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Carpinteiros da construção civil: um olhar etnomatemático sobre seus saberes e fazeres
Carpinteiros da construção civil: um olhar etnomatemático sobre seus saberes e fazeres
Carpinteiros da construção civil: um olhar etnomatemático sobre seus saberes e fazeres
E-book223 páginas2 horas

Carpinteiros da construção civil: um olhar etnomatemático sobre seus saberes e fazeres

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Sobre este e-book

A obra de Wivian Sena Moraes apresenta um estudo sobre as ações no canteiro de obras de um grupo de carpinteiros da construção civil . Suas reflexões destacam um olhar etnomatemático para as diferentes formas de entender e lidar matematicamente com o mundo, ou seja, o saber e o fazer matemático de grupos sociais distintos e que não se manifestam em ambientes escolares e acadêmicos.

Detalhes construtivos são apresentados para que se possibilite aos diversos leitores – estudantes de engenharia, engenheiros, professores, pesquisadores – a compreensão das situações analisadas criticamente. Tenha certeza de que, após a leitura deste livro, o seu olhar não será o mesmo diante de um prédio construído ou em construção.

Você poderá acompanhar, em sua leitura, uma sequência de trabalhos realizados no ramo de carpintaria que contemplam momentos de alegria, tristeza, aflição, desentendimento e reflexão. São fatos que nos envolvem e, gradativamente, nos conduzem a um patamar de compreensão da outra realidade marcada pela exclusão e pela marginalização, sob uma perspectiva crítica e imparcial. Aproveite para conhecer novos contextos socioculturais e ampliar ainda mais o seu olhar, portanto, mãos ao livro e boa leitura!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jan. de 2016
ISBN9788547301637
Carpinteiros da construção civil: um olhar etnomatemático sobre seus saberes e fazeres

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    Carpinteiros da construção civil - Wivian Sena Moraes

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição – Copyright© 2016 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIA E TRANSDISCIPLINARIEDADE

    Se a estrutura do meu pensamento é a única certa, irrepreensível, não posso escutar quem pensa e elabora seu discurso de outra maneira que não a minha. Nem tampouco escuto quem fala ou escreve fora dos padrões da gramática dominante. E como estar aberto às formas de ser, de pensar, de valorar, consideradas por nós demasiado estranhas e exóticas de outra cultura? Vemos como o respeito às diferenças e obviamente aos diferentes exige de nós a humildade que nos adverte dos riscos de ultrapassagem dos limites além dos quais a nossa autovalia necessária vira arrogância

    e desrespeito aos demais.

    Paulo Freire

    Apresentação

    Esta obra apresenta em seu primeiro capítulo os fatos que contribuíram significativamente para o desenvolvimento desta pesquisa, a qual situa inicialmente o leitor no contexto da investigação para compreender as inquietações que geraram o presente estudo.

    No capítulo seguinte abordamos a etnomatemática focalizando o contexto histórico do seu surgimento e relacionando-a ao nosso campo de pesquisa mediante o aporte teórico adotado. Em consonância ao olhar etnomatemático, outras perspectivas da literatura concernente à diversidade de saberes e fazeres são utilizadas no intuito de consubstanciar nosso entendimento em relação à presente obra.

    Ao longo do terceiro capítulo descrevemos o contexto da pesquisa e os caminhos utilizados para buscar respostas aos questionamentos e alcançar os objetivos anteriormente explanados. Em poucas palavras destacamos os principais aspectos metodológicos concernentes ao levantamento de dados no canteiro de obras, ou seja, as ferramentas utilizadas na captação dos momentos plurais que foram imprescindíveis para elucidar nossas críticas e reflexões.

    No quarto capítulo especificamos e descrevemos tecnicamente os procedimentos que abrangem as principais etapas de serviços do profissional de carpintaria da construção civil. Em seguida, as observações realizadas em campo são descritas cronologicamente conforme o desenvolvimento dos trabalhos a que foram submetidos os carpinteiros. Descrevemos também as intervenções realizadas com esses trabalhadores por meio dos Cenários para Investigação, os quais foram desenvolvidos com referência às situações reais e trabalhados numa perspectiva aberta¹.

