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Revolução das Virtudes: Por um ser mais humano
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Revolução das Virtudes: Por um ser mais humano
E-book252 páginas2 horas

Revolução das Virtudes: Por um ser mais humano

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Sobre este e-book

De Gandhi a papa Francisco, de Freud a revolução das virtudes esse livro é um novo tratado que aproxima a psiquê da religião. A parte teórica é fantástica pela síntese e pela organização: a intuitiva relação entre religião e psiquê fica mais clara. Mas o que mais me impressionou é o método e os exemplos concretos. Ao invés de focar no trauma Casarotto mostra que a cura pode vir das virtudes. Ao invés de focar no passado, foca no futuro. Ao invés de trabalhar com culpa, o método de Eduardo trabalha com a consciência. Se no passado a moral precisou da figura de um Deus punitivo para impo-la, Casarotto mostra que nos dias de hoje é possível uma moral sem dogma, é possível controlar os instintos sem precisar temer o pecado. Casarotto mostra que o homem de hoje está mais próximo à felicidade: basta ter a humildade para recebe-la. Ler esse livro é uma das maneiras de receber a felicidade que está disponível para todos!
Newton Cannito
IdiomaPortuguês
EditoraCASÃO
Data de lançamento21 de ago. de 2019
ISBN9788591890620
Revolução das Virtudes: Por um ser mais humano

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    Revolução das Virtudes - Edu Casão

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    As virtudes humanas são elementos que se constroem e complementam a personalidade dos indivíduos ao longo da vida. Com a construção de valores, nós aprendemos a ter comportamentos a partir de lições e referências moralmente positivas dentro do ambiente em que estamos.

    Guie-o pela virtude, mantenha-o na linha com os ritos, e o povo, além de ser capaz de sentir vergonha, reformará a si mesmo. (Confúcio, Os Analectos, Porto Alegre, 2012)

    Três linhas de estudo me levaram a uma mesma conclusão sobre o caminho do desenvolvimento humano: que este caminho começa na evolução das virtudes. Foram elas:

    •Estudo das religiões (espírito) ;

    •Estudos neurológicos (corpo) ;

    •Estudos da psiquê (mente) .

    O estudo das religiões teve como orientador uma lógica bem simples, embasada na pergunta Em que pontos todas as religiões concordam?. Apesar da pergunta ser simples, a caminhada para achar uma conclusão foi muito árdua, a começar pelo grande numero de religiões que existem no mundo, cerca de cinco mil. Este estudo teve a premissa de excluir os aspectos doutrinários nos quais as religiões tanto divergem. Procurei focar na pergunta Qual é o objetivo de o homem estar na Terra?. A resposta que encontrei foi aquela sobre a qual todas as religiões concordam e são unânimes: o homem está na Terra para evoluir em suas virtudes e se tornar um ser humano melhor. Uma segunda análise mais minuciosa foi feita sobre quais as virtudes ensinadas nos livros sagrados, ou seja, quais as virtudes com as quais todas as religiões concordam. E as virtudes encontradas nesse segundo processo do estudo embasaram o quinto capítulo deste livro, o Instrumento De Avaliação De Desempenho Moral. Com este livro, o leitor terá clareza sobre o que as religiões realmente esperam de nós, e o instrumento tornará mensurável o quanto somos evoluídos, ponto por ponto, nos dando assim uma direção sobre no que exatamente ainda temos de trabalhar em nossa evolução.

    Não cabe ao homem desenvolver todas as suas faculdades até a perfeição. Sua obrigação é aprimorar todas as suas capacidades que o levam pelo caminho de Deus rumo à perfeição, suprimindo completamente aquelas cujas tendências sejam contrárias. (Mahatma Gandhi, O Caminho da Paz, São Paulo, 2014)

    Cada religião propõe um caminho para o desenvolvimento dessas virtudes, e para que eu pudesse concluir qual o melhor caminho busquei embasar meus estudos e métodos cientificamente. Os estudos em neurologia, especificamente sobre o lobo frontal, foram fundamentais para meu percurso. Mesmo entendendo que o mundo espiritual sabe muito mais do que já foi descoberto pela ciência, quando encontramos pontos de convergência, ou seja, quando descobrimos onde ciência e espiritualidade concordam, passamos às pessoas uma sensação maior de segurança na informação.

    É importante que, primeiramente, se entenda um pouco sobre algumas áreas do cérebro para compreendermos com mais clareza as virtudes humanas.

    Vamos começar com as estruturas cerebrais mais primitivas chegando até as mais evoluídas. Comecemos com o tronco cerebral, ou cérebro reptiliano, responsável pela entrada e saída de informações aferentes e eferentes, e responsável por comportamentos de autopreservação e de preservação da espécie. Lá está a origem dos nossos instintos, sendo que os quatro instintos primitivos centrais são: instinto de sobrevivência, desejo sexual, instinto de competição e instinto de proteção.

