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Que fazer?: A resposta proletária
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E-book88 páginas1 hora

Que fazer?: A resposta proletária

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Sobre este e-book

Karl Jensen retoma o título da obra de Lênin, Que Fazer? e oferece outra resposta. O que isso significa? Alguns podem querer criticar Jensen por usar o mesmo título da obra de Lênin. O que tais críticos não sabem é que o próprio Lênin usou o título de um romance popular em sua época. E por qual motivo Jensen usa o mesmo título? Ele faz isso por considerar que a pergunta, realizada aos revolucionários, é correta. A divergência com Lênin está na resposta. Jensen oferece a resposta proletária, o que deixa subentendido, no próprio título da obra, que a resposta de Lênin é não-proletária e, por conseguinte, não-marxista. Jensen, desta forma, traz questões fundamentais para a militância revolucionária, como a discussão sobre a militância política, a intervenção revolucionária, a questão da informação, o problema da organização revolucionária, os movimentos sociais, os limites do autonomismo e a crítica ao trotskismo e supostas "táticas marxistas". Enfim, é um conjunto de ensaios importantes para quem quer refletir sobre o significado do militante revolucionário na contemporaneidade.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento22 de abr. de 2020
ISBN9786586705065
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    Que fazer? - Karl Jensen

    editorial@edicoesredelp.net

    QUE FAZER?

    Caiu o muro de Berlim. O sonho acabou. O socialismo morreu. Chegamos ao fim da História. Vivemos a crise do marxismo. Só nos resta a pergunta: que fazer?

    Torna-se necessário perguntar-nos por que a esquerda (reformista, leninista ou esquerdista) nunca deu certo. O socialismo pragmático dos reformistas nunca conseguiu fazer outra coisa além de administrar o capitalismo. As transformações sociais foram enviadas para um distante além do túmulo. Social-democratas, socialistas e eurocomunistas se utilizaram das vantagens da exploração imperialista para integrar a classe operária na Europa Ocidental.

    O socialismo leninista (incluindo o trotskista, stalinista, maoísta, entre outros) realizou revoluções e fundou novas sociedades. As nações atrasadas, sob sua direção, se modernizaram e industrializaram. As sociedades predominantemente camponesas (Rússia, China) se tornaram sociedades proletárias. O leninismo cumpriu a tarefa de universalizar o trabalho assalariado ao invés de aboli-lo. O que é novo no oriente é velho no ocidente.

    O socialismo esquerdista (luxemburguismo, autonomismo, conselhismo) nunca tomou o poder. O esquerdismo é, sem dúvida, a negação do poder. Por isso, ele não poderia construir uma teoria da apropriação do poder, mas somente uma teoria da sua destruição. Mas a classe operária realizará, por conta própria, o socialismo? As vanguardas (reformistas e leninistas) nunca fizeram revoluções autênticas, fizeram, na melhor das hipóteses, contrarrevoluções. A classe proletária sempre fez revoluções e, no entanto, sempre as deixou escorrer entre os dedos como água, seja pela ação da burguesia ou de sua vanguarda.

    A crise do socialismo atinge todas as correntes políticas de esquerda. O esquerdismo permaneceu puro e revolucionário, mas nunca ultrapassou o estágio de pequenos círculos. Talvez seja por isso que se manteve revolucionário. Entretanto, também permaneceu ineficaz e só surgindo como força política de peso em momentos revolucionários, quando os trabalhadores se levantam.

    É por isso que devemos perguntar: que fazer? Devemos esperar que a revolução caia do céu pela ação espontânea do proletariado? Não é esta a resposta à nossa pergunta, assim como também não é a resposta leninista ou reformista, pois o Estado é capitalista e se apossar dele não levará ao socialismo. Tanto faz a forma de se apossar dele, seja pela via pacífica, como querem os reformistas, seja pela via golpista, como querem os leninistas. Tanto reformistas quanto leninistas estão ultrapassados, mesmo enquanto meio de deformar o movimento operário.

