Através da minha vida

De Cauê Macedo Parreiras

Sentado numa cadeira à beira da piscina da minha casa, começo a ouvir uma voz falando comigo, o que para mim não é novidade, dada a esquizofrenia. No entanto, esta voz mostra saber sobre mim coisas que nem mesmo eu sabia. Aos poucos, ela vai pondo visões em minha mente, a fim de me esclarecer qualquer assunto sobre o qual estivermos falando. Desde então, passamos a nos encontrar todas as noites na beira da piscina. Eu escolho um assunto que verse sobre a vida humana ou sobre a minha vida apenas. São assuntos que variam desde emoções, alegrias e angústias, até sobre questões que os seres humanos há muito buscam elucidar. Por vezes, a voz aparece em forma de ser humano, embora eu saiba que são visões na minha mente. Além de me mostrar coisas, leva-me a uma jornada através de todos os acontecimentos importantes da minha vida. Nessas conversas, várias grandes verdades transcendentais me são reveladas, e a voz, com seu acesso ao conhecimento universal, me mostra minha própria evolução como ser humano. Conforme vou desvendando as causas dos diversos acontecimentos que me levaram a distintas situações, transito do sofrimento à felicidade. Este livro fala dessa viagem feita todas as noites, tendo como companheira a sábia voz que me leva pela estrada de grandes descobertas e de revelações inesperadas.

• Idioma: Português
• Editora: Viseu
• Data de lançamento: 4 de set. de 2017
• ISBN: 9788593991752

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www.editoraviseu.com.br

Sumário

PRÓLOGO

A VOZ

POR UM ACASO EU SOU MALUCO???

UM CONCERTO

A VITÓRIA SOBRE O MEDO

LIVRANDO-ME DA MALA PESADA

PROFUNDAS MEDITAÇÕES

A JORNADA HUMANA

ATENÇÃO E GRATIDÃO

O UNIVERSO

UM REMÉDIO EXCELENTE

QUESTÕES

A VOZ DA TRISTEZA

A MORTE DO EU

A JORNADA DO ÓDIO

O GUERREIRO

O NÃO-ÓDIO

O MUNDO

O EU VERDADEIRO

DESAPEGO

DESESPERO

FELICIDADE

O SOFRIMENTO

A MENTE E O AQUI E AGORA

INSABÍVEL

O MEDO

SIMPLICIDADE

ILUSÕES

SEM MESSIAS

DESSURTADO

SOBRENATURAL

SEREI TÃO FELIZ QUANTO POSSÍVEL

EPÍLOGO

PRÓLOGO

A primeira ideia que eu tive para escrever este livro foi a de conversar com uma voz que me esclareceria sobre os eventos da minha vida. Conforme fui escrevendo, notei que as conversas de cada noite foram ficando cada vez mais parecidas com uma sessão de terapia, o que resultou em um livro que, poder-se-ia dizer, é um compêndio de sessões, com a diferença de que o terapeuta sabe tudo o que já aconteceu comigo, o que acontece e o que ainda irá acontecer.

A VOZ

Morri

Antes da morte vivenciei A Grande Tristeza,

a falta de vontade, e a não-esperança.

Na minha mente, os pensamentos me fuzilavam.

Pensamentos onde pessoas tentavam me persuadir a lutar.

no entanto já não podia mais lutar,

não havia mais nada a aspirar.

E então aconteceu:

Desisti.

Minha mente se transformou,

esquecendo-se da questão da tristeza,

e me deixando leve e em paz.

Na minha desistência, meu sistema me deu como morto,

e toda luta motivada pelo medo da morte se foi.

Por um bom tempo, fui um ser alegre, feliz e livre na minha escolha de ações.

Não tinha medo, mas também não tinha raiva.

E assim fui, até que voltasse o momento de voltar a sofrer.

Meu caminho não estava já forjado e eu ainda precisava voltar a sofrer.

Tendo a inabalável confiança em que eu seria ajudado na busca pelo retorno á felicidade e ao não sofrimento,

caminhei por entre buracos e barrancos.

Eu nem imaginava, mas teria enormes desafios a superar.

Uma noite, eu me sentei na beira da piscina da minha casa e fiquei a olhar a lua. Era lua cheia, e o céu estava bem claro. Vi um ponto de luz prateado na lua, o que parecia ser uma estrela. De repente, a estrela prateada soltou algo como um raio de luz prateado até o chão perto de mim. Foi quando ouvi:

- Oi.

Num susto, exclamei:

- Êita, nós! Estou ouvindo vozes de novo!!

