#transvivo
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#transvivo - Juca Xavier
Table of Contents
ou da mais coletiva primeira pessoa que há!
Quem sou eu?
Fui na sapataria
Dentro de mim
Transições
Importante
Dor
Suicídio
Raiva
Raiva e tormento
Música escrita sem som
Giro animal
Dores de parto
Espelho escorpiano
Fênix suicida
A mancha
Filho órfão de mãe viva
Na mão
Barulho
As bobagens que sempre inventei
Privilégio
Armação
Sangue, legado e história
Hoje eu tô disfórica
Dilatada
Disforia
Momento tátil
Ando
Macho sagrado
Virei fera, virei bicho
Crise de choro
Carência existencial
Não me assusta
Marca neuronal
Pro fundo
Transsentimento
Lições de Saturno em Sagitário
Injeção solar
Portal plutônico
Minha sexualidade
Solta do corpo e da alma
Passiva
Amor que se escreve com T
Presente de natal
Anarkia
Amor pra recomeçar
Esteira rolante
Meu corpo, meu lar
Aquarius
#transvivo
Editora responsável: Sabine Mendes Moura
Produção Editorial: Priscilla Lhacer
Revisão textual: Sabine Mendes Moura e Cecilia Leal
Foto e tatuagem da capa: Ana Maciel
Logo da editora: Natasha Mendes Cartes
Editora Nua contato@editoranua.com.br
1a edição
Rio de Janeiro, setembro de 2018
ou da mais coletiva primeira pessoa que há!
Quem sou eu?
Fui na sapataria
Dentro de mim
Transições
Importante
Dor
Suicídio
Raiva
Raiva e tormento
Música escrita sem som
Giro animal
Dores de parto
Espelho escorpiano
Fênix suicida
A mancha
Filho órfão de mãe viva
Na mão
Barulho
As bobagens que sempre inventei
Privilégio
Armação
Sangue, legado e história
Hoje eu tô disfórica
Dilatada
Disforia
Momento tátil
Ando
Macho sagrado
Virei fera, virei bicho
Crise de choro
Carência existencial
Não me assusta
Marca neuronal
Pro fundo
Transsentimento
Lições de Saturno em Sagitário
Injeção solar
Portal plutônico
Minha sexualidade
Solta do corpo e da alma
Passiva
Amor que se escreve com T
Presente de natal
Anarkia
Amor pra recomeçar
Esteira rolante
Meu corpo, meu lar
Aquarius
#transvivo
ou da mais coletiva primeira pessoa que há!
Há seis anos, iniciei as aulas na graduação. Ensinava homossexualidades e transexualidades, hoje categorias suplantadas por uma explosão de subjetividades. Na sala ao lado dessa minha primeira experiência, uma jovem saía das aulas de filosofia e nos bisbilhotava. Era uma sapatão! Uma desalinhada como todos na minha turma, incluindo o professor, e nos envolvemos com essa jovem filósofa. Seu corpo exalava amor e engajamento. Sua escrita transpirava compromisso.
Neste livro, essa jovem sapatão morreu, se suicidou. Estamos em sofrimento, luto. Não apenas pela perda, mas pela nossa inaptidão em acolher o corpo vivo que surge desse suicídio criativo. O armário – de que nós, lésbicas e gays, lutamos tanto para sair – se tornou um móvel translúcido, incapaz de aprisioná-la. Se esfacelou no chão diante de suas angústias e sofrimento. Fomos incapazes de acolhê-la, de suportá-la. O esfacelamento foi também de nossa capacidade comunitária de incorporar, como parte de nós, massas de dissidentes, tantos outros que pululam às margens de nossa sociedade.
A jovem sapatão filósofa agoniza diante de nós à medida que passamos, página a página, por sua tristeza. Chegamos a pensar que ela não passa de uma pessoa perdida pelas agressões da vida. Entretanto, ao avançarmos, em uma série de perdas e danos, vemos a resistência colocada em ato. O sentido deixa de ser sua existência enquanto indivíduo. O Eu se compartimenta e aprendemos, ao longo de sua história, que a agonia