    A resposta à questão que colocamos, tudo indica, está do lado do esquerdismo. Entretanto, é necessário ir além do esquerdismo. Esse além, contudo, não significa seu abandono e sim o seu aprofundamento. Para reconstruir a esquerda revolucionária é necessário: a) elaboração teórica sobre o desenvolvimento capitalista, sobre as formas de deformação e corrupção do movimento operário (temas que já tiveram inúmeras colaborações dos esquerdistas e o que lhes falta é uma síntese); b) elaboração de um projeto político e de uma teoria da autogestão (que, tal como no item anterior, falta apenas uma síntese das teses já produzidas); c) elaboração de uma teoria da revolução e de uma estratégia revolucionária; d) elaboração de uma teoria da organização revolucionária e antiburocrática, autogerida.

    Karl Marx realizou uma síntese da filosofia alemã, do socialismo francês e da economia política inglesa, na perspectiva da classe operária. Isto tudo, juntando com sua capacidade individual, é que proporcionou a produção de uma obra tão reveladora e duradoura. O pensamento de Marx continua fornecendo as bases teóricas do pensamento revolucionário. Entretanto, as experiências e mudanças históricas, juntamente com as derrotas do movimento operário, devem nos abrir os olhos para o fato de que é preciso aprofundar a teoria revolucionária. É preciso recorrer ao que foi produzido de melhor no movimento revolucionário: Rosa Luxemburgo, os conselhistas, os autonomistas, etc., e aperfeiçoarmos a teoria revolucionária. Devemos aproveitar o que ainda é válido e descartar o que é problemático (e nesse caso, tanto o luxemburguismo quanto o autonomismo precisam ser alvos de críticas, pois seus aspectos propositivos são, em muitos aspectos problemáticos, ao contrário do conselhismo). Devemos fazer isto sem medo de revisionismo, pois o pensamento revolucionário não é só um pensamento da revolução, mas também uma revolução no pensamento. Eis o que devemos fazer.

    Os artigos que compõem o presente livro foram publicados em revistas militantes, e por isso não se trata de uma obra organizada em conjunto. O que reúne os textos aqui apresentados, além da perspectiva marxista e autogestionária, são os temas voltados para os dilemas políticos da práxis revolucionária e que poderiam ser divididos em três blocos temáticos: a) problemas da organização e militância; b) crítica ao falso marxismo e suas proposições políticas (como o trotskismo e o autonomismo); c) fenômenos sociais importantes para pensar a relação do movimento revolucionário e a sociedade capitalista (movimentos sociais e informação). A luta do proletariado e nossa luta apontam para a transformação social e esta é antecipada hoje, mas concretizada na totalidade no futuro e o mesmo deve ocorrer com a teoria e a reflexão crítica produzida pelo marxismo. É apenas mais uma coisa que devemos fazer.

    REFLEXÕES SOBRE A MILITÂNCIA POLÍTICA

    Os que são perigosos entre os espíritos subversivos. – Dividam-se aqueles que pensam em uma subversão da sociedade naqueles que querem alcançar algo para si mesmos e naqueles que querem alcançar algo para seus filhos e netos. Estes últimos são os mais perigosos; pois têm a crença e a boa consciência do não-egoísmo. Aos outros, pode-se satisfazer; para isso a sociedade dominante é ainda rica e esperta o bastante. Os que são revolucionários por interesse impessoal podem considerar todos os defensores do que existe como pessoalmente interessados e por isso sentir-se superiores a eles.

    Friedrich Nietzsche

    O movimento socialista possui uma história secular e um tema fundamental para seu aperfeiçoamento, enquanto movimento revolucionário, é a questão da militância política. Entretanto, tal tema ficou à margem do rio do pensamento socialista. Discutir a militância política e, como consequência, a questão dos militantes revolucionários, se tornou, com a atual crise do movimento comunista mundial, uma necessidade inadiável. Tentaremos, aqui, dar um primeiro passo nesse sentido, oferecendo uma contribuição a esta questão.

    A questão da militância política¹ é extremamente importante e complexa e nos leva a

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