- Eu não sou uma das suas vozes.

- Ah, não? E como é que eu posso saber disso?

- Assim, olhe.

E uma ventania passou por mim.

- Foi você? Não, claro que não, duvidei.

Daí uma ventania três vezes mais forte aconteceu.

- É... Isso foi bem assustador! Está bem. Digamos que, por hora, acredito em você.

- Comecemos, então, disse a voz. Pergunte-me algo.

- Está bem. Hummm.... Deixe-me ver... Ah, sim! O que aconteceu comigo no primeiro ano do Ensino Médio?

- Você sempre quis saber isso, não? Perguntou retoricamente a voz.

Expliquei-lhe:

- Eu fiquei feliz em tempo integral por três meses. Nada de ruim se passava dentro de mim: não havia maldade, só felicidade. Mas não consigo me lembrar direito, apenas sei o que aconteceu.

- Aquilo era o não-sofrimento. Não sofria; então, estava feliz. Explicou a voz.

Continuei:

- Eu lembro de contar a uma amiga que uma vez eu havia desaprendido tudo. Lembro disso, das minhas programações de respostas às coisas não estarem mais presentes.

- Você estava descondicionado. O condicionamento é uma resposta pronta para uma situação ou várias. Assim, quando acontece a coisa que desencadeia a resposta, a pessoa age por reação e não mais com a consciência.

- Então, durante esses três meses, eu agia só com a consciência?

- Inteira e unicamente.

- Uau, isso é incrível.

- É, foi incrível. Concordou a voz.

- Eu não tinha medo nenhum, me lembro disso.

- O medo se foi por causa das suas reflexões quando estava na Europa deprimido. O motivo de viver foi-se da sua mente; seus objetivos perderam o sentido. Assim, qualquer um fica completamente sem saber o que fazer. Mas aí... aconteceu!... Tantan!!! A entrada em uma nova vida. Sua consciência se expandiu!! E você teve uma profunda percepção de si mesmo. A partir desse momento, você era um andarilho observando um universo interno enquanto viajava, mais atento a si do que a qualquer coisa que pudesse ver.

- A paz era incrível.

- Sim, eu me lembro. Isso foi um bom começo. Mas continuamos amanhã neste mesmo lugar. Fui!

E uma outra rajada de vento aconteceu. Quando acabou, não ouvia mais nada. Fui dormir leve como uma pluma, tendo várias das respostas que sempre buscara.

POR UM ACASO EU SOU MALUCO???

No dia seguinte, eu me sentia ótimo! O dia foi leve e sem aquela terrível angústia que me acompanhava há tanto tempo. Até que chegou a hora de me reunir novamente com a voz misteriosa.

Cheguei na beira da piscina, sentei-me numa cadeira e pus-me a esperar.

Esperei um tempo, até que veio uma rajada de vento. E lá estava ela novamente:

- Olá, cá estou outra vez. Como foi seu dia?

- Passei o dia me sentindo ótimo. Como se um peso tivesse ido embora.

- Certo. Então, pode começar. Estou pronto.

E logo perguntei:

- Por que não pude continuar a ser feliz?

- É simplesmente como são as coisas. Já notou que, quando você está feliz, sempre aparece algo para tirar de você a felicidade?

- É, já notei.

- Pois bem, se quer a felicidade, tem de se esforçar por ela e, muitas vezes, agir de um modo autêntico e não de acordo com o que esperam.

- Parece injusto.

- A questão é que esse momento que você viveu de grande felicidade lhe foi dado para te motivar. Você soube, então, que havia algo a mais pelo que lutar e, internamente, parou de agir como o esperado. Você chegou a quase esquecer deste momento, pois não falava a respeito - não sabia como -, e quem iria acreditar, de qualquer maneira? Então, você estava lá, no meio de todos, sabendo que era possível uma vida maravilhosa e perfeita, sem sofrimento, mas não tinha como falar para ninguém. Meio desesperador, não acha?

Sorri ao me lembrar disso.

Senti uma enorme gratidão por tudo que passei na vida:

- Putz! Acho que, se eu soubesse, antes de acontecer o momento da grande felicidade, o que teria de passar para alcançá-la novamente, talvez tivesse optado por uma vida normal.

- Provavelmente, asseverou a voz. - Mas valeu a pena, não?

- Às vezes é difícil amar a vida...

Disse-lhe eu, dando um suspiro, que era um misto de cansaço e determinação. E continuei:

- Vou um pouco adiante para perguntar sobre o Bruce Lee.

Nesta época em que