Entre flores, filhos e viagens
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Sobre este e-book
Com esse nascimento, um renascimento de mulher, buscando se encontrar no mundo, entre trocas de fraldas, crises, viagens e muitos sorrisos, descobri um potencial incrível que existe em ser mulher e reconhecer nossa natureza ancestral, o poder do nosso ciclo, nosso ventre, tantos segredos guardados, que pude descobrir por me conectar com minha essência.
Não bastasse a viagem para dentro, descobri em viagens pelo mundo, a força na natureza em sintonia com as crianças, o universo profundo que existe em permitir que as crianças sejam livres para experimentar, conhecer, pular, gritar.
A observação desse fenômeno, criança e natureza, me trouxe uma grande medicina para redescobrir a mim mesma: viver!
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Entre flores, filhos e viagens - Nicoly Kulcheski
mundo.
Nascendo um livro
Preciso te contar porque estou aqui hoje, nessa noite fria, escrevendo sem parar e pensando que, talvez, isso tudo poderia virar um livro e que nele estivessem todos os segredos que descobri sobre o universo depois que pousaram em mim olhinhos de jabuticaba brilhantes como a lua. Um tanto de descobertas que foram ficando soltas pela vida, mas que merecem ser compartilhadas.
De tantos textos soltos, tantas letras, palavras e versos, eu fui buscando encaixar as coisas para mostrar ao mundo, mas certo dia eu percebi que todas essas coisas soltas já estavam postas dentro de mim, desejadas no meu mundo, ensinando sobre quem sou.
Eu preciso, quase que urgentemente, te contar que os pássaros passaram a cantar de um jeito muito diferente depois que os meus filhos nasceram. Os caramujos, borboletas, bichos-cabeludos, formigas e baratas passaram a ter uma nova significância que apenas minha infância não foi capaz de descobrir. Foram necessárias novas infâncias. Foram necessárias novas crianças passeando pelo mundo para eu redescobrir tantas crianças que moram em mim.
Seria muito imprudente eu deixar passar e não te contar sobre o sorriso alegre e esperto da Brigite quando a gente pede para não puxar os pelos do cachorro. Ou o olhar sincero do Ravi quando pede desculpas. Seria loucura talvez não dizer que a vida depois da maternidade muda demais, talvez realmente vire de ponta cabeça e tudo o que importava antes, começa a ganhar novas reflexões. As cores, os sons, as dores, as alegrias, os amores... tudo vai ganhando um novo tom, nem bom nem ruim, mas extremamente diferente.
Olha só, eu já estava começando a falar sobre nós sem ao menos nos apresentar. Eu sou Nicoly, sempre começo a me apresentar dizendo mãe do Ravi, da Brigite e estou gestando nosso novo bebê
, mas às vezes eu digo isso porque é tão mais fácil dizê-lo ao invés de tentar explicar as muitas coisas que descobri sobre mim e que me deixam meio perdida para dizer quem eu realmente sou. Posso dizer que gosto de escrever e de pintar, sempre gostei de arte, mas nunca me dei espaço para isso, afinal, arte não dá dinheiro
. Gosto também de pessoas. Gosto muito. Pessoas grandes e pequenas. Seres humanos com olhos vivos e cheios de existência. Seres humanos vividos, cheios de história. Talvez por esse gosto pelos seres humanos eu resolvi fazer serviço social, sonhando com um mundo onde os direitos são garantidos para todos e se constroem para que as pessoas vivam de forma digna. Talvez pela confusão entre as pessoas e a arte eu tenha trancado meu curso e pensado em fazer design. Não fiz e voltei para terminar serviço social. Continuei amando estar entre pessoas, formar redes, construir possibilidades coletivas. Continuei escrevendo quase que na mesma proporção em que respiro. Continuei usando as mãos para me expressar no mundo com algum tipo de arte para cada momento.
Eu me casei e tive filhos (quase tudo ao mesmo tempo) e depois da maternidade, essa coisa toda coletiva
mudou drasticamente e eu percebi um mundo cruel e solitário para com as mães. Aprendi muito sobre isso, mesmo me envolvendo muito com outras mães e mulheres. Poderia falar mais sobre mim, mas acho importante falar sobre essas belezinhas incrivelmente adoráveis que vieram fazer parte do meu mundo, afinal, vamos falar bastante deles por aqui.
Ravi é um menino que às vezes parece porco espinho e às vezes parece uma planta trepadeira. Às vezes parece uma lesminha grudenta e beijoqueira e às vezes, um leão. Acho mesmo que essa definição cabe para mim e mais um monte de gente que eu conheço. Ele nasceu em maio de 2015, em nosso querido apartamento. Taurino nato, forte e suave. Alegre e curioso. Extremamente amoroso, delicado e forte, muito forte!
Brigite é doce, aparentemente. Ela é querida, distribui beijos e abraços em qualquer um (coisa inconcebível para o Ravi), então ninguém acredita quando falo que ela é também uma leoa, ou uma gata brava. Tem muita autonomia e força nas suas decisões (muito a ver com a sua idade também). Ela nasceu em abril de 2017, na água. Taurina também, mas com ascendente em aquário. Doce, forte, cheia de vida. Vivaz como as crianças são. Alegre e pulsante.
