E ESPACIAL EM SÃO GONÇALO

2.1 Transformações político-espaciais

2.2 Transformações econômicas

2.3 Urbanização e posição no contexto metropolitano

2.4 Transformações econômicas e políticas mais recentes

CAPÍTULO 3

JOGO POLÍTICO NO ESPAÇO

3.1 Município: unidade administrativa e os agentes políticos

3.2 O poder do voto x o voto no poder

3.3 Formação política de São Gonçalo

3.4 Bairros: unidade de afirmação política

3.4.1 Ação política em alguns bairros: estratégias de afirmação

3.4.2 Encurtando o caminho: o uso do Unibairros como instrumento de poder político

3.5 Perfil dos agentes políticos: os candidatos

CAPÍTULO 4

A (RE)PRODUÇÃO ESPACIAL EM MARCHA NA CONSOLIDAÇÃO DOS GRUPOS DE PODER HEGEMÔNICO

4.1 Práticas de poder político no espaço: grandes projetos e estratégias espaciais

4.1.1 Comperj e o centro de inteligência: implicações políticas e espaciais 

4.1.1.1 O Comperj na trama política local 

4.1.2 Programa de arrendamento residencial (PAR)

4.1.2.1 Implicações políticas do PAR em São Gonçalo

4.1.3 Polo industrial de moda de São Gonçalo

4.1.4 Metrô – Linha 3

4.1.5 Estaleiros

4.1.6 Estado, Firjan e Sebrae