Projetos de infraestrutura: estudos inteligentes
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Projetos de infraestrutura - Humberto Coelho de Melo
Projetos de infraestrutura
Estudos inteligentes
Editora Appris Ltda.
1.ª Edição - Copyright© 2022 do autore
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98. Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores. Foi realizado o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nos 10.994, de 14/12/2004, e 12.192, de 14/01/2010.Catalogação na Fonte
Elaborado por: Josefina A. S. Guedes
Bibliotecária CRB 9/870
Livro de acordo com a normalização técnica da ABNT
Editora e Livraria Appris Ltda.
Av. Manoel Ribas, 2265 – Mercês
Curitiba/PR – CEP: 80810-002
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Printed in Brazil
Impresso no Brasil
Humberto Coelho de Melo
Projetos de infraestrutura
Estudos inteligentes
Ao Heitor, Miguel e Flávio, meus filhos, e à Júlia, minha esposa.
LISTA DE SIGLAS
Avac Aquecimento, Ventilação e Ar-Condicionado
CII Construction Industry Institute
EAP Estrutura Analítica de Projeto
FEL Front-End-Loading
IPA Independent Project Analysis
OAE Obras de Arte Especiais
PAC Plano de Aceleração do Crescimento
TIR Taxa Interna de Retorno
VIPs Práticas Agregadoras de Valor
VPL Valor Presente Líquido
Sumário
1
INTRODUÇÃO
2
CONCEITOS BÁSICOS
2.1 PROJETOS FERROVIÁRIOS
2.2 METODOLOGIA FRONT-END-LOADING (FEL)
2.2.1 FEL-1
2.2.2 FEL-2
2.2.3 FEL-3
2.2.4 Índice de maturidade FEL (FEL-Index)
2.3 PRÁTICAS AGREGADORAS DE VALOR (VIPS)
2.4 TÉCNICA DELPHI
2.5 SÍNTESE DOS CONCEITOS
3
COLOCANDO EM PRÁTICA
3.1 ESTUDO DAS REALIDADES DE DIFERENTES EMPREENDIMENTOS
3.1.1 Caracterização dos empreendimentos
3.1.2 Levantamento dos dados disponíveis
3.1.3 Análise dos dados
3.1.3.1 Custos de implantação
3.1.3.2 Impacto no caminho crítico do planejamento da construção
3.1.3.3 Impacto no caminho crítico do desenvolvimento do projeto
3.1.4 Análise crítica dos casos estudados
3.1.5 Diretrizes para os estudos conceituais
3.2 CONTRIBUIÇÃO DE ESPECIALISTAS
3.2.1 Formatação, comunicação e convite aos profissionais
3.2.2 Respostas ao questionário da primeira rodada
3.2.3 Respostas ao questionário da segunda rodada
3.3 ANÁLISE CRUZADA
REFERÊNCIAS
1
Introdução
O mercado volta sua atenção para os chamados projetos de capital de grandes investimentos
, que são caracterizados, entre outros fatores, pelo seu alto custo e complexidade. Isso se deve ao fato de haver, em maior ou menor medida, de acordo com o nicho de mercado e situação econômica, um maior investimento em projetos como os de mineração, energia, petróleo e gás etc., bem como pela necessidade que as empresas têm de melhorar as formas de gerenciamento desses projetos, reduzindo riscos e garantido a maximização do retorno de seu portfólio de projetos.
Além dos investimentos do setor privado, observa-se, atualmente, especialmente no Brasil, o aumento do aporte de investimentos públicos em projetos lineares. Programas governamentais, como o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), visam realizar o investimento na construção de infraestrutura logística e de suprimento de condições básicas para a população brasileira, por meio da construção de empreendimentos rodoviários, ferroviários, geração e transmissão de energia elétrica, saneamento básico, mobilidade urbana, dentre outros.
O aumento da demanda por investimentos de grande porte gera a necessidade de que tais recursos sejam bem geridos, de forma que a aplicação dos recursos disponíveis seja a mais eficiente possível. Essa gestão eficiente visa agregar maior qualidade e competitividade aos empreendimentos em operação e maximizar o retorno aos seus interessados.
Para que isso aconteça de maneira satisfatória, é importante que as decisões sobre a continuidade e realização desses investimentos sejam tomadas com celeridade e qualidade, por meio da execução da estratégia de desenvolvimento de produtos adequada para cada empreendimento.