    Para as análises crítico-reflexivas dedicamos o quinto capítulo com a finalidade de elencar as categorias que emergiram desta investigação. Mediante observações dos carpinteiros no canteiro de obras e nos Cenários para Investigação, destacamos reflexões críticas acerca desta investigação por meio de um viés teórico. Desta análise surgem três categorias: a primeira ressalta o fazer juntos e o aprender com o outro num patamar de compreensão para além do prático e eficiente trabalho coletivo; a segunda categoria reflete a valorização dos saberes em meio à opressão do poder dominante e, por fim, ressaltamos a dialogicidade como terceira categoria em meio a um processo nunca acabado no encontro dos homens mediados por suas ações no mundo.

    Ao longo do texto são apresentadas figuras, fotos, desenhos e trechos de falas que têm por objetivo auxiliar o leitor no entendimento das questões e reflexões suscitadas. Ao final desta obra destacamos algumas considerações que não são finais, mas que abrem caminhos para futuras investigações. Após os elementos textuais, apresentamos as referências utilizadas neste estudo e, em seguida, o glossário para melhor compreensão dos termos específicos utilizados na área de construção civil.

    Prefácio

    É muito gratificante presenciar e ser partícipe de um livro que é fruto de uma investigação cujos resultados primeiros advêm de uma belíssima dissertação. Ao aventurarmos na construção do prefácio, o primeiro ponto que chama atenção é o próprio título Carpinteiros da construção civil: um olhar etnomatemático sobre seus saberes e fazeres, que sem maiores delongas, já se constitui o maior convite à leitura. Além disso, ele expressa bem o viés duplo que transita entre os campos da Etnomatemática e da Construção Civil.

    O horizonte que aqui vislumbra vai muito além do campo investigativo constituído e chancelado pelo Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática da Universidade Federal de Goiás. Compreendemos que oportunizará adentrar em uma diversidade múltipla de saberes e fazeres de personagens reais de contextos específicos bem situados que podem nutrir o imaginário de muitos estudantes e pesquisadores que se propõem caminhar pelo universo da Etnomatemática.

    A riqueza deste trabalho está estampada na própria pesquisadora principal da pesquisa cujo processo formativo presenciamos, e que se deu ao longo dos últimos anos. Sua qualidade profissional se estende desde sua aproximação com uma empresa de construção civil na época da graduação, até seu caminhar cotidiano no canteiro de obras de uma construção vertical. Inúmeras vezes a pesquisadora demonstrou suas competências diversas acerca dos elementos emergidos de sua pesquisa quanto à produção textual e capacidade de reflexão crítica.

    A investigação desenvolvida em um canteiro de obras pautou-se na visibilização de saberes e fazeres dos carpinteiros na construção de um prédio residencial, sendo orientada pela questão: Quais são os saberes e fazeres de carpinteiros que se configuram em diferentes práticas profissionais no canteiro de obras? Nesta perspectiva, este livro constitui um espaço importante para que seja possível fazer novas leituras de mundo, promovendo o respeito à diferença de modo a dar voz a quem precisa fazer-se ouvir, mediado pela dialogicidade.

    Substanciada por uma rede de campos de conhecimentos a obra tem como suportes principais a Etnomatemática (Ubiratan D’Ambrósio), a diversidade de conhecimentos pela Ecologia de Saberes (Boaventura de Sousa Santos), a Educação Matemática Crítica (por Ole Skovsmose) e práticas educativas dialógicas (Paulo Freire). Ao utilizar Cenário para Investigação no desenvolvimento de um ambiente de aprendizagem, fundamentado na etnomatemática que se revela como um caminho para a valorização e o fortalecimento de experiências sociais e culturais dos grupos menos favorecidos e para práticas educativas dialógicas libertadoras na construção de uma ecologia de saberes, possibilita o diálogo de conhecimentos, tidos como marginais, dos trabalhadores/carpinteiros da construção civil em prol da valorização e do reconhecimento de suas diferentes prática profissionais.

    Por fim, entendemos que o livro oferece ao leitor um agradável horizonte de possibilidades para vivenciar o universo da Etnomatemática no âmbito dos saberes e fazeres presentes no contexto da construção civil. Retrata um caminhar rico de pesquisadores que muito poderá contribuir para a inspiração de novos pesquisadores que se propõem adentrar no campo da construção de conhecimento, tanto no contexto escolar quanto fora dele. Temos certeza de que ao apreciar este livro o leitor estará diante da (re) construção de olhares profícuos à reflexão crítica e à dialogicidade.

