Formação de Professores: Currículo, Contexto e Culturas
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Sobre este e-book
Tem como objetivo colocar em discussão os processos formativos que acompanham a profissionalização docente e sua vinculação com as práticas pedagógicas vivenciadas em diferentes contextos e culturas, na perspectiva de se buscar novos caminhos para a construção de aprendizagens significativas para os docentes, gestores e discentes, quais sejam, os sujeitos curriculares.
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Formação de Professores - Marina Graziela Feldmann
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE
Dedicamos aos homens e mulheres que, ao exercerem a atividade docente frente a tantas adversidades cotidianas, trilham o caminho da esperança na crença de formar pessoas melhores para um mundo melhor.
PREFÁCIO
Entre tantos caminhos ensaiados ante a uma obra coletiva, nascida de teses acompanhadas por Marina desde suas gestações, minha surpresa ao verificar a audácia que tiveram em se despojar de seus conhecimentos próprios criando um texto inédito que irá invadir o universo de todos os que pesquisam Currículo, Formação, Estágio e Gestão.
Neste momento, meu desejo é retomar alguns temas subjacentes a este texto numa tentativa seguinte: mais que prefaciar, colocar-me PARCEIRA, pois essa foi a intenção subliminar desta obra assim construída, por mim lida e relida.
Decido, então, continuar a conversa iniciada com Marina e seus discípulos, colocando aos leitores que doravante incorporam-se a todas nós, uma questão ainda em construção: qual o papel da parceria nos dias atuais?
Em 1991, ao trabalhar em minha tese de livre docência, iniciei os estudos anunciando direções que apenas agora sou estimulada retomar. O presente trabalho, tecido a mãos que se entrecruzam, induz-me a refletir sobre a estética da parceria.
A primeira ousa explorar o sentido comum aos que militam o campo artístico dizendo da necessidade de melhor explorar os principais marcos da construção ocidental contemporânea do conceito de ESTÉTICA. Sem deter-me nos referenciais aristotélicos e platônicos de beleza, recupero Kant ao dizer da estética a partir da realidade concreta dos homens. Assim sendo os filósofos que a ele sucederam deslocam o foco da produção estética para o sujeito ‒ o significado disso é uma preocupação maior com as relações entre os homens com suas subjetividades.
Instaura-se, assim, a partir do século XVIII, uma tarefa aos pensadores de sistematizar e aperfeiçoar seus sistemas a fim de aprimorar esse modelo. Sendo assim, poderíamos inferir que a beleza estaria atrelada ao conceito de liberdade ‒ produto da construção do próprio homem, a partir das práticas sociais.
A Ética subjacente a esse princípio deixa de ser apriorística, com valores prescritos, mas precisa ser concebida, trabalhada e apropriada pelos homens. Ao processo de internacionalização desses valores denomino PARCERIA – os princípios nela devem ser de tal forma concebidos como próprios da subjetividade construída.
Dessa forma, a estética coletiva nasce em função das preferências, gostos, desejos e necessidades individuais que em parceria são compartilhados com ALEGRIA. O acordo tácito entre os parceiros garantirá a coesão ‒ que prescinde de uma lei formal.
Como construí-la?
Minha experiência, enquanto leitora desta obra, diz-me da necessidade em sairmos do enquadramento de origem acadêmico/científica que valoriza apenas os valores canonizados institucional e historicamente legitimados e a eles incorporarmos os sujeitos, em sua história de vida, em sua peculiar forma de apropriação e apreensão da realidade. Melhor dizendo: o conjunto de valores originados da prática cotidiana, nos caminhos recorridos da casa ao trabalho, às compras, pela cidade, as roupas, os adornos, a escolha das canções de rádio, os programas de televisão, livros, revistas, acessos às redes virtuais, enfim, VIDA.
Nas entrelinhas de cada parágrafo, a parceria consolidou-se como forma de reverberar o intensivamente pesquisado na multiplicidade de aspectos ofertados.
Minha eterna gratidão às autoras, aos autores e à Marina, que a todos subsidiou, pela oportunidade de refletir hoje sobre algo aprisionado em mim por tantos anos ‒ PARCERIA.
Observei atentamente o trabalho de cada pesquisa, do resgate do si mesmo, na construção das singularidades, nos sentidos de cada tema definindo marcas autenticas e muito peculiares.
Não se trata de individualidades fechadas, de identidades paradas, nem de uma cristalização. Trata-se da definição de práticas em práticas de construções que se acoplam na performance de ações particulares, porém inovadoras.