Nesse contexto, estão inseridos os projetos lineares, em alguns casos identificados como projetos de infraestrutura. Nesta obra, serão considerados projetos lineares aqueles que possuem uma extensão que abranja várias comunidades, bairros, municípios, estados ou países. São exemplos de projetos lineares as ferrovias, rodovias, minerodutos, adutoras, interceptores de esgoto, gasodutos, linhas de transmissão, dentre outros.
Os projetos lineares são diversos, com níveis de complexidade diferentes e com variação de relevância das disciplinas em função das características do empreendimento, das ocorrências físicas e das ocorrências socioambientais ao longo do seu trajeto.
Várias metodologias de projeto são usadas no sentido de organizar e direcionar o processo de amadurecimento dos estudos para avaliar a qualidade dos investimentos em termos de viabilidade técnica e econômica, sendo que uma das metodologias largamente adotadas pela indústria é o Front-End-Loading (FEL), a qual será abordada ao longo deste livro.
No que diz respeito à aplicação desses métodos no gerenciamento dos projetos de grande porte, faz-se necessário que eles sejam adaptados à realidade de cada projeto, o que exige a definição dos produtos e atividades de cada fase, bem como quais atividades serão desenvolvidas na concepção da engenharia.
A metodologia FEL implica em três etapas: 1. Análise de investimento ou definição do estudo de viabilidade do negócio; 2. Seleção da alternativa de engenharia ou definição do escopo a ser executado; 3. Definição dos projetos ou desenvolvimento dos projetos básicos. As atividades desenvolvidas em cada uma delas, bem como as ferramentas técnicas e gerenciais para o desenvolvimento da etapa de concepção devem variar de empreendimento para empreendimento, em função do seu porte, ou grau de complexidade, ou tipo de projeto.
Por isso, métodos como o FEL precisam ser trabalhados de forma a torná-los coerentes com a realidade de cada empreendimento. Isso não significa modificar a estrutura geral da metodologia, que continuará apresentando três fases, mas pode implicar em um maior ou menor número de atividades de desenvolvimento do projeto em cada etapa, bem como pode implicar na necessidade de maior ou menor atenção a um determinado requisito de projeto.
Desenvolver a engenharia conceitual respeitando as particularidades de cada projeto tende a aumentar a segurança na tomada das decisões e, consequentemente, melhorar a assertividade nos investimentos a serem realizados, o que torna o tema relevante para a indústria de uma forma geral.
Atualmente, os agentes de mercado têm acesso limitado, pelo menos na realidade brasileira, às ferramentas que auxiliam no diagnóstico e na definição de ações para tratar os casos específicos, que facilitam o direcionamento dos recursos para as questões mais relevantes do projeto.
Isso faz com que as contratações de projetos conceituais de ferrovias sejam feitas utilizando documentação genérica, sem foco nos problemas específicos de cada caso, causando prejuízo à qualidade dos estudos e à tomada das decisões, além de dificultarem a relação contratado x contratante, em função dos diversos problemas encontrados durante o desenvolvimento dos trabalhos.
As teorias e melhores práticas de gerenciamento focam no triângulo de restrições do gerenciamento que são o tempo, o orçamento e o escopo, o que tem provado grande valor e sucesso ao ajudar os empreendedores em reconhecer, planejar e executar as atividades de projetos. Contudo, os modelos propostos são focados apenas em resultados objetivos e têm sofrido com a falta de interação com algumas variáveis subjetivas, causando problemas ao gerenciamento dos projetos¹:
A maioria dos esforços ainda sofre da mesma causa raiz do modelo original: a concepção mecânica do gerenciamento de projeto lidando com fatos objetivos (ex.: cronograma e orçamento) de um lado e matérias subjetivas (ex.: patrocinadores e usuários) de outro lado².
Segundo Song³, há muita literatura em ambos os aspectos citados anteriormente, mas muito pouco os integrando de forma coerente. O mesmo autor descreve que, em sua experiência, a falta de integração entre os aspectos objetivos e subjetivos de gerenciamento de projetos tornou-se o risco mais crítico de sucesso do projeto e a maior oportunidade de avanço da profissão.
Comparando fatores objetivos versus fatores subjetivos, este livro traz à tona a necessidade de abordagem de análise dos riscos associados a todo o ambiente onde o empreendimento será construído para se definir as ações necessárias para o desenvolvimento da engenharia conceitual na segunda fase do Front-End-Loading, correspondente à elaboração de alternativas para o projeto conceitual dos empreendimentos e à seleção da alternativa mais viável.
A colocação de Song nos leva a questionar o desenvolvimento de projetos utilizando especificações e documentação de contratações genéricas e o