    Goiânia, maio de 2016.

    José Pedro Machado Ribeiro e Rogério Ferreira

    sumário

    1 DOS CAMINHOS DA VIDA AO LIMIAR DE UMA PESQUISA 

    1.1 Dos saberes e fazeres ao surgimento de uma pesquisa 

    1.2 Um caminho para o diálogo 

    2 ETNOMATEMÁTICA E DIÁLOGO 

    2.1 A etnomatemática num contexto histórico 

    2.2 O ciclo vital e o ciclo do conhecimento 

    2.3 Do pensamento abissal à ecologia de saberes 

    2.4 O foreground e o background 

    2.5 Uma perspectiva dialógica 

    3 O CONTEXTO DA PESQUISA 

    4 SABERES QUE FAZEM E FAZERES QUE SABEM 

    4.1 A influência de diversos fatores na pesquisa 

    4.2 A carpintaria na construção civil 

    4.2.1 Proteção individual e coletiva 

    4.2.2 Forma 

    4.2.3 Características da forma 

    4.2.4 Etapas de execução das formas 

    4.2.5 Reutilização das formas 

    4.2.6 Manutenção 

    4.2.7 Prumada do prédio 

    4.2.8 Rotina de trabalho 

    4.3 O saber-fazer do carpinteiro 

    4.4 O desenvolvimento dos Cenários para Investigação 

    5 SABERES E FAZERES: UM OLHAR DIALÓGICO 

    5.1 O fazer juntos e o aprender com o outro 

    5.2 A valorização de saberes e fazeres e a opressão do poder dominante 

    5.3 Em meio ao diálogo novos olhares 

    6 DOS DIVERSOS OLHARES ÀS NOVAS PERSPECTIVAS 

    REFERÊNCIAS 

    GLOSSÁRIO 

    1

    Dos caminhos da vida ao limiar de uma pesquisa

    Aí num determinado tempo que você já está na área vai perdendo o medo, vai aprendendo a ter mais confiança em si mesmo, trabalhar com segurança, o jeito adequado de montar e desmontar uma forma. A gente vai aprendendo e corrigindo os erros² (C-05).

    Esta obra reflete os ricos momentos de diálogo estabelecido entre a autora e os coautores que, traduzidos em importantes críticas e reflexões, fizeram emergir questões pelas quais impulsionaram o desenvolvimento deste estudo. A primeira pergunta surgiu de forma mais genérica, como, por exemplo: qual é a relação entre o Programa Etnomatemática e os saberes/fazeres dos trabalhadores da construção civil na valorização e reconhecimento de suas diferentes práticas profissionais? Desta questão, iniciou-se um caminho de investigação no sentido de dar voz aos diversos saberes e fazeres no canteiro de obras, o qual prefigura a presente pesquisa. Elementos de cunho pessoal também foram preponderantes para as reflexões realizadas ao longo deste estudo; dessa forma, será tecido inicialmente um breve relato pessoal da autora e redigido em primeira pessoa do singular. Posteriormente, serão descritos em primeira pessoa do plural as seções dos capítulos que compõem esta obra.

    1.1 Dos saberes e fazeres ao surgimento de uma pesquisa

    Ao considerar a trajetória da minha vida profissional como forte influência nos rumos tomados por este estudo, torna-se necessária uma breve apresentação dos momentos marcantes que delinearam os caminhos de aproximação com a etnomatemática. Nesta perspectiva, o passado e o futuro estão vinculados à ação no presente, que funciona como interface entre eles − identifica-se com o comportamento, alimenta-se do passado, resulta da história individual e coletiva – condicionados pela projeção no futuro³.

    Durante o período da minha graduação em Matemática (licenciatura), especificamente entre os anos de 2006 a 2010, atuava profissionalmente como técnica em edificações numa construtora de médio porte na cidade de Goiânia-GO. O meu trabalho estava diretamente relacionado às atividades dos engenheiros cujas perspectivas eram voltadas para atender as exigências da empresa. Nesse âmbito tive o privilégio de compartilhar experiências com pessoas de diversas áreas: administração, contabilidade, engenharia elétrica, engenharia civil, arquitetura, biologia e matemática.

    Os profissionais dessas áreas traziam suas angústias nas conversas do dia a dia e muitas delas contribuíram para

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