Acredito muito, e enquanto escrevo, reflito: não existe estereótipo nenhum que defina uma criança. Elas têm dentro de si todas as contradições, como todos os seres humanos e acredito que muitas palavras não cabem para explicar sobre as crianças. Elas são potências incríveis, prontas para dar graça e cor ao mundo, cada um com seu jeito, cada uma com sua liberdade.
Mas voltando àquelas coisas que não posso deixar de dizer, lembrei-me que a lua ganhou efeitos mágicos, o sol relembrou minha potência, as árvores viraram grandes amigas e as plantas de jardim, as melhores comidinhas de criança. Compartilho ainda a intensidade de viver que ganhou força depois das mãozinhas pequenas que seguraram as minhas pela primeira vez.
Sabe! Tem um abraço com braços pequenininhos que não tem preço no mundo, nem razão que alcance o nível de êxtase que isso pode causar. Têm uns beijinhos enamorados que dizem que somos a pessoa mais incrível no universo. Tem um olhar atento. Têm perguntas estratégicas que chegam na hora de dormir e fazem perder a linha. Tem pum de criança dormindo, ronquinho gostoso, barulhinho. Tem medo de escuro. Tem criança se escondendo dentro do guarda-roupas, comendo o que não deveria, chorando pela porta que não abriu, pelo brinquedo que está alto demais, pela manteiga que não foi passada no pão como deveria. Tem criança dando gargalhada entre cosquinhas e beijinhos. Tem xixi pela casa, brinquedos espalhados, gritos de mãããe, terminei
. Tem criança se jogando no chão, exigindo, pedindo, esbravejando e minutos depois (às vezes) dando beijinhos com os olhos cheios de lágrimas.
E junto a tudo isso, tem um tempo passando na medida da presença. Às vezes rápido demais e deixando as roupas pequenas, apertadas e os brinquedos mais velhos. Às vezes devagar demais, mostrando que é possível olhar um neném dormir e ver o mundo parar, como em uma foto.
Nisso tudo também tem muita arte, reencontro, releituras. Minha paixão pela infância que vinha desde os meus 14 anos, quando me matriculei para fazer magistério (e não terminei), aumentou ainda mais depois que conheci a dualidade entre ser mãe e ser mulher, com um nenenzinho nos braços, choros inexplicáveis, fraldas por trocar e um coração maior que o mundo; entre tristezas e alegrias constantes.
Nesse tempo de maternidade, além de 5 gestações, dois nenéns que não nasceram, um neném que se mexe na minha barriga enquanto escrevo e muitos outros no coração, nós viajamos juntos por lugares incríveis, moramos em 3 países diferentes, muitas casas, muitos voos, muitas malas feitas e desfeitas, muitos sonhos feitos e reprogramados, muitos planos totalmente desfeitos e muitos outros se desenhando. Esses anos não se descolam das descobertas de mochila, como família que às vezes parece não ter raiz e às vezes tudo o que quer é parar. Fomos nos construindo e chegamos aqui, num agora profundo e sonhador!
Aviso de primeira que toda essa bagunça não pode ser linear. Os altos e baixos, Lua Nova e Lua Cheia. Todos os opostos se fazem presentes na vida e depois de mãe, eles me atacaram com força. Por isso, conto (como um sussurro) que este livro não será linear: escrito entre noites mal dormidas, esmagada por crianças, em pedaços soltos de papel, entre uma viagem e outra, uma inspiração aqui e acolá, e também com a alegria das descobertas de novas possibilidades maternas e femininas, pretendo apenas seguir o fluxo e conversar com você que, talvez, entenda muito bem dessa bagunça toda. Venha comigo, seja bem-vinda a este compartilhar. Vamos juntas, rindo e chorando, redescobrindo e amando.
Segundo aviso: minha descoberta mais importante foi sobre uma maternidade intuitiva, que não está escrita em nenhum lugar a não ser no meu próprio coração e ventre e, por isso, não é possível falar em ser mãe sem falar em ser mulher, em se reconhecer dentro da natureza cíclica da vida. Talvez por isso minha relação com a natureza também se intensificou: eu me identifiquei com ela, com o Universo, com a terra como uma Grande Mãe que me provê tudo o que eu preciso.
Desfrutem! Escrever e compartilhar para mim é um deleite.
DESCOBERTAS SOBRE MEU
VENTRE QUENTINHO
Descobertas sobre a influência da lua em nós!
Desde nova, eu percebia em meu corpo e nas minhas emoções, diversas alterações. Dias em que eu sentia muita energia para realizar qualquer coisa, dias que eu não tinha vontade de fazer nada, dias mais chorosos e sensíveis, dias mais fortes, determinada, enfim, em um mês era possível viver diversas energias. Mais tarde atribuímos isso aos hormônios e a busca normalmente para por aí. " ok, culpa dos hormônios, meu corpo não é legal ou
isso atrapalha minha vida, preciso ser mais estável "… Com tantas reclamações sobre nossas mudanças, normalmente nos rendemos