Marcar a heterogeneidade contra a homogeneidade é decorrência óbvia de práticas interdisciplinares, em que a diferenciação e a diversificação são salutares e necessárias.
À medida que ele é valorizado, as diferenças se legitimam.
Os paradigmas não são desprezados, são apenas retirados de sua posição de predominância, alternando-se para a reconstrução de novos indicativos teóricos ‒ a serem testados em suas metamorfoses.
Ivani Catarina Arantes Fazenda
maio de 2018
APRESENTAÇÃO
Esta obra é fruto das pesquisas e estudos realizados pelos participantes do Grupo de Pesquisa Formação de Professores e Cotidiano Escolar, certificado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). É composta por um conjunto de sete capítulos que se propõe a estimular e aprofundar um debate com seus leitores sobre formação docente e práticas curriculares em distintos contextos educativos articulados com as diversas culturas.
Diante das profundas transformações da sociedade contemporânea nos campos político, econômico, cultural e educacional, a questão da formação dos professores e da necessidade imperativa da aprendizagem ao longo da vida, faz-se presente a busca de fundamentos teóricos, pesquisas, relatos de experiências que tematizem as discussões para tornamos a educação comprometida com a humanização na perspectiva da construção de práticas curriculares e da docência, marcadas pela ética, pela solidariedade e pela crítica emancipatória.
Em nossas investigações temos verificado que as concepções sobre currículo, culturas e contexto educativo relacionadas aos processos formativos acontecem e se produzem na prática dos educadores, referenciando uma relação de dialeticidade entre os sentidos atribuídos pelos sujeitos curriculares às diversas situações expressas no processo de ensinar e de aprender. Tal questão evidencia a imprescindível relação existente entre formação, currículo, culturas e contextos para enfrentarmos os desafios de se criar novos caminhos para a formação de professores no intuito de se vivenciar aprendizagens significativas para os docentes, discentes e gestores, quais sejam os sujeitos construtores de currículos.
A formação de educadores com a perspectiva curricular assim entendida deve contemplar as dimensões experienciais, afetivas, pedagógicas, institucionais, sociais e locais no processo de apropriação, mediação e transformação do conhecimento, já que sua expressão maior são os sujeitos históricos e sociais – os sujeitos curriculares em seus lugares, em seus contextos e em suas culturas.
Na busca do entendimento sobre os processos formativos que acompanham a profissionalização docente procuramos traduzir as preocupações e colocar em discussão as experiências sobre a formação de educadores em uma abordagem interdisciplinar com currículo e distintos contextos e culturas, no amplo espectro de sua atuação profissional, promovendo o diálogo crítico entre os fundamentos teóricos atuais de formação nas dimensões pessoal e profissional, política e sociocultural e as políticas de formação inicial e continuada no cenário brasileiro atual para contribuir por meio da análise crítica com o debate sobre o tema em referência.
Nessa perspectiva, no primeiro capítulo denominado A formação docente do professor universitário no contexto institucional: lugar de aprender e lugar de fazer
, de autoria de Jozimeire Angélica Stocco de Camargo Neves da Silva e Anadir Elenir Pradi Vendruscolo, temos o relato do estudo realizado em relação à formação do professor universitário. Situam que ao longo do exercício da docência, além do domínio de conteúdo, da disciplina que o professor leciona, há a necessidade de que ele construa saberes relacionados à competência pedagógica, envolva-se na propositura do currículo, construa sua identidade docente e pondere sobre sua prática a fim de contribuir com a formação da cidadania dos seus alunos, rindo, ao longo do tempo, uma expertise necessária às demandas do cotidiano.
No segundo capítulo, de autoria de Claudio Amaro da Silva e de Jozimeire Angélica Stocco de Camargo Neves da Silva, denominado A construção de saberes docentes na Educação Básica
é feita a análise da formação continuada expressa no local de trabalho, ao evidenciar que ela está estreitamente relacionada à socialização da reflexão sobre a prática, já que, ao discutir com seus pares, no debate de ideias, o professor constrói conhecimentos, desvela e amplia o próprio olhar e seus referenciais de vida pessoal e profissional, entre outros.
No terceiro capítulo, de autoria de Jozimeire Angélica Stocco de Camargo Neves da Silva, Eveline Ignácio da Silva e Carmem Spotti, denominado A cultura educacional que permeia o currículo da Educação Básica do século XXI
, é retratada uma das questões muito debatidas no ambiente escolar, que diz respeito ao olhar do professor para a sala de aula, foco do trabalho docente, sobre o que ensinar e como ensinar,