    Você acha que já é bem evoluído e não tem mais o instinto de competição? Pois bem, vou lhe dar um pequeno exemplo… Fazendo um paralelo entre o complexo de Édipo e o mundo corporativo, reflita: Se um pai tem a primitividade de disputar com um filho devido ao seu instinto de competição, imagine o que ele é capaz de fazer se assumir uma posição de líder em uma empresa. Se uma mãe, por esse mesmo instinto, disputa com sua filha, imagina o que ela pode fazer a uma colega de trabalho.

    Continuando, temos o sistema límbico, o lobo límbico que constituí o substrato cerebral que motiva nossas tendências, desejos e emoções. O neurologista Raul Marino diz em seu livro A religião do Cérebro que essa parte é o que nos liga ao Criador e ao significado do mundo.

    A seguir temos o neocórtex, constituído, entre outras estruturas, pelos lobos frontais e temporais e por suas conexões subjacentes, é responsável pela síntese de todas as informações processadas pelo cérebro reptiliano e pelo sistema límbico, agora, de forma consciente. O lobo frontal nos permite pensar abstratamente, assim ele é que nos diferencia dos animais. Elaborar pensamentos filosóficos, psicanalíticos, éticos ou religiosos é responsabilidade dele. O Dr. Raul Marino descreve o que quero lhes mostrar:

    As funções cerebrais responsáveis pelo pensamento abstrato nos tornam verdadeiramente humanos e nos permitem avaliar a natureza de cada experiência e aprender com ela. São essas funções que nos possibilitam antecipar, planejar, e prever o futuro, fazer escolhas, exercitando a vontade e o livre arbítrio e elaborar respostas lógicas e simbólicas em relação a dados sensoriais. São elas ainda que nos fazem perceber o passado e futuro, avaliar causa e efeito, planejar metas e analisar o sentido de coisas, como espiritualidade, tempo e eternidade, orquestrando tudo o mais que nos torna como já disse verdadeiramente humanos. Tornamo-nos humanos pela interação e pelo convívio com outros humanos, amando os que nos são queridos desejamos o seu crescimento espiritual e sofrendo ou compadecendo-nos com seu sofrimento. Se essa região do cérebro os lobos frontais pode ser considerado uma das responsáveis pelo sublime sentimento de amor, caridade, fé e esperança. O amor em sua mais alta manifestação se tornaria uma transformação criativa de nossas respostas ao outro. Amar o outro, desse modo seria como permitir que o sentimento exercesse influência sobre o afeto que sentimos. (Raul Marino, A Religião do Cérebro, São Paulo, 2005)

    O lobo frontal foi a última parte do cérebro a se desenvolver durante o processo de evolução e a se unir à estrutura que já existia. Vale dizer que ele é o maior, ocupa quase um terço do crânio, e é o mais importante dos quatro lóbulos, por conta de suas funções.

    Além do lobo frontal, temos o temporal direito e esquerdo, o parietal e o occipital. Diz-se que o lobo temporal direito é o comunicador com a espiritualidade e com o mundo energético, mas, apesar dessas afirmações, não há porque colocar o foco apenas nessa área, ainda que suas funções pareçam tão sedutoras. Prefiro me ater ao lobo frontal, pois é por ele que podemos evoluir e trabalhar na evolução de nossas virtudes. Com a evolução, iremos automaticamente nos conectar com mais intensidade e verdade ao universo e ao mundo espiritual. É muito importante que as pessoas entendam que o caminho para se conectar e transcender não é buscando rituais místicos e coisas do tipo, apenas o desenvolvimento das virtudes pode levar a transcendência, e não o contrario.

    O caminho para se conectar e transcender não

    é buscar rituais místicos e coisas do tipo, apenas

    o desenvolvimento das virtudes pode levar à

    transcendência, e não o contrario.

    O lobo frontal desempenha um papel central em relação ao planejamento futuro e à tomada de decisão, diferente do agir instintivamente do tronco cerebral, aqui nos diferenciamos dos animais. Fica claro que a área responsável pelas virtudes é o lobo frontal, e quando estimulamos e desenvolvemos comportamentos virtuosos, estamos estimulando e desenvolvendo essa área do cérebro. O cérebro é como se fosse um músculo, o quanto mais você exercitar uma área mais forte aquela área se tornará, ou seja, na prática, mais conexões e caminhos neurais serão construídos.

