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Senhor Tempo Bom
Senhor Tempo Bom
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E-book81 páginas1 hora

Senhor Tempo Bom

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Sobre este e-book

FINALISTA DO PRÊMIO ODISSEIA DE LITERATURA FANTÁSTICA 2021
Quanto tempo o tempo tem?
Galileu tem medo de chuva. Não chega a ser um problema tão grande assim, a não ser por um detalhe: ele é meteorologista — e está prestes a enfrentar a maior tempestade de sua vida, mas ainda nem sabe disso. Inaugurando a terceira onda da coleção ZIGUEZAGUE, Senhor Tempo Bom é uma história inédita de Anna Martino.
A coleção ZIGUEZAGUE atravessa o tempo celebrando e resgatando a produção nacional de ficção científica, reunindo obras das três ondas da nossa literatura.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento31 de jan. de 2020
ISBN9788554350109
Senhor Tempo Bom

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    Senhor Tempo Bom - Anna Martino

    1. Um homem no telhado

    Era ridículo que um homem de quarenta anos, ex-militar de carreira, com uma esposa e um filho a caminho, tivesse tanto medo de chuva. No entanto, esse era o problema de Galileu da Silveira: o som de trovoada e a visão de nuvens escuras era uma kryptonita extremamente eficaz para acabar com o dia dele.

    Naquela tarde de fevereiro, ele estava plantado em cima do telhado do laboratório tentando consertar os aparelhos meteorológicos. Falando assim, parecia uma operação complexa, mas era apenas o anemômetro que tinha emperrado e, com isso, parado de passar as informações corretas sobre a velocidade dos ventos. Sempre tinha alguma coisa para consertar por ali — na semana passada tinha sido o termo-higrógrafo que tinha pifado, e cadê o dinheiro para conseguir outro? Esperar a universidade se mexer para comprar outro aparelho seria a mesma coisa que encontrar um unicórnio pastando na entrada da Cidade Universitária.

    E como explicar para que eles precisavam de um medidor de umidade e temperatura ambiente em um laboratório do tamanho de um armário de vassouras como o dele? Era melhor consertar o aparelho sozinho.

    Era naquilo que Galileu pensava quando escutou o barulho de trovão. Em um décimo de segundo, o pânico se instaurou e, na tentativa de fuga — do quê, exatamente, ele não saberia dizer —, enfiou o pé em uma telha que estava meio bamba e, bem, foi assim que Estevão e Ruben tomaram o susto de suas vidas com uma perna e um pé atravessando o forro de gesso do teto do laboratório sem a menor cerimônia, seguida por uma saraivada de palavrões pronunciados com forte sotaque pernambucano.

    — Que é que te custa prestar atenção onde pisa, pombas? — Ruben bufou, enquanto Estevão enfaixava a perna esfolada de Galileu, vinte e cinco minutos depois. — Você é resistente, meu chapa, mas não é imortal.

    — E tudo o que a gente precisava era dum rombo no telhado justo hoje que tá prometendo cair o mundo — Estevão resmungou. — Tu te metes a fazer tudo à moda Miguelão, que nem dizem na minha terra, e ó aí o resultado: mais estrago do que conserto de novo!

    — O anemômetro ficou bom, pelo menos? — Ruben perguntou, mais para fazer Estevão se acalmar do que por uma preocupação genuína com o equipamento.

    — Ficou ótimo! Obrigado por perguntar! — Galileu bufou em resposta. — Eu é que vou ter que explicar esses ralados pra dona patroa depois.

    — Uns ralados a mais, uns ralados a menos… Acho que ela nem repara mais. — Ruben deu de ombros, olhando ao redor. Aquele laboratório nos fundos do Instituto de Física era, honestamente, uma piada de mau gosto. A fiação era dos anos 1970 e as luzes piscavam com qualquer ventinho mais forte balançando os postes; os móveis mais recentes provavelmente tinham sido comprados no começo do governo Sarney. O Wi-Fi, bem verdade, era excelente, assim como o café, mas isso porque eram duas coisas que os funcionários do laboratório conseguiam

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