    Nosso cérebro é um órgão de aprendizado. A neuropsicologia nos ensina que podemos exercitá-lo como exercitamos os demais músculos. Então, absorvendo intencionalmente a bondade e a beleza, podemos influenciar positivamente nosso cérebro e superar a negatividade. Usando o poder da mente, podemos mudar nosso cérebro para melhor. (Dalai Lama, Porque Ética é mais Importante que Religião. Rio de Janeiro, 2018)

    Para evoluirmos temos que deixar de agir movidos pelo tronco cerebral e pelo sistema límbico, para pensar e agir a partir do lobo frontal, ou seja, deixar de agir primitivamente e emocionalmente para agir com o que chamo de inteligência moral, empregando as virtudes. O termo inteligência moral está sendo usado por muitos pensadores e estudiosos do tema e normalmente é usado para designar uma inteligência ligada à espiritualidade. O importante aqui não é se prender ao termo, que já está virando senso comum, apesar de imbuído de definições diferentes, e sim entender que agir a partir das virtudes e não primitivamente é ter inteligência moral. Quando temos controle dos instintos primitivos e das emoções e consequente maturidade, podemos agir com amor e caridade de verdade. Apenas dessa forma temos a possibilidade de deixar de ser orgulhosos e egoístas e pensar realmente no próximo.

    Reflita, se praticar a inteligência moral é estimular o lobo frontal, e estimular o lobo frontal na verdade é fazer o que as cinco mil religiões estão nos dizendo para fazer há milhares de anos. Temos aqui um ponto de convergência e de concordância: tanto a ciência quanto a religião concordam que para um ser humano evoluir é necessário que desenvolva as virtudes. É preciso desenvolver a inteligência moral e não é apenas com a religião que conseguiremos isso.

    A religião também não é mais suficiente. Agora, a ética global secular é mais importante do que as religiões clássicas. (Dalai Lama, Porque Ética é mais Importante que Religião. Rio de Janeiro, 2018)

    Além de meus estudos sobre as religiões e sobre o cérebro, preciso contar que estou na área de pesquisa em psicanálise há muito tempo, e me propus a pesquisar qual era o impacto das virtudes no campo das neuroses. Foi quando tive uma surpresa fantástica.

    O indivíduo só é neurótico

    porque ainda é primitivo.

    Descobri as variáveis e as derivações do orgulho e do egoísmo, que são o centro de todo o atraso humano e por consequência, o centro da maioria das neuroses.

    Exemplo prático:

    Vou lhes fazer uma pergunta: podemos curar um neurótico, só trabalhando em suas virtudes? Sim. Vou dar um exemplo que uso em supervisão para meus alunos que estão iniciando na psicanálise. Você sabe o que é o sádico oral? É o sugador de atenção, um vampiro de atenção. É aquela pessoa que se faz dependente do outro, que perde o emprego, não prospera para ficar dependente do outro, para assim se sentir cuidado e acolhido. Tudo isso originado devido a uma rejeição materna. Na psicanálise clássica o caminho de tratamento seria abordar a rejeição materna. Porém, acredito que nessa abordagem tradicional, o que está sendo tratado é o ponto de fixação, ou seja, o buraco emocional que a rejeição deixou no indivíduo. O buraco original não é reconstruível, buracos são pontos de fixação onde o indivíduo fica parado, tudo o que faz e não faz está diretamente ou indiretamente associado a esse ponto de fixação.

    A partir desse buraco, desse ponto de fixação, o indivíduo com essa patologia criou uma personalidade, uma persona egoísta, manipuladora e infantilizada. O terapeuta que tem entendimento sobre virtudes vai lidar com o assunto sobre a rejeição da mãe apenas ensinando ao indivíduo sobre esse ponto de fixação e seus funcionamentos e efeitos, e nunca tentando ressignificar cenas originais de rejeição. Ele nunca tentará justificar a rejeição materna com desculpas como a de que a mãe trabalhava muito e não tinha tempo para cuidar do indivíduo, e coisas do tipo. O que o cliente tem que perceber é que com esse comportamento atual de carência infantilizada ele suga a sua família atual, suga o seu cônjuge, etc., porque na verdade é uma pessoa egoísta. Se eu, como seu terapeuta, ensino inteligência moral para esse paciente e o ajudo a se doar mais para o outro, viver sua vida para o outro, ele para de sugar e ainda perdoa sua mãe, por fim, se libertando de viver sob o domínio do seu ponto de fixação. O indivíduo tem de dizer Eu tenho que crescer para cuidar da minha família, eu não posso ficar só sugando. No meu pensar, entendo que o terapeuta não deve ficar discorrendo sobre a mãe do paciente por anos a fio. E será que conserta a neurose da pessoa? Sim, conserta de verdade. Tratar a mãe dele dentro dele não é consertar de verdade, é tratar em um sistema de nível muito baixo no cérebro, ainda muito primitivo.

    Dentro dessa minha teoria há várias formas clínicas de tratamento e eu cheguei à concepção de que, se trabalharmos as virtudes, a caridade, o amor, tratarmos de eliminar o orgulho, o egoísmo, enfim, se o indivíduo for elevado

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